segunda-feira, 2 de julho de 2018

Análise livro EXTRAORDINÁRIO


Acabei de ler o livro Extraordinário. Terceiro livro que leio em Epub. Estou em uma sequencia de leituras de ficção bem interessante. E realmente acredito que estou noutro momento: não achei o livro nada de mais, muito menos extraordinário.
Família classe média: pai e mãe, filha mais velha, Via, e Auggie. Auggie é um garoto que sabe muito bem quem é, quem não é, como as pessoas o veem e o que falam sobre ele. Ainda assim sonha em ser como qualquer um. Ele sabe que não pode. Ele reconhece sua dificuldade física. Mas ele sonha como qualquer criança. Antes de ser extraordinário, ele é estranho, diferente, esquisito: a novidade. Ele está deslocado. É a aberração. É o assunto do colégio. É a praga.
Auggie é o narrador e personagem principal do livro. Ele tem uma doença genética. Esta o leva a passar por várias cirurgias para ser menos ‘repulsivo’ (fala dele) e a perder a convivência com as crianças de sua idade. Para ser comum, ele precisa ouvir, enxergar e engolir, daí as cirurgias. Deformação no rosto, não na alma.
Protegido, amado, querido pela família. Eis que surge a hora de ir à escola de classe média alta: está no Fundamental. Não há mais esconderijos. Ele terá que suportar o olhar, as expressões e os preconceitos de outras crianças. Ele terá que conviver longe da família e ganhar autonomia. A escola é seu grande desafio. Sempre a escola... Ele vai socializar sua dificuldade, além dos portões de casa. Extraordinário? Não!
Há um diálogo afetivo e claro entre os pais. Há um diretor de escola ai sim extraordinário. Há crianças cruéis. Há situações constrangedoras. Ele é o diferente. Seu rosto é extraordinário: fora do comum. Como diz um dos personagens, ‘parece que ele derreteu no fogo’. Nós acompanhamos toda a dinâmica da família. Família feliz ao estilo romântico. Nós acompanhamos as mudanças nas amizades, no corpo e nos pensamentos da irmã mais velha, agora adolescente, que estuda noutra escola e que chega ao ensino médio.
Irmã agora em dúvida em relação ao irmão. Ela tem dilemas, tem vergonha, começa a namorar, perde melhores amigas, recupera uma delas, tudo normal para uma menina que vem saindo da pré-adolescência.
Todo o livro relaciona-se ao crescimento de Auggie na escola, espaço livre da proteção dos pais. Nós o admiramos pela forma verdadeira como ele SE encara e como constrói amizades reais sendo objetivo em suas atitudes.
Livro é sobre a diversidade em meio à normalidade; sobre gentileza, igualdade, mesmo entre crianças; sobre respeito, principalmente, em relação aos pais das crianças, já que a escola é de classe média alta.
Linguagem simples e dinâmica: capítulos curtos.
Auggie é aceito porque seu diretor reconhece seu potencial. Algumas famílias não aceitam bem tudo isso: ‘ele causa problemas e pode causar queda nas notas dos alunos ou problemas nas relações’. Há preconceito explícito: ameaças de retirada da ajuda financeira da escola por parte de alguns responsáveis. Pensar que as coisas mais simples causam grandes discussões que não leva a nada. A vida é para ser vivida intensamente, não importa a sua origem, cor de pele, condição física, religião e outros fatores que infelizmente levam as pessoas a terem algum tipo de preconceito com os outros. O diretor banca Auggie.
Auggie cria amizades reais: elas pouco se importam com sua aparência. A garra do menino é emocionante; mas, como esse diretor leva todo o processo de integração do garoto, é extraordinário. Nós observamos o crescimento emocional de Auggie, apesar de questionar a vida sobre o porquê de ter esta doença ou essa marca no rosto.
Auggie e sua família vivem bem os problemas que aparecem, mas sua postura quanto a si mesmo não é a realidade: ele se aceita, faz ironia de si mesmo, já reconhece os sentimentos nos rostos das pessoas que o veem, ainda assim se sente frágil e muito inseguro às vezes. Que criança de 10 anos faz isso?
Mesmo na escola há uma aura de proteção em favor de Auggie. Livro é um manifesto antibullying. Mostra formas de bullying para denunciá-lo e eliminá-lo dois ou três capítulos posteriores.
Infelizmente, Auggie não pode ser mais um na multidão. Mas confesso que senti grande irrealidade em muitas situações. É tudo perfeitinho e rosinha demais.
De novo um livro que reúne situações cheias de preconceitos em relação a aparência e que se resolve de forma romântica demais. E no fim, o senso comum: felizes para sempre rumo ao Fundamental 2 e aplausos generalizados.
A história é simples demais. Não sei se verei o filme...

Profa Claudia Nunes

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