segunda-feira, 2 de julho de 2018

Análise livro EXTRAORDINÁRIO


Acabei de ler o livro Extraordinário. Terceiro livro que leio em Epub. Estou em uma sequencia de leituras de ficção bem interessante. E realmente acredito que estou noutro momento: não achei o livro nada de mais, muito menos extraordinário.
Família classe média: pai e mãe, filha mais velha, Via, e Auggie. Auggie é um garoto que sabe muito bem quem é, quem não é, como as pessoas o veem e o que falam sobre ele. Ainda assim sonha em ser como qualquer um. Ele sabe que não pode. Ele reconhece sua dificuldade física. Mas ele sonha como qualquer criança. Antes de ser extraordinário, ele é estranho, diferente, esquisito: a novidade. Ele está deslocado. É a aberração. É o assunto do colégio. É a praga.
Auggie é o narrador e personagem principal do livro. Ele tem uma doença genética. Esta o leva a passar por várias cirurgias para ser menos ‘repulsivo’ (fala dele) e a perder a convivência com as crianças de sua idade. Para ser comum, ele precisa ouvir, enxergar e engolir, daí as cirurgias. Deformação no rosto, não na alma.
Protegido, amado, querido pela família. Eis que surge a hora de ir à escola de classe média alta: está no Fundamental. Não há mais esconderijos. Ele terá que suportar o olhar, as expressões e os preconceitos de outras crianças. Ele terá que conviver longe da família e ganhar autonomia. A escola é seu grande desafio. Sempre a escola... Ele vai socializar sua dificuldade, além dos portões de casa. Extraordinário? Não!
Há um diálogo afetivo e claro entre os pais. Há um diretor de escola ai sim extraordinário. Há crianças cruéis. Há situações constrangedoras. Ele é o diferente. Seu rosto é extraordinário: fora do comum. Como diz um dos personagens, ‘parece que ele derreteu no fogo’. Nós acompanhamos toda a dinâmica da família. Família feliz ao estilo romântico. Nós acompanhamos as mudanças nas amizades, no corpo e nos pensamentos da irmã mais velha, agora adolescente, que estuda noutra escola e que chega ao ensino médio.
Irmã agora em dúvida em relação ao irmão. Ela tem dilemas, tem vergonha, começa a namorar, perde melhores amigas, recupera uma delas, tudo normal para uma menina que vem saindo da pré-adolescência.
Todo o livro relaciona-se ao crescimento de Auggie na escola, espaço livre da proteção dos pais. Nós o admiramos pela forma verdadeira como ele SE encara e como constrói amizades reais sendo objetivo em suas atitudes.
Livro é sobre a diversidade em meio à normalidade; sobre gentileza, igualdade, mesmo entre crianças; sobre respeito, principalmente, em relação aos pais das crianças, já que a escola é de classe média alta.
Linguagem simples e dinâmica: capítulos curtos.
Auggie é aceito porque seu diretor reconhece seu potencial. Algumas famílias não aceitam bem tudo isso: ‘ele causa problemas e pode causar queda nas notas dos alunos ou problemas nas relações’. Há preconceito explícito: ameaças de retirada da ajuda financeira da escola por parte de alguns responsáveis. Pensar que as coisas mais simples causam grandes discussões que não leva a nada. A vida é para ser vivida intensamente, não importa a sua origem, cor de pele, condição física, religião e outros fatores que infelizmente levam as pessoas a terem algum tipo de preconceito com os outros. O diretor banca Auggie.
Auggie cria amizades reais: elas pouco se importam com sua aparência. A garra do menino é emocionante; mas, como esse diretor leva todo o processo de integração do garoto, é extraordinário. Nós observamos o crescimento emocional de Auggie, apesar de questionar a vida sobre o porquê de ter esta doença ou essa marca no rosto.
Auggie e sua família vivem bem os problemas que aparecem, mas sua postura quanto a si mesmo não é a realidade: ele se aceita, faz ironia de si mesmo, já reconhece os sentimentos nos rostos das pessoas que o veem, ainda assim se sente frágil e muito inseguro às vezes. Que criança de 10 anos faz isso?
Mesmo na escola há uma aura de proteção em favor de Auggie. Livro é um manifesto antibullying. Mostra formas de bullying para denunciá-lo e eliminá-lo dois ou três capítulos posteriores.
Infelizmente, Auggie não pode ser mais um na multidão. Mas confesso que senti grande irrealidade em muitas situações. É tudo perfeitinho e rosinha demais.
De novo um livro que reúne situações cheias de preconceitos em relação a aparência e que se resolve de forma romântica demais. E no fim, o senso comum: felizes para sempre rumo ao Fundamental 2 e aplausos generalizados.
A história é simples demais. Não sei se verei o filme...

Profa Claudia Nunes

'Na Madureira moderníssima, hei sempre de ouvir cantar uma sabiá' (PORTELA 2019)



SINOPSE DO ENREDO DA PORTELA PARA O CARNAVAL 2019 - 28/06/2018

'Na Madureira moderníssima, hei sempre de ouvir cantar uma Sabiá'

A Portela vai apresentar no carnaval de 2019 uma homenagem à cantora Clara Nunes, ressaltando a diversidade e a atualidade de sua trajetória biográfica e seu vasto e plural repertório musical, constituído de sambas-canção, sambas-enredo, partidos-altos, marchas-rancho, forrós, xotes, afoxés, repentes e canções de influência dos pontos de umbanda e do candomblé. Para isso, pretende sair do lugar-comum das narrativas sobre sua vida ou de uma colagem de títulos de sua discografia. Nossa escola exalta a importância cultural de Madureira, das festas, terreiros e do contagiante carnaval popular, enfatizando a contribuição do bairro para a formação da identidade que caracterizou Clara Nunes: a brasilidade.

O meu lugar,
tem seus mitos e seres de luz.
É bem perto de Oswaldo Cruz* 

Em 1924, no primeiro carnaval da Portela, fundada em abril do ano anterior, o coreto de Madureira, criado pelo cenógrafo José Costa, reproduzia a imponente Torre Eiffel. Visitando o bairro na companhia de alguns amigos, Tarsila do Amaral não apenas eternizou aquela imagem numa tela, como também mostrou para seus pares modernistas que as festas populares do nosso subúrbio incorporavam os mais diversos elementos culturais. Sem dúvida, Madureira sempre teve um ar moderno, como a própria trajetória de Clara Nunes, que parece ter emergido de uma obra modernista, como se fosse uma tela da Tarsila: a Mineira representa a mais plural expressão da brasilidade. Morena. Mestiça.

Porque tem um sanfoneiro no canto da rua,
fazendo floreio pra gente dançar,
tem Zefa da Porcina fazendo renda
e o ronco do fole sem parar** 

Clara nasceu no interior mineiro, num lugar que hoje se chama Caetanópolis. Ainda menina, trabalhou numa fábrica de tecidos para conseguir sobreviver, mas seu destino já estava traçado. Tinha como missão cantar o Brasil!  Ao longo da infância, conheceu de perto as tradições culturais e as festas folclóricas interioranas, certamente recebendo influência de seu pai, Mané Serrador, mestre de canto de Folia de Reis e violeiro dos sertões das Gerais.

Sua brasilidade, como herança de sua origem, sempre valorizou a diversidade regional de nosso país. A voz de Clara fez ecoar os ritmos do povo, na saborosa confusão dos mercados populares, seja do nordeste ou de qualquer outro recanto desta nação.

Alçando voos mais ousados, Clara mudou-se para Belo Horizonte, onde participou de concursos, realizou os primeiros trabalhos artísticos e conquistou espaço nos meios de comunicação.  Chegando ao Rio de Janeiro, seguiu fazendo sucesso e conheceu o misticismo que aflorava em Madureira, incorporando-o à sua identidade.

Sou a Mineira Guerreira,
filha de Ogum com Iansã*** 

Até então, a artista cantava principalmente boleros e sambas-canções. Após ter contato com o ancestral universo afro-brasileiro de Madureira, a mineira se transformou igual ao céu quando muda de cor ao entardecer. E nunca mais foi a mesma: visitou os terreiros, quintais e morros de Oswaldo Cruz e Madureira, vestiu-se de branco, incorporou colares, turbantes e contas, cantou sambas e pontos de macumba. Seu repertório se expandiu. A imagem de Clara evocando os Orixás, irmanada ao povo de Santo, eternizou-se na memória de seus fãs. Ela se tornou a Guerreira que não temia quebrantos, dançando feliz pelas matas e bambuzais, sambando descalça nas areias da praia, unindo a essência negra de Angola ao subúrbio carioca. E assim, sua voz rapidamente se espalhou. Seu canto correu chão, cruzou o mar, foi levado pelo ar e alcançou as estrelas. Uma força da natureza que brilhou como um raio nos palcos e terreiros, iluminando o coração dos portelenses. Nada disso foi por acaso.

Portela, sobre a tua bandeira
esse divino manto.
Tua Águia altaneira 
é o Espírito Santo
no templo do samba**** 

Desde que foi fundada, a Portela tem uma presença significativa de elementos típicos do mundo rural, trazidos pelo povo simples do interior, sobretudo do interior de Minas Gerais, mesclados à negritude que vibrava em Madureira. Talvez tenha sido por isso que a identificação de Clara com a Portela foi imediata. Ela sempre ocupou posição de destaque nos desfiles, é madrinha da Velha Guarda e até puxou sambas-enredos na avenida.  Ela e os portelenses, famosos e anônimos, sempre caminharam de mãos entrelaçadas, voando nas asas da Águia.

Um dia, inesperadamente ela partiu. Trinta e cinco anos se passaram desde então. A dor da saudade sempre reverberou no coração de todos, tornando-a uma estrela ainda mais cintilante.

Agora está na hora de a Guerreira reencontrar seu povo mestiço, para mais uma vez brilhar na avenida. Vestida com o manto azul e branco e a Águia a lhe guiar, voa minha Sabiá.

Até um dia!

Carnavalesca: Rosa Magalhães
Sinopse: Fábio Pavão e Rogério Rodrigues

Referencias:
* O Meu Lugar – Arlindo Cruz e Mauro Diniz
** Feira de Mangaio – Glorinha Gadelha e Sivuca
*** Guerreira – João Nogueira e Paulo Cesar Pinheiro
**** Portela na Avenida – Paulo Cesar Pinheiro e Mauro Duarte


Jovens Habilidades e o século XXII

Jovens a esmo. Jovens ociosos. Jovens sem destino. Jovens indiferentes. Jovens ignorantes. Jovens alienados. Jovens solitários. Jovens suicidas. Jovens precisando de AFETO e formas de aproximação, imersão, convergências realistas, pacientes, limitantes, organizadas, respeitosas). É isso! Essa é a necessidade de uma sociedade do século XX a uma sociedade do século XXI. Vamos preparar seres vivos humanos para conviver com outros seres vivos humanos com mais equilíbrio, estratégia, solidariedade e objetividade.
‘Chutar o balde, vez por outra, é importante e faz parte, todos estamos em grupo e em momentos diferentes da vida tanto biológica, quanto social, emocional e física; MAS sempre, como sempre estivemos com faixas etárias diversas em comunhão (vivendo junto), é importante pensar por que, hoje, é tão difícil preparar o grupo de jovens para viver o próprio século XXI ou XXII? Sim, pensemos no século XXII. Como afirma o texto do samba enredo da Vila Isabel 2018, ‘corra que o futuro vem aí’.
Nossos jovens precisam de habilidades que os projetem para dentro e para fora de sociedades, seus dogmas, crenças / regras para o próprio crescimento emocional e daí cognitivo e físico. Só que alguém não está dando conta da sua parte. O que falta? Jovens X Z e Alpha perderam o chão familiar porque a sociedade mudou seus interesses e suas prioridades. E ai não há emoção que de conta dos comportamentos!
Todos sabemos que o fio de meada ou o prumo atencional precisa ser novamente cooptado para que o foco seja retomado e as aprendizagens sejam mais saudáveis. É uma decisão e uma ação contínua. É uma decisão fácil, mas com manutenção difícil. Mas é isso: a conquista de uma sociedade jovem mais equilibrada demanda um desejo, uma decisão e muito esforço diário. Será que estamos preparados ou nos preparando realmente?
Na escola, fora salas de aula mais flexíveis, com alunos fora de fileiras e em muitos casos trabalhando em grupo, como sugere a experiência canadense, revisão metodológica e flexibilidade avaliativa são a base de possíveis mudanças; mas o valor real de uma construção de habilidades socioemocionais plenas está em outros elementos, as vezes bem subjetivos, como postura, forma de aproximação, escuta sensível, respeito ao que o aluno sabe, liberdade de expressão organizada, apreensão real do contexto e sempre boa participação dos responsáveis no processo.
A proposta é criar ambientes dinâmicos e desafiantes. Ideia: fortalecer os alunos em seus sonhos, desejos e potencialidades; além de oferecer oportunidade de ele mesmo trabalhar suas tensões, baixa autoestima, chateações, diferenças ecomplexidades da idade), mesmo fora da escola.
No campo das políticas públicas: a ideia é revisão do currículo da formação de professores; reorganização do próprio currículo a que se submeterão os alunos; investimento na administração e no pedagógico da escola; valorização do docente + formação continuada; ações continuadas e adaptações adequadas às necessidades escolares; e de novo, o envolvimento de todos no processo de aprendizagem. Sempre o diálogo e a escuta oferecem elementos claros para os 'passos seguintes'
Ah! Acreditamos que seja importante entender (e utilizar) o conhecimento neurocientífico sobre como se estrutura a memória, a atenção, a emoção e, por fim, a neuroplasticidade, um conceito 'guarda chuva' para vários momentos de mudança e adaptação do sistema nervoso biológico e social..
Mas isso é assunto para outro dia!
Até Claudia Nunes

SOMOS COMUNICAÇÃO PLENA

A humanidade vive a era das incertezas e das complexidades. Não há fuga às transformações desse movimento veloz: um salto quase quântico foi dado e nele não cabem ações de resgates. Nada de saudosismos! É preciso reorganização integral da vida; inovação quanto aos ‘fazeres’ sociais e interativos; e estabelecimento de novos pilares referentes a conceitos como família, escola, afeto e conhecimento.
Na loucura do tempo presente (ou líquido, como apresenta Bauman), a subjetividade humana é percebida dentro de um tabuleiro de xadrez e está em xeque. É um momento que exige repensamento, estímulos às memórias vivenciais e a criação de estratégias que possibilitem a continuação do jogo humano entre os próprios humanos e a Natureza em geral. Então REINVENÇÃO é a palavra-chave, principalmente, quando envolve a construção de relações e a manutenção de interelações adequadas. Mas para que nos reinventemos e ofereçamos aos outros um mundo de comportamentos mais positivos, mesmo diferentes, precisamos mudar nossa forma de COMUNICAÇÃO.
Comunicação acontece por diferentes linguagens: verbal, não verbal; mista, formal, informal e corporal. Nós aprendemos isso no ensino fundamental. Logo não há ser vivo humano que não se comunique; há sim seres vivos humanos que não conseguem decifrar determinadas formas de comunicação. Nós nos comunicamos e aprendemos para SOBREVIVER ao próprio tempo.
Sobrevivência relaciona-se diretamente então com comunicação e linguagem; e ambas exigem uso constante das funções executivas e da atenção. No conjunto, podemos reconhecer que o homo sapiens é o receptáculo de memória temporal de si mesmo. Mas a sofisticação aconteceu com o tempo, as criações e as emoções relacionadas aos objetos inventados e usados cotidianamente.
Desde a Revolução Cognitiva o Homo sapiens tem sido capaz de revisar seu comportamento rapidamente de acordo com necessidades em constante transformação. Isso abriu uma via expressa de evolução cultural, contornando os engarrafamentos da evolução genética. Acelerando por essa via expressa, o Homo sapiens logo ultrapassou todas as outras espécies humanas em sua capacidade de cooperar.
(HARARI, Yuval Noah. Uma breve história da humanidade SAPIENS, 2015)
Para aprender, cuide bem das suas escolhas de linguagem!
Profª Claudia Nunes

Comunicação Veloz

COMUNICAÇÃO VELOZ
O Homo sapiens conquistou o mundo, acima de tudo, graças à sua linguagem única, e dominaram o resto do planeta (por terra e pela água). A partir de 70 mil anos atrás, segundo Harari (2015), o Homo sapiens começou a fazer coisas muito especiais: invenção dos barcos, lâmpadas a óleo, arcos e flechas, e agulhas (essenciais para costurar roupas quentes); além dos primeiros indícios incontestáveis de religião, comércio e estratificação social. Desta forma, a maioria dos pesquisadores acredita que essas conquistas sem precedentes foram produto de uma revolução nas habilidades cognitivas dos sapiens.
Em muitos casos, de acordo com Harari (2015), “mutações genéticas acidentais mudaram as conexões internas do cérebro dos sapiens, possibilitando que pensassem de uma maneira sem precedentes e se comunicassem usando um tipo de linguagem totalmente novo. Poderíamos chamá-las de mutações da árvore do conhecimento”.
Saltando milhares de anos. Eis a Revolução Industrial. Máquina a vapor reinventando tecnologias, principalmente nos meios de comunicação e de transporte. Reconfiguração de dois conceitos: VELOCIDADE e TEMPO. Nós diminuímos as distancias e estabelecemos novo padrão de tempo. A percepção de realidade e a vivência cotidiana ganharam velocidade. Foi mágico! E nós nos encantamos! De novo, como num espelho, nós nos orgulhamos de nossas próprias invenções e as incluímos rapidamente em nosso cotidiano. Nome disso? EVOLUÇÃO!
Nós, seres vivos humanos, criamos outros ambientes de convivência e representação em que nos vemos, espelhamos, descartamos e crescemos. Mas, diante da velocidade (e o encurtamento das distâncias), hoje, percebemos que nosso espelho tem dois lados, às vezes côncavos, às vezes convexos; e isso redimensiona aspectos contraditórios desta evolução: há um desejo de melhorar, de obter qualidade das relações, muitas vezes, visando o futuro; mas também há uma profunda desconexão humana (emocional e física) cujo resultado é um constante desafio à construção das relações, aprendizagens, formas de comunicação e de interação.
Ainda assim, ainda que as contradições existam, de acordo com Harari (2015), “o Homo sapiens é, antes de mais nada, um animal social”. Ou seja, antes de quaisquer aceitações (ou estranhamentos) na/com a vida, para sobreviver, nós precisamos do Outro. Nós precisamos saber “quem em seu bando odeia quem, quem está dormindo com quem, quem é honesto e quem é trapaceiro” etc. Nós nos comunicamos e precisamos saber quais emoções geram informações para que o convívio se mantenha e certas estratégias sejam pensadas e repensadas para aprender e continuar vivendo.
Sobreviver surge como uma questão de adaptação social.
Somos sofisticados e versáteis justamente por causa de nossa natureza sobrevivente.
Profª Claudia Nunes

Antes do 'mundo', ambientes de formação

Há novos comportamentos em vigor cuja imprevisibilidade exige mais ORIGINALIDADE, CRIATIVIDADE, REFLEXÃO e ATITUDE. Nós precisamos de três ‘Es’: Estímulo, esforço e experiência. Se vamos ajudar nossos jovens a se estabelecerem em sociedade com comportamentos mais positivos e menos tóxicos, e a enfrentar seus momentos, basicamente, interpessoais, com mais habilidade emocional, essa tríade é a melhor opção.
Neste aspecto, há três ambientes de formação: família, escola e MUNDO. Ainda que se interpenetrem, a família é o ambiente-código fonte, a escola é o ambiente de convergência informacional e relacional junto a fonte; e o MUNDO... Ah! o mundo... Este é o ambiente cruel (mas que ensina) em que a fonte, a informação e a cultural são usadas com estratégia e criatividade.
Ainda assim os ‘novos jovens’ requerem mais do que informação; eles exigem informação trabalhada para / com valorização do que sabem para o que devem saber com discussões abertas, diferentes, e com tempo de reflexão, mesmo em grupo. É o tempo da construção de um sujeito emocional, cognitivo e atitudinal; e esta união constrói sujeitos sociais mais equilibrados e solidários.
Vamos agir na incerteza, não para descartá-la ou somente entendê-la, mas sim para saber conviver com ela junto a ferramentas mentais, físicas, emocionais coerentes.
Vamos seguir o alerta de Marco Silva e criar uma ‘sala de aula interativa’; vamos acreditar em Edgar Morin e reconhecer que há ‘saberes necessários à aprendizagem no século XXI’; e vamos repensar mesmo a sala de aula e sua dinâmica, tendo em vista o AUTOCONHECIMENTO e a SOLIDARIEDADE entre todos. Nada que seja drástico, mas algo que precise ser uma mudança contínua.
A complexidade humana se retraiu em alguns aspectos (solidariedade, empatia, escuta) e se ampliou em outros (indiferença, desconfiança, individualidade). Por quê? Nossa cultura estranhamente ‘desgovernada’ começa a recuperar sua força no chão evolutivo das relações quando foca seu olhar no entendimento do que seja CONVIVÊNCIA, conceito que contem outros conceitos como ÉTICA, RESPEITO, DIVERSIDADE, RECONHECIMENTO junto a uma sociedade ainda majoritariamente competitiva e violenta. A emoção da EMPATIA!
Em todos esses pontos do movimento, não há garantias, não deve haver garantias, apenas precisamos fortalecer os cuidados com a sobrevivência de nossos ‘mais jovens’ entre todos os sujeitos sociais em espaços / territórios / ambientes de infinitas possibilidades, desafios e direções. Como? Entendendo e aceitando variados processos de MEDIAÇÃO. É o mundo do DIÁLOGO pleno, não mais do MONÓLOGO mecânico.
Profª Claudia Nunes

Reescrevendo-se (ago 2017)

Tem horas que a gente precisa superar nossas vontades animais para nos respeitarmos com sinceridade: essa é a hora do silencio e da transformação definitiva. O mundo se abre e, no vácuo quase irrespirável, você se lembra que é melhor do que tudo isso e que, para sobreviver, é preciso valorizar inclusive, as perdas e principalmente, os desentendimentos. Hoje foi um dia de aprendizado de mim comigo; de reconhecimento de que quaisquer decepções podem ser ótimos trampolins para outras piscinas de alegrias, valores, sucessos, inseguranças e experimentações. Aprendi direitinho: tudo é aprendizado não é? Então não pode haver prisões emocionais se, principalmente, o entorno lhe incentiva a saltar, saltar e saltar montanhas de responsabilidade e seriedade com apreço, coragem e energia, remodelando o que você chama de rotina. Hoje não quero mais compreender, quero me reescrever e realinhar meus caminhos com poucos senões e grandes intenções. O que não se quer explicado ou se explicar, explicado está. E nessa estranha, mas clara, bifurcação, sigo agradecendo pelo meu crescimento e por tudo que pude assimilar sem perder minha essência, fidelidade e coerência. Hoje foi um dia bom; ruim e bom; ruim, bom e bom... Quero que seja bom... Bom, boa noite, de novo eheheheh
Profª Claudia Nunes

Amigos e confiança

Ainda que os amigos sejam importantes, importante é quem você é perante um amigo. Ninguém se sustenta sendo somente um EU. Todos precisamos de vários elementos do NÓS e isso é de uma responsabilidade enorme. Hoje eu percebi isso. Mais do que amigos temos que ter cuidados com informações. Informações são tesouros que mantem a amizade no futuro. Os sentidos as vezes nos falham porque
nos decepcionamos. As capas caem. A cerca se abre. E falhamos. Em algum momento, alguém estimula o pior em nós. Erramos porque, de repente, nos decepcionamos e diante deste sentimento, tudo o que foi silencio precisa de sonoridade, alívio e paz; e ai, em alguns casos, escolhemos mal o foco da confiança. É uma liberdade, mas também um risco. Sujamos uma seara que respeitamos demais por segundos de decepção e mal estar. Cuidado. Ou fala na hora ou se cale para sempre. Confiar é uma emoção que ecoa pelo tempo e através de perdas para bem e para o mal. Humanos demasiadamente humanos já nos alertou Nietzsche. Boa noite!

Benefício da dúvida

Hoje passei o dia pensando na expressão ‘benefício da dúvida’. Atualmente tenho ficado atenta a isso. Não sei trabalhar com culpa ou julgamentos. O tempo é de entendimento e compreensão. Se eu não vi ou ouvi, tudo pode ser contado por interesse e com grande ênfase em certos defeitos. Eu tenho cuidado. Eu preciso de cuidados. Observo trejeitos, ouço as vozes, vejo a direção dos olhos: tudo para tentar pescar o deslize e a artimanha. Para cada caso, um pensamento: será mesmo? será tudo isso mesmo? Não dá pra aceitar tudo do outro ainda que o outro carregue verdades. Estas são pequenas verdades editadas como narrativa que mina ou destrói relações. Nada pode ter acontecido. Ou tudo aconteceu de forma insossa e diferente. Lembro sempre do filme ‘Beleza Americana’. O problema está tanto na ênfase, quanto, na razão da expressão. Contar para que? O benefício da dúvida está rente com a confiança. Será que devemos confiar tanto em histórias orais ou escritas? A dúvida em si já é um problema. Desconfiança então é desrespeito. Sugiro o seguinte: siga a vida; conheça-se claramente; respeito diferenças; entenda processos; não seja idiota manipulável; aja com menos certezas; ignore modismos; cuidado com suas fontes de informação; reflita sobre o personagem principal de qualquer historia; evite agradar por obrigação; aceite a mediocridade como paz; analise quem fala do outro, com cuidado; caminhe com passos firmes; ninguém é culpado se suas portas e janelas estão abertas; em dúvida, procure provas em silêncio; expresse pensamentos de alguma maneira; observe com mais cuidado ‘falante’ e ‘falado’; e se perca nas próprias conquistas. A vida é curta demais para atender aos reclames da insegurança e da fragilidade emocional de outros, sem atenção a si mesmo. Dúvida é força motriz à experiência de vida, mas também nos capacita a ser mais gente. Portanto, diante da dúvida, sempre dê o benefício da dúvida e tire a mágoa do coração. O mundo é sempre colorido para quem precisa apenas de paz, nunca de toda a razão.
Profª Claudia Nunes

Cadeira Vazia

Fim de noite e eu pensando na vida. Incompreensível certas situações. Mas é preciso vivê-las de maneira forte e equilibrada. É uma luta romper ligações muito fortes, só que, as vezes, não posso remediar... nem dá... Incompreensível é a senha para seguir em frente com dignidade e amizade... de outrem. Meu tema de capa hoje me incomodou bastante. Impossível pensar, puxar pela memória, reviver promessas e, hoje, nem mesmo poder dirigir palavras, fazer perguntas ou trocar ideias. É a cadeira vazia que entristece e incomoda. Cadeiras vazias ilustram o tom das surpresas que vivemos independente de nós mesmos. Nunca a cadeira vai ficar vazia, pensamos, mas hoje está e muito distante. Hoje está. Outros transitam por ela sem conhece-la ou lhe atenderem realmente. Simplesmente a usam e você nem pode alertar ou sugerir atenção. Você, do outro lado, da rua, não sabe o que fazer mas nem precisa. Ela está vazia pra você e, tendo outros cuidados ou não, você só pode olhar... eu só olho... Pena! Cadeira vazia é memória perdida, cortada, negada... Fim de noite e eu pensando na vida de uma cadeira vazia que insiste em não desaparecer de vez... Incompreensível! Durmo um pouco mais triste, febril (ela voltou) e pensando: há vida depois da cadeira vazia? Há sim: o dia seguinte e tudo o que preciso fazer para recolocar cadeiras cheias em seus ou noutros lugares. Elas precisam do valor que merecem, pedem e oferecem... BOA NOITE!!!
Profª Claudia Nunes

MUDAR como a Borboleta


Ninguém pensa no processo de mudança de uma borboleta. Todos sabem sobre o processo, mas pensar sobre ele, é difícil, afinal ninguém pensa sobre o processo de mudança até que ele seja necessário ou obrigatório. 'Mudar é preciso' é um lema muito popular, mas não SINGULAR, no sentido de criar uma aura brilhante a uma TOMADA DE DECISÃO independente de quaisquer momentos ou pessoas. Mudar exige o acontecimento surpreendente de outro vento, tempo, energia, pessoa, momento, vontade; dai nossa dificuldade justamente em MUDAR. Borboletas são tão bonitas quanto curiosas, mas ambos os adjetivos exigem tempo de florescimento, luta e muito esforço = Nada é por acaso ou sem sentido. Desconhecemos um e outro, mas ambos são claros pontos de acesso às MUDANÇAS mais significativas. Nada é ‘do nada’. Somos
cegos para os sinais. Somos afoitos com nossos desejos e sonhos. Somos intolerantes com as simplicidades da vida. Quaisquer metamorfoses são sentidas como cruéis, duras, insensatas, fora do tempo, estranhas, chatas, penosas, enlouquecedoras. Elas não são rotina... Ninguém quer ser LAGARTA para sempre, mas desconhecemos o valor (e a motivação) do processo de ser BORBOLETA. Nas tristezas, nos aborrecimentos, nas dúvidas, mudamos de rumo, de cabelo, de amigos, de posições na vida; mas mantemos nossa ESSENCIA do ‘eu sou assim e pronto’. Que besteira! Mudar é troca de pele como faz uma cobra: é algo necessário de tempos em tempos, como renovação de um armário. Apesar dos sinais e do bendito 'livre arbítrio', mudar não é opção, é nossa melhor loucura. Somos lagartas, construímos casulos, unimos naturezas e ressurgimos das cinzas sempre que nos permitimos. Vivemos de estreias em estreias recuperando memórias e remodelando atenções AGORA. Somos borboletas AGORA. Somos mudanças AGORA. Devemos cumprir nossas promessas internas e acreditar no movimento parabólico da vida, tão cheio de sinais, quanto de obstáculos e vencimentos, AGORA! Mudar é enfrentar as demandas que nós mesmos criamos; é encarar as consequências dos próprios passos, principalmente, os 'em falso'; e é dominar 'a dor e a delicia de ser o que somos' sendo novos e possíveis em cada dia. A passagem das semanas deve ser pensada assim: MUDAR COMO A BORBOLETA é acreditar que vale a pena acordar e aceitar os sinais para viver e superar a nós mesmos no processo. Ovo, larva (lagarta), pupa e adulto são saltos de/para mudanças incríveis, se soubermos aproveitar AGORA. Mudar como a borboleta é nessa 'vibe' e o modus operandi escolhido depende apenas da nossa NATUREZA. Quem é você? Quem sou eu? Quem somos nós? Somos construção de seguranças ou desejo de liberdades? Pense nisso antes de criar uma 'tempestade num copo d’água' e perder a oportunidade de MUDAR COMO A BORBOLETA na intenção de manter seu crescimento habitual. Sejamos resistentes, observadores e preciosos em nossas emoções SINGULARES e coletivas para sobreviver aos decantados 'novos tempos'. Assim teceremos fios de seda fortes e grandiosos em nossas redes de afeto e alegria. Vamos às semanas com esses pensamentos porque eu e você MERECEMOS! Let's dance, com Sylvia de Galhardo, é um presente para vocês desejando que energizem bem a vida com grandes mudanças. Sylvia é um exemplo de borboleta sempre sábia, realista, múltipla, complexa e sensível aos próprios sinais como boa geminiana. Vamos à vida com fé e CORAGEM. 'Borboletear' é um verbo importantíssimo para viver o AGORA do mundo! Sejamos felizes, otimistas e borboletas!
Seja forte e abrace este momento! By Claudia Nunes

Felicitações Sylvia 'Marilyn' Galhardo


Para falar de você, observação e experiência.
Aceite das palavras, o que for possível. Licença:

Sensibilidade com feridas e marcas para sempre.
Yin e Yang com muita energia na mente.
Luta e fé sem ajustes e lascas.
Voz e inquietação com vida sem lástimas.
Inteligência e proteção com humildade fantástica.
Amor incondicional sem ser sarcástica.

Destemida e livre sem olhar para trás.
Experiência, arrependimentos e gratidão com braço voraz.

Gêmeos e segredo na intenção da paz do agora.
Atenção e curiosidade apesar das florestas de emoções da hora.
Liberdade no intuito de voar como as borboletas embora.
Humanidade e selvageria no nível das razões.
Atalhos e redemoinhos vividos na franqueza das monções.
Raciocínio rápido construindo inquietações.
Doce e selvagem como AR e FOGO, sem interpretações.
Olhar franco dizendo ‘me deixem sonhar!’ sem lamentações.

Potencia inconstante, infinita e bonita.
Alma e fogo pelo gosto do desconhecido, amiga.
Rosto de esfinge para quem se deixa enganar sem sina.
Apetite de vida por quem se experimenta amar na lida.
Beleza de redemoinhos cuja unidade é Deus.
Ebulição e ferocidade para sempre viver um grande amor, sem adeus.
Nascimento, força e fé: coragem entre os seus.
Segredo de si, um disfarce das tormentas ou erros, bênçãos de Deus.

            Parabéns Marilyn Monroe
            Parabéns e felicidades Sylvia Galhardo
            O ‘para sempre’ nunca acaba.
            Acredite em mim!
            Beijos Claudia Nunes


E quando mudar é necessário


Eu não sei você, mas, na vida, mudar é necessário.
De tempos em tempos, mudar exige um novo cenário.
Há dúvidas, inseguranças e desejos falsários.
E o amanhã é muito assustador e bem arbitrário.

Mudar é um processo de mínimos passos visionários.
È um mal estar sem respostas ou trejeitos primários.
Princípio do bem e da alegria bem era de aquário.
Mas eu quero seguir em frente com obstáculos menos voluntários
E mudar de novo como um operário.

Só que não sei quais decisões tomar fora do armário.
Há uma ansiedade por demais literária e um apego ordinário.
E o tempo segue passando adversário,
Trazendo charme à vida e também certos limites etários.

Mudar é um jeito de ‘ser gente’ de bem e solidário.
É brincar com o afeto para ser reto, decente e visionário;
É seguir reparando emoções e vocabulários.
É crescer juntando pedaços e abraços planetários.
Então mudar é meu melhor jeito de ser revolucionário.

Sou atento, lento, discreto e solitário.
Vou virar uma página, uma esquina, para criar um tempo de contrários.
Um tempo pleno de desafios sem escutar comentários.
Vou arranjar meus novos dias a partir de gestos voluntários.
Vou experimentar intensidades, frequências e volumes sem itinerários.
Não quero dar razão aos ventos e olhos alheios de poucos salários.

Para construir passatempos sem questionários ou vigários,
Mudar é necessário para inverter todos os pré-inventários.
É um disparate? É uma surpresa? É uma obrigação? É sanguinário?
Talvez. Às vezes. De repente. Tudo é temporário.
Mas mudar é sumariamente necessário.

De frente, meu mapa de habilidades, civilidades, comunidades, adversários.
Essa é a verdade que sempre faz aniversário.
Eu preciso estar preparado e solidário.
Sou um personagem social e templário.
Sou um pequeno sumário que não aceita chantagens inúteis
Ou encontros meramente arbitrários.
A luta é para mudar agora ao som de diferentes canários.
Mudar é realmente necessário, seu Mário!

Vou juntar idades e meus diários.
Porque nada na vida é secundário ou precário.
Quero mudar com poucos acessórios ou hábitos carcerários.

Não há jeito, mudar parece um documentário: parte do embrionário!
Então, como eu, ‘topas’ esse desafio interplanetário como um expedicionário?
Faça um comentário! Você é meu destinatário!
Vamos negar o funerário e sermos mais humanitários?
É hora do imaginário e do que seja realmente necessário!

Profª Claudia Nunes

ATENÇÃO: por que não importa?


Depois de anos em sala de aula, hoje questiono a sala de aula. Trabalho há 23 anos em sala e, de repente, estou diante de uma geração que não se importa. Isso! Eles não se importam. O presente é muito insosso, menos para o corpo. Futuro é cheio de possibilidades apenas na mente. Não observo atitude e/ou objetivo. Não são apenas os comportamentos cognitivos que estão desorganizados. Mas também suas questões emocionais, aliás, suas questões socioemocionais. Fragilidade e fragmentação.
Trabalho em escola pública do subúrbio do RJ com uma faixa etária de 16 a 26 anos. É o chamado ‘Ensino Médio’ regular (EM). Inovação é a palavra de ordem, mas nem isso gera atenção. O vão do EM parece ser vivido como grande obrigação senão ‘não serão ninguém’. Inovação é a tônica e estudo constante, mas parece que nada os atrai, satisfaz ou diminui a tensão. Suas rotinas de vida são muito tensas (comunidades parcialmente violentas) e/ou sem graça (sedentarismo total). Por que se importar?
Sala de aula tradicional, em sua maioria. Cadeiras enfileiradas, às vezes. Conteúdos sendo oferecidos de muitas maneiras. Professores repensando práticas. Mas alunos desatentos, desinteressados e agitados. Tempo de escola é bom. Mas a escola não importa. Eles não SE importam. O que vale é o social. Estar na escola para criar relações de todos os tipos é o que vale. ATENÇÃO só serve para isso: quem é quem? Quem está afim de quem? Quem ficou com quem? E a sala de aula cognitiva torna-se um campo de conflitos e desavenças. Armas antipedagógicas são arma para o silêncio, o controle e os limites. Sua utilização aumenta muito. Desatentos, eles têm diálogo difícil; e não se importam. Ignoram valores para suprir inseguranças, fragilidades e ignorâncias. Exposição para o social, nunca para o aprendizado por que eles não se importam.
Sala de aula é sala de convivência sim; mas dos interesses pessoais e lúdicos; não das necessidades cognitivas para conviver fora dali como sujeito social equilibrado, empático e empreendedor. Aliás, fora dali, a escola não importa mesmo: eles vão sem lápis, caderno e/ou uniforme e se incomodam quando são chamados atenção. O tempo da escola é marcado: de 18h40 até 22h é escola; de resto, é pura vida sem importância ou para suprir suas necessidades. Não importa o outro ou o amanhã.
Cadê os sonhos? Cadê os desejos? Cadê os objetivos? Para que estudar? O que fazer depois de formado? Não importa. Agora, não importa. Agora, a ‘boa’ é atender amores, alguns trabalhos, relações, músicas, celulares, baladas, futebol e, às vezes, família, se não for complicada demais. De resto, nada importa.
Sala de aula confusa. Revista em sala. Dificuldade em compreender etapas do trabalho. Dúvidas, dúvidas, dúvidas. Eles não me ouvem. Eles não se ouvem. Não importa. Penso em atenção. A mágica da atenção é o toque de Midas do ensino hoje. Ponto de mutação entre o ‘não importa’ e o ‘importa muito’. Os sons do silencio interno não acontece, nem em grupo. O celular é mais atraente. O futebol é mais importante. A roupa da festa é mais legal. Atenção, tudo é atenção. Observo e penso: o som é ruidoso e ele atrapalha. Será? Na vida, o som é duro, intenso e constante. Vivemos no meio dele e precisamos criar estratégias para nos focar e aprender, apesar de. Abstrair e aprender importa muito.
Como afirma Goleman (2013), aprender diante de sons intensos significa a presença de atenção seletiva “(capacidade neural de mirar em apenas um alvo, ao mesmo tempo em que ignora um mar atordoante de estímulos chegando, cada um sendo ele próprio um foco potencial)”. Meus alunos tem essa habilidade? Não sei... Como eles não Se importam, atrair ideias e pensamentos tem sido uma luta dura. Não escrevo sobre barulhos que eles mesmos fazem em sala junto aos colegas: são adolescentes; escrevo sobre sons de tiros terminando a aula no meio da noite; sons musicais altos demais nos ouvidos; sons emocionais tóxicos em família; sons de enfrentamento junto à direção ou aos professores; sons de baixa autoestima rotineiros: enfim, sons tóxicos que reprimem sua própria humanidade e que estimulam seus cérebros primitivos para sobreviver.
Segundo Goleman (2013), há dois tipos principais de distrações: a sensorial (aquela em que você lê algo, mas abstrai sons externos, cores ao redor ou outros estímulos quanto a sabores, cheiros, sensações tácteis etc.) e a emocional (mais desanimadoras porque os estímulos surgem carregados de informações e não há como abstrair: ao responder um e-mail, alguém chama seu nome, ai é impossível manter o foco: algo se perde no e-mail).
Para aprender, então, não é possível a presença constante do ‘tumulto emocional’. Algo que vai além da dinâmica da sala de aula diante de quaisquer áreas de saber. Meus alunos não se importam porque, inconscientemente, se percebem invisíveis e convivem com dinâmicas emocionais que não pedem licença para desorganizar seus pensamentos e por fim seus comportamentos. Meus alunos não importam porque há uma emoção premente desde cedo: o INCÔMODO. Meus alunos não se importam porque são incomodados. “A linha divisória entre uma ruminação infrutífera e uma reflexão produtiva está no fato de chegarmos a alguma solução experimental ou algum insight que nos permita abandonar esses pensamentos — ou se, por outro lado, simplesmente continuamos obcecados em torno da mesma preocupação” (GOLEMAN, 2013). Será que meus alunos reconhecem essas opções aos seus processos de aprendizagem? Não sei... Eles não se importam.
Atenção relaciona e equilibra diretamente FOCO e CONCENTRAÇÃO. É uma tríade fundamental à IMAGINAÇÃO e CRIATIVIDADE. Mas eles não se importam. Ansiedade, alerta, insônia, desequilíbrio emocional criam uma sala de aula às vezes reptiliana, às vezes límbica, quase nunca pré-frontal, ambiente da capacidade humana de manter o foco; ambiente que favorece o desejo de se concentrar (realizar as atividades escolares) e a decisão de ignorar os ruídos externos ao redor. “Como o foco exige que abstraiamos as distrações emocionais, nossa estrutura neural para a atenção seletiva inclui a inibição da emoção. Isso significa que quem tem melhor foco é relativamente imune a turbulências emocionais, tem mais capacidade de se manter calmo durante crises e de se manter no prumo apesar das agitações emocionais da vida” (GOLEMAN, 2013).
Só que meus alunos não se importam. Suas mentes se perdem. Suas emoções ganham ansiedade crônica. Seus comportamentos tornam-se disfuncionais. E a noite termina com broncas e ações antipedagógicas (reforço negativo): alunos fugindo da escola, alunos fora de sala e/ou alunos proibidos de participarem das atividades seguintes.
Não sei o que pensar... Preciso pensar... Eu ainda me importo...

Profª Claudia Nunes

Quando eu for VELHA


Quando eu for velha, não serei uma velha comum, daquelas que tricotam sapatinhos para os netos, não porque eu não ache isso bacana, é porque nunca tive paciência para o artesanato, aliás, sou um desastre nessa arte, rsrs.
Quando eu for velha, não quero que se preocupem em me visitar todos os domingos, somente para cumprir uma obrigação. Façam isso quando sintam realmente vontade de me ver, quando sintam saudades daquele cheirinho que só a "sua" mãe tem, quando sintam saudades do meu tempero, ou da forma que meus olhos olham para vocês, com orgulho, com amor e ternura.
Quando eu for velha, não quero que me levem feito um pacotinho de uma casa pra outra. Quero ficar no meu canto, "quero ficar na minha", vocês sabem o quanto eu valorizo a liberdade, não só a minha, mas sobretudo dos outros.
Quando eu ficar velha, quero que vocês me olhem e sintam orgulho de todas as minhas tentativas de viver a vida conforme os meus princípios, conforme a minha vontade. Não quero que pensem que fui egoísta, que alguma vez falhei com vocês, ou que eu amei de menos ou amei de mais. Eu simplesmente optei: eu quero ser mãe, eu quero gerar esse filho, essa filha, porque sei que eles serão pessoas especiais e que poderão fazer a diferença em suas vidas e nas dos demais e eu os amo muito!!!
Quando eu for velha, permitam-me ficar com meus netos e mimá-los do meu jeito, não critiquem se eu exagerar nos carinhos, nos presentes e se eu discordar com algum castigo mais pesado pra eles.
Quando eu for velha, não sintam pena de mim quando estiver debilitada, olhem para mim e digam: minha mãe é forte, ela vai vencer mais essa!! E não duvidem, eu vou vencer
Meus queridos filhos, não se sintam responsáveis por mim, eu lhes tiro essa obrigação. Eu os solto, os libero. Vivam suas vidas, trilhem seus caminhos, amem seus amores, formem-se, trabalhem, tenham êxito, criem seus filhos (se quiserem tê-los). Sejam corajosos, sonhem muito, sonhem alto! Sejam gentis, retribuam sorrisos, compartilhem bons momentos, cuidem de seus corpos, mas especialmente de suas almas. Jamais duvidem da existência de um Ser Superior. Não se prendam a dogmas, não julguem nada, não condenem ninguém, não acreditem em tudo o que lhes disserem, procurem vocês as respostas. Usem o poder que há dentro de vocês. Lembrem-se sempre disso: Vocês podem tudo! O impossível não existe, mas é preciso crer!
Autora desconhecida

E chega o primeiro FIO BRANCO


“Não tenho medo de morrer, tenho pena.” – Chico Anysio

Aos 53 anos, diante do espelho, escovando os dentes, eu encontro o PRIMEIRO fio de cabelo branco. Paraliso. Emudeço. Sorrio. Eu cheguei ao primeiro fio de cabelo branco. Meu corpo enviou um sinal: estou maduro. Eu sou uma pessoa madura! Sem desespero, observo com carinho aquele fio cuja mensagem traz todas as minhas memórias, além da certeza da passagem do tempo. Ideia inicial: não quero disfarça-lo. Sentimento: eu o amo! Nossa, eu o amo mesmo! Conhecimento: as células que produzem a melanina (cor do cabelo e da pele) estão disfuncionais. Que luxo ter a sorte de ser surpreendida por um cabelo branco cheio de informações de meu meio século de vida. Eu já vivi meio século! Isso! Estou diante da minha vida e de tudo pelo que passei para chegar até hoje em frente ao espelho. Observo tudo ao redor: estou de pé, ativa, escovando meus dentes, autônoma, sonhadora, desejante, projetando, amando, pensando, decidindo, lutando por cada por do sol; e isso significa aquele fio de cabelo branco! Minha utilidade não está questionada, mas sim o tempo de utilidade. Um fio de cabelo branco é a certeza de que pude muito e de que posso muito mais, justamente diante da presença dele. Puxa que sorte! Será estresse, hereditário, muitas noites mal dormidas ou déficit de cobra na alimentação? Tudo e nada! É a sorte de viver o tempo passando, ultrapassando obstáculos e pessoas, em busca de um horizonte de muitas conquistas e amigos, sem muitas frescuras. Meu fio de cabelo branco seja bem vindo! Mesmo sendo imigrante digital, fui pesquisar razões pelo aparecimento dos primeiros fios de cabelos brancos. Muita gente escrevendo suas impressões; mas ninguém dando conta dos meus sentimentos. Estou feliz demais! Eu tenho um fio de cabelo branco e, pelo jeito, é hora de deixar a vida realmente seguir seu curso e acompanhar novos e belos aparecimentos com mais simplicidade. Não vou e nem quero disfarçar! Eu sou eu com tudo o que tenho direito. É mutação, evolução, revolução dentro do curso natural de um organismo. Alma superinfantil, mas corpo no pico da resistência. Sua durabilidade já apresenta probleminhas. Mas e a experiência? Antes de pensar dentro de um redemoinho de emoções incomodas, devo relaxar: os fios chegam para todos que tem a sorte de chegar aos 53 anos. Ao terminar de escovar os dentes, continuo observando
este fio causador de tantos pensamentos. Ele não está sozinho e nunca chega de repente! Mas seu brilho é único: porque sou eu e ele é meu. Sem preocupação, angústia, ou gerúndio: é apenas hora de refletir melhor sobre mim, minhas atitudes, meu futuro, meus projetos, minha coleção particular de certezas e crenças. Será que tudo ainda vale tão a pena assim? Fio de cabelo branco é como um grito de ‘Eureca’! E o tempo é curto mesmo. Quais lições eu posso aproveitar ou reaproveitar? Quais emoções eu devo manter ou descartar? Um fio de cabelo branco serve para, de novo, que nós agradeçamos pela vida... pelo tempo de vida... e deixemos de surrupiar este mesmo tempo com competições, ressalvas, mesquinharias ou ilusões. O tempo é curto mesmo! Penso: um fio de cabelo branco nunca é ingrato: chega quieto e sem alarde, mas nunca é ingrato. Ele coroa um estilo de vida. Descobri-lo é um alarde, mas ele nos observa sorrindo. Não podemos (e nem devemos) nos livrar. Ele exige que o encare e se aceite. Eu mesma sou o tempo que o tempo me deu. E agora os cuidados comigo devem ser maiores e prioritários: eu sou o meu poder e minha autoridade. Fora isso, eu sou comum: um fio de cabelo branco que chega para todo mundo. Agora: que estilo assumir? Fio de cabelo branco nos obriga a um novo estilo ‘de tudo’! Diante dele, não há outro jeito: sinto-me vital, gentil, normal, energética, positiva, boa, esperançosa e quase realizada. Adoro meu fio de cabelo branco, meu espelho e minhas descobertas, sem ‘neuras’.

Profª Claudia Nunes

Nada nunca é igual

  Nada nunca é igual   Enquanto os dias passam, eu reflito: nada nunca é igual. Não existe repetição. Não precisa haver morte ou decepçã...