terça-feira, 18 de abril de 2023

Sem tempo para o 'de repente'

 

Sem tempo para o de repente

 

Eu não quero mais ‘o de repente’.

Da porta da sala, vejo o de repente.

Instalado em minha emoção

O nada, rastro do de repente

 

O que aconteceu?

Morte!

Tenho o corpo vazio

A memória rala

O destino esquecido

As certezas loucas

O conforto na sala vermelha

Frio.

 

Minha plateia é a morte.

E o de repente é seu inconveniente

 

Eu não entendo mais linhas retas

Estou aos trancos e barrancos

Procurando agulhas no palheiro,

Procurando vida, recuperação, naturalidade

Procurando pedaços de coisas sem ranço.

 

Quero algo que me jogue no antes

Algo que me escape do de repente.

Algo que me faça parar de chorar

Algo que me faça voar, distante.

 

Estou cancelada, solta, em suspiro.

E a porta não vai mais abrir

E o vento insano não vai mais me atravessar

É a morte, um vampiro.

 

O de repente é marcado pelo silencio

A roda da vida está em pane

Não quero mais o de repente

Eu apenas vivencio

E não faço pouco caso

Ratos e urubus me sobrevoam

Num céu de poucos brigadeiros

É a soberba e muito descaso.

 

Ainda que eu ande por sombras

E solos inférteis

Meus sentidos de infância

Serão minha força e minha fé

A morte nunca leva tudo.

O zero é sempre ponto de partida.

Viva!

 

Prof.ª Ms. Claudia Nunes (25.01.2022)

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