terça-feira, 18 de abril de 2023

Nada nunca é igual

 

Nada nunca é igual

 

Enquanto os dias passam, eu reflito: nada nunca é igual. Não existe repetição. Não precisa haver morte ou decepção, apenas nada nunca é igual. Eu preciso apenas que os dias aconteçam. Nunca pensei tanto nisso. Muita gente ao redor e todo dia todos são diferentes. Eu vivo o tempo ‘a vera’. Não posso criar expectativas. Não posso surfar nos costumes. Amigos, família, trabalho, rotinas, tudo um blefe. Um blefe tão denso que acreditava. Hoje sei que os dias passam e eu enxergo mais urubus do que borboletas. Há mais cinza do que cor. E enfrentar mortes é o meu oficio. É importante saber montar diferenças, sentidos e emoções dentro de mim, sem perder o rumo ou a sanidade. As mortes levam de tudo um pouco, ainda assim os vazios não devem durar tanto tempo. Sou um organismo em movimento diagonal que, de repente, perdeu um cheiro, a fotografia, minha caligrafia, meu pijama, meu relógio, as canecas e a luz no meio de uma manhã de setembro. Como afirma Carpinejar, “nem todo luto precisa ser completo, mas há sempre uma prestação pendente, em aberto”. Eu aceito e pago. Mas preciso prestar atenção: nada nunca é igual mesmo. Aliás igual é um item impossível. Mas tenho meus confortos, meus talismãs: objetos que mexem com minha memória e me deixam em paz. Ops, paz? Nada nunca é igual e eu estou bem... #gratidão

 

Prof.ª Ms. Claudia Nunes (27.01.2022)

Referencia:

CARPINEJAR, Fabricio. Depois é nunca. Rio de Janeiro: Bertrand do Brasil, 2021.

 

Sem tempo para o 'de repente'

 

Sem tempo para o de repente

 

Eu não quero mais ‘o de repente’.

Da porta da sala, vejo o de repente.

Instalado em minha emoção

O nada, rastro do de repente

 

O que aconteceu?

Morte!

Tenho o corpo vazio

A memória rala

O destino esquecido

As certezas loucas

O conforto na sala vermelha

Frio.

 

Minha plateia é a morte.

E o de repente é seu inconveniente

 

Eu não entendo mais linhas retas

Estou aos trancos e barrancos

Procurando agulhas no palheiro,

Procurando vida, recuperação, naturalidade

Procurando pedaços de coisas sem ranço.

 

Quero algo que me jogue no antes

Algo que me escape do de repente.

Algo que me faça parar de chorar

Algo que me faça voar, distante.

 

Estou cancelada, solta, em suspiro.

E a porta não vai mais abrir

E o vento insano não vai mais me atravessar

É a morte, um vampiro.

 

O de repente é marcado pelo silencio

A roda da vida está em pane

Não quero mais o de repente

Eu apenas vivencio

E não faço pouco caso

Ratos e urubus me sobrevoam

Num céu de poucos brigadeiros

É a soberba e muito descaso.

 

Ainda que eu ande por sombras

E solos inférteis

Meus sentidos de infância

Serão minha força e minha fé

A morte nunca leva tudo.

O zero é sempre ponto de partida.

Viva!

 

Prof.ª Ms. Claudia Nunes (25.01.2022)

Nunca estamos sós

 

Nunca estamos sós

 

Nunca estamos sós.

Somos nós e a morte.

Eis nossa perseguidora.

Uma parceira que ceifa nossa memória

Com uma força duradoura.

 

Nunca estamos sós

Somos nós e os vazios.

A morte faz colheitas

Ignora destinos

E cria novas histórias.

Somos eleitas.

Mãos no peito

É inacreditável a certeza

Experiencia de loucura

De redemoinho

De vazio

Surpresas.

 

Nunca estamos sós

Somos nós e outros desajustados

É alucinação de olhos abertos

É vida fora da caixa

É tempo reforçado de fragilidades

É hora de emoções descortinadas

E nós sem contar idades.

 

Nunca estamos sós

Somos nós e os invisíveis

Imaginação que conforta e engana

Imaginação que paralisa e alucina

Com gana.

 

Não sei mais o que pensar

Nunca estamos sós

Mas Carpinejar avisou:

Depois é nunca,

Mesmo em dias de estranhos sóis

 

Prof.ª Ms. Claudia Nunes (25.01.2022)

 

No meio da vida...

 

No meio da vida...

 

No meio da vida

A morte

A falta

O vazio

No meio da vida

A sensação de afogamento

Um demônio que ri do dia.

Não há proteção

Nunca se pensa nela

Doí a dor antecipada.

Fingimos demência

Ignoramos instintos

E andamos com figas na lapela.

E na plateia, a morte sorri

Ela debocha

Ela é a dona do tempo

Ela é real, irônica, fatal.

No meio da vida

Suspiramos pelo vazio alheio

E de esguelha nosso coração bate acelerado

Medo...

E a vida é adiada

E no meio da vida:

A morte.

É brilho, é luz, é choque, é obsessão.

Olhos mudam, intuição nasce, saudades se enraízam.

Ela chega e viramos a esquina

Cheia de sombras e escuridão.

No meio da vida,

A morte, a transição, o crescimento

A loucura, a vida.

 

Prof.ª Ms. Claudia Nunes (24.01.2022)

 

Eu e meu carro vamos viajar...

 

Eu e meu carro vamos viajar...

 

Nessa madrugada a respiração ficou mais profunda. Vamos viajar. Eu e meu carro vamos voar pelo dia, luzes, carros e estradas. Fico apreensiva: será apenas eu e meu carro. É um vazio enorme. Ainda não me acostumei. Pensar, decidir, organizar e sair nunca fizeram parte da minha vida. É uma linha de produção sem interrupção. Sou eu e meu carro apenas. A experiencia é importante. A vivencia é fundamental. Mas eu estava acostumada com interrupções. Interrupção me fazia repensar, reorganizar e as vezes desistir, por respeito e criação. Hoje, eu e meu carro não temos a oportunidade de realizar essa edição. Eu e meu carro somos rascunho em aventura. No senso comum é “ou vai ou racha”. Qual é o propósito disso? As pessoas dizem: liberdade. Eu digo: tensão. Só que eu nunca fujo de mim, a tensa; mesmo agora, sendo eu e meu carro. Um propósito exige trabalho intenso e diário. Eu e meu carro seguimos construindo uma relação melhor com a vida porque não sabemos o sentido de desistir. Porém o mundo é cruel. Nós temos que abandonar quem fomos para aceitar quem nos tornamos com tudo o que nos aconteceu. E tudo é uma novidade. Mas nós precisamos sair, de propósito. Eu e meu carro não somos raiz, rotina, mesmice. Eu e meu carro somos exercício de paz e sorriso, sempre em voo de cruzeiro. Nós somos plenos de observação, esguelha e emoção, em voos, as vezes perigosos. Eis o nosso propósito e temor. Vamos viajar, nunca salvar o mundo. Vamos viajar e ter a estranha mania de acreditar que tudo vai dar certo. Vamos viajar e procurar sentido e significado no vento, nas cores e nos gostos. Vamos viajar e transar com o conhecimento que desliza sem os padrões de sempre. Vamos viajar para sair da cama e nos oferecer aos questionamentos sem razões. Vamos viajar para perseguir ambições, valores e desejos. Vamos viajar para acelerar o movimento da esperança e do otimismo. Vamos viajar e descobrir... só descobrir... que uma mesma moeda tem muitas faces... Vamos viajar em busca de novos propósitos e caminhos...

 

Prof.ª Ms. Claudia (19.01.2022)

No tempo dos meus avós...

 

No tempo dos meus avós...

 

No tempo dos meus avós

Vida simples era natural

Aprendizados e amores

Busca por paz e encontros

Tudo com propósito

Algo bem normal.

 

Vida simples tem relógio

E nós perdemos a hora.

Triste com o mundo atual

Muito suor e menos alegria

Lugares esgotados, mofados

Sensação térmica de geladeira aberta

Frio na medula e pouca imaginação

Somos rascunho em ação.

 

Vida simples é sorte

É exercício de luta

De pedra subindo montanhas

De descobertas inúteis

Pelo jogo da paz

No tempo dos meus avós

Tudo bem, amém

Só podemos olhar

E aceitar a dor além,

Que não tem plano ou sonho

Que disfarce nossa vergonha.

Não demos conta da vida.

É silencio na garganta

E sempre a doce vingança.

No tempo dos meus avós

 

Vida simples é a pele do tempo

Sem a besteira de vários nós

Sem nós.

 

Prof.ª Ms. Claudia Nunes (19.01.2022)

Um dia minha mae disse: segue seu caminho...

 

Um dia minha mãe disse:

Segue seu caminho

 

Um dia minha mãe disse:

Segue seu caminho

Mas não esqueça seu ninho.

Vento no rosto

Viagem em busca de mim mesmo.

Não sei vocês,

Mas aprender é saber tropeçar

Arrumar malas e

Viajar.

No mundo sem ponto de contato

Viajar liga emoções e

A vontade de voar sem nenhum nó.

Vontade de voar e desligar

As vezes só.

Não pertenço a nenhum lugar.

Lugar não me reflete

Nem me prende

Fantasia, infância,

Contatos da memória

E de algum dor, história.

Quero salvar alguém

Viver histórias

Afinal sou heroína

De uma jornada cheia de curvas

Poucas vezes silenciosa.

Não há mágica

Há descobertas

Verdades

Confianças

Puras amenidades.

Um dia minha mãe disse:

Segue seu caminho

Mas não esqueça seu ninho.

Estarei sempre esperando...

Voei tal passarinho...

 

Prof.ª Ms. Claudia Nunes (18.01.2022)

De repente o mundo...

 

De repente o mundo...

 

De repente o mundo ficou diferente.

Doença, pandemia, morte e solidão.

Furor e rotinas cheias de dramas.

Nessa loucura, eu não sei de mim.

Só tenho meu pente na mão

 

É desconforto, dor, desconfiança

Nada permanece ou desaparece

É confusão que nunca apetece

Só perdi a aliança apesar da prece.

 

Quero os prazeres livres

Das cores mais pungentes

Beijos mais ardentes

E lentes plenas de rosas e mais rosas

Completamente sem dentes.

 

Vou adiar meu tempo

Porque estou descartada.

Por que sou assim?

Por que me tornei isso?

Porque sou chata

Quando sou o meu pior.

Sempre e sempre na hora exata.

 

Prof.ª Ms. Claudia Nunes (15.01.2022)

 

SANCHA - Invisível ou cancelada, tanto faz...

E de repente eu posso ser invisível. Sancha está na piscina do clube e sabe que pode ser invisível. Ao contrário das outras pessoas, ela se sentia bem com a descoberta. Desparecimento social. Cancelamento. Invisibilidade. Seus problemas eram tantos e tão indecifráveis que, diante da descoberta, ela se sentia muito bem. Não precisava ser fortaleza, coerente, silenciosa, organizada, parceira, simples. Ela desapareceu. Ela não era insignificante, nem fora humilhada. Ela estava sendo desafiada. Nunca experimentara a invisibilidade na multidão, ainda assim estava num mundo em que ser invisível alegrava seu coração. Na cadeira da piscina, ela observava as pessoas. Somos capazes de enxergar várias coisas quando exclusos dos afetos, do trabalho e do mundo virtual. Ali ela fora cancelada e podia fazer escolhas diferentes e sem direções. Sua velocidade era caótica e iluminada. Novas luzes atravessavam seu corpo criando um novo corpo com múltiplos reflexos sem incomodar ninguém. Ela estava ali, mas sem precisar de aproximações ou educações de sempre. Invisibilidade depende da mudança do referencial. De participante a simples observadora: “que vida boa!” Um observador enxerga o todo porque está livre de interferência. E sem interferência, ela sabe que as pessoas são capazes de tudo. A invisibilidade tinha seu lado irônico. Da piscina, ela pairava sobre diferentes vidas em movimento e ainda assim viver o sol sem interrupções. Cancelada, invisível, Sancha ganha energia e certa loucura. Em um mundo ficcional, sempre e sempre a vida real será revivida e vivida pelo tanto de escolhas fantásticas que faremos com os nossos sentidos. Aproveite!

 

Prof.ª Ms. Claudia Nunes (04.01.22)

SANCHA? BOA SORTE!

Sancha quer desapegos. Ela não aguenta mais sua rotina e sua vida. Respirando intensamente, ela não tem possibilidades; não imagina resultados; e seu conforto é a rigidez do tempo. Sancha só tem intenção e sonho. É uma luta viver o novo em sua mente e em seu corpo. Ela gosta de saber. Viver o novo é deixar fluir sem nem imaginar os caminhos por onde seus passos irão; é ter que ser criativa no ‘de repente’; e é assumir o espontâneo sem restrições. Ela nunca soube fazer isso. Lógico que ela reconhece que ideias prontas congelam alegrias, conquistas e sucesso. Mas abrir-se às inúmeras cenas de flexibilidades é muito inseguro. E insegurança se sustenta no medo: medo de errar ou de não saber como viver um erro. Sancha não é dessas. Isso não a representa. Só que ela não está mais dominando ou controlando seus sonhos. Há algo diferente. Houve uma mudança. E daí única certeza: entre o ponto A e o ponto B, há infinitas possibilidades. É a incerteza criando raízes dentro dela e mudança sua energia e vontades. Sancha está excitada e vivenciando a liberdades das múltiplas direções. Escolher não é fácil. Ela deve apenas ir e encarar o caos das incertezas. É um passo de cada vez sem tanto pensamento e com muitas outras escolhas. Hoje, a ideia de viver o tempo é a ideia da OPORTUNIDADE. Para cada escolha, várias oportunidades de ser Sancha nova ou renovada. Será bom? – pensa Sancha – sei lá, apenas será possível. Hoje é o mistério, o encantamento, a excitação, a aventura das escolhas que farão as pessoas terem qualidade, empatia e muita vivacidade. Depois de arrumar a casa detalhadamente, Sancha entre em modo prontidão e aceita não mais iludir a sorte e as oportunidades. Viva!

 

Referência:

CHOPRA, Deepak. As setes leis espirituais do sucesso. Rio de Janeiro: BestSeller, 2020

 

Prof.ª Ms. Claudia Nunes (04.01.2022)

E CHEGOU 2022

E chegou 2022. Novo tempo de incertezas. Nova oportunidade de ignorar a palavra ‘repetição’. Roupas velhas não devem permanecer em nosso corpo ou armário. Não devemos nos manter vítimas do passado. São 365 de oportunidades e esperança. Vagarosamente devemos mudar hábitos, gestos, pensamentos. É reeducação de vida; de tudo na vida. De novo, um conselho: vá renunciando aos apegos e aos confortos. Essa é a paz que merecemos! E como alerta Osho (2020), outra vez estamos “no campo de todas as possibilidades”. Eu ainda não sei por onde começar, mas gosto da excitação, da aventura e do mistério de um tempo dos sonhos, dos desejos e das listas em geral. Este é o meu presente. Minha serotonina. Diante do desconhecido, eu preciso experimentar mais e outras diversões, mesmo que estas surjam a partir de decisões / escolhas tensas e intensas. Em 2022, a palavra é COMUNICAÇÃO e eu incluo, comunicação com excitação. “Não é preciso ter uma ideia pronta e acabada do que você vai fazer nas próximas semanas do ano”, apenas entenda que elas existirão e que você (eu) as viverá sem controle de nada. Novo conselho às novas respirações: sejamos criativos com atitude!

 

Prof.ª Ms. Claudia Nunes (28.12.2021)

terça-feira, 28 de fevereiro de 2023

Da janela, eu encontro outras oportunidades

Da janela, penso em Chopra (2020), sem distanciamento, somos prisioneiros da impotência, da desesperança, das necessidades mundanas, das preocupações triviais, do desespero mudo, da falta de humor, ou seja, vida medíocre e pobre. Mas como saio disso quando estou assolada de desafios? Fico pensando em saúde mental. Todos os dias eu não tenho paz. No mundo, em casa, no trabalho, de repente, confusão e pandemia. A rotina está estilhaçada. Da janela, algumas ideias: eu preciso de apoio, de outros planos, de novas atitudes emocionais, de distanciamento e de muito prazer. É tudo muito incerto, mas aprendi que a dúvida estilingue para a mudança, a resiliência, o aprendizado e talvez a justiça divina.  Da janela, sei que preciso criar nova rotina e menos vulnerabilidade. É o presente que importa literalmente. Tudo o que fui é prisão se for sentido como seguro. É hora de evolução. De qualquer jeito, evolução. E evolução é a vida acontecendo; é a incerteza sendo vivida, como num jogo de pôquer ou de xadrez. “Incerteza significa entrar no desconhecido em todos os momentos da existência; e o desconhecido é o campo de todas as possibilidades, sempre frescas, sempre novas, sempre abertas à criação de novas manifestações”. Não quero me repetir; quero minhas memórias como força motriz dos meus incríveis e desconhecidos “dias seguintes”

 

Referência:

CHOPRA, Deepak. As setes leis espirituais do sucesso. Rio de Janeiro: BestSeller, 2020

 

Profa Claudia Nunes (28.12.2021)

O "antes" não existe mais

Num tempo de grandes perdas, saúde mental requer distanciamento. Não é fácil. A decisão de distanciamento é o segundo tempo de uma tempestade emocional que, às vezes, é difícil de conter ou controlar. Distanciamento é resultado do desapego. Há desejo, há intenção, mas não há mais apego. Nada mais será como antes e é justamente no advérbio ‘antes’ que não devo parar; é dele que devo desapegar. De novo, não é fácil. Independente da minha vontade, meu trem descarrilhou e, no turbilhão de coisas caindo, machucando, doendo, eu devo usar meus aprendizados para sobreviver sem os resultados de antes. Ops, de novo esse ‘antes’. Depois de tudo, a respiração é controlada, os olhos se abrem e eu não sou mais eu. Outro eu se faz presente. Da bagunça insana, outro eu que não teve tempo para vivenciar nada: ele era apenas memória, sonho, possibilidade. Enquanto o novo eu toma ciência de tudo o que lhe aconteceu, o corpo treme de medo e insegurança. Não há o que fazer, além de se criar um distanciamento, eu devo recuperar minha forma de viver a vida de antes. Ops, de antes? Impossível! Eu não sou mais eu. Minha caixa de pandora foi aberta abruptamente e algo de novo escapou. Então é hora de criar nova performance, abundancia e necessidades; é hora de especular com novos olhares, pessoas, liberdades. No distanciamento, a consciência de si com menos simbolismos, mapas, regras; e mais volúpia, ambientes, gestos e atitudes. Segundo Chopra (2020), distanciamento é sinônimo de consciência rica, porque oferece liberdade para criar [...] principalmente alegria e felicidade. Num tempo de grandes perdas, como menos frases como “antes era melhor” e um novo eu, oque merece minha atenção é a espontaneidade, algo que me ajude a fixar minha história com paz, saúde, família, amigos, trabalho, força, fé e a consciência leonina de que, na incerteza, terei a liberdade para criar / viver o que eu quiser.

 

Referência:

CHOPRA, Deepak. As setes leis espirituais do sucesso. Rio de Janeiro: BestSeller, 2020

 

Profa Claudia Nunes (28.12.2021)

ACREDITAR que...

O que nos resta depois da pandemia: depressão disfarçada de falta de vontade ou de ânimo. É perceptível a quase ausência de anima (alma) nos gestos de todos. Energia, moeda de troca da vida útil humana, foi aguada pelo medo, pelo isolamento e pela falta de abraços e beijos. O que nos resta depois da pandemia: depressão advinda de respirações entrecortadas. Nós estamos mascarados, disfarçados, invisíveis. É certo que nossos olhares se cruzam numa linguagem desconhecida e sofrida. Eles nunca andaram sozinhos. Depois da pandemia, sofrimento, tristeza, taquicardia, nostalgia, desgoverno, baixa intensidade energética. É possível apenas pensar em antidepressivos? Talvez... Mas é possível também:

Acreditar, de cara, em si mesmo;

Acreditar que o tempo é de observar e escutar a si mesmo;

Acreditar que você esconde suas melhores emoções para esses momentos;

Acreditar que cada atitude pode revelar um mundo bem melhor para se viver;

Acreditar que muitos podem lhe ajudar quando você se expõe um pouco;

Acreditar que há prazer em pequenas coisas como ver o sol nascer e o passarinho cantar;

Acreditar que mudanças de humor são naturais, mas nunca atemporais;

Acreditar que gentileza, respeito e dedicação representam esperança às suas emoções;

Acreditar que a arte reconecta o prazer de viver;

Acreditar que grupos terapêuticos são pilares para o início da alegria de viver;

Acreditar que revidar ou se vingar tem consequências irreparáveis;

Acreditar que todo excesso, principalmente de negatividade, causa mais ansiedade e angustia;

Acreditar que, diante da dor, mesmo muscular, remédios, médicos e amigos são fundamentais;

Acreditar que energia boa se relaciona com sono e apetite saudáveis;

Acreditar que mudar as rotas dos pensamentos gera maior período de bem-estar e alegria;

Acreditar que você é melhor do que tudo o que lhe aconteceu.

Não aceite filtros tóxicos; crie novos ambientes...

 

Prof.ª Ms. Claudia Nunes (21.12.2021)

SANCHA e sua fuga

Crescer é rascunhar e ensaiar uma grande peça teatral cujo gênero depende do momento em que o humor das Moiras puxa, repuxa ou corta o fio da vida. Mesmo em meio às situações mais díspares, a vida alucinada da realidade muda a visão de mundo de pessoa a pessoa. De novo, Sancha entra em delírio. Em casa, sozinha, ela foge para mundos imaginários, fala de forma desordenada e veloz consigo mesma, e brinca com seu guarda-roupa. Ela alucinou mesmo. Não consegue se equilibrar depois de tudo. Ela é presença única em todo lugar e em lugar nenhum. Ela não tem identidade nem ponto de contato. E a alucinação é superenergética. No quarto, ela sabe que seu mundo se esfacelou; que reabilitação e reintegração na sociedade depende da boa vontade alheia; e que liberdade pode ser moeda de troca a um tempo sem tempo para equilíbrios. Então, delírio e alucinação são a dupla que faz da vida dela uma toxina sem medicamento rápido e também sem prisões emocionais. Que coisa! Que transtorno! Que revolução! Depois de ler algo sobre esquizofrenia, ela tem medo de se identificar e viver seus sonhos lúcidos. Distraída, a noite fez morada, decorou seu espaço e arejou suas emoções de loucuras. De frente para a rua, Sancha se desconectou, se desmembrou e se esqueceu. O mundo não precisava dela com sua demência perigosa. Ela precisava de mundo com uma sanidade amorosa.

 

Prof.ª Ms. Claudia Nunes (21.12.2021)

Um tempo para crescer e "ser gente", se der...

Embora saibamos que crescer é descartar tempo e pessoas por excelentes e necessários motivos, não superamos o desconhecido ou a incerteza do descarte fora do nosso tempo interno. Ao longo do tempo sofremos alterações no pensamento, emoções e comportamento por causa de excelentes e naturais motivos: nós convivemos. Por fatores genéticos, ambientais ou alteração fisiológica, ignoramos nossa fragilidade e inconsistência, e levantamos o nariz vislumbrando um horizonte de encontros favoráveis ou conquistas de sucesso. E a vida, vez por outro, diz “NÃO!”. Será que somos esquizofrênicos? A loucura do tempo constrói nossa singularidade, principalmente nas formas de sentir, mas também rompe, sem aviso prévio, essas mesmas formas. Não é só necessidade de resiliência, é aceitar as situações como aprendizado. A alucinação de realidade desordena a ela mesma dentro de nós e exige grandes disfarces ou boas performances. É a morte nossa única certeza. Enquanto isso, vivemos teatralmente. Hoje assim me vejo e sinto. Ludicamente atravessando o tempo, criando diversos tapa-buracos e acreditando que isso aumenta minha energia para ficar animada. Estou sem alucinações, fantasias ou crenças. Boa noite!

 

Prof.ª Ms. Claudia Nunes (21.12.2021)

Tempo de correntes

Um tempo cujo pensamento tem dificuldade de acontecer. Um tempo de inteligências mal interpretadas, de ritmos atitudinais sem naturalidade, de comportamentos plastificados, de impermanência do respeito, da escuta e do silencio. Será que em algum dia redescobriremos as chaves para abrir essas camisas de força? “As crianças foram acorrentadas, mas não podem ver as correntes, então não podem lidar com elas. E sofrerão durante toda sua vida. É uma prisão e tanto” (Osho, 2002). Nós precisamos aprender a respirar, a sentir o vento do tempo e da natureza de pulmões abertos e a descartar doutrinações interesseiras. Nós precisamos ficar mais “alertas a nossa capacidade interna de ser sem pensar, de ser longe da mente” (Osho, 2002). Que 2022 seja de menos correntes e mais asas, plenas de revolução, evolução e

 

Prof.ª Ms. Claudia Nunes (12.12.2021)

 

Referencia:

OSHO. Aprendendo a silenciar a mente / Osho. Tradução de Carlos Irineu Wanderley da Costa. — Rio de Janeiro: Sextante, 2002.

O Misticismo e a Espiritualidade que habita em mim

O tempo é uma figura interessante. Por N motivos bons ou nem tanto, nós tocamos em territórios surpreendentes. O tempo mostra o quanto podemos mudar e viver um looping de coisas novas. Uma amiga me disse: “você precisa fortalecer sua espiritualidade”. Susto. Sou comum. Somos comuns. Como assim ‘fortalecer’ algo que pouco faz parte da minha rotina? Curiosa, fui em busca de autoconhecimento, pelo menos uma ponta dele. Osho afirma que “não há pessoas comuns”. E segundo eu sei, alguém em fortalecimento da espiritualidade causa estranheza, se sobressai na multidão e aguça a inveja. “Nenhum ser humano é comum, pois cada um de nós é sempre absolutamente único” (Osho, 2002). E esta unicidade encontra forças no envolvimento espiritual. Será? O tempo criou um racha em algumas das minhas crenças. Seres superiores estão em xeque sob meu olhar e, por isso duvido desse encanto e da mágica da espiritualidade. Sem destino certo, eu penso em espiritualidade, conforto e realidade. Nada a ver com nada. Mas é uma tríada que não me deixa ser comum. Parei para pensar um pouco mais, por outros caminhos: não sou repetição de nada, mas sou exigida em diferentes edições, sem roteiros prévios. E nestas situações, há um choque de realidade e um pit stop emocional obrigatório. E nestas situações sou a desconfiança em pessoa. “Eis o mistério da fé”. Segundo Osho (2002), eis a nossa verdade: somos todos místicos justamente porque esses caminhos interveem em nossas vidas rotineiramente. “Nós já nascemos místicos, pois cada um de nós carrega consigo um grande mistério que precisa ser compreendido, cada um de nós possui um grande potencial que precisa ser desenvolvido” (Osho, 2002). Então conclusão: a espiritualidade é território para viver o presente mantendo ligações com o futuro, o desconhecido, a esperança e as forças invisíveis, apesar de. Sou mística, então. Espiritualidade faz parte do meu show da vida. Em minha recusa da religiosidade ou da existência de seres superiores, sou detetive de mistérios da vida. Eu me movo rumo ao desconhecido, exploro novos territórios, aceito a aventura da vida apesar das perdas porque acredito que não acredito. E assim sigo experienciando pequenos rompimentos do looping do luto, dos vazios e da vontade de parar o movimento da vida com as seguintes senhas de acesso: admiração, assombro, propósito e muita curiosidade. Será que serei capaz? Não sei... mas, por enquanto, eu acredito em pães caindo virados para cima sempre...

 

Prof.ª Ms. Claudia Nunes (12.12.2021)

 

Referencia:

OSHO. Aprendendo a silenciar a mente / Osho. Tradução de Carlos Irineu Wanderley da Costa. — Rio de Janeiro: Sextante, 2002.

O SAR e o futuro dos meus alunos


É tempo de pensar claramente sobre quaisquer coisas. Não haverá verdades, mas o pensamento é a mágica do século XXI. As informações cientificas são fundamentais, mas saber pensar sobre elas é sobrevivência. E pensar sobre o pensar e o agir dos meus alunos é sempre intenso.

Hoje, estou lendo o livro “Se a vida é um jogo, aqui estão as regras” e, segundo Pease (2017) “temos informações científicas sobre o processo de estabelecimento de metas” e estas exigem autoconhecimento para se realizar ou se tornarem autorrealizáveis. Nós estamos pensando na Lei da Atração. No caso deste texto, atração pela vontade de aprender e entender que o futuro é hoje... é o que eles fazem hoje. Como somos o que comemos, também somos o que pensamos porque é a memória que fundamenta nosso desenvolvimento, principalmente, social.

De pronto, Pease (2017) afirma “a ciência agora é capaz de nos mostrar onde e como o sucesso age no cérebro” e este lugar é o Sistema Ativador Reticular, ou SAR. Este é um sistema “localizado no tronco cerebral dos mamíferos, é um feixe de fibras nervosas conhecido como formação reticular. Ele participa de muitas funções importantes da biologia humana, como o sono e a vigília, a respiração, os batimentos cardíacos e a motivação comportamental; também participa da excitação sexual, do apetite e da vontade de comer, da eliminação de resíduos do organismo, do controle da consciência e da capacidade de atenção. (...) Esse sistema tem duas partes: o SAR ascendente, ligado ao córtex, ao tálamo e ao hipotálamo, e o SAR descendente, ligado ao cerebelo e aos nervos responsáveis pelos sentidos”.

Pesquisas realizadas em 1949 levaram cientistas a entenderam que o SAR “é o portal pelo qual quase todas as informações entram no cérebro (com exceção do cheiro, que vai diretamente para a área emocional). O SAR filtra as informações que chegam, afeta nossa percepção e nosso nível de excitação e decide quais informações não terão acesso ao cérebro. A base desse sistema está ligada à medula espinhal, da qual recebe informações vindas diretamente do trato sensorial ascendente”.

Pensando e estudando sobre SAR observo meus alunos e seus processos de aprendizagem. As dificuldades são imensas e quase nenhum deles tem quaisquer transtornos perceptíveis. Ainda assim, olhando os grupos, em dia de prova, observo uma lentidão constante no processo de neuroplasticidade de forma a promover qualidade das inteligências, fortalecimento da atenção, uso adequado da memória e exposição coerente da linguagem. Ou seja, os comportamentos executivos são inadequados, lentos e erráticos. Eu me pergunto: falta de oportunidade? Metodologias superficiais ou errôneas? Reflexo da vivência em comunidade agitadas e violentas? Falta de uma pessoa-espelho? Eu não sei...

Quando penso antes dos comportamentos visíveis, penso nos sentidos. A forma como os sentidos foram desenvolvidos e utilizados determinam a execução de atividades, da imaginação e da criatividade. E isso parece ter sido ignorado ao longo de suas vidas tornando suas falas, analises e propostas débeis, rápidas, finas. Seus sentidos parecem ter mais função e atuação na realidade da realidade familiar e na realidade da realidade afetiva. Meus alunos tem mais de 20 anos e não se sentem motivados (esforço para futuro); eles se veem interessados (esforço para viver e conquistar o agora). O que fazer?

De acordo com Pease (2017), “toda nova informação ou aprendizado precisa entrar no cérebro por meio de um ou mais sentidos e ser decodificada pelos receptores específicos do corpo. A partir daí as informações viajam pelo sistema nervoso até a medula e sobem pelo Sistema Ativador Reticular para a parte do cérebro que recebe os dados daquele sentido específico. O SAR é o centro de comando e controle do cérebro”.

Será que meus alunos conseguem controlar seus pensamentos, sensações e emoções quando as influências externas lhes atravessam a vida? Os dados sensoriais parecem não fazer as ligações necessárias para verem, ouvirem e sentirem as dinâmicas escolares ao ponto de criarem comportamentos estratégicos para melhor conviver e aprender. O mundo mental deles tem o centro da MOTIVAÇÃO biológico, o SAR; mas seu foco liga-se à musica, ao sexo e ao trabalho; nunca ao futuro onde tudo isso convergiria a uma vida equilibrada financeira e emocionalmente.

SAR é filtro de informações; extrai o que é importante para agir em determinados momentos; é um centro de triagem de avaliação e de organização de informações; “é um filtro que atua entre o inconsciente e o consciente, levando instruções do consciente ao inconsciente”. Da ação do SAR até a instrução do corpo, meus alunos apresentariam comportamentos harmoniosos, mas não observo isso. O SAR parece ter sido desenvolvido para funcionar por interesses egóicos, para realização de atitudes momentâneas e para experimentar a vida afetiva intensamente.

E os estudos? E o futuro? E o amanha? Não sei...

 

Profa Ms. Claudia Nunes (30.11.2021)

 

Referencia:

PEASE, Allan & Barbara. Se a vida em um jogo, aqui estão as regras. Rio de Janeiro: Sextante, 2017.

Sou eu e a Natureza até o fim

Diante de uma Natureza vibrante velha certeza: as coisas mudam. Tudo mudou. Pessoas, objetos, sentidos, rotina, tudo fora do lugar. E lá está a Natureza. Da janela, olho e sei: eu perdi. No caminho, hábitos e certezas perderam o rumo. E o tempo alterará os amontoados criados pela realidade. Amontoados de coisas conhecidas e queridas, mas amontoados. É importante uma reorganização lenta e quase imperceptível para que eu possa saber e entender que perdi sem me perder. Nunca imaginei, pensei ou percebi a curva perigosa em meu caminho, mas ela veio e lá está a Natureza. Ela não se perde, ela se renova e eu fragmentada em um redemoinho de emoções. É luto e muita luta. Penso em nova versão, em Naturezas e em quatro estações. A vida tem quatro estações com que precisamos atravessar para aprender e crescer. Estações de tempo, movimentos e vários descartes. E como diz o samba “na limpidez do espelho só vi coisas limpas”. Eis a versão na inversão da ação do tempo que nos presenteia com a dor. Eis a minha versão. Apesar de tudo, eu credito em dias bons e cheirosos. Sou eu e a Natureza até o fim.

 

Prof.ª Ms. Claudia Nunes (18.11.2021)

sábado, 28 de janeiro de 2023

SANCHA e seu delírio


De uns tempos para cá, eu entrei num delírio que não rola saber sair – afirma Sancha ao seu gato. Delírio! Eis a palavra da hora. Depois de mais um dia de trabalho, ela acredita que vai morrer. Ela sente que é o fim. É irreal, surreal, mas as emoções não lhe deixam se separar dessa certeza. Ela vai morrer. Que loucura! Embora seja uma certeza natural, há um incomodo. Ela quer ser super, quer viver outras verdades, quer sair de todos os casulos, mas há o delírio: morrer, apagar, sumir. Eis a sua inimiga: a verdade. Como será? Perseguida, envenenada, assassinada, louca, acidentada? Como será? Sua imaginação não aceita meios termos. Ela voa nos ventos da irrealidade com prazer. Não é fácil rejeitar delírios cujo fundamento é o fim da dor. Não é simples ignorar a presença de outra realidade recheada de possibilidades de paz. Nessa realidade delirante, o mundo cheio de mudanças, cores intensas, ações libertadoras e solidão. Ops, solidão? Como assim? Sancha estranha e gato a ignora. Delírio e solidão? Não é assim que se morre. Ela não está paranoica: ela sabe quem são seus inimigos. Ela não se sente soberba: suas habilidades e profissionalismo estão num padrão de sucesso interessante. Ela não quer ser o centro de tudo: o mundo só gira se ela abrir espaço para outros serem o que forem, apesar da sua falta de paciência. Ela já foi mais ciumenta: hoje ela “finge demência” em vários sentidos para compor uma persona melhor. Seu delírio se concentra no fim de tudo, mas não encontra elo com o porquê ou com o como isso se dará. Sancha tem emoções, mas não tem ponto de contato que a faça agir. Sancha não se sente influenciada. Sancha é delírio e solidão. Sancha é uma humana em ascensão delirante, e isso não a fragmenta; isso a incomoda; e isso não é sua essência. Num mundo tomado de ansiedade e morte, morte é a coisa mais óbvia em “gente normal”. “Ufa, eu sou normal!” – grita. Enquanto acerta seus dias de vida, seu delírio é entender as mortes como fato da Natureza sem precisar pensar em visitas aos cemitérios. Mortes são as ausências, as ofensas, as negações, as repressões, os erros, os desmandos, os desânimos, os desencantos, os desinteresses, tudo aquilo que nos faz ignorar a perda do tempo sem quaisquer atitudes de vida. Sancha, sacode os ombros, ao estilo “tanto faz”, e segue delirante em sua solidão barulhenta e cheia de paradoxos prazerosos.

 

Prof.ª Ms. Claudia Nunes (06/11/2021)

As Moiras, a Srª Certeza Ruim e a Mente: inimigas da perfeição


E de novo a Sra Certeza Ruim ganha proximidade em minha vida. Como tenho dito inúmeras vezes “não aguento mais perder pessoas” ou “não entendo porque só posso ficar com a saudade”. Dizem que esta senhora é um processo natural, universal e inevitável, ainda assim nós, os bobos humanos, não estamos preparados para enfrenta-la. Tudo bem. Em tese e com muita filosofia quântica, é o que devemos aceitar. Só que também sabemos que a mente humana não suporta uma avalanche quase ininterrupta de desaparecimentos, em cuja realidade estabelece-se o vazio interno e externo, sem se perder em brumas disformes ou comportamentos melancólicos. Não há tempo para recomposições, respirações menos ofegantes ou a bendita falácia da resiliência; há só o susto e a dor dos dias seguintes sem um alguém. É o tempo para sentir e viver emoções turbulentas e desconhecidas sem piedades ou pieguices. De novo, e mais uma vez, estou vivendo o assalto da vida feito por esta senhora, dona de um bordel louco e nada privado. Perceberam? Estou rebelde e revoltada. Minha palavra de ordem hoje em dia é ESFORÇO. Esforço para viver.

Hoje, nova noite de silencio interior porque nada na minha área da linguagem cerebral forma sentido quanto ao que passo ou ao que precisarei passar amanhã, junto a uma amiga que dirá adeus ao irmão querido. O que é isso? Uma seleção nada natural. Tempo em que nos encapamos com dor e tristeza porque afinal “a vida é assim mesmo”. E a mente, junto com a triste senhora, sorri de nossa dependência e insegurança. Ambas se alegram com nossas infantilidades e ignorâncias. Ambas ignoram o sentido da palavra sofrimento ou luto. Como parceiras das Moiras, elas se juntam para cortar o fio da vida ao seu bel prazer. Que sinistro!

De novo, fico pensando em pessoas e em suas mentes. A morte do outro é dura. A morte de um outro muito especial é a loucura do meu tempo. É o momento da morte de tempos, das memórias, dos imaginários, das representações, das alegrias. É a morte de uma grande história de crescimento e de aprendizado. Nós seguimos perdendo blocos de vida ao longo do tempo ou blocos de tempo ao longo da vida? Não sei...

No tabuleiro da vida, mais uma peça se perde e não há reposição. É nisso que a mente se perde e isto reverbera em nossos submundos protegidos. Ao mesmo tempo, é a dor da perda e da revelação; é a dor da exclusão e da pura verdade. Não há fuga. A mente pode até construir uma outra rotina normalmente com muitos vícios, procrastinação, desanimo, ansiedade e depressão; mas não há fuga. É uma realidade esburacada sendo consertada com material frágil e errado. E a dor segue seu fluxo. O que fazer? A mente é nossa parceira de vida inteira e se alimenta de tudo o que nos acontece. O que fazer?

No meu caso, só há uma resposta: SORTE advinda de SORTEIO mesmo!

É contar com um desenvolvimento pessoal de sorte; assim como é sorte chegarmos a determinadas idades. É a Sorte de ter uma história consistente com qualquer mínimo poder de resiliência. Sorte de saber o que fazer com as brincadeiras horrorosas que a inimiga mente fará. Sorte de saber respirar com novas nuances quando a louca dor chegar. Sorte de ter afetos que encapem nossa vida de palavras positivas ou ações de fé e paz. Sorte de saber viver um novo dia sem parte de sua história e mesmo assim agradecer. Sorte de se acreditar alguém de sorte...

Seres superiores não me dizem mais nada.

Só tenho a certeza da SORTE advinda de uma roleta russa administrada pelas Moiras, a Sra Certeza Ruim e a Mente.

Só tenho a certeza da SORTE realmente inimiga da perfeição.

Cansada...

 

Prof.ª Ms. Claudia Nunes (01/11/21)

Nada nunca é igual

  Nada nunca é igual   Enquanto os dias passam, eu reflito: nada nunca é igual. Não existe repetição. Não precisa haver morte ou decepçã...