terça-feira, 18 de abril de 2023

SANCHA - Invisível ou cancelada, tanto faz...

E de repente eu posso ser invisível. Sancha está na piscina do clube e sabe que pode ser invisível. Ao contrário das outras pessoas, ela se sentia bem com a descoberta. Desparecimento social. Cancelamento. Invisibilidade. Seus problemas eram tantos e tão indecifráveis que, diante da descoberta, ela se sentia muito bem. Não precisava ser fortaleza, coerente, silenciosa, organizada, parceira, simples. Ela desapareceu. Ela não era insignificante, nem fora humilhada. Ela estava sendo desafiada. Nunca experimentara a invisibilidade na multidão, ainda assim estava num mundo em que ser invisível alegrava seu coração. Na cadeira da piscina, ela observava as pessoas. Somos capazes de enxergar várias coisas quando exclusos dos afetos, do trabalho e do mundo virtual. Ali ela fora cancelada e podia fazer escolhas diferentes e sem direções. Sua velocidade era caótica e iluminada. Novas luzes atravessavam seu corpo criando um novo corpo com múltiplos reflexos sem incomodar ninguém. Ela estava ali, mas sem precisar de aproximações ou educações de sempre. Invisibilidade depende da mudança do referencial. De participante a simples observadora: “que vida boa!” Um observador enxerga o todo porque está livre de interferência. E sem interferência, ela sabe que as pessoas são capazes de tudo. A invisibilidade tinha seu lado irônico. Da piscina, ela pairava sobre diferentes vidas em movimento e ainda assim viver o sol sem interrupções. Cancelada, invisível, Sancha ganha energia e certa loucura. Em um mundo ficcional, sempre e sempre a vida real será revivida e vivida pelo tanto de escolhas fantásticas que faremos com os nossos sentidos. Aproveite!

 

Prof.ª Ms. Claudia Nunes (04.01.22)

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