domingo, 12 de fevereiro de 2017

EXPERIMENTAÇÃO: carta a uma professora

Sem querer me deparei com a expressão ‘design thinking’[1] e fiquei interessada em um de seus itens: a experimentação. É interessante que, neste nosso século, tão cheio de mudanças e estranhezas em diferentes setores da sociedade, experimentar seja um verbo tão em voga, mas pouco praticado. Eu penso que ele deveria virar moda como foi o TDAH e são a neurociência e o autismo, pois assim muitos professores já estariam (se) experimentando em sala e junto aos seus alunos.

Segundo o livro ‘Design Thinking’, a “experimentação dá vida às suas ideias”. Ou seja, é preciso sair do mundo das essências platônico e seguir o desenvolvimento humano experimentando, fazendo, colocando em práticas nossas ideias acreditando em nossas potencialidades e dos nossos alunos. Nossos alunos agradecerão, não é? Sim, nossos alunos, professora. Mesmo lendo algo relacionado ao mundo dos negócios, meus pensamentos se focaram na escola, basicamente, nas práticas de ensino.

Professora, estamos em início das aulas, num século cujas mídias digitais estão ditando e exigindo mudanças em nossos planejamentos: nossos jovens mudaram demais. Há outro comportamento mais sinérgico em relação à assimilação, adequação e evocação das informações. O transito da memória mudou. As formas de os sentidos sentirem mudaram. As percepções e ações dos nossos alunos, ao interagirem com o mundo, mudaram tanto que, no mínimo, precisamos recompor nossos conhecimentos de como esse aluno deve continuar aprendendo.

De novo torna-se importantíssimo, saber planejar os caminhos pelos quais as aprendizagens desses alunos terão qualidade. Nós temos que experimentar: abrir espaços e tempos para o momento experimentação. Temos que saber experimentar. Mas como?

Experimentar sugere um jogo estratégico de erros e ganhos que precisarão ser vividos e/ou resolvidos da melhor forma possível. Planejar as experiências de aprendizagem requer aceitar que nem todos seguirão os mesmos caminhos para aprender e nem todos irão efetivamente aprender tudo. Professora, abandone o ‘tudo’, o ‘todos’. Experiência significa abrir as portas das possibilidades e das surpresas dos ‘sentires’. Nossos alunos anseiam aprender, mas não o querem como sempre; querem (sem o saberem) a diversidade de uma sala de aula menos tradicional.  Mas como?

Uma das possibilidades apresentadas pelo design thinking são os protótipos. Vamos construir protótipos às diferentes aprendizagens. Ou seja, vamos “tornar as ideias tangíveis, aprender enquanto as constrói e dividi-las com outras pessoas”.  Professora, a senhora não está (e nem deve estar) sozinha no processo de planejar a experiência de ideias para com seu aluno: compartilhe!

No compartilhamento de ideias, no caso da educação, dos objetivos, metodologias e avaliação, você pode aprender outros caminhos e refinar suas ideias. Seus colegas são importantes! Ouça sem retrucar! Ouça apenas e pense calmamente.

De acordo com o design thinking há algumas formas de ‘prototipar’ a dinâmica de sua sala de aula: crie um caderno de atividade onde você documente suas experiências e analise diferentes aspectos do desenvolvimento dos seus alunos; crie ‘storyboards’ em que, a partir de imagens, esboços, desenhos ou mesmo blocos de textos, você e seus alunos possam ser capazes de acompanhar as próprias aprendizagens; crie diagramas como mapas conceituais ou linhas de tempo cujo objetivo seja não perder o foco de aspectos importantes do desenvolvimento dos alunos e dos alunos em atividade; crie uma história ou artigo ou resenha em que possa descrever objetivamente suas experiências; e por ai vai.

O design thinking, de acordo com a personalidade do professor, ainda oferece opções como criar cartas, anúncios, modelos em computadores, maquetes tridimensionais, encenações (role play) e material digital (vídeos, por exemplo). Professora, o modus operandi de uma aula precisa mudar logo. Menos transmissão e mais mediação, parcerias, coprotagonismos, por favor! Desafie-se por dentro de recursos e metodologias que reestruturem o ambiente escolar de forma agradável, prazerosa e significativa. Estamos lidando com outras versões de humanos e elas exigem edições de tempo e espaço dentro de uma sensação de pertencimento efetiva. Quando tudo estiver mais esclarecido e organizado em sua mente: planeje! experimente!

Nesse percurso, outra chave para mudança às formas de ensinar para as formas de aprender, é o feedback, “uma das ferramentas mais importantes para o desenvolvimento de uma ideia”.

A experimentação estimulará o acontecimento de outros comportamentos ligados a determinadas emoções. O novo ou o diferente provocam isso. Saiba lidar com isso. Uma boa leitura é a literatura sobre gestão de conflitos. A experimentação tira as mentes e os corpos da caixinha, e a primeira ação é a negação. Portanto, à experimentação, diálogos (feedbacks) constantes são imprescindíveis.
 
Professora, o poder do hábito traz muitos problemas à sala de aula. Não é porque algo vai ser feito diferente que será ruim, entenda isso! A senhora tem o poder de criar outros hábitos, principalmente quando instala a liberdade de expressão a partir da experimentação. Todos podem sugerir. Todos sabem pensar. Seja flexível e tente não estigmatizar gestos e atitudes. Ouça mesmo! Sendo assim, um bom momento de feedback pode ser organizado em alguns itens, de acordo com o design thinking:
- Identifique fontes para feedback: traços incongruentes na experimentação:
- Selecione participantes: alunos que consigam se expressar com naturalidade;
- Construa um roteiro de perguntas que imprimam significado/veracidade á discussão;
- Facilite as conversas de feedback: honestidade é tudo!;
- Documente os aprendizados do feedback: sensações, palavras significativas, outras ideias, sugestão de regras etc.:
- Integre o feedback: reveja suas impressões; discuta reações; repense o próximo feedback; mude o que for necessário;
- Identifique as necessidades: o grupo é diverso, logo itens como habilidades, tempos e recursos; formas de falar e escutar; precisam ser respeitados e encarados;
- Identifique fontes para o feedback: outras formas e ambientes para realização do feedback; itens que sejam importantes à qualidade do feedback como competências, desejos, sonhos, etc.; inclua pais, vizinhos e ex-alunos no processo ou na rede de experimentações.
           
            Professora, mesmo diante de tantas injustiças e desvalorização da própria educação, nossos alunos precisam de aliados/mediadores ao seu desenvolvimento natural cuja organização, para a futura inserção em uma sociedade, depende de como lhes forem dadas as oportunidades de aprender, ou melhor, mais que isso, depende de como lhes forem dadas as oportunidades de ele SER ‘gente de bem’, como diriam nossas avós. E ‘gente de bem’, a senhora sabe, depende de como foram lapidadas suas MEMÓRIAS emocional e estratégica. Então professora, PERMITA-SE! Cause mudanças significativas com EXPERIMENTAÇÕES reais e efetivas.

            Obrigada pela atenção! Aguardo retorno!
Sua aluna!

Profª Claudia Nunes



[1] Segundo o site Design Thinking (expressão idiomática) para professores, disponível em http://www.dtparaeducadores.org.br/site/o-que-e-design-thinking/ e acessado em 12/12/15, design thinking é “um novo jeito de pensar e abordar problemas ou, dito de outra forma, um modelo de pensamento centrado nas pessoas.” Segundo seus autores, Tennyson Pinheiro e Luis Alt, “o DT deve ser considerado como uma “abordagem” e não como uma metodologia. Ninguém vai aprender um passo a passo, uma receita de bolo; mas sim um conjunto de etapas que “permitem releituras e remixagens a partir das demandas de quem as usa.” Foi popularizado pela “empresa americana de design e inovação, IDEO, de Palo Alto, na Califórnia (Vale do Silício). A IDEO também é autora do livro Design Thinking for Educators, lançado em 2012.

GAMIFICAÇÃO: uma aventura gratificante

E as aulas voltaram! De novo, uma grande preocupação aos docentes: planejamento. Vamos pensar, hipoteticamente, nos caminhos pelos quais nossos alunos terão acesso às informações dos conteúdos das diferentes áreas de saber, durante em período de 06 meses e 01 ano. Não é tão difícil pensar em habilidades e competências; mas ainda é nosso ‘calcanhar de aquiles’ pensar em metodologias e formas de avaliação. Como mantê-los aprendendo? Em muitos casos a opção é cômoda: ensinamos como aprendemos. Isto é desastroso quando reconhecemos as mudanças emocionais e cognitivas em nossos jovens e crianças. Então o que fazer? Por onde começar?

Algumas opções são importantes pensarmos e introduzirmos paulatinamente: situações desafiantes; dinâmicas de grupo; discussões com temáticas atuais; documentários em vídeo; pesquisa com envolvimento social; dentre outras possibilidade focadas no grupo, no conteúdo, nas habilidades e/ou no lúdico. Da geração Y à geração Z, o mundo mudou radicalmente nas formas de estar, ser, sentir, pensar e aprender, e, estas gerações não se sentem mais estimuladas a aprender ‘do jeito de sempre’; suas memórias não podem ser construídas ‘do jeito de sempre’; e, por isso, vem exigindo outras motivações que os mantenham atentos e se desenvolvendo cognitivamente. A conta é clara: estímulo + motivação = atenção.

Metodologias e tipos de avaliação são itens que precisam de renovação e inovação (ação de mudar o foco), e isto exige conhecimento e reconhecimento dos recursos possíveis para lhes dar qualidade de ação mesmo. E um desses recursos pode ser a gamificação[1], que segundo Burke (2015, p.XVI), apesar de não existir uma definição específica amplamente aceita, é o uso de design de experiências digitais e mecânicas de jogos para motivar e engajar as pessoas para que elas atinjam seus objetivos (p.XVI). Além disso, afirma Burke (2015), ela não é apenas a aplicação de tecnologia a velhos modelos de engajamento (premiação), ela cria modelos de envolvimento completamente novos e seu alvo são as novas comunidades de pessoas e o objetivo é motivá-las para que atinjam que elas próprias desconhecem (p.XV). Sendo assim também pode ser usada para desenvolver habilidades, alterar comportamentos e aprimorar a vida das pessoas. (p.XIV).

Ou seja, estamos descrevendo um recurso com enorme POTENCIAL e que trabalha com a MOTIVAÇÃO. É uma jornada repleta de obstáculos e armadilhas; não é um elixir mágico e nem faz das pessoas fantoches (BURKE, 2015, P.xix). Outra ideia importante: não devemos reforçar a ideia de que a gamificação é capaz de tornar qualquer tarefa divertida. Após a decisão de sua aplicação, principalmente, em ambiente educacional, precisamos nos concentrar no reino do possível. Base de tudo: conheça o contexto.

Segundo vários autores, quando a gamificação está articulada às dinâmicas escolares surgem alguns benefícios como: reforço de valores; diminuição dos impactos das mudanças; necessidade de continuar aprendendo; participação crítica; voluntarismo; colaboração nas etapas das atividades; habilidades sociais; controle emocional e sensibilização; foco e atenção aos processos e às regras; aceitação do novo; melhor convivência e bem-estar; automotivação.

Mas há algo que precisamos ficar atentos: o uso da gamificação, mesmo nos ambientes educacionais, exige adaptações pessoais sérias; constante pensamento estratégico com pontos de feedback e de design e (re)design do contexto/conteúdo. Ou seja, precisamos pensar quais desafios podem motivar e engajar os jovens no processo de gamificação num nível profundo e significativo cujo resultado final seja a APRENDIZAGEM realista.

            Retornamos assim à palavra MOTIVAÇÃO e por consequência à palavra EMOÇÃO. Pensar em metodologia é pensar em inspiração e os alunos podem ser inspirados de diferentes maneiras: que tal criar e apresentar desafios práticos, encorajar os alunos à medida que atingirem novos níveis e mantê-los emocionalmente envolvidas para atingir melhor o resultado (BURKE, 2015, p.04)? Esse é o ponto-base da gamificação: ela gira em torno de envolver as pessoas em um nível emocional e motivá-las a alcançar metas estabelecidas (p.04). Meta dos educadores: mais do que o comprometimento, devemos nos focar no engajamento emocional[2] dos alunos.

            Os alunos estão voltando. Depois de um ano cheio de entraves políticos e sociais, eles estão voltando um pouco mais alertas e de novo querendo aprender e fechar o ano com novo sucesso de bilheteria (Ops!, de aprendizagem). E no engajamento emocional, mais do que a emoção da recompensa a partir da conquista da nota, os alunos precisam assimilar o significado das notas e se motivarem a continuar conquistando-as.

Opções para a gestão da gamificação na escola:

- incentivar a atividade e a proatividade através de desafios jogáveis;
- proporcionar interações diferenciadas através das tarefas indicadas;
- discutir e conscientizar sobre a importância do foco nos processos;
- incluir simulações de situações cotidianas gerando sensação de pertencimento;
- oferecer espaços de integração e de discussão também sobre as regras pré-estabelecidas, diminuindo conflitos e indisciplinas;
- introduzir níveis de dificuldade a partir da compreensão sobre como todos aprendem;
- estimular o envolvimento emocional e o ‘aprender fazendo’ em conjunto;
- criar uma visão positiva e única quanto aos sentidos das tarefas e das mudanças;
- estimular comportamentos diferenciados e as reorganizações internas dos grupos;
- convidar e não demandar para envolver com mais efetividade e prazer;
- reelaborar, em conjunto, formas de engajamento para realização das tarefas.

Dicas para obter melhores resultados às aprendizagens:

- observe por tempo determinado os comportamentos cognitivos e emocionais aprendentes;
- levante múltiplas e diferentes possibilidades metodológicas;
- selecione e adote novos recursos didáticos, de acordo com a avaliação prévia;
- escolha formas de controlar comportamentos para conseguir minimizá-los, alterá-los ou mesmo apenas medi-los (melhorá-los);
- fique atento aos comportamentos inadequados ou imprevisíveis que possam afetar o grupo;
- seja flexível e escute os aprendentes (jogadores), quanto às motivações, gatilhos emocionais, posturas físicas e determinadas verbalizações;
- crie um ambiente de confiança, colaboração e liberdade de ação e expressão;
- estabeleça tempos para o desenvolvimento dos procedimentos / etapas;
- tente criar situações em que todos possam ‘atuar’ com frequência e em grupos diferenciados;
- evite a criação de ranking entre os aprendentes, mas dê valor ás diferentes formas de ação e de participação, tornando o desafio significante por mais tempo.

            Se a ideação for emocionante; a imersão será uma aventura gratificante.

Profa Claudia Nunes

REFERÊNCIAS:
BURKE, Brian. Gamificar: como a gamificação motiva as pessoas a fazerem coisas extraordinárias. São Paulo: DVS editora, 2015.



[1] Segundo Burke (2015, p.XVI), esta palavra “somente alcançou massa crítica necessária para aparecer no Google Trends na segunda metade do ano de 2010, porém a palavra já existia há mais tempo. Foi cunhada em 2002 pelo consultor britânico Nick Pelling, criada para ser deliberadamente feia e descrever ‘a aplicação de interfaces cuja aparência era similar a jogos para tornar transações eletrônicas mais rápidas e confortáveis para o cliente.’ Na visão de Pelling, a gamificação tinha tudo a ver com hardware” e a palavra foi criada para descrever serviços de consultoria start-up de uma emprea. (p.XVI)
[2] De acordo com Burke (2015, p.05), “o comprometimento não é unidimensional, logo é preciso distinguir o que é envolvimento transacional e emocional” definidos pelo Instituto de Desenvolvimento Pessoal como: 1- engajamento transacional formatado pela preocupação dos alunos por receber constantemente notas, mesmo atendendo às mínimas expectativas do professor ou da atividade; já 2- o engajamento emocional é impulsionado pelo desejo de parte dos alunos de fazer mais ou tudo ao mesmo tempo do que o esperado e, em troca, receber mais como num contrato mais profundo e compensador: uma coisa leva a outra.

Movimento do CORPO, movimento neuroplástico

Muito se tem escrito sobre educação inovadora. Com certeza percebemos que perdemos o rumo das formas de ensinar diante da participação das mídias digitais na vida de nossos alunos. Com isso, muitas ideias, possibilidades e práticas têm sido procuradas e estudadas. De novo, fora de uma zona de conforto trazida pela revolução industrial, há a recuperação da criatividade pedagógica. Sabemos pensar e precisamos experimentar outras tecnologias, metodologias, conjunto de ideias (como a neurociência) e formas de avaliação em respeito às formas de aprender de nossos alunos do século XXI.
As aulas voltaram num país pulverizado de problemas, crises e tipos de censuras, mas as aulas voltaram e começaram; e de novo somos reconduzidos a um período de aprendizado partindo de PROJETOS e PLANEJAMENTOS: que futuro queremos? O que pretendemos? O que fazer? E por fim, a pergunta mais importante atualmente, COMO fazer? Planejamentos requerem objetivos, recursos e atividades. Planejamentos esclarecem como pretendemos estimular a neuroplasticidade e oferecer qualidade à MEMÓRIA e à ATENÇÃO. Então como fazer?
Em um artigo do Centro de Referência em Educação Integral, de Ana Luiza Basílio, a ideia é MOVIMENTAR o corpo pelo território escolar. Todos os lugares são possíveis de haver aprendizagem continuada; logo o corpo, além da mente, precisa de MOVIMENTO. Se o TEMPO é um conceito importante para apontar as mudanças; o MOVIMENTO é um conceito importante para dinamizar essas mudanças e qualificar comportamentos intra e extragenéticos, como afirma Carl Sagan.
O artigo apresenta possibilidades de aprendizado de jovens do Ensino Médio organizados em U; em carteiras agrupadas em círculo; no chão e em círculo; em pátios/em torno de árvores, sentados como quiserem; em caminhadas; na quadra, se houver; etc., em dias diversos da semana escolar. “A regra das aulas de Língua Portuguesa e Literatura da professora Andrea Zica, docente do Instituto Casa Viva, em Belo Horizonte, é não ter regra em relação à organização da sala de aula”, por exemplo.
A fonte das dinâmicas está na ‘intencionalidade pedagógica’. Ou seja, quando entendemos o conceito de neuroplasticidade (processo de adaptação do sistema nervoso, causando novos movimentos e articulações às neurovias, a partir do envolvimento genético e do ambiente externo), entendemos também que rearranjos neuronais também podem ser movimentados/adaptados à dinâmica da sala de aula, a partir do uso territorial diverso desta mesma sala de aula, quando oferecemos estímulos à mente, através do corpo. Uma observação: tudo deve ser sempre “previamente pactuado com os estudantes”.
De novo estamos diante de conceitos como COLABORAÇÃO e FLEXIBILIDADE (caros aos estudos sobre mídias digitais na escola) provocando coautoria das aprendizagens. Alunos e professores podem oportunizar qualidade ao ensino e à aprendizagem diversificando as práticas pedagógicas através dos rearranjos de como melhor se pode concentrar para desenvolver atividades. Não precisamos mais ficar olhando a nuca do colega para assistir aula e anotar informações. Essas atitudes hoje não ajudam, cansam, distraem. Por isso, de acordo com a professora Sandra Caldeira, mestre e doutora em História da Educação, “é fundamental que antes de pensar os espaços se discuta a concepção de educação colocada, bem como o que se pretende com os sujeitos ali presentes”.
Vamos mudar a disposição do corpo em sala de aula! Vamos dar movimento a esse corpo e com isso manter a atenção de nossos alunos. Vamos oferecer lugares diferentes e agradáveis ao aprendizado ou à emoção de aprender junto. O centro da aprendizagem está no esquema ‘todos com todos’ e não mais no ‘um para todos’; e, com isso, criar a perspectiva de mediação dos processos emocionais e cognitivos com regras e limites claros para todos.
Por exemplo, como desenvolver a leitura analítica de nossos jovens do Ensino Médio? A partir do artigo pensamos em alguns itens:
- professor integrado ao grupo de alunos: de observador a mediador;
- propostas de atividades/dinâmicas realistas e desafiantes;
- incentivo à proatividade principalmente ás formas de buscar informações;
- identificação dos tipos de atenção e formas de aprender;
- oferecimento de textos de interesse/chocante/humor/sociais/reflexivos;
- escutar sensível à possibilidade de introduzir recursos variados.

Sendo assim, os rearranjos podem gerar:
- interação e interatividade;
- outras emoções;
- novos comportamentos;
- mais integração escolar;
- mais coletividade e solidariedade;
- aprendizagem significativa;
- momentos dialógicos francos;
- percepção de que todos são destaque nas atividades;
- novas vivências/experiências;
- qualidade nas relações;
- possibilidade de interferências focadas;
- compreensão de que todos estão inclusos; etc.

Corpo privado de movimento, seja ele qual for, gera males emocionais e físicos; logo precisamos oportunizar a presença do corpo real como protagonista da aprendizagem de qualidade. Se, segundo a professora Andrea, “educação tradicional exige das infâncias e das juventudes uma presença ‘artificial’ do corpo”; hoje em dia, ele se tornou base para entendermos os vários comportamentos e dificuldades de aprendizagem. É com ele devemos mexer e alavancar a sinergia cérebro/corpo/mente. E segue a professora: “Quando você tira a cadeira, esse corpo vai se mostrar de uma maneira diferente”.
Corpo é estrutura para sempre; mas que precisa de mudanças constantes em seus mobiliários, tornando-o mais leve e flexível, apesar de ser muito difícil. Ainda assim, segundo a arquiteta, urbanista, pesquisadora e diretora do atelier ‘Cenários Pedagógicos’, Beatriz Goulart, “a customização pode ser uma boa saída a esses ambientes”.
Corpo, mente, sala de aula, metodologia, planejamentos, professores, alunos, todos são territórios passíveis de reutilização inovadoras e de mudanças importantes. Vamos planejar?

Referencias:
BASÍLIO, Ana Luiza. Organização de estudantes na sala de aula não deve ser fixa, mas mudar conforme intenção pedagógica. 08/02/17. Disponível em:



SEMPRE

Estamos às portas de um novo ano cuja principal atitude é de nos realizarmos como pessoas melhores entre todas as pessoas e criar outras energias para nos mantermos fortes diante das adversidades que, pelo jeito, continuaremos encarando. E sempre é minha palavra preferida. Se nós temos a sorte de vislumbrar mais 365 oportunidades, temos o dever de SEMPRE repensar nossas atitudes e agir com outras emoções mais positivas. SEMPRE é o eterno e eterno é o habito de ser feliz, ético e solidário. SEMPRE é, em cada instante, promovermos outros comportamentos e valorizar nossos aprendizados. Adoro dizer ‘SEMPRE’ porque a energia dessa palavra nos faz acreditar nos dias seguintes e estes sempre vêm. SEMPRE é hora de ressignificar nossos atos, nossas formas de fazer a vida e nos marcar no passado e para o futuro. SEMPRE não incomoda, ele redistribui as certezas de que há um mundo possível à convivência e às singularidades, apesar dos ‘networkings’. SEMPRE, ao contrário do que dizem, não inclui a perpetuidade, inclui o ‘sem exceções’, o ‘continuamente’; inclui as opções que podemos ter junto às nossas essências e necessidades para conosco e para com os outros. Lembrem-se: não há outros, sempre há escolhas em cujos outros estamos nós. Na música, dizem, ‘o para sempre, sempre acaba’, sim acaba porque ‘para’; devemos pensar no ‘SEMPRE’ que sempre transforma e nos transforma criando um movimento de sustentação emocional e muito aprendizado. SEMPRE não ‘para’, como as águas de um rio, ele encontra outros caminhos e exige muitas escolhas internas e olhares mais tênues. SEMPRE é o continuum. SEMPRE é parabólico. SEMPRE é energia compartilhada. SEMPRE é recomposição de experiências que nos tornam sempre únicos e coletivos. SEMPRE é nossa humanidade tão complexa e tão simples. SEMPRE é o desejo sincero de ‘viver e não ter a vergonha de ser feliz’ apesar dos pesares, ainda que estes sejam importantíssimos. SEMPRE é amizade, amor, confiança, carinho, delicadeza, elegância, alguns silêncios e grandes atenções (disponibilidades) sinceras. SEMPRE é quântico. SEMPRE é endorfina, serotonina, occitocina, dopamina, além de muita adrenalina. SEMPRE é doer e sarar com pouco tempo para chorar. SEMPRE é mais SER do que TER sem irresponsabilidades. SEMPRE é sempre junto, na torcida, vivendo e aprendendo também em ambiente virtual. Vamos a um 2017 duro, intenso e ansioso; mas vamos SEMPRE a um 2017 de grandes emoções pelas liberdades, experiências e leituras que baterem em nosso peito. Leituras? Sim, as leituras são SEMPRE as grandes irreverências do mundo atual, ainda que cheio de dificuldades interpretativas. Que 2017 seja SEMPRE sem ‘o’ e sem ‘para’. Que 2017 seja SEMPRE fortalecimento e união dentro das nossas possibilidades mais positivas. FELIZ ANO NOVO literalmente... Sempre!!

Bjos Claudia Nunes


Nada nunca é igual

  Nada nunca é igual   Enquanto os dias passam, eu reflito: nada nunca é igual. Não existe repetição. Não precisa haver morte ou decepçã...