sábado, 19 de outubro de 2013

Um rio de mar a mar: do Valongo à Glória de São Sebastião

SAMBA DE ENREDO PORTELA 2014. AVANTE  Portela!!!!!!!!


Autores: Toninho Nascimento, Luiz Carlos Máximo, Waguinho, Edson Alves e J. Amaral
O canto do cais do valongo ÔOOOOO
Que veio de Angola, Benin e do Congo
Tem semba, capoeira e oração
O Rio sai da roda de jongo e vai desaguar
Na glória de São Sebastião
Oi bota abaixo, sinhô
Oi bota abaixo, sinhá
Lá vem o Rio
De terno de linho e chapéu Panamá
A correnteza
De um Rio Branco é que traz
A arte do canto e da dança
De todos os sons musicais
O teatro da vida não sai de cartaz
A ilusão é uma atriz
Se exibindo na praça linda e feliz]
Eu vou
Da revolta da chibata
Ao sonho que faz passeata
Seguindo a canção triunfal
Nesse Rio que vem e que vai
Traço o meu destino
E viro menino pra brincar de carnaval
Sou carioca, meu jeito é de quem
Vem com sorriso do samba que a gente tem
Meu peito é um porto aberto
Pra te receber, meu bem
Vou de mar a mar, mareia
Vou de mar a mar, mareia, mareou
Iluminai o tambor do meu terreiro
Ó santo padroeiro
O axé da Portela chegou




domingo, 13 de outubro de 2013

No frio, A PAIXÃO...

Sem luz, sem energia, a mulher encara o frio da noite somente com seus poucos botões. Ela não tem idade, ela tem pressa, tem vida. Em sua mente, muitas mulheres e seus assuntos inacabados. É noite e ela na aventura ‘dos sem caminhos’. A loucura do tempo se desdobra em muitas faces e ela não sabe mais para onde se transbordar e simplesmente ser feliz. Feliz?
A iluminação da rua não a deixa ver nada a não ser seus pés sempre amigos em horas de desconforto. Sim, ela é uma mulher cabisbaixa, envergonhada, de alguma maneira aflita e caminhante. Puro blefe!
Em cada poste, uma iluminação que o incomoda: não era completa; nunca fora completa; nunca pensou em ser completa: isso seria sua morte e ela só queria desfalecer nas liberdades que desejasse.
Depois da discussão em casa, na rua, somente ela, seu casaco e suas emoções. Hoje o equilíbrio se perdeu, ela estava plena no mundo. A rua fria era a extensão da sua sobrevivência cujo resultado era o esmagamento de um desejo: amar. Sem amizades, a chuva caia sem dó também por dentro. Mas amar é sempre sua meta.


Mesmo com a discussão, saíra para mexer em suas relíquias, seus guardados, seus escândalos, seus retratos ocultos, sem os vigias sociais. Viver também é ter memórias resguardadas dos contratos sociais sem culpas. Sucesso também é, apesar de outros, nos mínimos escapes, reconhecer no corpo e na mente, a volúpia da própria e verdadeira identidade. A rua faz isso: desmembra e amplia todas as verdades. E o poder feminino é sugerir aos outros rostos confortáveis e de pouca cor, uma novidade: ela mesma, de novo.
A chuva não alcança suas paixões. Em sua passagem pelos becos e vielas, é surpreendida por diferentes casais correndo para se proteger. Proteger? Que graça tem isso? Hoje em dia, amores apaixonados não precisam de proteção. Alias para que tantas proteções, se o risco de crescer acontece na liberdade do próprio risco de crescer? Depois de um mal estar de anos, nenhuma proteção é o básico para realmente (se) saber viver. É aceitar que a lágrima seja uma conexão profunda com o desejo e marcar sua homenagem até os olhos descansarem.
As pessoas sinceramente estão perdidas: elas julgam e se julgam; elas se defendem e ignoram; elas mentem e (se) mentem; elas criam e suportam as rotinas que negam e amam. Que pena! Oportunidades são os benefícios da alma sempre.
Ela, andando, se sente invadida por uma música e sente que precisa de mais exposição: ela precisa de coragem! E ela se lembra: quantos baús de guardados emocionais teve que abrir para querer e conquistar? Quantos outros tantos baús de guardados emocionais teve que fechar para se adaptar e integrar? Difícil realmente a vida da bailarina...
Neste momento cai por terra hábitos antes ‘imexíveis’ ou ‘intocáveis’. Realmente querer é poder e de alguma maneira, é sofrer com consciência e certo orgulho. A música flui pela rua, corpo e memória. A música é o fio de Ariadne da memória e reorganiza os sentidos. Fora da discussão, ela se inverte.
A mulher já tem 18 anos. Seus passos diminuem pelo encantamento de poder olhar, de repente, para si mesma. Lindas imagens! É viçosa, interessante e ama. Ama como todo amor romântico possível. Abraços, beijos, olhares, ela treme, não mais de frio, mas de paixão. O refrão da música lhe completa ‘recordar é viver, eu ontem sonhei em você’.
Naquela rua fria, um conflito de desejos. Ela olha seu desejo com uma atração intensa. Ela não fala. Sem questionamentos, a realidade cortou sua vitalidade e a deixou se chances de se desculpar. Seus 18 anos merecem apenas a magia daquela memória e daquele prazer.
Tempos perturbadores. Tempos de prazer imaginário. Tempos de descobertas. A promessa era: será diferente e inesquecível. Seu corpo se perde nestes sentidos. Se antes a razão não abria espaço à emoção, na dimensão dos seus 18 anos, os limites foram abertos como buracos sem fundo. Amor total!
Sem domínios ou contornos, ela se lança a apreensão sem travas sobre o amor da sua inocência. Ela atravessa parques inteiros, pessoas por dentro, e embarca na loucura das poucas horas da sua melhor primitividade. Há entraves, mas o lampejo da possível perda lhe joga na frente dos medos e, além daquela rua fria, ela abraça sua vontade e explode. Êxtase da saudade! Não era invenção, era a vida em sua estratégia de recompor as sensibilidades e renovar os baús de guardados. O manejo dos caprichos sensuais estabelecem outras ligações. Depois de 20 anos, ela tem 18 anos sem nenhum contexto repressivo. Sem perigo de ser piegas: o desejo venceu.
Na manha seguinte sem explicações, corpo marcado, rosado no rosto, a mulher viaja para a África sem tempo de pensar ‘em casa’.



Profa. Claudia Nunes

terça-feira, 8 de outubro de 2013

Por enquanto: O CAOS...


Em muitos casos, o princípio era o VERBO, mas atualmente, a base de tudo é o CAOS. É o abismo insondável, massa informe e confusa. Estamos vivendo o vazio primordial e onde a ordem parece não ter vez e nem lugar. Vivemos a energia poderosa de um mundo já quase informe de valores, ética e educação. Diante de uma ordenação que finge e subtrai mínimos respeitos, observa-se um crescente e turvo oceano de radicalismos e ignorâncias. Que natureza humana é essa? Dia após dia, ceifam-se direitos, atacam-se corpos, eliminam-se vozes. Que país se faz sem educação? Que país se desenvolve sem luta por seus direito? Que país evolui sem coexistência de ideias? Roberto da Matta tem toda razão: há muitas diferentes entre ‘a casa’ e ‘a rua’. Não fomos apáticos no tempo, fomos espectadores postos em banho maria sem formas conscientes de repelir nossas incontinências e sofrimentos por hábito. Mas esse banho-maria se perdeu; esse banho maria ferveu. Passamos do ponto; ultrapassamos a marca das ordenações infligidas. É o Caos grego mesmo. É a desorientação mostrando suas garras na perspectiva de uma organização romântica que provavelmente não virá. Tempos de desorientação consciente em busca de outro tempo, momento, vida mesmo. Bombeiros escorraçados, povo surpreso e desconfiado. Aumento de ônibus com o tal de 20 centavos, povo desconfiado acordando. Professores paralisados, povo acordando e, enfim gritando, de novo: que país é esse? As emoções estão em todo lugar. O Caos é sedutor, prazeroso, libertador, reacionário mesmo. Como a primeira divindade a surgir no universo, o Caos é a mais velha das formas de consciência divina e não tem os recalques das transformações de sentidos impingidas a ele pelas religiões ou pelos interesses. Dele surge Geia (Terra e tem como virtudes: doçura, submissão, firmeza cordata e duradoura, humildade), Tártaro (local mais profundo das entranhas da Terra; local do suplício permanente dos grandes criminosos) e Eros (desejo incoercível dos sentidos; ele dilacera, transtorna, mas é mutável). Pelo jeito, vivíamos como Geia: subservientes, ainda que fecundássemos o espaço público e o capital intelectual com nossas práticas e posturas por respeito, receio, atenção, compreensão e incômodo com o cotidiano. Agora estamos na loucura de Eros e à beira do abismo do Tártaro sem vontade nenhuma de retroceder ou, como dirão alguns, sem vontade nenhuma de ‘botar o galho dentro’. Nisso tudo, o deus Tempo é o pior dos pesares. A duração das persistências incluem novos incômodos. Ninguém quer os dias eternamente mexidos pelas tensões, expectativas ou medos. Há o cheio de uma força catabólica em curso. Há a sensação de quem o ‘anima’ se perdeu e agora só nos resta reaprender a gerenciar nossos cérebros reptilianos com um pouco mais de maestria. O deus Tempo nos envolve e nos cansa, afinal para além dos cassetetes e dos sprays de pimenta, não se vê nem a luz e nem um túnel. Enquanto Eros une selvagemente, mas fecunda Geia; o Caos é desproporcional, corta, racha, separa e nos faz perder o ponto de mutação e de repensamentos sobre tudo e todos. No Caos, não temos diálogo com nada mesmo! Nós ultrapassamos o limite, mas ainda assim perspectivamos o diálogo, a possibilidade de uma fala poderosa que nos reacondicione de volta aos nossos dias e afazeres. Por enquanto o Caos... Estamos fundidos em nossas certezas e em nossos orgulhos em ambos os lados e isso é perigoso, muito perigoso. Entramos numa androginia caótica das insensibilizações sobre tudo em função de um ou dois pontos nevrálgicos e dolorosos à alma. O que fazer? Temos forças sem forma. Temos energia sem consistência. Temos hoje uma luta de razões e poderes, mais do que de reivindicações de uma classe a dezenas de ano em processo de desvalorização total. O que fazer então? Estamos na terceira margem do rio de Guimarães Rosa e criando uma enorme desordem em posturas absurdamente cegas a tudo. Tudo está indefinido, desorganizado, enevoado. As Moiras e sua roda da fortuna estão tecendo nossos destinos. Tecem com cuidado, ainda que velozes. Mas há uma preparação: haverá cortes e contra isso nem Zeus poderá agir. Estamos à mercê da sorte sem romantismos. Pena... Pena mesmo... Vou voltar a ler meu mitólogo de vida inteira, Junito Brandão, você é o melhor...

Passeata Professores Rio de Janeiro - 07.10.2013

Bjos assim mesmo...

Nada nunca é igual

  Nada nunca é igual   Enquanto os dias passam, eu reflito: nada nunca é igual. Não existe repetição. Não precisa haver morte ou decepçã...