terça-feira, 18 de abril de 2023

Nada nunca é igual

 

Nada nunca é igual

 

Enquanto os dias passam, eu reflito: nada nunca é igual. Não existe repetição. Não precisa haver morte ou decepção, apenas nada nunca é igual. Eu preciso apenas que os dias aconteçam. Nunca pensei tanto nisso. Muita gente ao redor e todo dia todos são diferentes. Eu vivo o tempo ‘a vera’. Não posso criar expectativas. Não posso surfar nos costumes. Amigos, família, trabalho, rotinas, tudo um blefe. Um blefe tão denso que acreditava. Hoje sei que os dias passam e eu enxergo mais urubus do que borboletas. Há mais cinza do que cor. E enfrentar mortes é o meu oficio. É importante saber montar diferenças, sentidos e emoções dentro de mim, sem perder o rumo ou a sanidade. As mortes levam de tudo um pouco, ainda assim os vazios não devem durar tanto tempo. Sou um organismo em movimento diagonal que, de repente, perdeu um cheiro, a fotografia, minha caligrafia, meu pijama, meu relógio, as canecas e a luz no meio de uma manhã de setembro. Como afirma Carpinejar, “nem todo luto precisa ser completo, mas há sempre uma prestação pendente, em aberto”. Eu aceito e pago. Mas preciso prestar atenção: nada nunca é igual mesmo. Aliás igual é um item impossível. Mas tenho meus confortos, meus talismãs: objetos que mexem com minha memória e me deixam em paz. Ops, paz? Nada nunca é igual e eu estou bem... #gratidão

 

Prof.ª Ms. Claudia Nunes (27.01.2022)

Referencia:

CARPINEJAR, Fabricio. Depois é nunca. Rio de Janeiro: Bertrand do Brasil, 2021.

 

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