sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Professores e tecnologia: simbioses


Professores, fomos desafiados! Por muito tempo nossa ação de educar esteve alocada em estratégias tradicionais cujo paradigma seguia a seguinte assertiva: professor ensina, aluno aprende. Os recursos pelos quais envolvíamos nossos alunos e seus processos de aprendizagem não eram levados em consideração como interferidores deste mesmo processo, positiva e/ou negativamente. A expressão oral, o giz, o vídeo, o retroprojetor, o papel, o livro etc. participavam das práticas pedagógicas como adjuntos em muitos planejamentos e não como integrantes importantes da construção do conhecimento. Eles sumiram? Foram destruídos? Não! Eles foram revisitados e revistos em suas características e ações como integrantes ao desejo e formas de aprender de todos - professores e alunos -, quando aliados aos entendimentos sobre as aplicabilidades das novas tecnologias (computador e Internet).

E a sala de aula? Com a Internet e as novas tecnologias oportunizando novos desafios pedagógicos, a sala de aula tornou-se um espaço mais aberto e inovador à comunhão de inteligências cujos potenciais podem ser ampliados a partir dos desafios propostos e aceitos pelos professores em comum acordo com os alunos. Hoje a sala de aula não é mais SÓ representada por um lugar com cadeiras e mesas em linhas, e cercada por paredes onde professores e alunos têm objetivos diferentes: um, ensinar; e o outro, aprender. A sala de aula é um espaço que ganhou espaço! As paredes caíram! O paradigma educacional se renovou também em relação aos espaços físicos! E assim todos puderam, respeitando às diversidades, aprender a distancia, em conjunto e por colaboração, por exemplo. De que estamos falando? Do uso dos ambientes virtuais de aprendizagem como lugares de interatividade social e cognitiva em parceria. Estes podem manter a qualidade da aprendizagem porque as situações-desafios se efetivam ao estimularem mudanças de comportamentos intelectivos e interpessoais. Na modalidade presencial ou a distância tornou-se possível experimentar estes ambientes e criar interessantes interações de todos com todos. O que é preciso? Sensibilidade nas escolhas recursivas e estratégicas, clareza na construção dos critérios e limites, e mediação lógica das etapas desenvolvidas.

Mas e o professor? Como fica a situação do professor? Sem problemas! Ao contrário do que se possa pensar, diante do uso da Internet como outro espaço para o encontro com informações e construção do conhecimento, o professor reafirmou-se como personagem importante para a integração entre aluno/recurso/aprendizagem e a formação cognitiva e crítica desse mesmo aluno. Como ele fez isso? Ao se abrir à possibilidade de acessar, entender e usar novas tecnologias virtuais na criação e desenvolvimento de suas práticas educativas. O profissional da educação do século XXI é um profissional predisposto, poroso e flexível. Posições fechadas ou experiências que deram certos não podem se fazer “chão” à ação educativa por repetição. Hoje, cada vez mais, a idéia de aprender está fincada no diálogo e na interatividade. E o professor, aos poucos, segue aprendendo e se revendo.

Algumas reclamações ainda persistem (e com razão): falta de incentivo do poder público à categoria; condições mínimas de trabalho, muitas vezes insalubres e perigosas; falta de incentivo à própria formação; sensação de insegurança; pouco ou nenhum recurso tecnológico para motivar e desenvolver aprendizagem; uma geração emergente que pouco lê ou escreve o que prejudica o pensamento e desestimula a permanência do professor em sala; etc. Fora isso, e em contraponto, há uma percepção generalizada de que “os alunos não agüentam mais [as formas] de dar aula; (...) [e] reclamam do tédio de ficar ouvindo um professor falando na frente por horas, da rigidez dos horários, da distância entre o conteúdo das aulas e a vida”; etc. As tecnologias, nestes casos, são usadas como “ilustração do conteúdo do professor”, são “verniz da modernidade”; e não entendidas “como desafios didáticos” por todos os atores educacionais. Além disso, as mídias (cinema, rádio, televisão) “são incorporadas marginalmente” e as aulas continuam “predominantemente orais e escritas”.

O que fazer? Com o estímulo da presença e acesso da/à Internet no cotidiano, tanto o professor quanto o “ensinar e aprender estão (...) desafiados” fortemente, daí só podemos dar conselhos: vale a pena mudar o foco; vale a pena tornar-se um curioso das novas formas de aprender, nem que seja para criticar; vale a pena experimentar / arriscar novos procedimentos e tornar a aula um lugar de confiança e de discussão, ainda que, num primeiro momento, com uma imensa incerteza; vale a pensa experimentar o diferente. Por quê? Porque, ao termos acesso a “informações demais, múltiplas fontes [e muitas] visões de mundo”, chegamos à escola com o corpo e a mente ávidos de extravasamentos, ou seja, de novas composições que nos façam participar da realidade de forma concreta. Nome disso? Aulas contextualizadas! Aulas que levem em consideração o saber do aluno como personagem principal da cena pedagógica e dos tipos de aprendizagem. Nossa memória e nossos movimentos psicomotores estão estendidos em ferramentas tecnológicas e midiáticas em diversos campos científicos, espaços de trabalho, instituições sociais e relações pessoais para favorecer nossa própria inserção na realidade / mercado. E o professor, por isso, começa a entender que precisa “repensar todo o processo, reaprender a ensinar, a estar com os alunos, a orientar atividades, a definir o que vale a pena fazer para aprender, juntos ou separados”.

Para tal, mesmo depois do período de formação profissional, ou tendo tempo de serviço, o professor, segundo Moran, “precisa (...) aprender a gerenciar vários espaços e a integrá-los de forma aberta, equilibrada e inovadora”.
Bem estamos desafiados! E agora?
Pedagogia de Projetos? É possível!


Claudia Nunes
Espec. Tecnologia Educacional/IAVM
Mestranda em Educação/UNIRIO


Referências:
MORAN, José. Os novos espaços de atuação do professor com as tecnologias.
http://www.eca.usp.br/prof/moran/espacos.htm

Um comentário:

Anônimo disse...

Adoro o nome simbiose... Um dos meus trabalhos tem esse título "A simbiose cultural", para superar as críticas ao multiculturalismo...

Rsrsrsrs...

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