domingo, 28 de dezembro de 2014

RESENHA: EXODUS: deuses e reis


Dezembro de 2014, eu vi ÊXODO: DEUSES E REIS. Que decepção! Amo épicos de todo jeito. Não perco um. Mas esse eu poderia ter perdido fácil. Cansativo. Chato. Lento. Incoerente. Adaptação bíblica que podíamos ficar sem. Querem conhecer a historia direito? Assistam OS DEZ MANDAMENTOS, dez vezes melhor! Ridley Scott, depois de O GLADIADOR, nunca mais fez nada de excelência. Tem PROMETHEUS, mas sei lá... A opção pelo sombrio no épico nem sempre é inteligente.
Fugindo da moda atual de revisitação de histórias conhecidas a partir de outro olhar ou focado na releitura de um dos personagens (vejam MALÉVOLA e o enjoado ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS), EXODUS reproduz quase literalmente uma história conhecida sem nenhum desafio. O que mudou? Os artistas e suas insossas representações. É uma condensação ruim das quatro horas do filme OS DEZ MANDAMENTOS, de Cecil B. Mille (1957). E não deu para não ficar indignada ao lembrar de Yul Brynner (como Ramsés) e Charlton Heston (como Moisés) e observar que estes personagens fortes se tornaram psicológicos, frágeis, sem graça e complexos demais. Inclusive Ramsés é inseguro, chato, sem energia e, em alguns momentos, a plateia o vê como homossexual e debocha claramente. Horrível!
É um típico filme promocional para o período das festas natalinas. Se não lembra O GLADIADOR, nem pensar em lembrarmos de ROBIN HOOOD. Em OS DEZ MANDAMENTOS há um alinhavo compreensível sobre a história da ‘irmandade’ de Ramsés e Moises. A plateia consegue acompanhar cada cena e uni-las uma a uma sem perder nada, mesmo àqueles que, como eu, leem ou leram A BÍBLIA como um livro apenas; ou àqueles que nunca a leram. Em EXODUS isso é difícil por causa da edição e da rapidez do fluxo entre cenas.
Em EXODUS, tudo está picotado, talvez represente as formas de narrar espetacularizadas da vida pós-moderna. Tudo realmente é líquido demais como ensina Bauman. É preciso tempo e paciência para entender a conjuntura do que se representa. Alias o que se representa? Nada! Emoções sem emoção. Mesmo na hora em que o povo hebreu perde a fé em Moisés e teme atravessar o Mar Vermelho, a fala do personagem para 400 mil pessoas é vazia, sem vibração. Particularmente eu o abandonaria fácil...
O filme passa simples assim. História de hebreus e egípcios. História trágica que se inicia com uma profecia sobre um líder que se tornará líder ao salvar um líder em batalha. Ramsés é salvo por Moises, e daí a insegurança emocional se inicia e descortina toda a história da infância de ambos. Mortes inúteis por todo lado. Pessoas pagam com a vida pela intolerância dos dois ‘reis’. Neste ponto o Antigo Testamento é vermelho mesmo: Deus mata gerações para mostrar sua força e mudar pensamentos e comportamentos. Não se compreende porque Moises é escolhido para libertar o povo hebreu, simplesmente o tempo passa e isso acontece. E de novo o editor resolve picotar tudo: pragas de Deus (sequencia looonga demais); saída do Egito; abertura do Mar Vermelho (alias em OS DEZ MANDAMENTOS (1957), isto está melhor resolvido); subida ao Monte Sinai (que ninguém vê); e a construção das Tábuas da Lei de Deus (algo que dura 4min): tudo em 30min. Graças a Zeus, a travessia até Cannaã e os percalços pelos quais Moisés passará fica para nossa imaginação.
O que presta nisso tudo? O visual, o figurino egípcio (impecável) e alguns efeitos especiais. É tudo apressado demais, como a vida atual, e tem clímax manjado e efêmero. Ah, esqueci, impossível entender a pífia participação de Sigourney Weaver (ALIEN) e Ben Kingsley (GANDHI). Este último ainda é o cara que revelará a história de vida a Moises; mas ela? Nada faz além de sabermos pela boca de Ramsés que ela quer, desde sempre, a morte de Moisés. Outra coisa: que ‘Deus’ é aquele? Vejam é me digam: ele (uma criança) é tão ‘mal’ quanto Ramsés e, pior, Moisés diz isso a ele e é ignorado totalmente. Ou ele (Moisés) é subserviente ou perderá tudo inclusive a família.
É reconhecível que ‘mexer’ na história seria angariar polêmicas demais e tornaria o filme ‘invendável’. Logo o ‘caminho’ (palavra em latim para ‘êxodo’) não poderia fugir dos ‘contos’ bíblicos já consagrados pelo imaginário coletivo; mas sem ritmo e compasso nas cenas e personagens, o filme se torna a representação de um folhetim do século XVIII: pura água com açúcar.

CLAUDIA NUNES 

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

PALESTRAS em geral

Importantes momentos de ensino e de aprendizagem entre pos-graduandos e professores.
Adoro o que faço sempre!!!







Bjos CLAUDIA

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

MEMÓRIA DO EU DO OUTRO



Embora haja estudos profundos sobre o cérebro e sua plasticidade diante do volume de informações, ainda se discute os limites da memória ligada a essa forte adaptação cerebral. Ainda que haja memórias artificiais favorecendo a convivência entre pessoas, discute-se a perda da memória em assuntos / aspectos cotidianos como guardar número de telefone de um amigo, achar chaves de casa ou do carro, compreender conceitos e lembrar datas importantes. Alguns chamam isso evolução; outros de transformação; outros ainda de ‘simulação’ alienante dos ‘seres-no-mundo’. Porém o que vem acontecendo com a transformação da memória e das formas de memorizar é o esquecimento do ‘eu-do-outro’.

Além do processo cognitivo cujos resultados são profissionais de sucesso, novas tecnologias e avanços científicos; as informações sentidas (emoções) tornam a memória um ambiente associativo dos afetos mais profundos, duradouros, complexos e utilizáveis no decorrer da vida. E as memórias do ‘eu-do-outro’ almagamam formações, interesses, valores e aprendizagens em/no diálogo. Nesta perspectiva, o valor da memória vai além do simples registro factual de informações por associações interessantes; ela se transforma em um sistema em que se estabelecem pontos de contato com o mundo por conexões emocionantes e desafiantes: e assim humanos aprendem.

Não há rede social, por exemplo, sem memória; e rede social não é apenas lista de contatos; é um território cujos contatos têm raízes nas experiências afetivas reais, ainda que mínimas ou articuladas por outros ‘eus’. Daí, em nosso cotidiano, ‘salvar um contato’ é incorporar à memória outras sugestões de mudança, de entendimento, de compreensão e de solidariedade; é uma possibilidade de se construir pontes e fontes de energia de futuro; é o início de um processo de alfabetização emocional para futuras relações e interações.

Só que o mundo apresenta distrações, ruídos nas comunicações, e o que era memória / experiência positiva de ser um ‘eu-com-os-outros’, reconhecendo o ‘eu-do-outro’, torna-se incerteza, receio, estranheza do ‘ser-em-si’. Instala-se a angústia, a ansiedade e a incompreensão. De repente não sabemos mais; há um refluxo de informações na memória procedimental e de longo prazo; e perdemos o conhecimento: um chão por onde pisamos forte, ainda que com cuidados. Instala-se o famoso ‘branco’ e o cérebro se ressente e se desgoverna um pouco. Mesmo as memórias afetivas precisam de treino para se revitalizarem e se manterem vivas e com qualidade, ainda que, por vezes, a distância.

Seres humanos são defeituosos e erram. Envoltos em emoções intensas ou negativas em longo prazo, reinventam formas de agir, sentir e pensar para se proteger e se defender das novidades com ‘unhas e dentes’: a isso chamam de ‘mudança’ responsável e necessária. E, neste instante, há esquecimento sobre o ‘eu-do-outro’ cujas emoções pouco mudaram: as experiências de um não são as experiências do outro. O que fazer? Ou como reagir? O diálogo do eu e do outro exige a convergência das memórias com foco e concentração, sem dependências e exigências. Uma das belezas de se construir memórias é a liberdade de expressão e de reação (diálogo com a vida do/com os outros) em que se estabelece, por exemplo, a amizade.



Mas atenção: a memória do ‘eu-do-outro’ precisa ser respeitada, mesmo em tempos emocionais obscuros. Respeito é o ponto de equilíbrio de quaisquer reflexões sobre os comportamentos mais reativos. Quando se aceita o dilema da memória do ‘eu-do-outro’, em compasso com o desenvolvimento pessoal, duas palavras devem ser bem entendidas: expectativa e vulnerabilidade. Se pensarmos o cérebro como uma máquina, cuidado com o seu manuseio emocional: nada pode quebrar, molhar, queimar ou pifar. Os riscos negativos às memórias serão grandes demais e impossíveis de ignorar. Quando se perde a memória do ‘eu-do-outro’ ascendem repensamentos sobre confiança, credibilidade, gratidão e parceria. São sensações ruins, incomodas e que podem provocar outros apagões e constrangimentos sempre prejudiciais às relações, na sequencia dos dias.

As memórias precisam ser vigiadas de perto. Ou seja, as reprogramações cerebrais precisam acontecer periodicamente para que as memórias sejam ‘arejadas’ ou ‘oxigenadas, e se tornem permanentes. Os esquecimentos podem ser evitados, principalmente quanto ao ‘eu-do-outro’. Não se pode perder o contato com a natureza humana: mude o rumo da prosa; aceite imperfeições; faça silencio de si; seja livre para sorrir junto; desafie intelectualmente; desapareça um pouco; torne-se desejado; disponibilize-se; ajude; reflita; não julgue; seja estrategicamente criativo. Basta parar e pensar: achemos um equilíbrio entre emoção e razão SE valer a pena.

Nos tempos atuais, frustrações e decepções tem muito mais a ver com a perda da noção do ‘eu-do-outro’ do que quaisquer outras razões. Ai outra percepção: acreditar em superações é viver com perdas e esquecimentos. Pensar a memória apenas ao nível intelectual é balela. O esquema crescente de agressividades e violências que observamos no cotidiano mundial é produto do esquecimento do ‘eu-do-outro’; falta de ‘escuta sensível’ ou do ‘silêncio de si’ do outros eus que se relacionam com o ‘eu-do-outro’. E por isso as memórias artificiais não prestam, por exemplo, para agregar valor ao humano dos humanos que chamamos de ‘contatos’ ou de amigos.

Cuidado... Sem a prática, estamos nos ‘destreinando’ para a experiência e manutenção dos afetos. Os HDs mentais estão se desconfigurando ou entrando em conflito; estão se tornando rasos e vazios de conteúdo, e as perdas podem ser irreversíveis simplesmente porque está se perdendo o valor das memórias do ‘eu-do-outro’.
A perda da memória do ‘eu-do-outro’ é a perda da empatia e isso é triste em quaisquer relações.


CLAUDIA NUNES

Importância das EMOÇÕES (24/08/14)

A importância das emoções (24/8/2014)

Há tempos, teorias psicológicas vêm sendo desenvolvidas para se compreender o processo das emoções no organismo. "Não choramos porque ficamos tristes, mas ficamos tristes porque choramos" é o que postula uma delas, criada por Willian James e Carl Lange, no fim do século XIX (teoria James-Lange). Não parece estranho? Pois é. Essa e outras teorias, como a de que "nossas emoções guiam-se pelo conteúdo de nossos pensamentos", fazem parte do estudo das emoções, ignorado durante muitos anos, por filósofos e pesquisadores, que consideravam as emoções "animalescas" (mente&cérebro, 2013).



Fato é que experimentamos, ao longo do dia, inúmeras emoções, que vão e vem sem nos darmos conta disso. Você se empolga com o dia límpido e logo se irrita ao lembrar da quantidade de tarefas que te aguarda no trabalho. Alegra-se ao lembrar do churrasco que vai acontecer no fim da tarde, mas o trânsito logo te estressa novamente. Esse é só um exemplo da quantidade de emoções que experimentamos a todo momento. Mas, em que isso interfere? É importante nos atentarmos para isso, conhecer nossas emoções para aprendermos a lidar melhor com as demandas cotidianas?

Segundo reportagem da revista mente&cérebro, "o autoconhecimento e a atribuição de sentidos ao que vivemos influem diretamente sobre a forma como nos apropriamos das experiências". Nesse contexto, as teorias cognitivas das emoções baseiam-se na lógica dos pensamentos para explicar as emoções. O efeito placebo, por exemplo, constitui uma atribuição de sentido à determinada situação, e pode interferir tanto positivamente quanto negativamente. Se eu acreditar que um determinado remédio vai melhorar a minha dor, por exemplo, mesmo que ele não tenha essa função ou seja falso, irei vivenciar emoções positivas, interferindo de maneira significativa no processo de melhora.

Contrário às teorias cognitivas, o neurobiólogo Joseph Ledoux mostrou que nem sempre as emoções vêm dos pensamentos: um teste em animais provou que os estímulos do medo, por exemplo, eram processados de forma extremamente rápida, no córtex cerebral. Atualmente, no entanto, pesquisas têm mostrado que as emoções constituem...

http://www.cerebroespecial.com/#!A-importância-das-emoções/c1sbz/8DE23A18-29EA-4601-90D2-DDD64F16FE51

INTELIGÊNCIA é inata OU adquirida?


A Inteligência é Inata ou Adquirida?

“Se a hereditariedade define os limites da inteligência, o meio determina a abrangência desses limites.”

- Esta é a conclusão de Erik Turkheimer, professor de psicologia da universidade de Virginia, mundialmente reconhecido por suas pesquisas sobre a inteligência de gêmeos. Os primeiros estudos, conduzidos nos anos 90, mostraram que os resultados de QI obtidos por gêmeos verdadeiros, do mesmo genótipo, eram mais similares do que os dos gêmeos com DNA diferente. Isso confirmou a origem genética da inteligência.

Foi então que Erik Turkheimer pesquisou dados de 60 mil crianças, acompanhadas desde o seu nascimento até os oito anos de idade, grande parte de minorias étnicas e de famílias pobres. O QI deles foi medido aos sete anos. O resultado foi que, se o QI de gêmeos com pais abastados pode ser atribuído à genética, entre as famílias mais pobres, o quociente de gêmeos idênticos variava tanto como se fossem falsos gêmeos. Conclusão de Turkheimer: “Em um meio difícil, o potencial genético das crianças não tem oportunidade de se expressar plenamente. As famílias abonadas, por sua vez, podem dar o estímulo mental necessário aos genes para que construam o circuito cerebral da inteligência.” Isto significa que o dinheiro faz um bom lar? Não, responde o autor. “Mas é um fator importante que permite aos pais dedicar tempo e energia, e dispor de meios para estimular as crianças mentalmente.”

De acordo com a noção da inteligência herdada, outros estudos mostraram que o QI de crianças adotadas está mais próximo ao dos pais biológicos. No entanto, mais uma vez os pesquisadores, dentre os quais Michel Duyme, da Universidade de Montpellier, na França, revelaram parcialidade. As famílias pobres raras vezes estão em condições de adotar, assim, as investigações se concentraram apenas em famílias adotivas abastadas. Duyme tem compilado os dados de milhares de adoções na França e novamente o meio desempenhou o seu papel perturbador. As crianças de famílias abastadas passadas para famílias igualmente abonadas apresentaram um QI de 119,6 em média, mas quando eram adotadas por famílias modestas, o QI médio caiu 12 pontos. E vice-versa.

As crianças de famílias modestas acolhidas por uma família das mesmas condições apresentaram um QI de 92,4, enquanto que aquelas colocadas em uma família abastada o QI obtido se elevou para 103,6. (Autor: Elena Sendere Hervé Ratel, Sciences et Avenir).

Página Face: NeuroSchola

Mitos X Verdades: DISLEXIA

Mitos x Verdades – Dislexia

"É importante cultivar pequenos leitores desde o nascimento. Cerca de 50% da habilidade verbal de uma criança é proveniente da genética, os outros 50% são atribuídos ao conhecimento adquirido no ambiente, sendo grande parte desse conhecimento aprendido em casa." (Ângela Maria Vieira Pinheiro/UFMG)

1) A dislexia é contagiosa?
Não. Ela é usualmente hereditária.

2) Uma pessoa pode ser medianamente disléxica?
Sim. Ninguém apresenta um quadro com todos os sinais de dislexia.

3) A dislexia é uma doença?
Não, mas um transtorno de aprendizagem.

4) A dislexia pode passar sem que se tome alguma providência?
Não. Quanto antes ela é identificada e são tomadas as medidas de tratamento, maiores podem ser os benefícios do tratamento.

- Alguns sinais indicadores:

1) Pré-escola e pré-alfabetização: aquisição tardia da fala, pronunciação constantemente errada de algumas sílabas, crescimento lento do vocabulário, dificuldade em aprender cores, números e copiar seu próprio nome, etc.

2) Início do ensino fundamental, alfabetização: aprender o alfabeto, discriminar fonemas de sons semelhantes (t/d; g/j; p/b), diferenciação de letras com orientação espacial (d/b; d/p; n/u; m/u), orientação temporal (ontem – hoje – amanhã, dias da semana, meses do ano), etc.

3) Ensino fundamental: atraso na aquisição das competências da leitura e escrita, nível de leitura abaixo do esperado para sua série e idade, dificuldade de soletração de palavras, ler em voz alta diante da turma, supressão de letras (cavalo/caalo; biblioteca/bioteca; bolacha/ boacha), etc.

4) Ensino médio: podem ter dificuldade em aprender outros idiomas, leitura vagarosa e com muitos erros, permanência da dificuldade em soletrar palavras mais complexas, atenção demasiada a pequenos detalhes, vocabulário empobrecido e criação de subterfúgios para esconder sua dificuldade, etc.

5) Ensino superior, universitário: letra cursiva, planejamento e organização, dificuldade com horários (adiantam-se, chegam tarde ou esquecem), falta do hábito de leitura e normalmente.


Pagina do face: NeuSchola

Aprendizagem X Desenvolvimento (Cérebro)


- O cérebro pertence ao sistema nervoso central (juntamente com a espinal medula), estando situado no interior da caixa craniana, rodeado por três membranas - as meninges -, e revestido por um líquido protetor - o líquido cefaloraquididano. É o principal órgão do sistema nervoso e o centro de controle de todo o organismo, quer das ações voluntárias, quer da maioria das involuntárias, visando sempre um objetivo: a recepção da informação e a elaboração de respostas adequadas, por forma a assegurar a manutenção do organismo.

O cérebro humano é o mais desenvolvido que se conhece, tendo o Homem a maior relação peso do cérebro/peso corporal: cerca de 1/50. Mesmo em espécies próximas, como o gorila, essa relação é seis vezes menor. Com um peso de cerca de 1,5kg, o cérebro contém, em média, 11 000 milhões de células (10 000 milhões de neurónios e 1000 milhões de células de suporte, a glia). Pode ser dividido em três grandes zonas, consoante a posição no interior do crânio: anterior, médio e posterior.

O cérebro anterior é, filogeneticamente, o mais recente, sendo formado, sobretudo, pelo córtex cerebral (zona mais externa, formada por substância cinzenta). É a área mais desenvolvida, sendo a sede do pensamento, da inteligência e da memória. Apresenta-se segmentado em dois hemisférios que se dividem depois, cada um, em dois lóbulos.

O hemisfério direito controla o lado esquerdo do corpo e vice-versa, estando as duas metades do cérebro ligadas por um feixe de fibras nervosas, o corpo caloso. Nesta zona cerebral situa-se ainda o tálamo, que liga a informação sensorial ao córtex, e o hipotálamo, centro nervoso responsável pelo controle de importantes funções inconscientes, como a temperatura, regulação da sensação de sede e fome, função sexual e emoções básicas, como o medo e a raiva. O hipotálamo controla, ainda o sistema de glândulas endócrinas. O cérebro médio é a primeira zona do cérebro a iniciar a sua formação, sendo constituído, sobretudo, por nervos aferentes e eferentes, que levam informação de e para a espinal medula. Na zona inferior, temos o bolbo raquidiano, que controla processos vitais automáticos, como a digestão, respiração e ciclo cardíaco. Acima do bolbo está o sistema reticular de atuação, que controla os estados de sono e de vigília, assim como a capacidade de atenção.

Finalmente, o cérebro posterior ou cerebelo controla os movimentos comandados pelo córtex motor, assegurando o equilíbrio e a postura, assim como a coordenação motora. O funcionamento do cérebro baseia-se na emissão de impulsos elétricos, através dos neurónios, sendo, por isso, possível monitorizar a atividade cerebral pela medição da corrente elétrica, através de elétrodos colocados no couro cabeludo - encefalograma. O córtex cerebral apresenta inúmeras pregas - circunvoluções -, que lhe permitem aumentar a sua área, mantendo um volume constante. Vários estudos anatómicos têm tentado desenvolver a caracterização do tipo de atividades controladas por cada área do córtex.

No entanto, embora se possam definir algumas zonas como o centro de comando de uma dada função específica, ela não é a única área envolvida, já que o cérebro funciona como um todo interdependente. Genericamente, pode dizer-se que o lado esquerdo controla as capacidades lógicas e verbais, enquanto o direito é o centro artístico, visual e de orientação. Na área frontal concentram-se os centros do comportamento e das emoções, e, progredindo para trás e para cima, encontramos o centro dos movimentos e do tato. Lateralmente, temos os centros da fala e da audição, enquanto a visão e da associação visual se encontram na zona traseira (occipital). (Fonte: cérebro. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2014)


Pagina do face: NeuSchola

quarta-feira, 4 de junho de 2014

GAMES e EDUCAÇÃO: auxiliando na prática pedagógica



SIMPÓSIO: Educação e Neurociência com a aprendizagem nas mãos...

 No dia 31 de julho de 2014, aconteceu o Simpósio: Educação e Neurociência com a Aprendizagem nas mãos... Fui substituindo a Profa Marta Relvas. Palestra NEUROCIÊNCIA na perspectiva da Educação Inclusiva. Folder não pode ser mudado, mas pode ser reorganizado com antecedência para o público. Mas nem precisava, tal o meu orgulho em estar lá no lugar de uma pessoa altamente profissional. Duas amigas me acompanharam: Fatima Ornelas e Rachel Klaym. Viagem e palestra maravilhosas!!!









BEIJOS CLAUDIA NUNES

MICROCONTOS 1 2 3

01Ela se enganara. Ela interpretara mal tudo o que vira. Simas, seu marido, fechara a porta e não mais voltaria. O sofá estava parado: não sentirá mais às tardes de futebol, sonecas e amor. Era um devaneio? Era um sonho mal? Ela não conseguia pensar. Suas mãos tremiam e ela estava ofuscada pelas lágrimas. Nunca se enganara, nunca errara tão feio. Agora sabia: entre farsas e omissões, seu casamento chegara ao fim. Na mesa, o telefone toca e ela atende: ‘Sonia, avisa ao Simas que o bolo ‘Mundo’ de vocês está pronto’. Em suas mãos, o bilhete encontrado: ‘amanha o mundo será só nosso’.
Claudia Nunes


02Luz no fim do túnel. Uma dor lacerante. Um vôo para manter a vida. Linda não sabia o que fazer. Argumentava para si mesmo: vai passar, vai passar, tem que passar. E o tremor continuava. As alucinações vinham aos jorros na mente, nos olhos e na pele; e ela com medo das perdas. Não podia perder agora... O passageiro do lado sente que há algo errado, Mas, e se o silencio acabar? Ele desisti e ela briga com a vida e os braços da poltrona. Sem incomodos, sem chaturas, sem pedidos, sem amizades, Linda só sorrir novamente. Acima das nuvens, apenas um manto de objetivos prestes a se evaporar. A aeromoça oferece agua, ela nao responde. Agua para que? Todas as purificações vividas não deram em nada. O peito doi, doi, doi. Linda está feia. Linda está suja. Linda não está mais lá. Numa barraca de camping, a luz do sol e a língua de seu cachorro a acordam. Assustada, se esconde: hora de ir à praia...
Claudia Nunes


03- Eu quero o meu amor – grita ela. – Eu quero tudo o que você me tirou! Malas no chão, guarda-roupa aberto, roupas por toda parte. Na porta do quarto, ele não sabe o que responder. Seu olhar denuncia um medo terrível: a cama vazia. Não há o que fazer. Não há como se desculpar. Ela vai embora. Ela vai embora – pensa ele. Seu coração dói demais e sua voz não atravessa a garganta. Da janela, um som aumenta sua agonia: é Natal. Ela caminha até a janela observa a rua. Carros, gente e animais, ninguém pode senti-lo. Lembranças dos risos, do sexo, dos presentes, dos toques, das juras, das certezas e do ‘para sempre’. Quanta mentira se diz sob o poder da emoção ou do sonho! Ele estica os braços tentando tocá-la. – Me esquece! Me esquece! – avisa ela. Mala pronta, bolsa cheia e um último olhar. Um silêncio esbofeteia os dois. Um silêncio sinistro paralisa os dois corpos quentes dispostos aleatoriamente naquele espaço quase escuro. – Amor, nosso filho nos deu bons 04 anos... Você pode recomeçar – disse ele antes de desaparecer dentro da gaveta de meias.

Claudia Nunes

quinta-feira, 1 de maio de 2014

Mundo repleto de informações nos leva à DISTRAÇÃO

Mundo repleto de informações nos leva à distração
Profa MARTA RELVAS

“Distrair-se facilmente é uma carcterística do ser humano”

Lembro do Rock in Rio de 1985 e para quem acompanhou o mesmo evento em 2013, pode constatar muitas mudanças, principalmente a grande quantidade de pessoas ávidas por um ângulo perfeito para captura de belas imagens entre luzes, flashes das máquinas fotográficas e celulares para garantir as recordações dos seus famosos preferidos.

Esse episódio comprova o quando a velocidade das informações adentra os nossos cérebros, sem nos darmos conta da rapidez de um click que nos remete a uma incrível capacidade de adaptação e desenvolvimento do cérebro humano, possibilitando a construção de novas conexões neurais, especificamente no córtex dos lobos pré-frontais: estruturas anatômicas consideradas responsáveis por todas as nossas capacidades cognitivas, como atenção sustentada, escolhas, projeções das lembranças futuras, pensamento e mais a capacidade para "ficar no caminho".

Nos humanos, a capacidade para "ficar no caminho" (ou *fazer o caminho) é estar diante das escolhas para continuar a viver o cotidiano. Nós não apenas podemos ficar no caminho acompanhando objetos externos, como também podemos ficar no caminho no que diz respeito aos nossos próprios pensamentos, sem permitir que associações casuais desviem nossos processos de pensamentos do seu curso.

O córtex pré-frontal é tão importante para o desenvolvimento do cérebro humano, que quando um indivíduo é acometido por doenças neurológicas nos lobos frontais, a capacidade de ficar no caminho se perde, ficando completamente à mercê de estímulos ambientais incidentais e associações internas. Ou seja, manifesta-se um comportamento disruptivo da atenção. Não é preciso muita imaginação para ver o quanto essa capacidade é fundamental para a nossa sobrevivência e aprendizagem.

Tendência à distração extrema é um dos sinais de THDA

Distrair-se facilmente é uma característica do ser humano e, geralmente, está associada com as disfunções neuroquímicas, neurológicas, psiquiátricas e psicológicas do lobo frontal. Considera- se como um dos principais sinais característicos de hiperatividade de déficit de atenção (THDA) a extrema tendência à distração, portanto vinculada à disfunção do lobo frontal.

Outra questão apresentada é a facilidade da distração cotidiana diante de tantas informações, o córtex pré-frontal funciona de forma análoga a uma orquestra e a capacidade de ficar no caminho é uma vantagem para a espécie humana, pois do contrário é a "morte no caminho". Então, não importa o quanto estamos concentrados numa atividade ou pensamento, há um momento em que a situação exige que se faça algo mais. Ser capaz de mudar o foco da mente, ou seja, a atenção só é sustentada quando se desperta o desejo/interesse.

A capacidade de mudar com facilidade de uma atividade ou ideia para outra é tão natural e automática que a tomamos por garantida. Na verdade, ela requer uma complexa maquinaria neural, flexibilidade mental, a capacidade de observar as coisas sob uma nova perspectiva, criatividade e originalidade, tudo isso depende dos lobos frontais.

Dica:

Para garantir o bom funcionamento do seu córtex pré-frontal e assegurar que o seu cérebro não irá te pregar uma "peça" se distraindo, fique atento às aprendizagens e situações de seu interesse.

* Ficar no caminho, na prática, seria a capacidade de fazer o caminho através de um processo do cérebro filtrar a enxurrada de informações bombardeadas sobre ele.


http://www2.uol.com.br/vyaestelar/neurocienciaeaprendizagem.htm

V Jornada sobre NeuroEducação: GAMES e Educação


BJOS Claudia Nunes

INCLUSÃO e SUPERDOTADOS: ATENÇÃO!



SITE UOL - Vya Estelar - NEUROCIÊNCIA: Profa Marta Relvas



APRENDIZAGEM



quarta-feira, 2 de abril de 2014

CURSO DE VERÃO: ação

SONO, APRENDIZAGEM e TECNOLOGIA. 
Um momento de muito aprendizado.

Minicurso de 9h às 13h.








Um momento para guardar na lembrança,
bjos

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

CURSO DE VERÃO ESCOLA SEEDUC


No dia 21/02. a Profa Rachel Klaym e EU ministraremos um minicurso sobre SONO, APRENDIZAGEM e TECNOLOGIA. Será de 9h às 13h. Veja link e endereço abaixo.

Já estão abertas as inscrições para as atividades de verão/2014 que serão oferecidas pela Escola de Aperfeiçoamento dos Servidores de Educação do Estado do Rio de Janeiro. Profissionais ativos e inativos da rede pública de ensino interessados em participar já podem se inscrever. Durante o mês de fevereiro, serão oferecidos cursos de curta duração, oficinas, apresentações e exposições artísticas. Para realizar a inscrição, é necessário entrar no link

https://docs.google.com/forms/d/1oU3KmDWAaBdPEZtEr7lZIr6AURCw0tRR1mcPng1-1tk/viewform.

A iniciativa visa promover canais de formação, troca e entretenimento. As atividades acontecerão na Rua Amaral, nº 30, Andaraí. Ao final, os participantes receberão certificado.

Atividades de Verão ESCOLA SEEDUC.


Atenção!!!

domingo, 2 de fevereiro de 2014

SEEDUC Verão - MINI-curso SONO, APRENDIZAGEM e TECNOLOGIA

Inscrições abertas

Já estão abertas as inscrições para as atividades de verão/2014 que serão oferecidas pela Escola de Aperfeiçoamento dos Servidores de Educação do Estado do Rio de Janeiro. Profissionais ativos e inativos da rede pública de ensino interessados em participar já podem se inscrever. Durante o mês de fevereiro, serão oferecidos cursos de curta duração, oficinas, apresentações e exposições artísticas. Para realizar a inscrição, é necessário entrar no link.


A iniciativa visa promover canais de formação, troca e entretenimento. As atividades acontecerão na Rua Amaral, nº 30, Andaraí. Ao final, os participantes receberão certificado.
Atividades de Verão ESCOLA SEEDUC.

FEVEREIRO DE 2014
(...)

21/02/2014 - Sono, aprendizagem e tecnologia: uma abordagem sobre a influência do sono nas atividades educacionais – 09:00hs às 13:00hs

Apresentação de estudos que demonstram a influência direta do sono na qualidade de aprendizagem, concentração, memória e atenção discente.

Profa Claudia Nunes e Profa Rachel Klaym

Bjos Claudia

Sem Admiração... Adeus! (publicação Folha Azul - AVM)




Bjos Claudia

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

JOGOS: primeiras ideias





Muita diversão e arte
Claudia

MULHERES DE CALÇADA


Fico impressionada com ‘mulheres de calçada’. Sentada numa praça de alimentação, minha imaginação voa com liberdade e uma ideia me surpreende: depois dos ‘homens que cansam’, penso em ‘mulheres de calçada’. É uma luta ser mulher hoje: princípio básico da própria aceitação. Não dá para ser princesa; ignorar inadequações hormonais; fingir menos emoções; agir sem malemolências; ou lutar contra desejos reprimidos de ser livre apesar de tudo e todos.

‘Mulheres de calçada’ são da Era de Aquário: é consciente de si e do outro; age dentro de uma realidade quase planetária e sinceramente tem suas próprias regras de vivência social. É uma mulher em processo de adaptação diante das próprias necessidades e jamais perde oportunidades. ‘Mulheres de calçada’ funcionam dentro de adequações singulares e enfrentam obstáculos sem perder o frescor de um sorriso quase indecifrável de tão inacreditável. Mas por que são chamadas, aqui, de ‘mulheres de calçada’? Porque, no mínimo, são duplas.

Vocês sabem que, numa praça de alimentação, há muitos rostos, emoções, gestos, vozes e silêncios. Sim, há silêncios que só quem está ao longe e que ‘perde’ segundos observando, pode entender o que significam. Sem provocar incômodos, eu olho os rostos das mulheres e sinto as diferenças entre o dito e o não dito. E muitas são ‘mulheres de calçada’ mesmo sem o saber. E é triste não se saber. É uma rede feminina de querências, ignorâncias, repressões, alívios, tranquilidades e... silêncios. Sem querer, talvez pela força da maioria das maquiagens, eu determino as ‘mulheres de calçada’.

De um lado, de longe, ‘mulheres de calçada’ são planas; arrumadinhas; equilibradas; certinhas; comuns; com poucas inadequações; passantes num mundo cheio de loucuras e de gente sem noção das consequências de cada passo ou das responsabilidades com os outros; ansiosas pelo que não vivem ou pelo que vivem sem o querer; conformadas, ainda que tenham brilhos de olhos desejantes; opacas apesar do batom vermelhão; espaçadas de corpo e alma de acordo com quantidade de filhos.



De outro lado, de perto, na calçada da vida, ‘mulheres de calçada’ conhecem e vivem o mundo a pé. E a pé, determinam cada padrão de ação e de emoção; a pé, determinam o transito das pessoas que vao e vem ou que permanecerão de qualquer forma; a pé, tem evoluções com revoluções emocionais intensas sem perder o ar de princesa ou a cara de madrasta; a pé, abrem, com inteligência, ‘passarelas’ para encontros ou reencontros com acabamentos primorosos à sua sobrevivência e à sua realidade sem mudar o rumo da prosa; a pé, apesar de surpreendidas, dão acessibilidade ao passado, ao presente e ao futuro, como um bônus às suas vontades, desejos e necessidades; a pé, entre aclives e declives naturais, tornam-se antiderrapantes às faltas de planejamento e oportunizam a abertura de faixas livres aos ignorantes, aos inocentes e, principalmente, aos ‘inecessários’; a pé, focam nos olhos, pensa em dispositivos realistas, implementa poucas trepidações ao corpo e se joga na loucura de beijos roubados, abraços intensos e toques arrepiantes, mesmo os mais insensatos; e a pé, ignoram desníveis covardes, tímidos, e atravessam suas calçadas com memórias afetivas sempre prestes a serem revisitadas ou revividas como mandam as estrelas.

Enfim ‘mulheres de calçada’ vivem histórias particulares sem morrer por dentro ou no caminho. Morrer nunca é uma opção, afinal, em cada ‘calçada’ elas tem a oportunidade de se impermeabilizar e recriar camadas internas em que reassentam fragilidades, instabilidades, pequenas deformidades e muito, mas muito amor para espalhar.

‘Mulheres de calçada’, diante dos ‘homens que cansam’, precisam de materiais adequados para acontecer: amor, atenção, vontade e muita coragem. Como diz Cora Coralina, na calçada, ‘os caminhos são de pedras, não de rosas’, logo, a existência das ‘mulheres de calçada’ promove novos designs aos estilos de vida, ou melhor, aos estilos de viver a vida, mesmo a distancia ou a partir das ‘mentiras sinceras’.



'HOMENS QUE CANSAM'


Em um mundo sem tempo para reflexão, o amor quase sempre aceita ilusões agradáveis. Embora as maturidades guardem ferramentas para se priorizar conquistas e aprendizados, suja-se o hoje com ilusões agradáveis. Talvez seja importante se experimentar assim também. Do banco de um jardim, debaixo de um sol ‘senegalês’, aguardo o encontro com uma amiga. Vamos às compras, uma recompensa por dias sem se ver e pelas férias que ansiávamos a muito tempo. Enquanto espero, escuto uma frase: ‘sinceramente, homem cansa!’. Interessante. Tenho escutado muito isso. Mulheres experientes, maduras, seguras, todas cansadas dos ‘homens que cansam’. Na sequencia do papo, uma resposta: ‘Amiga, parei com homem que cansa’. Ué, como assim? Homem cansado sugere mulher segura querendo vida, diversão e alegria, mesmo após uma semana de trabalho. Mas ‘homem que cansa’? Aqui há a sugestão de uma mulher em expectativa, após muitas tentativas, sem retorno ou com retorno depois ‘anos luz’. Ela manda torpedo, se ele responder, o faz uma semana depois. Ela deixa um post no facebook e, no máximo, recebe uma curtida três dias depois. Ela manda um e-mail e senta para dormir porque ele não responde. ‘Homem que cansa’ incorre na possibilidade de ‘ser desistido’, ainda que seja amado ou desejado. Interessante isso. Durante o passeio pela cidade, fiquei com isso na memória. Em reencontros da maturidade há sempre isso: ‘homens que cansam’. Homens com menos frescor, brilho, silêncio, elegância, atitude ou com mais vícios, filhos, hábitos, indiferenças, realidades, loucuras. ‘Homens que cansam’ sugerem um investimento feminino maior na paciência, nos argumentos, na linguagem corporal e principalmente, nas emoções. Lógico que ambos não são mais jovens e realmente há momentos e situações em que a maturidade ‘fala’ mais alto e os dias ‘cansam’ naturalmente. Mas ‘homens que cansam’ criam um alto volume emocional sem brechas, alívios, descansos, rotinas. Sim! ‘Homens que cansam’ não criam rotinas ao feminino; não modalizam a relação com equilíbrios e certezas; e, com certeza, ‘são desistidos’. É muita tensão, drama, negação. É muito ‘sem tempo’ ou ‘de tempo diferente’ ou ainda ‘de exigências de tempo desigual’. ‘Homens que cansam’ funcionam em outro tempo, lamento meninas, é isso! Os ajustes possíveis têm ruídos quase incompreensíveis à mulher que ama, afinal, ela também ama com outro tempo. Enquanto eu e minha amiga passeávamos e conversávamos, de novo, as personagens do diálogo se aproximam. Elas ainda falam de ‘homens cansados’ e ‘homens que cansam’. Papo de homem é mulher e papo de mulher é homem? Bem hoje é assim sim. As relações são bases das nossas projeções na realidade. Homens e mulheres se projetam sempre emocionalmente. O cognitivo tem segundos de diferença, mas vem depois mesmo. E nesse caso, ‘homens cansam’ e causam estresse feminino. Sem querer, sei que o namoro de uma tem anos de altos e baixos com algumas separações; e o namoro de outra teve seu auge na juventude, uma separação de anos e, agora estava em nova vida. Em ambas, havia ‘homens que cansam’. Era uma chateação, pelo que percebi. Homens complexos demais; em constantes crises"; com visões de mundo ‘insossas’ (segundo uma delas); dramáticos; e, principalmente, sem perspectivas. Uma delas diz: ‘não dá para ficar com um homem sem perspectiva!’. Sem querer julgar, isso é real: sem esforço, empenho, atitude e força, o que é ou para que ter um ‘homem que cansa’? Do jeito que a conversa acontecia, ambas eram mulheres em luta, mas não tinham ainda independência financeira. Daí nova moeda: ‘homens que cansam’ tem o seu ‘valer a pena’, tem a sua costura emocional importante na vida feminina. As personagens estavam procurando entendimentos, estratégias, linhas de ação, outras formas de enfrentamento. Não eram insensíveis, ao contrário, eram orgulhosas de si, afinal ter um par as diferenciava de muitas outras solitárias por ai. Elas não iriam desistir. Uma delas diz: ‘Eu não sei mais o que fazer, gosto dele, mas estou cansada’. A outra responde: ‘Eu também, mas ficar sozinha? Sei lá. Estou cansada, quero novidades, mas começar tudo de novo?’. Há perigos nos ‘homens que cansam’: eles não são moedas de troca à toa; eles têm seu valor; e, de um jeito cruel, são prisões do imaginário ou das regras sociais ligadas ao feminino. Impossível pensar em desistências. Não sei o que fazem, mas ‘homens que cansam’ não são ‘desapegáveis’ facilmente. ‘Homens que cansam’ são o enigma da emoção feminina. Dizem que, por natureza, as mulheres são mais inseguras, mas, ali, ouvindo aquela conversa, sinto que, no encontro e convivência com ‘homens que cansam’, às vezes isto não é uma verdade. Observei e ouvi duas mulheres e suas muitas tentativas, esquemas, aceitações de ajustes e manutenções amorosas, num período bem longo, antes de se agoniar com um fato: há ‘homens que cansam’ e elas precisam reaprender a viver com menos condescendência.

Pensamentos MARTA RELVAS







Neurobeijos Claudia

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