segunda-feira, 25 de agosto de 2014

MEMÓRIA DO EU DO OUTRO



Embora haja estudos profundos sobre o cérebro e sua plasticidade diante do volume de informações, ainda se discute os limites da memória ligada a essa forte adaptação cerebral. Ainda que haja memórias artificiais favorecendo a convivência entre pessoas, discute-se a perda da memória em assuntos / aspectos cotidianos como guardar número de telefone de um amigo, achar chaves de casa ou do carro, compreender conceitos e lembrar datas importantes. Alguns chamam isso evolução; outros de transformação; outros ainda de ‘simulação’ alienante dos ‘seres-no-mundo’. Porém o que vem acontecendo com a transformação da memória e das formas de memorizar é o esquecimento do ‘eu-do-outro’.

Além do processo cognitivo cujos resultados são profissionais de sucesso, novas tecnologias e avanços científicos; as informações sentidas (emoções) tornam a memória um ambiente associativo dos afetos mais profundos, duradouros, complexos e utilizáveis no decorrer da vida. E as memórias do ‘eu-do-outro’ almagamam formações, interesses, valores e aprendizagens em/no diálogo. Nesta perspectiva, o valor da memória vai além do simples registro factual de informações por associações interessantes; ela se transforma em um sistema em que se estabelecem pontos de contato com o mundo por conexões emocionantes e desafiantes: e assim humanos aprendem.

Não há rede social, por exemplo, sem memória; e rede social não é apenas lista de contatos; é um território cujos contatos têm raízes nas experiências afetivas reais, ainda que mínimas ou articuladas por outros ‘eus’. Daí, em nosso cotidiano, ‘salvar um contato’ é incorporar à memória outras sugestões de mudança, de entendimento, de compreensão e de solidariedade; é uma possibilidade de se construir pontes e fontes de energia de futuro; é o início de um processo de alfabetização emocional para futuras relações e interações.

Só que o mundo apresenta distrações, ruídos nas comunicações, e o que era memória / experiência positiva de ser um ‘eu-com-os-outros’, reconhecendo o ‘eu-do-outro’, torna-se incerteza, receio, estranheza do ‘ser-em-si’. Instala-se a angústia, a ansiedade e a incompreensão. De repente não sabemos mais; há um refluxo de informações na memória procedimental e de longo prazo; e perdemos o conhecimento: um chão por onde pisamos forte, ainda que com cuidados. Instala-se o famoso ‘branco’ e o cérebro se ressente e se desgoverna um pouco. Mesmo as memórias afetivas precisam de treino para se revitalizarem e se manterem vivas e com qualidade, ainda que, por vezes, a distância.

Seres humanos são defeituosos e erram. Envoltos em emoções intensas ou negativas em longo prazo, reinventam formas de agir, sentir e pensar para se proteger e se defender das novidades com ‘unhas e dentes’: a isso chamam de ‘mudança’ responsável e necessária. E, neste instante, há esquecimento sobre o ‘eu-do-outro’ cujas emoções pouco mudaram: as experiências de um não são as experiências do outro. O que fazer? Ou como reagir? O diálogo do eu e do outro exige a convergência das memórias com foco e concentração, sem dependências e exigências. Uma das belezas de se construir memórias é a liberdade de expressão e de reação (diálogo com a vida do/com os outros) em que se estabelece, por exemplo, a amizade.



Mas atenção: a memória do ‘eu-do-outro’ precisa ser respeitada, mesmo em tempos emocionais obscuros. Respeito é o ponto de equilíbrio de quaisquer reflexões sobre os comportamentos mais reativos. Quando se aceita o dilema da memória do ‘eu-do-outro’, em compasso com o desenvolvimento pessoal, duas palavras devem ser bem entendidas: expectativa e vulnerabilidade. Se pensarmos o cérebro como uma máquina, cuidado com o seu manuseio emocional: nada pode quebrar, molhar, queimar ou pifar. Os riscos negativos às memórias serão grandes demais e impossíveis de ignorar. Quando se perde a memória do ‘eu-do-outro’ ascendem repensamentos sobre confiança, credibilidade, gratidão e parceria. São sensações ruins, incomodas e que podem provocar outros apagões e constrangimentos sempre prejudiciais às relações, na sequencia dos dias.

As memórias precisam ser vigiadas de perto. Ou seja, as reprogramações cerebrais precisam acontecer periodicamente para que as memórias sejam ‘arejadas’ ou ‘oxigenadas, e se tornem permanentes. Os esquecimentos podem ser evitados, principalmente quanto ao ‘eu-do-outro’. Não se pode perder o contato com a natureza humana: mude o rumo da prosa; aceite imperfeições; faça silencio de si; seja livre para sorrir junto; desafie intelectualmente; desapareça um pouco; torne-se desejado; disponibilize-se; ajude; reflita; não julgue; seja estrategicamente criativo. Basta parar e pensar: achemos um equilíbrio entre emoção e razão SE valer a pena.

Nos tempos atuais, frustrações e decepções tem muito mais a ver com a perda da noção do ‘eu-do-outro’ do que quaisquer outras razões. Ai outra percepção: acreditar em superações é viver com perdas e esquecimentos. Pensar a memória apenas ao nível intelectual é balela. O esquema crescente de agressividades e violências que observamos no cotidiano mundial é produto do esquecimento do ‘eu-do-outro’; falta de ‘escuta sensível’ ou do ‘silêncio de si’ do outros eus que se relacionam com o ‘eu-do-outro’. E por isso as memórias artificiais não prestam, por exemplo, para agregar valor ao humano dos humanos que chamamos de ‘contatos’ ou de amigos.

Cuidado... Sem a prática, estamos nos ‘destreinando’ para a experiência e manutenção dos afetos. Os HDs mentais estão se desconfigurando ou entrando em conflito; estão se tornando rasos e vazios de conteúdo, e as perdas podem ser irreversíveis simplesmente porque está se perdendo o valor das memórias do ‘eu-do-outro’.
A perda da memória do ‘eu-do-outro’ é a perda da empatia e isso é triste em quaisquer relações.


CLAUDIA NUNES

Importância das EMOÇÕES (24/08/14)

A importância das emoções (24/8/2014)

Há tempos, teorias psicológicas vêm sendo desenvolvidas para se compreender o processo das emoções no organismo. "Não choramos porque ficamos tristes, mas ficamos tristes porque choramos" é o que postula uma delas, criada por Willian James e Carl Lange, no fim do século XIX (teoria James-Lange). Não parece estranho? Pois é. Essa e outras teorias, como a de que "nossas emoções guiam-se pelo conteúdo de nossos pensamentos", fazem parte do estudo das emoções, ignorado durante muitos anos, por filósofos e pesquisadores, que consideravam as emoções "animalescas" (mente&cérebro, 2013).



Fato é que experimentamos, ao longo do dia, inúmeras emoções, que vão e vem sem nos darmos conta disso. Você se empolga com o dia límpido e logo se irrita ao lembrar da quantidade de tarefas que te aguarda no trabalho. Alegra-se ao lembrar do churrasco que vai acontecer no fim da tarde, mas o trânsito logo te estressa novamente. Esse é só um exemplo da quantidade de emoções que experimentamos a todo momento. Mas, em que isso interfere? É importante nos atentarmos para isso, conhecer nossas emoções para aprendermos a lidar melhor com as demandas cotidianas?

Segundo reportagem da revista mente&cérebro, "o autoconhecimento e a atribuição de sentidos ao que vivemos influem diretamente sobre a forma como nos apropriamos das experiências". Nesse contexto, as teorias cognitivas das emoções baseiam-se na lógica dos pensamentos para explicar as emoções. O efeito placebo, por exemplo, constitui uma atribuição de sentido à determinada situação, e pode interferir tanto positivamente quanto negativamente. Se eu acreditar que um determinado remédio vai melhorar a minha dor, por exemplo, mesmo que ele não tenha essa função ou seja falso, irei vivenciar emoções positivas, interferindo de maneira significativa no processo de melhora.

Contrário às teorias cognitivas, o neurobiólogo Joseph Ledoux mostrou que nem sempre as emoções vêm dos pensamentos: um teste em animais provou que os estímulos do medo, por exemplo, eram processados de forma extremamente rápida, no córtex cerebral. Atualmente, no entanto, pesquisas têm mostrado que as emoções constituem...

http://www.cerebroespecial.com/#!A-importância-das-emoções/c1sbz/8DE23A18-29EA-4601-90D2-DDD64F16FE51

INTELIGÊNCIA é inata OU adquirida?


A Inteligência é Inata ou Adquirida?

“Se a hereditariedade define os limites da inteligência, o meio determina a abrangência desses limites.”

- Esta é a conclusão de Erik Turkheimer, professor de psicologia da universidade de Virginia, mundialmente reconhecido por suas pesquisas sobre a inteligência de gêmeos. Os primeiros estudos, conduzidos nos anos 90, mostraram que os resultados de QI obtidos por gêmeos verdadeiros, do mesmo genótipo, eram mais similares do que os dos gêmeos com DNA diferente. Isso confirmou a origem genética da inteligência.

Foi então que Erik Turkheimer pesquisou dados de 60 mil crianças, acompanhadas desde o seu nascimento até os oito anos de idade, grande parte de minorias étnicas e de famílias pobres. O QI deles foi medido aos sete anos. O resultado foi que, se o QI de gêmeos com pais abastados pode ser atribuído à genética, entre as famílias mais pobres, o quociente de gêmeos idênticos variava tanto como se fossem falsos gêmeos. Conclusão de Turkheimer: “Em um meio difícil, o potencial genético das crianças não tem oportunidade de se expressar plenamente. As famílias abonadas, por sua vez, podem dar o estímulo mental necessário aos genes para que construam o circuito cerebral da inteligência.” Isto significa que o dinheiro faz um bom lar? Não, responde o autor. “Mas é um fator importante que permite aos pais dedicar tempo e energia, e dispor de meios para estimular as crianças mentalmente.”

De acordo com a noção da inteligência herdada, outros estudos mostraram que o QI de crianças adotadas está mais próximo ao dos pais biológicos. No entanto, mais uma vez os pesquisadores, dentre os quais Michel Duyme, da Universidade de Montpellier, na França, revelaram parcialidade. As famílias pobres raras vezes estão em condições de adotar, assim, as investigações se concentraram apenas em famílias adotivas abastadas. Duyme tem compilado os dados de milhares de adoções na França e novamente o meio desempenhou o seu papel perturbador. As crianças de famílias abastadas passadas para famílias igualmente abonadas apresentaram um QI de 119,6 em média, mas quando eram adotadas por famílias modestas, o QI médio caiu 12 pontos. E vice-versa.

As crianças de famílias modestas acolhidas por uma família das mesmas condições apresentaram um QI de 92,4, enquanto que aquelas colocadas em uma família abastada o QI obtido se elevou para 103,6. (Autor: Elena Sendere Hervé Ratel, Sciences et Avenir).

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Mitos X Verdades: DISLEXIA

Mitos x Verdades – Dislexia

"É importante cultivar pequenos leitores desde o nascimento. Cerca de 50% da habilidade verbal de uma criança é proveniente da genética, os outros 50% são atribuídos ao conhecimento adquirido no ambiente, sendo grande parte desse conhecimento aprendido em casa." (Ângela Maria Vieira Pinheiro/UFMG)

1) A dislexia é contagiosa?
Não. Ela é usualmente hereditária.

2) Uma pessoa pode ser medianamente disléxica?
Sim. Ninguém apresenta um quadro com todos os sinais de dislexia.

3) A dislexia é uma doença?
Não, mas um transtorno de aprendizagem.

4) A dislexia pode passar sem que se tome alguma providência?
Não. Quanto antes ela é identificada e são tomadas as medidas de tratamento, maiores podem ser os benefícios do tratamento.

- Alguns sinais indicadores:

1) Pré-escola e pré-alfabetização: aquisição tardia da fala, pronunciação constantemente errada de algumas sílabas, crescimento lento do vocabulário, dificuldade em aprender cores, números e copiar seu próprio nome, etc.

2) Início do ensino fundamental, alfabetização: aprender o alfabeto, discriminar fonemas de sons semelhantes (t/d; g/j; p/b), diferenciação de letras com orientação espacial (d/b; d/p; n/u; m/u), orientação temporal (ontem – hoje – amanhã, dias da semana, meses do ano), etc.

3) Ensino fundamental: atraso na aquisição das competências da leitura e escrita, nível de leitura abaixo do esperado para sua série e idade, dificuldade de soletração de palavras, ler em voz alta diante da turma, supressão de letras (cavalo/caalo; biblioteca/bioteca; bolacha/ boacha), etc.

4) Ensino médio: podem ter dificuldade em aprender outros idiomas, leitura vagarosa e com muitos erros, permanência da dificuldade em soletrar palavras mais complexas, atenção demasiada a pequenos detalhes, vocabulário empobrecido e criação de subterfúgios para esconder sua dificuldade, etc.

5) Ensino superior, universitário: letra cursiva, planejamento e organização, dificuldade com horários (adiantam-se, chegam tarde ou esquecem), falta do hábito de leitura e normalmente.


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Aprendizagem X Desenvolvimento (Cérebro)


- O cérebro pertence ao sistema nervoso central (juntamente com a espinal medula), estando situado no interior da caixa craniana, rodeado por três membranas - as meninges -, e revestido por um líquido protetor - o líquido cefaloraquididano. É o principal órgão do sistema nervoso e o centro de controle de todo o organismo, quer das ações voluntárias, quer da maioria das involuntárias, visando sempre um objetivo: a recepção da informação e a elaboração de respostas adequadas, por forma a assegurar a manutenção do organismo.

O cérebro humano é o mais desenvolvido que se conhece, tendo o Homem a maior relação peso do cérebro/peso corporal: cerca de 1/50. Mesmo em espécies próximas, como o gorila, essa relação é seis vezes menor. Com um peso de cerca de 1,5kg, o cérebro contém, em média, 11 000 milhões de células (10 000 milhões de neurónios e 1000 milhões de células de suporte, a glia). Pode ser dividido em três grandes zonas, consoante a posição no interior do crânio: anterior, médio e posterior.

O cérebro anterior é, filogeneticamente, o mais recente, sendo formado, sobretudo, pelo córtex cerebral (zona mais externa, formada por substância cinzenta). É a área mais desenvolvida, sendo a sede do pensamento, da inteligência e da memória. Apresenta-se segmentado em dois hemisférios que se dividem depois, cada um, em dois lóbulos.

O hemisfério direito controla o lado esquerdo do corpo e vice-versa, estando as duas metades do cérebro ligadas por um feixe de fibras nervosas, o corpo caloso. Nesta zona cerebral situa-se ainda o tálamo, que liga a informação sensorial ao córtex, e o hipotálamo, centro nervoso responsável pelo controle de importantes funções inconscientes, como a temperatura, regulação da sensação de sede e fome, função sexual e emoções básicas, como o medo e a raiva. O hipotálamo controla, ainda o sistema de glândulas endócrinas. O cérebro médio é a primeira zona do cérebro a iniciar a sua formação, sendo constituído, sobretudo, por nervos aferentes e eferentes, que levam informação de e para a espinal medula. Na zona inferior, temos o bolbo raquidiano, que controla processos vitais automáticos, como a digestão, respiração e ciclo cardíaco. Acima do bolbo está o sistema reticular de atuação, que controla os estados de sono e de vigília, assim como a capacidade de atenção.

Finalmente, o cérebro posterior ou cerebelo controla os movimentos comandados pelo córtex motor, assegurando o equilíbrio e a postura, assim como a coordenação motora. O funcionamento do cérebro baseia-se na emissão de impulsos elétricos, através dos neurónios, sendo, por isso, possível monitorizar a atividade cerebral pela medição da corrente elétrica, através de elétrodos colocados no couro cabeludo - encefalograma. O córtex cerebral apresenta inúmeras pregas - circunvoluções -, que lhe permitem aumentar a sua área, mantendo um volume constante. Vários estudos anatómicos têm tentado desenvolver a caracterização do tipo de atividades controladas por cada área do córtex.

No entanto, embora se possam definir algumas zonas como o centro de comando de uma dada função específica, ela não é a única área envolvida, já que o cérebro funciona como um todo interdependente. Genericamente, pode dizer-se que o lado esquerdo controla as capacidades lógicas e verbais, enquanto o direito é o centro artístico, visual e de orientação. Na área frontal concentram-se os centros do comportamento e das emoções, e, progredindo para trás e para cima, encontramos o centro dos movimentos e do tato. Lateralmente, temos os centros da fala e da audição, enquanto a visão e da associação visual se encontram na zona traseira (occipital). (Fonte: cérebro. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2014)


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Nada nunca é igual

  Nada nunca é igual   Enquanto os dias passam, eu reflito: nada nunca é igual. Não existe repetição. Não precisa haver morte ou decepçã...