Sem
tempo para o de repente
Eu
não quero mais ‘o de repente’.
Da
porta da sala, vejo o de repente.
Instalado
em minha emoção
O
nada, rastro do de repente
O
que aconteceu?
Morte!
Tenho
o corpo vazio
A
memória rala
O
destino esquecido
As
certezas loucas
O
conforto na sala vermelha
Frio.
Minha
plateia é a morte.
E
o de repente é seu inconveniente
Eu
não entendo mais linhas retas
Estou
aos trancos e barrancos
Procurando
agulhas no palheiro,
Procurando
vida, recuperação, naturalidade
Procurando
pedaços de coisas sem ranço.
Quero
algo que me jogue no antes
Algo
que me escape do de repente.
Algo
que me faça parar de chorar
Algo
que me faça voar, distante.
Estou
cancelada, solta, em suspiro.
E
a porta não vai mais abrir
E
o vento insano não vai mais me atravessar
É
a morte, um vampiro.
O
de repente é marcado pelo silencio
A
roda da vida está em pane
Não
quero mais o de repente
Eu
apenas vivencio
E
não faço pouco caso
Ratos
e urubus me sobrevoam
Num
céu de poucos brigadeiros
É
a soberba e muito descaso.
Ainda
que eu ande por sombras
E
solos inférteis
Meus
sentidos de infância
Serão
minha força e minha fé
A
morte nunca leva tudo.
O
zero é sempre ponto de partida.
Viva!
Prof.ª
Ms. Claudia Nunes (25.01.2022)
Nenhum comentário:
Postar um comentário