sexta-feira, 26 de junho de 2009

ZEZÉ POLESSA no teatro


É meia noite de uma noite de sexta-feira. Fui ao teatro com minha mãe. Numa noite despretensiosa, fui surpreendida pela inteligência perfomática de Zezé Polessa em 'Não sou feliz mas tenho marido' - Teatro Miguel Falabella, no NorteShopping/RJ. Não sou afeita a este labiríntico shopping, mas sempre alego: tudo para acessar ARTE. E desta vez fui premiada.

Dificil sustentar um monólogo porque, por qualquer motivo, a platéia pode ser perdida. Fácil comercializar monólogos porque, dizem, os custos de montagem são menores. Todo o esforço está 'nas linguagens' e no potencial artístico do artista. Além do sentido do entreterimento, à platéia um forte gosto de 'valer a pena'. Zezé (Viviana) do palco vai para dentro da alma das pessoas e emociona, lembra, reflete. O tema é a dinâmica do casamento. As pessoas chegam ressabiadas, sorridentes, mas ressabiadas, incomodadas, internamente desconfiadas. Seus imaginários suspeitam sobre o que assistirão. Entram e 'armam' os sentidos, prontos para ouvir a história de outros, nunca de si mesmos.

Viviana entra num ponto diferente. É uma mulher casada a 27 anos e que escreveu um livro. A peça acontece no dia do lançamento do livro em meio à entrevista coletiva. O cerco das pessoas sobre a promessa do assunto quebra-se porque elas tem que olhar para trás. Olhar para trás e para dentro de si serão o que mais farão no decorrer da peça. A dinâmica do texto traz à luz pensamentos profundos (e situações) sobre a rotina de 'casais casados' por muito tempo. Sem pedir licença, Viviana abre seu coração e adentra o diário íntimo de quase todos. Em muitos casos, há a sensação de que se está em hora de análise. É um monólogo tragi-cômico. Há um drama contínuo cujo conflito psicológico não é necessariamente só da personagem, mas está dividido com todos. De alguma maneira nos aproximamos e temos condescendencia do outro a partir de nossa memória afetiva.

Zezé Polessa carrega no bom-humor, no 'reinvenção' do bate-papo e na criação de uma ligação com a platéia, sem radicalismos verbais, sem um imenso numero de palavrões. Zezé conduz um trailer de nossas vidas através de suas palavras e na invenção de situações cotidianas. Um homem e uma mulher, em princípio, são incompatíveis, mas se 'colam' pelo prazer, pela sedução, pelas novidades... Mas vida inteira juntos? Ahhhh, ai mudam-se as faces e os espelhos. E as máscaras caem... e a verdade da convivência é aprisionada só para a curtição ou a decepção ou a angústia de dois.

Durante a entrevista, fases de sua vida a dosi são relembradas e contadas de forma magistral e inteligente por Zezé Polessa. Cada pergunta estabelece um link com sua memória e a de todos. Estamos em rede. Rede de lembranças e emoçoes sobre a entrada num mundo complexo das relações íntimas. EmbAs perguntas a levam a divagar sobreate constante: equilíbrio entre a comunhão com o outro e a preservação da individualidade.

Na grande maioria das situações preserva-se o olhar feminino. Nada de submissão (a não ser como parte de algumas estratégias), mas e apesar de tudo ratifica a idéia de que o casamento é o sonho de nove entre dez mulheres solteiras. No jogo de encontros e desencontros, alegrias e tristezas, aventuras e desventuras, como festa de casamento, sogros na casa de campo, marido de frente á TV, carro e marido, construção da casa de campo, festa de negócios, constroi-se um painel hiperlinkado da relação e na vida a dois.

Humanos demasiadamente humanos já previa Nietszche. Sem grandes teorias, filosofias, socialogias ou outras -gias, as experiências reais são o carro-chefe dessa peça que já está a mais de 4 anos em cartaz. Da ficção do livro de Viviana à realidade das situações contadas, muitas ironias ao dia-a-dia em meio ao contexto.

A personagem é uma mulher contemporânea, que, com muito humor e vivacidade, vai chamando mulheres e homens, casados e não casados, à (des)razão da vida. Que mulher nunca teve uma crise de aflição quando percebe que não tem um vestido adequado para ir a uma festa? E a provisão de alimentos, quem nunca viu uma mulher reclamando que compra tudo no supermercado e quando vai olhar na despensa está sempre faltando algo? Até o filósofo Schopenhauer com sua visão sobre a liberação sexual da mulher estão inseridos nessa divertida montagem.

Parabéns Zezé!!! A muito tempo eu nao me sentia bem neste shopping e/ou dentro de um teatro. Ah, sou solteira!!! kkkkkkkkkkkkkkkk

Abraços Profa. Ms. Claudia Nunes

INFÂNCIA: recuperada pela perda



Morreu Michael Jackson! Morreu Farrah Fawcett! Depois de um dia vagando pela cidade à procura de amigos e festa, volto para casa e tenho o cérebro chacoalhado. Uma dor muito grande! Avós, cheiros, musicas, brincadeiras, sorrisos, celebrações, tudo vem à tona! Sabemos que, fisicamente, tudo acaba, mas o que fazer com esse momento? Michael representa minhas melhores leituras, silêncios, brincadeiras com os primos e primeiro beijo num clube de subúrbio. Num fundo escuro de um clube em Jacarepagua, aconteceu meus primeiros 'passos na lua', nas relaçoes, nas angústias, nas decisões. Michael e Farrah ampliaram meus horizontes afetivos.
Fiquei olhando e escutando as noticias à noite toda querendo saber como pode um ícone pulverizar-se repentinamente sem me preparar. Egoista mesmo, eu nao entendi meus sentimentos: triste pelas pessoas, raiva pelos que ficam, sei lá... Confusão!

Musicas e imagens de uma adolescencia privilegiada pelas viagens literárias organizadas pelo ritmo e pelos sentidos. Além do cérebro, o coração de todos foi acelerado por mais de 50 anos, mas hoje nao tem rumo. Ícones realmente adoecem, realmente desaparecem e realmente destoam as trilhas sonoras de nossas lembranças. Hoje estou meio boba.

Sonhei com meu pai e eu nao podia dizer que ele nao podia estar em minha cozinha fazendo 'muqueca'. 'Inacredito' de tudo o que aconteceu. Michael, rapaz, doente, sofrimento, sucesso, infantil, sozinho, pára o próprio coração quando feliz. Farrah, bonita, bonita, bonita, perde a luta para um ingrato e sorrateiro mal, mas feliz porque realizou seu 'love story'.

E eu aqui com desejos por realizar, lembrando mais do que nunca e imaginando o que seja viver 'felicidade'. Que ambos sigam o caminho da luz divina e encontrem a paz do sentir.

Abraços Profa. Ms. Claudia Nunes

sábado, 20 de junho de 2009

PROFESSOR: ler

Tempos contemporâneos. Educação atual. Crianças, adolescentes, adultos e Informática. Livros, música e internet. Nossa sociedade cresce sob o efeito maior das imagens. Cresce o valor das representações e das simulações. Longe de qualquer sentido negativo, imagens também favorecem novas habilidades ao encontro com o conhecimento. Há diversidades de ações, de recursos e olhares no conjunto das relaçoes e na construção de novas e outras interações/interrelações. Mesmo demasiado humano e imagético é importante manter a reflexão sobre a plasticidade da sociedade atual. Importante porque tudo e todos continuam convivendo e convergindo aceleradamente. A questão do tempo é cada vez mais escassa. Os espaços de arpendizagem em processo de ampliação. E na mediação deste contexto: os educadores.

Depois da família, é a escola que contribui para o crescimento intelectual e pessoal dos educandos desde a mais tenra idade. As estratégias de ensino quando significativas desafiam as diversas inteligências a articularem suas memórias em constantes projeções e representações criativas e críticas no mundo e sobre o mundo. E estratégias de ensino são da competência do educador.

Em meio a essas estratégias, os educadores têm o papel de estimular e motivar os educandos a LER e a ESCREVER. Ao entender os alunos como cidadãos, os professores também devem entender que estas ações favorecem a inserção de todos em sociedade. LER e ESCREVER são saberes que diminuem incertezas e dúvidas; promovem o questionamentos e os debates; além de ampliarem o conjuntos de informações (recursos/ferramentas) necessárias às formas de solucionar diferentes problemas da vida individual ou coletiva.

LER e ESCREVER inscrevem os sujeitos na vida real. Mas, como pergunta Azevedo (2009, p.1), “como a escola pode dar sua contribuição nesse papel desafiador de criar o hábito da leitura?”. De acordo com nossa experiência, responderíamos: mudando um pouco o foco do ensino e/ou investindo na valorização (e formação) do educador, motivando-o a tornar-se também um leitor crítico do seu tempo, senão apenas um leitor. Ou seja, iniciar uma reavaliação da formação dos educadores e motivar àqueles que estão contidos na estrutura de ensino a longos anos. Do que falamos? De dar o exemplo!

Quando o professor lê entende a força desta ação na possibilidade de transformação do seu mundo. É possível sonhar porque é possível entender todas as linguagens que se interpuserem no processo de conquista. “O mundo dos livros é mágico, a criatividade corre solta pelas páginas, situações se desdobram em capítulos, heróis e vilões desafiam a curiosidade do leitor”, diz Azevedo (2009, p.01).

LER e ESCREVER não são ações que se adquira sozinho. Aliás, nada na vida se adquire sozinho. Há uma inteligência coletiva que, invisível ou efetiva, faz base às nossas subjetividades, aos nossos pensamentos, às nossas atitudes e aos nossos mutantes comportamentos. E ao redor do educador há uma expectativa imensa quanto à construção do hábito ou assiduidade de LER e ESCREVER. Mas esse educador é leitor e/ou escritor de seu tempo?

Não há magia no trabalho de incentivo à leitura ou escrita, há um trabalho árduo, de tempo limitado, que precisa ser ativo cotidianamente até ser parte da personalidade dos educandos. Parodiando o que disse o grande inventor Thomas Edison, ao educador cabe ‘10% de inspiração e 90% de transpiração’ no processo de ensinar. Seu papel, então será de mostrar/demonstrar, de diferentes formas, a importância de se ter o hábito da leitura e da escrita em comunhão com a formação de um cidadão consciente. E segundo nosso pensamento, neste texto, nada será possível se hábito de leitura não se estabelecer de um 'habituador de leitura e de escrita'.

Segundo Azevedo (2009, p.01), “o Brasil, atualmente investe 3,9% do seu PIB em educação. Tal percentual equivale a,aproximadamente, R$ 77 bilhões. (...) A verba é destinada aos cinco níveis de ensino (do infantil à pós-graduação), além de programas de governo. (...) Para resolver definitivamente o problema da educação no Brasil, o atual Ministro da Educação, Fernando Haddad, acredita que seja necessário investir, pelo menos durante 20 anos, cerca de 6% do PIB, conforme recomendação da UNESCO. Em um país de poucos leitores fica evidente a importância de, cada vez mais, incentivar e promover a literatura, principalmente nos jovens, que estão em formação”.

Ou seja, apesar da má distribuição sentida em nosso país quanto às verbas voltadas à Educação, e da certeza de que é “fundamental que todos entendam que formar leitores é condição básica para que as pessoas tenham condições de exercer a sua cidadania, para que também possam desenvolver sua afetividade, seu intelecto, de maneira a criar, a ser um bom profissional, a saber os caminhos que podem ser seguidos”, segundo Elizabeth Serra (secretária geral da Fundação nacional do Livro Infantil e Juvenil; apud, Azevedo, 2009, p.01), de novo, ao educador cabem todas as obrigações e deveres, com mínimos direitos e atenções.

Para estimular/motivar nos educandos a leitura e a escrita, não cabe pulverizar os educandos de teorias e práticas desgastadas, ao educador precisa-se oferecer também momentos, eventos, ações, capacitações CONSTANTES de leitura e escrita. Algo que contribua com a sua formação e o contextualize junto às suas expectativas de aprendizagem ou ambientes onde atue profissionalmente.

Para incentivar o educando a LER-se no mundo consciente e criticamente, são necessárias leituras sobre o educador no século XXI, mas constitutivo do patrimônio cultural do século XX. Ou seja, é preciso ‘olhar’ este educador como imigrante digital que, no século XXI, pode ou não ter sido seduzido pelas novas tecnologias, mas que precisa encontrar melhor forma de adaptação aos fortes efeitos tecnológicos digitais no ensino.

Referência:
AZEVEDO, Paola. Ler para crescer: o papel desafiador de pais e educadores para formar leitores assíduos em um país como o Brasil. Caderno de Educação, jornal Folha Dirigida (18 a 24 de junho), 2009, p. 01.

[1] A expressão ‘vida real’ significa vida fora-escola, vida competitiva, vida 'no desconhecido', realidade, mercado de trabalho.
[2] A expressão ‘tempo limitado’ refere-se ao tempo de convivência da maioria dos alunos com seus educadores. Normalmente a relação estabelece-se semestral ou anualmente. Depois o educando recomeça seu processo de adaptação junto a outro, outro e outro educador.

Nada nunca é igual

  Nada nunca é igual   Enquanto os dias passam, eu reflito: nada nunca é igual. Não existe repetição. Não precisa haver morte ou decepçã...