domingo, 29 de outubro de 2017

De repente de lá pra cá. Dirrepente de cá pra lá (2018)


TITULO DO ENREDO:
De repente de lá pra cá. 
Dirrepente de cá pra lá.

AUTORA:
Rosa Magalhães

Minha gente, se prepare
Que essa história vale a pena,
Tome assento, se acomode,

E vejam quem entra em cena
E quem sai, e onde se passa,
Onde termina, ou começa,
De onde vem ou se destina.

E por mais que cause espanto
os fatos que ora apresento
quem achar que isto é mentira
que vá ao Google e confira,
verifique e leia atento,
pois se ficou no passado
não foi menos registrado.



E assim já lhes adianto
que tem a ver com exílio,
mudança de domicílio,
com fuga e, logo e portanto,
com saudade do lar distante,
vida incerta de imigrante
mas esperança no horizonte.

Pra Pernambuco formosa
rica de açúcar e gente doce,
holandeses cobiçosos
chegaram como se fosse
sua própria casa ocupar,
abrindo porta e porteira
pra quem quisesse trabalhar.

De Portugal, perseguidos,
judeus lá foram aportar
fugindo da Inquisição,
que lhes proibia praticar,
no país sua religião.
Deixaram tudo pra trás
pra poder viver em paz.

Anos e anos depois,
Portugal reconquistou
a linda terra nordestina,
e sem dó logo expulsou
os judeus de triste sina,
que se dividiram em três
e de lá partiram de vez.

Uns seguiram pra Holanda,
sonhando com o amanhã;
outros foram pro Caribe,
mais perto, tentar a sorte;
outros pra Nova Amsterdã,
lá na América do Norte
– e quase encontraram a morte.

Esses últimos, coitados,
pelo meio do caminho
foram cruelmente atacados
‘cê nem imagina por quem:
um navio de piratas
do Caribe cobrando prata
e ouro pra tudo acabar bem.


Muitos anos se passaram.
Os ingleses conquistaram
aquela terra, e o povoado
de judeus e brasileiros
ganhou nome venerando
famoso no mundo inteiro:
Noviórque, é isso mesmo
Que você ‘tava pensando.

E quando, muito mais tarde
a França deu de presente
a Estátua da Liberdade,
em seu pedestal foi gravado
um poema da descendente
de um daqueles imigrantes
vindos do Brasil no passado.

No poema, tão bonito,
é como se a Estátua falasse
com os exilados aflitos,
sofridos, refugiados,
e a sua chama os guiasse
com generosa bondade
para o belo portão dourado
da Paz e da Liberdade.

Como num passe de mágica, IMBECIL!


Um dia inesquecível com uma palavra dura.
Uma noite memorável com uma palavra intensa.
Uma decisão segura com uma palavra assustadora:
- Você é imbecil, meu amor? Com certeza não!
Há palavras que são essenciais para o corpo e a mente.
Há palavras que ajudam no crescimento emocional e diário.
Há palavras que são fáceis de assimilar... com o tempo.
Há palavras que incluem boas maneiras e, cedo ou tarde, trazem força e sucesso.
Há palavras que assumem realidade e aliviam o sonho de dias melhores.
Há palavras que fogem e nos distraem das certezas inseguras.
Há palavras que surgem como borboletas e mudam o rumo dos ventos e do amor.
Há palavras que abrem caminhos mágicos e vitalidades sem pedir nada.
Há palavras em ebulição que irrompem os muros dos hábitos e renovam as horas.
Há palavras que assustam e ignoram o imaginário de perfeição sem base ou noção.
Há palavras que relembram amores e amizades incontestáveis.
Há palavras que precisam de esquecimentos complicados e para sempre.
Há palavras que mudam a vida e o olhar sem hora de voltar.
Há palavras que ilustram a pureza da própria imagem apesar das ranhuras.
Dizem que palavras mágicas são:
Por favor. Obrigado. Com licença. Desculpe. Perdão.
Bom-dia. Boa-tarde. Boa-noite.
Mas dizem também que palavras duras estimulam mudanças sem chão.
Talvez sejam as melhores e reais ‘palavras mágicas’ de tão surpreendentes,
Pois, há palavras que indignam, mas esclarecem o tempo da verdade.
Há palavras que magoam e abrem caminhos sem pedras sinistras.
Há palavras que decepcionam, mas encontram novos sorrisos sinceros.
Há palavras diferentes que exigem autoestima e motivação particular.
Há palavras que muito nos assustam pelo valor extra e fora da caixa.
Há palavras ‘da noite’ que iluminam e esclarecem o afeto tímido.
Há palavras que gritam sussurros tão fortes que suamos paz e delicadezas.
Há palavras de dor que reverberam em nossas histórias secretas com valor.
Há palavras ruins que brotam ‘do nada’ e são ‘tudo’ para a vida inteira.
Há palavras engasgadas que, expostas, separam e ampliam as cores de outras paisagens.
Há palavras ocas que escapam como pássaros de asas imensas e sem prisões.
Há palavras ‘ignorantes’ que amadurecem decisões e atitudes sem sucumbir às rotinas.
Há palavras que não querem nos calar, como: vale à pena, imbecil?
Tantos sentidos há nas palavras que devemos: Recolhê-las. Prová-las. Limpá-las.
Desvirá-las. Mudá-las. Vivê-las.
Cuidado com a interpretação de certas palavras que são procuradas:
- Você não é imbecil, meu amor!
Não há banalidades nessas palavras.
Quando fizer as perguntas, prepare-se para as respostas.
Mesmo que sejam as mais estigmatizadas,
Há palavras disfarçadas de imenso carinho apesar de chocantes.
- Pense imbecil!
Passe de mágica! Pó de pirlimpimpim!


 Profª Claudia Nunes

Um pequeno PENSAMENTO com café

Depois de nova semana de trabalho, sentei para pensar e tomar café. Sentei e pensei em minha profissão: sou professora. E, como professora, percebo uma necessidade constante de aprender (buscar, ler, escrever, adaptar, aplicar, avaliar, rever e planejar). Aprender é tudo isso e muito mais. Não tem sentido na palavra estagnação. É preciso empreender e empreender-se com criatividade, curiosidade e versatilidade. Não há como fugir: nós, professores, somos a representação de quaisquer processos de adaptação; afinal, nossos aprendentes mudam em cada ano, década, século, tempo. E é na mudança que se abrem as portas das novas perspectivas de planejamentos e de utilização dos diferentes recursos. Nós, professores, somos aprendizagem em movimento. Hoje eu me dei conta disso. Somos os mágicos das mentes e dos corpos do século XXI. Mas é preciso compromisso e responsabilidade. Buscar aprendizagem, modos de aprendizagem, formas de avaliação de aprendizagem não é um luxo; é uma necessidade profissional. Pessoas inteligentes agem assim. No movimento, nós, professores, podemos nos surpreender, promover combinações, aguçar a curiosidade para ir além, e criar o hábito de pesquisador do comportamento cognitivo e emocional humano para desenvolvê-lo nos diferentes ambientes. E nesse caminho, melhoramos, crescemos, aprendemos, modificamo-nos e qualificamo-nos. Mas é preciso flexibilidade cognitiva, pois o enfrentamento das novas formas de assimilar saberes gera medo/retrocesso/paralisia/engessamento/conflitos. Sabemos que, em geral, os primeiros passos dos professores são em defesa dos costumes de formação; das crenças literárias; e das bagagens cognitivas que sempre deram certo. Mas isso não cria uma relação verdadeira com o aprendente em expectativa de aprendizagem que chega à escola; então conselho: CONVIDE O DESCONHECIDO, O CRIATIVO e o INSPIRADOR para o território das dinâmicas de aprendizagens. Seja DUVIDOSO, ABERTO e HUMILDE aos ventos dos comportamentos questionadores e curiosos sem quadraduras ou descartes ou fingimentos. Equilibre suas atitudes e terá como resultado, aprendizagens significativas, produtivas e reais.

Profª Claudia Nunes

Pensando em DESIGN DE PROJETOS EDUCACIONAIS

Vamos pensar em design de atividades para o desenvolvimento de um projeto educacional? Sentada num quiosque na beira da praia, estou pensando nisso. Como desenhar novos movimentos para o desenvolvimento de um projeto de escola? Várias coisas atravessam minha mente, inclusive (pré)conceitos sobre como meus alunos vem aprendendo; e isso só complica tudo. Meus alunos estão à deriva do que chamamos ‘cultura brasileira’. Seus pontos de apoio são elementos culturais que lhes são apresentados no presente e dentro do seu contexto familiar e/ou social. Desculpem, mas seus olhares estão limitados demais por antolhos midiáticos e/ou tecnológicos; e assim vão crescendo e se desenvolvendo socialmente. Então como motivar essas mentes com desafios pertinentes à motivação da vontade aprender? Eu só vejo uma opção: projetos.
Trabalhar com projetos. E o design do projeto educacional é fundamental para um possível sucesso. Quais os primeiros passos? Levantamento dos temas mais interessantes (meus alunos são adolescentes) = conversar com os aprendentes diretamente. Anotar suas opiniões e argumentos. Importante escutar e reconstruir suas informações como caminhos e deles projetar passos para criação e desenvolvimento de atividades. Objetivo? Aprendizagem significativa / memória de procedimento. Em casa, diante do computador, as ideias são os pontos cardeais do design: novos caminhos para continuar aprendendo. E hoje li vários textos sobre design.
Quando oferecemos caminhos ao desenvolvimento cognitivo e emocional dos aprendentes, estamos possibilitando outras atividades e atitudes. Ponto de partida: a experiência visual. A geração adolescente atual ama imagens. Imagens geram mais foco, atenção e concentração. No processo de construção do design de um projeto oferecemos imagens, além de mais (e outros) movimentos ao corpo, à mente, ao pensamento, às emoções, às potencialidades etc. Segundo Alexandre Wollner (fundador do design no Brasil), “design é projeto”; logo podemos pensar como recompor territórios de aprendizagens com criatividade, interação e colaboração junto aos atores educacionais quando sugerimos e realizamos projetos. E imagem é tudo; é o princípio de tudo: imagem / imaginação.
Além de projeto, o design é uma forma de comunicar, de proceder, de agir, a partir de determinados princípios / valores com constante adequação às necessidades dos aprendentes. Tudo vai além do desenho (justificativa, objetivo, metodologia, avaliação): é uma proposta de releitura organizacional / educacional para motivar novos comportamentos sociais e visões de mundo. Para ser um designer de projeto educacional é preciso: 1- saber pensar diferente a partir de um contexto (motivo); 2- reconhecer o contexto (pesquisa) é fundamental; e 3- expressar esse contexto é sua razão.
Diferente da arte cuja interpretação é singular (depende da experiência e expectativa de cada um); um design de projeto educacional deve ser compreendido da mesma maneira por todo mundo: todos os aprendentes reconhecem que precisam realizar o projeto, mas, em grupo ou individualmente, podem realizá-lo de acordo com sua experiência e criatividade. Um design de projeto educacional precisa ser compreendido para ser ‘comprado’; e precisa sair da intenção e se realizar realmente ‘junto com’.
Em uma escola, os projetos demandam designers / designs realistas. Ou, como afirma Andrea Ramal, na escola, os projetos educacionais demandam professores como arquitetos cognitivos, “a) é um profissional; b) capaz de traçar estratégias e mapas de navegação que permite ao aluno empreender, de forma autônoma e integrada, os próprios caminhos de construção do (hiper)conhecimento em rede; c) assumindo, para isso, uma postura consciente de reflexão-na-ação; d) e fazendo um uso crítico das tecnologias como novos ambientes de aprendizagem” (2002, p.191).
É preciso valorizar o design do projeto educacional para criar um futuro melhor com motivações diversas. No design de projetos educacionais desenvolvemos INOVAÇÃO para criar: 1- bem estar entre os aprendentes; 2- vontade de continuar aprendendo; 3- eliminação do ‘fracasso escolar’; 4- diminuição da infrequência; 5- realização profissional futura; e 6- aumento da autoestima. Um projeto com design educacional realista incorpora a sociedade no processo visando qualificar socialmente os aprendentes: círculo virtuoso mesmo!

Diante do nosso tempo, vamos pensar nos alunos? Não! Vamos pensar ao redor dos alunos para os alunos! Vamos sentar na mesma mesa de ‘negócios’ e criar um território / ambiente com competências multidisciplinares com approach sistêmico e holístico. Vamos unir áreas de conhecimento = INTERCOMUNICAÇÃO = formas de observar ou viver a vida + áreas de saber + desafios + interatividade. De novo, qual seria o objetivo? Aprendentes humanos se tornando humanos aprendentes com mais liberdade e autonomia. É o benefício de um design focado em novos procedimentos, comportamentos, emoções. Um design assim parte da INOVAÇÃO para criar uma REVOLUÇÃO e revolução nunca pode ser parada. 

Profª Claudia Nunes

Dois passos para trás. Conexão para sempre.

Somos seres conectados com a Natureza e tudo que nela estiver contido. Hoje em dia, a internet esclareceu e confirmou concretamente essa conexão: os ambientes de aprendizagem estão ampliados e potencialmente oportunos ao desenvolvimento socioemocional dos chamados ‘nativos digitais’ e estes continuam impressionáveis e imprevisíveis, mas agora mais estratégicos e criativos, afinal seu acesso ao mundo da informação tem um novo recurso: a internet com seus programas e aplicativos. É um mundo em suas mãos: celulares, notebooks, tablets. Não é preciso esperar para saber; eles precisam apenas parar, clicar e saber. Estamos de novo readquirindo o poder sobre nossa curiosidade. Hoje, somos ‘homo curiosus’ com autonomia e poder de escolha. Houve uma mutação na relação com o saber e uma mutação desejante. Não criaríamos tantos recursos tecnológicos sem fundamento social e relacional: queremos querer saber e poder saber sem muitos obstáculos. E nessa vertente: integramos, incluímos e interagimos. Eis o grande estranhamento de gerações anteriores: a liberdade de expressão e de conhecimento não é mais uma metáfora mediada por pais e professores apenas. Somos humanos querendo ser humanos junto a humanos (parentes), mas também individualmente. Uma ecologia coletiva que não precisa mais esperar para construir sua individualidade. Mas há um problema sério? Fora a permanente atitude de não se disponibilizar o conhecimento simplesmente, há crescente possibilidade do ‘saber sozinho’ (recursos tecnológicos), o que vem desativando o uso do botão da afetividade e/ou da empatia. E isso tem motivado situações cuja reação é primitiva, cruel, dura, com pouca relação com o córtex executivo. Precisamos pensar nisso. Só sobreviver não basta mais, aliás nunca bastou: somos sociais também! A questão das habilidades socioemocionais e das funções executivas precisam fazer parte de novo das aprendizagens enquanto nossos jovens crescem e vivem suas experiências. Desde a revolução industrial, vivemos interações divergentes; hoje precisamos remodelar esses movimentos e criar uma dinâmica convergente e mais solidária (empática, flexível). Mas escola, família e amigos não sabem mais fazer isso. Nós pegamos um atalho em comportamentos lineares, na segurança da transmissão de conhecimentos, nas metodologias de sucesso, na busca por mais dinheiro etc. É muito difícil mudar assim. Então o que fazer? Um pensamento: assumir a tática do siri e andar para trás. Como alguns literatos escrevem: às vezes é preciso dar dois passos pra trás e pegar impulso pra ir muito mais longe do que imaginamos possível hoje. Ou seja, de fora, podemos observar grupos, ações e territórios educativos e familiares; conhecer interesses e desejos dos mais jovens em seus contextos; montar outras estratégicas mais afetivas e realistas na e fora da escola; e experimentar atividades de colaboração, cocriação e proatividade na e fora da escola também. No mundo atual, o movimento de qualificação do ser vivo humano passa pela percepção de que esse ser vivo humano precisa renovar sua humanidade (seu diferencial baseado na aprendizagem relacional) sendo respeitado, sendo ouvido, sendo amado, sendo útil, junto a outros seres vivos humanos, em seus interesses, desejos e sonhos.


Profª Claudia Nunes

segunda-feira, 11 de setembro de 2017

HABILIDADES DIFÍCEIS e IMPRESCINDÍVEIS



Martha Gabriel, em 2016, escreve um pequeno aretigo sobre ’10 habilidades difíceis de adquirir que valem para a vida toda’. Em tempos de habilidades socioemocionais, acredito que devemos pensar sobre isso com foco em nossos aprendentes, tão vulneráveis e sempre uma promessa de um mundo melhor.
            Segundo Gabriel (2016), estas habilidades difíceis serão melhores quanto mais demorarem a ser adquiridas. Ou seja, ‘não é só de currículo e experiência que vive um profissional’. Quando pensamos em aprendentes, podemos afirmar ‘não é só de currículo e conteúdo que se constrói aprendizagens de qualidade’. Há habilidades que, embora sejam simples, exigem esforço, perseverança e tempo. E esta é a linha em que um professor faz toda a diferença.
            Vamos pensar um pouco mais:
            Quando apresentamos o conceito de aprendizagem socioemocional referimo-nos ao processo de aquisição de habilidades socioemocionais, aquelas que nos tornam capazes de interagir e entender os outros; ter maior compreensão de nós mesmos; o que nos torna aptos a lidar com adversidades / frustrações.
            Mas tudo isso requer um período escolar em que sejam inseridas, através de projetos, dinâmicas e atividades coletivas, proativas e ativas, ferramentas ou movimentos cognitivos, emocionais e motores que tornem nossos aprendentes mais propensos a viver e a conviver em sociedade e, por conseguinte, alcançar seus objetivos com menos obstáculos e grandes momentos de superação. E a tríade-base não pode ser esquecida: perseverança, esforço e tempo. O tempero pode ter um pouco de sorte/oportunidade, mas sem a tríade-base, as dificuldades serão muitas.
            Segundo James Hecman, em entrevista ao Roda Viva, apesar da produção contínua de teorias educacionais e formas de avaliação, os aprendentes, principalmente adolescentes, tem capacidades intelectuais, mas não tem desenvolvido capacidades para:
ð  Lidar com frustrações;
ð  Trabalhar em equipe;
ð  Se organizar;
ð  Planejar o futuro;
ð  Lidar com as adversidades.

Não há tempo para pensamentos/teorias; os aprendentes exigem muito estudo, mas também uma práxis inovadora para se reconhecerem no novo mundo em transformação acelerada. A educação atual deve visar o mundo como espaço de experimentação das ferramentas oportunizadas no tempo escolar: são dois territórios em plena convergência. Então, segundo Gabriel (2016) quais seriam as habilidades mais difíceis e mais úteis de aprender?
ð  Controle do sono;
ð  Empatia;
ð  Gestão do tempo;
ð  Solicitação de ajuda;
ð  Consistência relacionada a atenção;
ð  Autoestima;
ð  Atenção aos outros;
ð  Foco em seus próprios assuntos;
ð  Presença real;
ð  Habilidade de falar em público.

E quando pensamos no processo de ensino e de aprendizagem (ensinantes e aprendentes), outras habilidades se apresentam. Vamos pensar e agir?
ð  Saber escutar / saber fazer silencio;
ð  Ter responsabilidades reais;
ð  Se exprimir com calma e clareza;
ð  Reconhecer a presença das diversidades;
ð  Ser organizado;
ð  Oferecer respeito para ter respeito;
ð  Usar a própria criatividade para o bem comum;
ð  Reconhecer os espaços e suas diferentes linguagens.

Em tudo, nós nos referimos a um jogo emocional particular e coletivo cujo tempo de desenvolvimento é longo e a participação dos professores fundamental. O cognitivo se qualifica quando reconhecemos desejos e sonhos, e os trabalhamos com recursos interessantes e humanos.
            É possível?

Profª Claudia Nunes

Referência:


quinta-feira, 23 de março de 2017

HÁBITOS bem necessários

Não há nada melhor e pior do que HÁBITO. Hoje conversando com uma amiga, ela me disse: “ao invés de falar em problemas, acredito em desafios; não tenho problemas, tenho desafios; devemos perder o hábito inclusive de pronunciar a palavra ‘problema’, todo temos desafios e, sendo assim, devemos reconhecer que desafio se encara e passa; se encara para superar e continuar a vida. O hábito de ter problemas complica tudo. Hábito complica tudo. Temos reprogramar nossa mente de maneira positiva, senão nos matamos ou matamos alguém”. Pois é, precisamos mudar os hábitos, renovar o ‘de sempre’ em nossas mentes e continuar aprendendo, dando qualidade aos comportamentos.

Em casa, relendo alguns trechos de artigos, fiquei pensando nisso: HÁBITOS. Por prazer, os hábitos se estabelecem. Mesmo sendo estranhos ou duvidosos para os outros, o HÁBITO, para cada indivíduo, tem base no prazer: temos prazer em ‘viver’ amigos, trabalhos, cotidiano como sempre quando este sempre é prazeroso. Esse HÁBITO costuma alcançar o imaginário dos outros quando os resultados são produtivos ou de sucesso, e aí, o hábito ‘do outro’ é bom, mas pode causar inveja.

Como se fundamenta no prazer, o HÁBITO se estabelece no sistema de recompensa cerebral. O desejo de permanecer numa amizade, num trabalho, numa atividade física, num relacionamento amoroso porque tudo é sentido como ‘bom’ ou ‘cor de rosa’ ou quase vital transforma padrões cerebrais e comportamentos emocionais e cognitivos; e, segundo o livro ‘O poder do hábito’ (e sua manutenção), o hábito pode ter enorme impacto na saúde, na produtividade, na estabilidade financeira e na felicidade, para o bem ou para o mal.

Mas mesmo hábitos prazerosos precisam ser (e são) transformados pela vida; são transformados por elementos (pessoas, eventos, sentimentos) surpreendentes: com o HÁBITO, nós nos tornamos um pouco míopes, senão cegos, para os sinais da realidade que sempre nos lembra sobre a hora de mudar (salto qualitativo); e tendemos, quando confrontados com esta necessidade de mudança a alimentar o mecanismo de defesa mais revelador de nossa comodidade: a negação. Só que mudar é uma escolha de sobrevivência pessoal e social: começa como percepção, depois surge como certeza e se naturaliza; vai do emocional ao racional em pouco tempo; e ai enterrar a cabeça na areia não adianta; o confronto intra e extragenético é certo, duro e agressivo.

“Primeiro há uma sugestão, ou gatilho, que diz ao seu cérebro para entrar em modo automático e desdobrar um comportamento. Depois, há a rotina, que é o comportamento em si. Para alterar um hábito, é preciso modificar os padrões que moldam cada aspecto de nossas vidas” (DUHIGG, Charles, 2012). Ou seja, para cada escolha, devemos empinar o nariz e reconfigurar nosso conjunto de neurônios para a nova ‘vida’. Base de tudo: prática / persistência na ação da mudança. Ainda assim, reconheçamos: de hábito em hábito, nós envolvemos corpo e mente em um estilo de sentir, pensar e agir procurando qualidade em nossas conexões afetivas e/ou profissionais de forma romântica: para sempre. E ai devemos tomar cuidado.

Segundo o livro ‘Hábitos da mente’[1], é possível articular hábito / mudança / novo hábito em 16 possibilidades. Veja o quadro abaixo:

HÁBITOS (ações)
POSSIBILIDADES
1. PERSISTIR


Cumprir uma meta, uma decisão; ter concentração e não fugir dos objetivos;
2. GERENCIAR
A impulsividade: tudo a seu tempo; tenha calma; pense antes de agir; tenha equilíbrio e escute mais;
3. OUVIR
Com compreensão e empatia; não julgar; procurar compreender os outros; dedicar energia mental aos pensamentos e ideias de outra pessoa; segurar seus próprios pensamentos em suspenso e entender realmente o ponto de vista e/ou emoções da outra pessoa;
4. PENSAR

Com flexibilidade; olhar para uma situação de outro jeito; encontrar uma maneira de dar perspectiva à mudança, gerar alternativas e considerar opções;
5. PENSAR
Sobre o pensar (metacognição); reconhecer seu saber apesar do outro; estar ciente de seus próprios pensamentos, estratégias, sentimentos e ações — e como eles afetam os outros;
6. ESFORÇAR-SE
Para a exatidão / o sucesso; rever sempre; objetivar o sucesso, a fidelidade, a verdade;
7. QUESTIONAR
E expor os problemas; saber argumentar quando necessário; escolher estratégias para produzir esses dados; procurar desafios;
8. APLICAR
Seu conhecimento a novas situações; pratique o que aprender; conhecer e transferir conhecimento para solucionar problemas e algo mais;
9. PENSAR
E comunicar com clareza e precisão o que sabe; ser claro oralmente e de forma escrita; evitar generalizações, distorções e exclusões;
10. COLETAR
Dados através de todos os sentidos ou caminhos sensoriais: gustativa, olfativa, tátil, cinestésica, auditiva e visual;
11. CRIAR
Imaginar, inovar; sempre tentar de maneira diferente; estimular o aparecimento de novas ideias e buscar fluência e originalidade;
12. RESPONDER
Com assombro e admiração sincera; intrigar-se com os fenômenos do mundo e a beleza; encontrar o que é impressionante e misterioso no mundo, por gosto;
13. CORRER
Riscos responsáveis; aventurar-se; agir com competência realmente;
14. ENCONTRAR
Humor na vida; ri muito; olhar com sensibilidade para o incongruente, o inesperado, o capricho da/na vida;
15. PENSAR
De forma interdependente; trabalhar em grupo; ter fome de aprender; aprender com os outros em situações de reciprocidade;
16. PERMANECER
Aberto à contínua aprendizagem; aprender com as experiências; orgulhar-se (e ser humilde o suficiente) para admitir que não sabe; resistir a complacência.

Nossos sentidos são nossas bússolas e por eles, junto à memória (informações de toda sorte), vamos estabelecendo diferentes perguntas ao mundo tal e qual saltos quânticos em busca de / outras / novas respostas. A questão do hábito passa da reprodução à produção de conhecimento como atributo real de mudança e de inteligência. Hábito para aprender a ‘saber pescar’, ação que leva tempo, paciência e tranquilidade. Novo hábito para reaprender a ‘ser gente’, mudar o caminho e assim mesmo nunca perder a chamada ‘essência’.

Lógico que o desafio está na sinergia da tríade: sorte, oportunidade e estímulo; afinal, para mudar um hábito é preciso saber perceber que o que se tem nos insatisfaz, causa prejuízo e pode evoluir para uma dependência. Logo, um novo hábito surge de um comportamento inteligente e estratégico focado em nosso aprimoramento. É um momento egoísta mesmo! É o que, hoje em dia, se chama ‘aprendizagem socioemocional’ em que recondicionar ou eliminar hábitos depende de raciocínio estratégico, perspicácia, perseverança, criatividade e habilidade para resolver o que for necessário em si para o outro, e não ao contrário.

Por conseguinte, segundo Costa (2012), mudar hábitos exige vontade, esforço e determinação, já que a nova aquisição requer repetidas oportunidades, ao logo de um longo período, de plena dedicação ao objetivo estipulado: reconhecendo, reforçando, discutindo (conversando), refletindo e avaliando a si mesmo. E, ainda de acordo com Costa (2012), para qualificar hábitos estratégicos ou mudar hábitos, principalmente de acordo com o desenvolvimento humano, nós precisamos ser/estar preparados com as seguintes habilidades:

• Criatividade e inovação;
• Pensamento crítico e resolução de problemas;
• Comunicação e colaboração;
• Flexibilidade e adaptabilidade;
• Iniciativa e autodireção;
• Competências sociais e transculturais;
• Produtividade e responsabilidade;
• Liderança e responsabilidade.

Agora peguemos um mapa e tracemos nosso caminho aceitando que este é cheio de pedras, muda, mas está sempre em movimento, quase sempre retilíneo e pouco uniforme.

Profa Claudia Nunes




[1] COSTA, Arthur L. & KALLICK, Bena. Learning of the leading with habits of minds: 16 essential characteristics for success. p.XX. Livro on-line.

Nada nunca é igual

  Nada nunca é igual   Enquanto os dias passam, eu reflito: nada nunca é igual. Não existe repetição. Não precisa haver morte ou decepçã...