Nada
nunca é igual
Enquanto os dias passam, eu reflito: nada
nunca é igual. Não existe repetição. Não precisa haver morte ou decepção,
apenas nada nunca é igual. Eu preciso apenas que os dias aconteçam. Nunca
pensei tanto nisso. Muita gente ao redor e todo dia todos são diferentes. Eu
vivo o tempo ‘a vera’. Não posso criar expectativas. Não posso surfar nos
costumes. Amigos, família, trabalho, rotinas, tudo um blefe. Um blefe tão denso
que acreditava. Hoje sei que os dias passam e eu enxergo mais urubus do que
borboletas. Há mais cinza do que cor. E enfrentar mortes é o meu oficio. É
importante saber montar diferenças, sentidos e emoções dentro de mim, sem
perder o rumo ou a sanidade. As mortes levam de tudo um pouco, ainda assim os
vazios não devem durar tanto tempo. Sou um organismo em movimento diagonal que,
de repente, perdeu um cheiro, a fotografia, minha caligrafia, meu pijama, meu
relógio, as canecas e a luz no meio de uma manhã de setembro. Como afirma
Carpinejar, “nem todo luto precisa ser completo, mas há sempre uma prestação
pendente, em aberto”. Eu aceito e pago. Mas preciso prestar atenção: nada nunca
é igual mesmo. Aliás igual é um item impossível. Mas tenho meus confortos, meus
talismãs: objetos que mexem com minha memória e me deixam em paz. Ops, paz?
Nada nunca é igual e eu estou bem... #gratidão
Prof.ª
Ms. Claudia Nunes (27.01.2022)
Referencia:
CARPINEJAR, Fabricio. Depois é nunca. Rio de Janeiro: Bertrand do Brasil, 2021.
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