sábado, 9 de novembro de 2019

Um mundo de homens destrutivos



Nossas mentes e amígdalas cerebrais estão em alerta constante, atualmente. O mundo parece ser uma casa assombrada cujos fantasmas não param de fazer ruídos que nos impedem de dormir / descansar /relaxar. Será que estamos vivenciando o ‘lado negro da força’? Como chegamos a viver com tanta destruição de nós mesmos?
Primeiro, nós não somos os ‘mocinhos da história’. Aliás, quase todos os ‘mocinhos’ são chatos demais. Nós somos ‘tudo ao mesmo tempo agora’: somos bons e maus, de acordo com o momento ou a necessidade. A capacidade de fazer o bem ou o mal parece existir em todas as pessoas e sociedades. A capacidade de matar é parte da natureza humana, e todos nós podemos agir assim, em determinadas situações.
Em nossas mentes, emoções primárias como surpresa, raiva, alegria, nojo, medo e tristeza estão sempre misturadas e criam outros sentimentos e posturas, as vezes ruins, quando estimulados / influenciados, por exemplo, por pessoas ou situações tóxicas, constantemente. O problema não são esses sentimentos; nem sua toxicidade; o problema são esses sentimentos exatamente sendo vividos constantemente.
Ambição, orgulho, insegurança, vingança, por exemplo, são sentimentos que mais aparecem na mente intoxicada negativamente e, por isso, tornam-se naturalizados quando convocados e evocados pela memória, nos comportamentos e nas relações com / para os outros. Essa naturalização gera necessidades de proteção pessoal através do poder / de um poder destrutivo; logo, inflingir dor, em quaisquer níveis, em quaisquer pessoas, torna-se senha de acesso e sucesso para conquistar o que desejar.
Seres destrutivos e cruéis o são, pelo tempo de exposição ao próprio mal durante seu desenvolvimento mental. Em muitos casos, é uma psicose cujas estratégias são: retaliação acintosa, mentiras articuladas, criação de salvadores ‘bodes expiatórios’ e grandes / enormes conhecimentos em tipos de manipulação. Pessoas desconhecidas tornam-se cobaias dos seres humanos mais destrutivos, ou porque não sabem se defender, ou porque não podem. Aos seres destrutivos parece que há uma incapacidade orgânica de sentir compaixão ou empatia.
Hoje, nós precisamos observar em detalhes, os contextos sociais /afetivos, as historias de vida e a biologia dos sujeitos para entender seus graus de destruição do outro. O sucateamento da Educação, da Saúde e da Segurança criaram inseguranças emocionais, menos acesso aos valores sociais e, por isso, mais anti-empatia. O mal nunca deve ser encarado como natural; ele é sim engatilhado e exacerbado durante o desenvolvimento humano por maus exemplos. Exemplos que organizam e adequam o sistema sensorial de um sujeito de maneira disfuncional. Daí, em grande proporção, imitar seus pares ou suas vivências é o caminho mais fácil e seguro.
Hoje precisamos de mudanças estruturais em nossas políticas públicas e em nossos comportamentos, ‘vibrando’ energias mais empáticas, principalmente, no coletivo. Ainda que o mal seja fascinante: nós sobrevivemos por mais acessos aos recursos fisionômicos, financeiros e profissionais; e, pela ação de ‘matar’ nossos rivais, tirando-lhes a chance de reprodução. Estas são sobrevivências para manutenção do tempo de vida ativa e para adequação das adaptações para manutenção do tempo vida ativa. Somos os mocinhos e também grandes vilões de nós mesmos, e estamos perdendo o poder de consciência do próprio valor humano.
Nos dias atuais, seres destrutivos só o são porque nós aceitamos / demos liberdade às nossas fragilidades e medos. Quando acreditamos que o mal é uma escolha, acreditamos que, neste tempo, podemos mudar a parabólica da vida e escolher o bem em nossos corações.

Lembre-se: nem Darth Vader, nem Malévola foram maus o tempo todo!

Profª Claudia Nunes (08.11.2019)

Privacidade na vida moderna



Estamos nas nuvens. Estamos distorcidos pelo ambiente virtual. Com a internet, corpos e mentes estão misturados e alcançando lugares inimagináveis. Quando pensamos em teoria da conspiração, a paranoia vai além do adequado. Mas estamos nas nuvens mesmo. Já somos arquivos estabelecidos na Internet e provocando contatos múltiplos. Nós tocamos tudo de forma consciente ou não. Mentes com memórias organizadas e expostas junto a muitas raízes cujas pontas não temos ideia onde tocam. É círculo vicioso de toques, expressões e conquistas.
Ainda assim queremos privacidade. Ainda assim acreditamos que, nas redes sociais, podemos estabelecer privacidade, nichos, espaços individuais e segurança. Como assim? Nosso imaginário se perdeu? Nem na vida real, nossas redes sociais têm esse caráter possessivo. Aliás, nessa tal ‘vida real’, possessividade é sempre um sentimento visto de soslaio e analisado como negativo às relações, então como querê-lo em rede social virtual? Só para lembrar e pensar: com o CPF, nós já não temos privacidade muito antes da Internet. Nossos dados (vida) estão nas nuvens há muito tempo.
A rede nos desestabilizou; ignorou nosso véu de segurança construído a duras penas; abriu-se ao uso pleno de todos, com todas as intenções; aceitou todas as formas de ideias, desejos, imersão e interatividade; gerou prazeres diversos, mesmo os mais torpes; e alimentou nossa vontade de nos desdobrar em muitos espaços. E a privacidade? Grande ilusão de uma era a.C.
Nós precisamos reaprender a nos controlar em nossa vontade de ser ‘super’ qualquer coisa e voltar ao simples da vida, basicamente, voltado ao autoconhecimento. Como dizem sempre os mais velhos: “feche a boca sobre seus planos, porque nem sempre quem escuta quer o seu bem”. Ou “escute mais e fale menos”. E, no caso da rede social virtual, “exponha-se menos, observe mais e viva com mais saúde”. Afinal, privacidade é uma construção de quem sabe que determinados momentos da vida precisam ser preservados ou cujas informações devem ser bem administradas, individualmente.
A rede social virtual ampliou nossa rede social real e nós perdemos o controle de nós mesmos. Como assumir ‘telhado de vidro’ é difícil, culpar o outro, no caso a Internet, é mais cômodo e gera uma capa de invisibilidade às nossas incapacidades sociais / relacionais. Nada de teoria da conspiração: estamos sempre nas nuvens, somos observados mesmo e precisamos apenas nos controlar em nossas comunicações e interações.
Privacidade é uma decisão para o fortalecimento da memória e qualificação das experiências. Mas se o coletivo da rede social virtual lhe agrada, se controle, pare de reclamar, você nunca foi uma ilha!

Profª Claudia Nunes (07.11.2019)

POR ENQUANTO...



De repente, o mundo vira ‘por enquanto’, uma locução adverbial que altera os sentidos da qualidade do tempo (adjetivo) e das ações. (verbo). É a dúvida do tempo presente... da vida do tempo presente. E, no meio de um nevoeiro de emoções, o ‘por enquanto’ exige experiência, memória e muita paciência. ‘Por enquanto’ eu serei isso, farei isso, viverei isso; e a roda da vida segue girando, agora, com fortes deformações. Sem as seguranças habituais só posso viver o ‘por enquanto’ com limites de uma ou duas decisões ao dia. O que se pode esperar? ‘Por enquanto’, nada! Esse ‘por enquanto’ finaliza tempos, jeitos, atividades, caminhos e crenças. As respirações se desorganizam e, ‘por enquanto’, meu olhar precisa se fixar no autoconhecimento relativamente sem controle, de novo, ‘por enquanto’. É difícil. É rascante. O movimento da vida, ‘por enquanto’, apresenta pedregulhos assustadores e, ‘por enquanto’, não há desvios saudáveis. Estou limitada no momento presente menos colorido e diante de um volume de nuances que precisam de atenção e solução ‘por enquanto’. Não há como correr. É enfrentar o ‘por enquanto’ e, ‘por enquanto’, saber o que fazer para viver feliz justamente no ‘por enquanto’. A vida está assim... ‘por enquanto’...

Profª Claudia Nunes (06/11/2019)

REMODELANDO MENTES JOVENS



Vendo uma cena do filme “Ghost, Outro lado da vida” (1990), em que Patrick Swaze e Demi Moore se sentam juntos para remodelar o barro em busca de criar uma jarra num clima de muito amor e paixão, pensei no processo de aprendizagem dos jovens hoje. As mídias digitais já processam uma remodelação intensa e, quando parceiras nas metodologias educacionais, ensinar torna-se observar, restaurar, reestruturar, reorganizar elementos emocionais de dentro para fora do organismo humano.
Mas, dentre todas as ações dirigidas aos jovens, OBSERVAR suas formas de atuar no coletivo, com respeito, é fundamental. O mundo mudou totalmente e adaptações cognitivas são necessárias. Cada jovem tem sua essência genética e modelagem contextual, utiliza recursos diversos para interagir com pessoas, emoções e objetos, logo, por isso, ele precisa ser estimulado, minimamente, dentro de procedimentos que evidenciem sensações de pertencimento. Ensinar representa um desafio à qualificação da autoestima, da criatividade, da imaginação e da liberdade de expressão.
Nós precisamos “melhorar a capacidade das pessoas de pensar e perceber, modelando o sistema nervoso por meio do exercício de áreas de processamento específico, de modo que elas realizem um trabalho mental mais intenso”. Todos os lobos cerebrais precisam continuar se integrando com força e qualidade. Mas quais exercícios são possíveis? De pronto devemos pensar em dois recursos metodológicos: dinâmica de grupo e desafios imagéticos. Ambos potencializam imaginação, memória e tipificam as funções executivas. Ambos são incentivos a neuroplasticidade e melhoram o funcionamento cognitivo (formas de aprender, pensar, perceber e lembrar). A que nos referimos? Potencialização e aprimoramento das aprendizagens através de repetição e trabalho em grupo. Ambos os recursos aumentam a precisão e a assertividade dos resultados por causa, justamente, da união de informações, liberdade e atitude (tipos de criatividade para se chegar aos resultados).
De acordo com Merzenich, este é o momento em que podemos mudar a estrutura do cérebro e aumentar sua capacidade de aprender. De novo, a que nos referimos? Processos adaptativos. Nossos alunos precisam ser desafiados em suas formas de perceber, pensar, organizar e evocar memórias constante e diversificadamente. O cérebro que Merzenich descreve não é um recipiente inanimado que preenchemos de forma desconectada; “na realidade, parece mais uma criatura viva dotada de apetite, uma criatura que pode crescer e se transformar com nutrição e exercícios adequados”. E justamente neste APETITE que nós, professores, precisamos tocar e encantar com práticas alinhadas com a formação humana e positiva. É um apetite de vida, de futuro, de conforto, de construção, de ser vivo humano desejante.
Alguns exemplos:
- roda de discussão temática com produção de atividade, no coletivo;
- trabalhos manuais, principalmente com cores;
- projetos diversos com trabalho em grupo;
- pesquisas com diferentes tipos de entrevista sobre o assunto;
- desafios de raciocínio lógico;
- montagem de mural imagético ou vídeos sobre tema específico;
- experimentação de quaisquer das manifestações artísticas;

Prestem atenção, por favor!

Profª Claudia Nunes (29\10\19)

A professora não sabia... mal sabia... soube...



Da mesa da sala de aula, a professora observa seus alunos de forma diferente. No repentino silencio daquela hora, eles estavam diferentes mesmo. Ontem, alunos agitados; agora, em grupo, focados e desenvolvendo uma atividade. Mesmo dentro de um contexto de violência grave, eles tinham condições de fazer a diferença. Eles só não sabiam disso. Eles foram influenciados por um meio ambiente preconceituoso e ignorante. Sem parcerias emocionais coerentes e adequadas, eles chegaram aos 18 anos com poucas chances de realizar metacognição (pensar sobre o pensar) e elaborar seu tempo com mais habilidade. Eles mal se conheciam. Suas potencialidades foram, por muito tempo, alijadas para segundo plano: eles foram invisibilizados desde o nascimento e tinham pouca consciência disso.
Será que é possível tocá-los de modo especial? Que tipo de encantamento lhe daria o up necessário ao autoconhecimento e autossuficiência de uma vida em sociedade? A professora não sabe. Ela não tem resposta. Ela só precisava lhes dar qualidade cognitiva. Mas ela estava chateada. De repente, ela estava muito chateada. Qualidade cognitiva ignorava seus mecanismos emocionais; suas rotinas de vida; seus múltiplos saberes; seus sonhos e desejos. Tudo isso foi tão encoberto por tantas influencias desajustadas que seus comportamentos exprimiam mais frustração (pelas indiferenças e indisciplinas) do que resiliência ou superação. Eles perderam o ponto da vontade muito normal na adolescência: o ponto do sonho.
Como restaurar seus sonhos? Como remexer em suas emoções e fazê-los desacreditar de tudo o que disseram para eles, sobre eles, a vida toda? A professora não sabia. Eles apenas sobreviviam; tinham poucos objetivos, muita insegurança e medo; eram solitários apesar de se socializarem muito bem. O que seria deles daqui a dez anos? A professora não sabia. Alguém precisava surgir como exemplo na vida deles: devia ensiná-los a lutar, a superar, a fracassar e levantar, a pensar, a entender que o tempo deveria ser aproveitado para viver consciente de si e dos outros sem tanta ansiedade. Eles deveriam entender que, em um futuro próximo, eles poderiam atuar como cidadãos e iniciar mudanças importantes na sociedade. Mas o número de experiências a que tinham acesso não criava memórias positivas. Eles viviam o conturbado \ o caos \ a sobrevivência.
Será que eles sabem que a vida deles tem real importância? Será que eles entendem o termo ‘valorização pessoal’? Será que sabem que o controle do tempo... do próprio tempo... está em suas próprias mãos? A professora não sabia. Ela os olhava animados, conversando, rindo, produzindo, e não tinha resposta para nenhuma dessas perguntas. Ela estava triste. Como é difícil ser jovem de comunidade hoje! Livros e livros de autoajuda surgem como grandes solucionadores da vida tóxica das pessoas. Mil regras e estratégias são criadas para proporcionar realização de vida em diferentes setores. Mas e aqueles jovens? A professora os olhava e sabia: ATENÇÃO.
Ninguém lhes dava atenção e eles não tinham atenção. No círculo vicioso, o vagalhão atenção, foco e concentração perdia força na maré de exigências, obrigações, preconceitos, violências, fome, ignorância, e os incapacitava a ‘ser gente’. Exemplo, atenção, foco e concentração, palavras que mobilizam memória, linguagem, raciocínio lógico e funções executivas: todas relacionadas às funções cognitivas.
Aos 18 anos, como focar em sonhos e desejos se o estofo, os comandos, o chão, a família não lhes dá segurança para experimentar suas potencialidades para talvez errar e voltar para começar de novo? Para essa questão a professora tinha resposta: eles deveriam aprender a entender a si mesmos; deveriam se conhecer realmente; deveriam entender o que os leva a fazer o que fazem e se isso é tão importante para suas vidas. Eles devem se questionar sobre como seus atos, hoje, pode reverberar em seus objetivos de vida. Eles devem aprender o autoconhecimento para moldar o próprio destino. Todos têm talentos, habilidades e estas precisam ser estimuladas e exploradas para autossuficiência futura.
Com certeza, eles não têm as mesmas oportunidades que outros jovens, até mesmo de outras comunidades. Mas precisam aprender que oportunidade é algo que se conquista com muito esforço e só um pouco de sorte. A professora sabe que isso não é fácil. Mas encantar e despertar outros comportamentos emocionais e cognitivos exige pequenas mudanças nas formas de se relacionar e no volume de informações a que estes alunos têm acesso.
Fim da aula. A professora, agora, sabe de algumas coisas cuja palavra de ordem era DESAFIO. Seus alunos precisavam de desafios. Desafios de seu tempo, para suas mentes, com suas imagens, seus saberes, suas emoções, com a força da verdade, de forma a provocar a vontade de mudar. Acreditar, desejar, crescer, guiar, experimentar, palavras que os destinarão para sua própria grandeza: a grandeza do seu desejo \ sonho.
Próxima aula: roda da verdade: quem é quem no jogo da vida em sociedade? Vamos explorar as sutilezas dos sonhos mais guardados da vida de uma pessoa e pensar em como conquistá-los a partir de valores sociais fundamentais. Não é possível desperdiçar tanta juventude num tempo só.

Profa Claudia Nunes (22\10\19)


Cabelo: mutações e compridos; representações e curtos



Fundo do poço! Santa estava no fundo do poço! Por uma grande aventura, ela se encontrava no fundo do poço. E pior: fora ela que tomara a decisão da aventura de corpo e alma, literalmente. Tudo e todos foram envolvidos. Ela sempre fora assim: ela sempre acreditou muito nas pessoas. A vida era sua plataforma de sobrevivência: seu ‘pulo do gato’ à felicidade. Viver era seu verbo mais intenso em todos os seus tempos.
Mesmo assim, Santa sabia que, em muitos casos, sua ingenuidade era sua tarja preta. Aos olhos dos outros, ela era diva, volúpia, alegria, vibração: uma força sem limites. Aos seus próprios olhos (e de alguns amigos), ela era tímida, ambígua, fera, verdade, grata e muito... muito aventureira de si mesma. Santa nunca se negava a SE experimentar de corpo e alma no que acreditava. Tinha medo? Lógico! Medo da solidão, do descaso, da burrice, da fome, da ingratidão, do vício e da falta de vontade de ser feliz. Só que parte desta metáfora humana, agora, no fundo do poço, estava distorcida / fragmentada.
Santa estava em dor. Dor do arrependimento, da ‘falta de chão’ e da decepção. Da cama, ela olhava as muitas fotos em sua parede: ‘Que vida linda! Cores em tudo! Cabelos sensacionais! Ops, cabelos?’. Olhando com mais atenção, Santa descobriu: em cada emoção um cabelo. Sim! Ela se desenvolvia emocionalmente em torno do seu cabelo. Cabelo era sua senha para o mundo, mesmo que ninguém percebesse; e era manifestação física de suas emoções. Cor, tonalidade, comprimento, tudo mostrava como ela se sentia em cada momento da vida. As fotos diziam isso e ela pensava: para todo fundo do poço há um cabeleireiro. Cabelo é uma linguagem, uma mensagem, uma força, um esconderijo, um ponto de contato com suas formas de transformação e superação. Santa de repente notara a si mesma naquelas paredes.
Do fundo do poço, diante das fotos, ela se levanta e se encara no espelho do armário. Que horror! Que cabelo é esse? O que ela fez da vida? Fundo do poço e seu cabelo, que tragédia! E agora? Santa chorava copiosamente. Seus cabelos e mais a idade, que loucura! Há um dor transcendental quando o feminino se percebe descabelada: insatisfeita, inútil, sozinha, sem chão, frágil, velha. E o espelho é muito cruel. Alguém bate a porta do quarto: ‘Mãe, tudo bem? Você ta chorando? Deixa eu entrar...”. Assustada, Santa se levanta, se arruma um pouco, passa creme sob os olhos e abre a porta. Antes que fale algo, seu filho diz: “Mãe, que cabelo é esse? O que você quer mostrar? Você sempre foi tão linda e tão diferente!”.
De novo, o cabelo como primeiro ponto de contato com o mundo... e um mundo de seu amor maior. Diferente... Seu filho dissera ‘diferente’! É a hora, então! Santa entrou na primeira loja e comprou cabelos compridíssimos e cheios. Era a hora de se reapresentar à vida, ela era ‘diferente!’. Na rua, cabelos como manto do empoderamento e da autoestima; como alimento às decisões; como escada fora do fundo do poço; como ‘olhe bem, deseje sim, mas não toque’; como liberdade cigana; como amadurecimento, experiência e paixão; como energia e rédeas sobre si mesma; como um grande blefe; como ornamento para trilhar os caminhos de luz fora do fundo do poço.
Santa perdeu a monotonia do fundo do poço. Voltou a acreditar em si mesma e ganhou espaço, dinheiro, amores. A vida estava na parabólica ascendente porque ela quis assim. Ela tinha o cabelo de uma mulher que sabe blefar com a vida para renascer, refazer-se e reconquistar tudo o que quiser. Tudo comprado a prazo, mas vivido à vista e com intensidade. Mas quando a grande onda passou, Santa guardou os cabelos e desejou outra coisa: outra pessoa, outro cabelo, outra mulher, outra menina. Assim ela era como boa geminiana.
Santa caminha pelas ruas do Rio de Janeiro, de cabelos curtos, tratados, perfumados, pouco distraída, em paz, em promessa, comandada por mercúrio, criativa, falando menos, amando de novo, livre, sem tantos artifícios, possível, sorridente e, de novo... aventureira. Sim! De novo o domínio da aventura estava em suas mãos. Ninguém escapa a sua essência e de cabelo curto abençoado...

Profª Claudia Nunes (18.10.19)

Um ponto de mutação real: permita-se!



“Quando não podemos mudar a situação, temos o desafio de mudar a nós mesmos”. (Victor Frankl)

Um dia de domingo. Um dia que, de repente, repensar experiências e memórias surge de forma avassaladora e dolorida. Será o calor? Sonia não sabe... Mas é um sentimento / uma necessidade estranha. Sonia acorda e intensifica os trabalhos domésticos. Seus pensamentos não podem fazer morada em sua mente. Ela acabara de sair de uma depressão. Varrer casa, estender a roupa, lavar banheiro, tomar café, lavar louça, Sonia precisa ocupar mente e corpo, para distrair-se de seus pensamentos. É importante não se deixar levar pelo mais fácil porque ela sabe onde isso a levara. Fazer, agir, decidir, arrumar, ações que injetam adrenalina e paz. O meio dia chega. Nada a fazer, e agora? Sonia mergulha no armário e em sua enorme estante de livros. Agora sim, nada a perturbara. Agora sim, ela está blindada com seus prazeres. Agora sim, seus pensamentos perdem intensidade. Ainda que todos os livros de autoajuda se recusem a entender, há horas em que hábitos e costumes salvam uma pessoa de seus próprios demônios. Sonia se sente organizada e como ‘boa humana’ pensa sobre seus pensamentos. Não há como escapar das experiências já vividas. Nós somos quem somos pelo conglomerado de experiências que incluímos e trabalhamos na memória, ao longo da vida. Será que repensar pode ser visto como momento de coragem? Será que a dor sentida junto ao repensar é remédio, traz metamorfoses, cria ideias de superação? Sonia, agora mais calma, gosta do que sente. Como o tempo só anda para frente, nós não podemos pensar em substituir experiências, principalmente, as desagradáveis. O tempo não para e não volta. A melhor atitude é, vez por outra, encarar e ressignificar o que for preciso ou necessário. Isto não é fácil porque tocar em feridas é revivê-las, porém, de outra forma, revivê-las é ter a oportunidade de repensá-las e requalificá-las com mais positividade. A vida e o tempo só são bons para quem, em diferentes situações, e com bom autoconhecimento, consegue bom equilíbrio emocional, apesar da dor, qualquer que seja. Sonia, depois da depressão, quer isso para ela. Só para ela. Só para vida dela. Depressão é uma experiência ruim. Mas sair de uma depressão é encarar outra perspectiva de vida, algo menos angustiante, solitário e cansativo. Sonia tinha essa oportunidade. Agora, seu processo era de aprendizado. Ela aprendera a dar outro sentido às emoções que, de repente, lhe assolavam negativamente. Seriam mesmo negativas? Precisavam ter essa carga negativa? Na terapia, Sonia aprendera que pensar em como sentir e pensar emoções era fundamental para se entender e viver as próprias emoções. Sentada no chão do seu quarto, Sonia lia... se distraia... pensava... se acalmava... e repensava suas emoções da manha. Sonia se readaptava, se reconstruía, entendia suas emoções e se preparava para inutilizar a carga emocional como algo necessário, um aprendizado, mais um aspecto para sua saúde mental. É um processo de descoberta e autoconhecimento que Sonia teria que realizar a vida toda sozinha ou com ajuda profissional. Com a tarde chegando, Sonia se arrumou, pegou seu carro e, sorrindo, dirigiu livremente pela cidade, com pequenas certezas criando raízes em sua mente: eu sei me controlar; eu me conheço; eu tenho valor; eu posso estabelecer limites; eu sei o que quero fazer dia a dia; eu aprendi a ‘ser gente’ mesmo com emoções estranhas; eu posso pedir ajuda; eu consigo viver bem hoje; eu tenho com que contar; eu sei o que fazer. Sonia seguia seu mantra de saúde mental. E assim repensar experiência e memórias pode liberar tensões, aprofundar o autoconhecimento, aumentar a autoestima e o equilíbrio emocional, criar mais assertividade nas relações, desenvolver mais resiliência e empatia. Hoje Sonia se conheceu mais um pouco... Parabéns! Permita-se!

Profª Claudia Nunes (13/10/19)

Autocuidado = Autoconhecimento



Pensando em saúde mental. Pensando em momento de estresse. Pensando em situações cuja solução não depende de nós mesmos. Pensando em autocuidado enquanto o autoconhecimento acontece. Pensando em saúde mental mesmo. Há tempos na vida em que tudo em que você acredita é posto à prova; tudo o que você vive tem outras cores / importâncias; tudo o que você é não basta. Há tempos na vida em que você percebe que o fundo do poço tem porão e este, além de escuro, está cheio de bugigangas de outros momentos que você acredita superados. Mas ainda assim, você tem um compromisso: adaptação e mudança. Não há outra coisa a se fazer do que mergulhar no momento, se envolver nas incertezas e, mesmo assim, por uma questão de memória afetiva, estipular muitas prioridades justamente para o autocuidado.
Com o autocuidado, quaisquer demandas podem ser encaradas, mesmo aquelas que você julga controladas há muito tempo. Neste sentido, não há autocomplacência ou autopiedade, há apenas a busca constante de saúde, equilíbrio e resiliência: você precisa continuar viva. Num mundo percebido como veloz, artificial e tenso, esta busca é uma luta, um jogo de cabo de guerra em todo o nosso desenvolvimento emocional, cognitivo e físico. Não estamos sozinhos, somos humanos, sabemos de nossas imperfeições, mas devemos procurar nos desviar constantemente da ansiedade e do estresse, apesar de nos envolvermos com as diferenças, as outras eficiências e os grandes transtornos... de caráter. A manutenção da saúde mental é coisa séria mesmo! Sugestão? Experimente terapias alternativas, como meditação, acupuntura, reiki, aromaterapia, yoga, vários tipos de massagem, técnicas de mindfulness, quiropraxia etc. Lembre-se, você merece!
Autocuidado para a manutenção da saúde mental é uma prática de todo dia; é buscar formas de encontrar e praticar calma, equilíbrio e relaxamento. Envolva-se com energias mais positivas. Não há tempo para desperdiçar. Isso não é apenas ‘ser forte’; é, primordialmente, ser um ser saudável em compromisso consigo mesmo, vivendo em uma sociedade distraída de seu capital humano. Crie um plano pessoal de autocuidado com suas necessidades, seus pensamentos, suas formas de controle, seus estudos, suas formas de se relacionar, suas rotinas, seus hábitos etc. Eles são positivos? Precisam continuar acontecendo? Podem ser modificados ou transformados? Lembre-se: pensar em autocuidado é pensar em autoconhecimento e fundamentar sua saúde mental de forma real.

Nada quebrara o ‘cabo de guerra’, mas amenizará e clareará bem o ‘olho do furacão’.
Aproveite o tempo, seu tempo, quaisquer tempos e pratique autocuidado!

Profª Claudia Nunes (11.10.19)

Impaciências ou ansiedades: de nada adiantam...



Impaciência ou ansiedade? Não importa: ambas prejudicam objetivos. Objetivos precisam de calma real, estratégia criativa e ações focadas. Objetivos precisam do aprendizado sobre inteligência emocional. De novo, falamos de processos atencionais, agora, sobre você mesmo e suas prioridades. Tudo na vida é movimento e neste, os processos e as escolhas determinam seu futuro. A questão é: você sabe esperar? Você é parceiro do seu tempo? Processos atencionais e controle inibitório, ou seja, em relevo, estímulos emocionais e funções executivas. Para o senso comum, ‘nada acontece antes do tempo’ ou ‘tudo tem sua hora’. Seu sonho e determinação relacionam-se com os passos firmes ou não que seguirá ao longo da vida. Determinação e consequência influem em suas propostas de mudanças e possíveis realizações: você tem apostado em si corretamente? Para chegar ao ápice de uma carreira; passar em um concurso ou avaliação escolar; conquistar amor ou apartamento; ganhar diferentes tipos de liberdade; seja parceiro do seu tempo, compreenda seu tempo, aceite os nãos das horas do seu tempo... Para o senso comum, de novo, “o mundo dá voltas e o que for seu será”. Não adianta impaciências ou ansiedades. “Querer não é poder”, isso é real. À força só se ganham prazeres temporários e inúteis; e sua fragilidade ou insegurança, ou mesmo decepção será bem pior. Como você age então para conquistar seus objetivos? O que você faz para conquistar seus objetivos? Quais atitudes empáticas e positivas você se oferece para conquistar seus objetivos? Nada depende exclusivamente de você, não há controle remoto para isso, mas quais são as suas respostas a estas perguntas? Seja simples e se aceite. Nosso tempo de vida é desconhecido, logo o tempo do AGORA é seu melhor momento e amanhã. Não há caminhos lineares, há caminhos tortuosos sempre, então como superá-los e conquistar seus objetivos? No tempo do agora a exigência é CALMA. Sabe o que produz a impaciência? Segundo vários médicos, a impaciência, seguida de irritabilidade constante, pode causar hipertensão, obesidade, síndrome das pernas inquietas, respiração ofegante, compulsividade, envelhecimento precoce, desmotivação e até a depressão. Com seus objetivos / sonhos, você quer envelhecimento ou longevidade? “O corpo pede calma”, então atenção às opções:
Não quebre regras. Não ignore as pessoas. Não aceite menos. Não acredite em qualquer um. Não pegue tantos atalhos. Impaciência ou ansiedade não lhe farão superar com elegância o labirinto que é nosso desconhecido tempo de vida. Seja paciente. Respire. Aprenda a ter sossego. Relaxe. Nada deve ser “custe o que custar”. Não seja sedentário. Crie uma rotina de relaxamento para o corpo e a mente. Sai mais com amigos ou sozinho, principalmente para lugares diferentes. Aprenda a respirar. Viaje mais. Seja mais parceiro dos amigos e escute mais. Faça silencio sempre que puder. Aja com mais empatia. Momentos difíceis são normais, resta saber como você passa por eles ou o que você faz com você com o que fizeram de/com você.

Profª Claudia Nunes (22.09.2019)

AUTOCUIDADO, apesar do caos.



Emoções. Estímulos. Movimentos que geram caos e desordem, antes de entrarem em equilíbrio. De pronto, a mente está ansiosa. Mais cortisol do que dopamina ou serotonina. Potenciais de ação desorganizados. Habilidades freadas, ou desconectadas, ou mesmo quase travadas. Processos atencionais em transtorno. Humanos então se tornam fracos, deprimidos e silenciosos. O que fazer? Saia do redemoinho! Isso é urgente! Saia do redemoinho. Saúde física e MENTAL é fundamental! Experimente uma solidão acompanhada: você com você mesmo. Pergunte-se: quem é você agora? Quem é você dentro do redemoinho? Ou mesmo, quem é você fora dele? Este é o chamado autocuidado: um processo para o autoconhecimento. Respire longe do caos e busque aquele fio da meada que invoca o controle interior apesar da bagunça da realidade. Escute-se com clareza e verdade: só você pode fazer isso sem vergonha ou restrições. Liberte-se dos pensamentos ‘de sempre’ ou ‘regrados pelo outros’. Sua mente precisa dessa varredura para se reconectar com o tempo e a vida. Essa experiência elimina pequenas autossabotagens e a vontade de se tornar refém / vítima do caos instalado. O caos traz esgotamento, tal o nível e número de preocupações, insatisfações ou tensões. O caos consome / mina energia, causa confusão mental, ignora habilidades e reprime o pensamento crítico. No caos não há momentos de paz, descanso ou de sono reparador. Então, preserve-se, fazendo silencio de si, no caos; reconheça-se se abrindo aos gritos emocionais internos, longe dele. Humanos podem ser e fazer tudo: tem instrumental cerebral para isso; mas também humanos podem aprender recursos mentais para executar comportamentos mais focados, positivos e equilibrados. Hoje em dia, a luta maior é não nos prendermos a quem somos para sempre; a luta maior é criar estratégias para ser saudável apesar das doenças sociais fortemente embutidas em nossa mente. Conselhos?
Seja criativo e comprometa-se sempre consigo mesmo...
Aprenda a ter calma ou a fingir demência, apesar de...

Profª Claudia Nunes (20.09.19)

Tomar consciência de... é experimentar capacidades desconhecidas ou ignoradas



Enquanto aos hábitos seguem sendo experimentados, tomar consciência de si é bem difícil. Embora seja importante e politicamente correto mudar, tomar consciência dessa necessidade é bem difícil. Há momentos em que trocar a pele feito a cobra é natural, é etapa da vida, é maturidade; mas há momentos em que, apesar de tudo, inclusive dos hábitos, mudar é angustiante. É um passo que exige estratégia? Sim! E exige impulsividade? Sim também! Tomar consciência de quaisquer dessas possibilidades estabelece o reconhecimento de que quem se é não pode mais existir. É preciso experimentar outra perspectiva. É precisa despertar abrindo bem os olhos em outras paragens importantes e que, normalmente, mexerão com nosso interior. Você já tomou consciência de? Você já tomou consciência disso? Não se ignore! É um passo para uma revolução sem adjetivação boa ou má. É apenas um passo para uma revolução, uma mexida em campo minado, um toque em lago cheio de pequenas marolinhas. Tomar consciência de... é desprendimento, é avanço e traz a sensação de merecimento. Hábitos adormecem, ainda que prazerosos. Hábitos nos descentram da evolução. Hábitos nos drogam inconscientemente. Hábitos descolorem nossas emoções e nos carregam de tons acinzentados e solitários. Para onde foi sua necessidade de conhecer o sentido da vida? Hoje em dia, essa resposta tem uma palavra corriqueira e confortável: CONEXÃO. Nós precisamos tomar consciência de nós tanto na tranquila (e coletiva) conexão, quanto no ‘barato’ da desconexão, solidão e desequilíbrio. Não há crescimento sem isso. Não há autoconhecimento sem isso. Por que escrevo isso? Diante do que vem acontecendo com minha mãe, hoje fiz macarrão, arroz, carne moída temperada e salada. Hoje fiz almoço e jantar; lavei e estendi roupa; limpei e arrumei casa; e organizei banho, remédios e curativo. Eu o fiz sem menosprezar meus reconhecidos hábitos: montei aulas e provas; corrigi e revisei textos; analisei artigos e trabalhos; escrevi; e li. Eu mais que eu, fui eu além do eu sem perdeu meu eu mais querido. Na desconexão dos hábitos, o ‘insight’ ou a ‘iluminação’ foi guia ao alcance do extraordinário: eu, de novo e dobrada.
“Sabemos o que somos, mas ainda não sabemos o que podemos chegar a ser.” (William Shakespeare)

Profª Claudia Nunes (14.09.2019)

GOLPES EMOCIONAIS



Todas as experiências da vida nos preparam para vivermos grandes golpes emocionais. Todos os estímulos recebidos desenvolvem nossas memórias para que tomemos as melhores atitudes, principalmente, diante dos grandes golpes emocionais. Será verdade? Não! Experiências e estímulos podem APENAS amenizar a intensidade dos golpes emocionais, se e quando nós tivermos / temos consciência de que, tanto as experiências, quanto os estímulos, relacionam-se com APRENDIZAGEM de ser vivo humano. Só que há aquelas pessoas que, nem reconhecem esse aprendizado, nem acreditam nesse resultado como potencial forma de qualificar o próprio desenvolvimento emocional. Experiências e estímulos atravessam o corpo e a mente humana, agenciando grupos de neurônios por caminhos e junções diversas. Daí nossas diferenças de temperamento, visão de mundo, comportamento e filosofias de vida. De pronto, reconheça: RESPEITO é a base de tudo! Mágoas, tensões, brigas, decepções, exemplos negativos, às vezes, não tem formas de controle interno; às vezes, somos pequenos demais, imaturos demais; então não há como confrontar, ignorar, pensar criticamente. Pelos exemplos, a AUTOESTIMA se distorce, fragiliza, é minada já na mais tenra idade. Atenção! Cuidado! Nenhuma emoção é vivida de maneira igual, então AJUDAR a recuperar a vitalidade e aproveitar as coisas boas da vida são atitudes fundamentais em nosso tempo. É preciso ter prazer em ajudar sem se envolver! E eis, de novo, o grande dilema de muitas pessoas, em muitas profissões: NÃO SE ENVOLVER. É conectar sem se aprofundar. É manter a desconexão sem ilustrar indiferença. Mas como, já que conectar é sentir e desconectar é se isentar? Nós precisamos de anestesias emocionais e estas advêm da memória e da atenção. E os golpes emocionais brincam com essas funções humanas de maneira a nos distrair dos pensamentos que solucionem quaisquer problemas. “Todos, em maior ou menor medida, experimentamos, em algum momento, falta de interesse pelas relações sociais, pela comida, pela comunicação com os outros” etc. Gradativamente, os golpes emocionais levantam um muro diante de nossos olhos e perdemos o caminho da evolução pessoal e social. Nós “não sentimos nada diante das expressões de carinho, não precisamos de ninguém do nosso lado e nenhum estímulo nos produz prazer, nem a comida, nem a música… nem nada”. O que acontece? PROTEÇÃO. Hoje em dia, criar nichos protetivos para manter o bem estar em geral é fundamental na vida em sociedade ou na família. Proteger para não sofrer. E, nesse processo, corpos e mentes humanas seguem definhando em suas capacidades e habilidades, por exemplo, sociais. Em xeque, problemas nos “julgamentos, pensamentos e emoções. O lóbulo frontal, relacionado com a tomada de decisões, se reduz. Os gânglios basais, relacionados com o movimento, ficam afetados até o ponto em que até nos levantarmos da cama exige um grande esforço. O hipocampo, relacionado com as emoções e a memória, também perde volume. É comum que tenhamos falhas de lembranças, que soframos sem defesa, que fiquemos obcecados por pensamentos negativos”. Para além do RESPEITO aos sentimentos alheios, é preciso AJUDAR o outro a mudar comportamentos, basicamente emocionais. Nós precisamos ajudar o outro a viver, e não apenas sobreviver. Sugestões de ajuda: dê colo amistoso, paz de espírito, tranquilidade, ouvidos sinceros, alegria, palavras de afeto, presença, proximidade silenciosa, espaço para a fala ou o choro compulsivo, ‘abraços quentinhos’, opções para mudanças reais etc. Lembre-se: “viver é SENTIR em toda sua intensidade”. Portanto, prepare-se realmente e com SAÚDE!

Profª Claudia Nunes (08/09/2019)

HUMANOS e a DOR



Engraçada a opção pela dor ou sofrimento. A vida traz uma situação inusitada, tudo se embaraça e há um redemoinho de emoções; e ai, sem seguranças ou certezas, não sabemos o que fazer de nós mesmos com o que aconteceu conosco. Como assim? Enquanto crescemos e nos desenvolvemos, nós não criamos amarras ou estratégias para sobreviver ao inesperado? Mas o inesperado não é o comum? Como sempre, por que parece que estamos despreparados? Porque NINGUÉM escolhe a dor / sofrimento, em determinadas fases da vida; nós somos escolhidos e precisamos viver tal dor ou sofrimento sem anestesias. É incrível e horrível; mas são males necessários. Não há armaduras emocionais que se estabeleçam na mente ou no comportamento humano que impeçam o toque da dor ou do sofrimento no coração, na mente ou no corpo. Neste caso, nós não temos fitas isolantes emocionais. No decorrer do tempo, somos produto das experiências de dor ou de sofrimento também; somos sempre feridas abertas à espera do tempo de cicatrização. Segundo alguns autores, “as épocas escuras devem ser confrontadas com integridade, valentia e ilusões renovadas”; afinal nós não nos sustentamos apenas no romantismo linear dos dias ‘arrumadinhos’; nós sobrevivemos no confronto com o realismo dos dias mais tsunamis ou soberbos. E, no meio disso, dizem, aprendemos, mudamos e aceitamos outras verdades. Lógico que os diversos estímulos criam humanos diferenciados à vivência da dor / do sofrimento. Ninguém é igual a ninguém, principalmente, quando nos referimos às emoções mais negativas. É difícil, o mundo humano! De frente para dor ou sofrimento, a autoestima rasgada / perfurada. Nós perdemos parte do conhecimento de nós mesmos, acreditando que vivemos toda a dor do mundo. Será que podemos nos desconectar da dor ou sofrimento? Não! Nem sempre! Só em parte! Ao desconectar perdemos a chance de apreender lições e conhecer a nós mesmos com poucos controles; perdemos o rumo da própria história e o prumo das liberdades mais pessoais. O jeito é se deixar experimentar, mesmo que seja com os envoltórios da apatia, do desânimo, da tristeza, da decepção ou da desilusão, por tempo limitado... bem limitado! Eis a questão: tempo limitado! Isso também é prazer: prazer de ser gente, lidando com gente, como gente, mesmo sem a gentileza dos dias superconhecidos ou ‘normais’. Então, não esqueçam: humanos não optam pela dor ou sofrimento; mas passam por isso porque é natural e faz parte do próprio aprendizado de ser humano. Sinta. Emocione-se. Experimente. Respire. Aproveite. E ressurja quando puder e quiser. O tempo é seu! Na dor, ame-se muito!

Profª Claudia Nunes (03.09.2019)

FLUTUAR sem controle é um direito!



Sem querer você se nega. Sem querer e, de repente, você se esconde. De novo e de novo, você não acredita em você, e rola a vida como olha paginas de um livro de forma indiferente e sem gosto. Vagando pelos dias, você ignora os espelhos, as próprias realizações e as palavras de confiança. Você só caminha porque ainda não encontrou onde parar. Você está morta de cansada, pensando em medos e incertezas, e criando distancias aos antigos objetivos. Motivos há de sobra. Para você, motivos há de sobra. O túnel está escuro, mas não dá para parar. Não há como fugir. Não há atalhos ou outro caminho. Não há o desejo de saltar ou mudar o rumo. Você só quer que lhe deixem em paz para caminhar para o nada ou qualquer lugar, ainda que desacreditando em si mesmo ou em bonanças futuras. Você quer flutuar em sua solidão e simplesmente observar. Nada de aprender, apenas observar esse tempo chato, ímpar, incoerente. Será que você não tem esse direito? Você não quer a ignorância da felicidade eterna e controlada. Algo ocorreu. Algo lhe derrubou. Algo se fechou dentro de você. Nada precisa ser feito, além de só seguir, sem perturbações. Há momentos na vida em que os esconderijos são formas de autoconhecimento e de possibilidades, nunca de autossabotagem. Se uma onda gigantesca lhe alcançou, abandone-se e sinta onde você pode chegar sem amarras ou controles. Tudo foi sem querer, mas tudo pode ser querido, apesar da falta de roteiro. Você tem esse direito. Então:

1.      Siga e faça mesmo tudo sozinho sem se importar com a opinião alheia;
2.      Sinta-se certo em suas atitudes e opiniões, afinal atitudes e opiniões são reflexões da sua experiência de vida, nunca do outro;
3.      Pare, pense e deixe coisas para lá: o inacabado é um território possível de se retomar um tempo de mais e maior conforto pessoal. Às vezes ciclos entreabertos são bons portos seguros;
4.      Não tenha medo das conquistas. Sozinho, tenha atenção e medo das pessoas que observam seu caminhar e não se ajustam a sua felicidade;
5.      Vez por outra apresente sua humanidade: grite, berre, chute o balde, xingue, faça-se de vítima, faça drama, ignore o simples e complique mesmo; você precisa dessa paz / liberdade / descanso;
6.      Viva seu tempo de solidão como forma de recomposição emocional sem criar estratégias para se superar, afinal o agressivo, o repulsa, a dor, a impulsividade e a infantilidade também remodelam memórias e comportamentos.

Não escolha sofrer; mas, sofrer é ação independente de sua vontade, encare como um humano de qualidade ou como pista às suas capacidades mais sérias. Este é o verdadeiro autoconhecimento e a intensa aprendizagem de vida. Você tem esse direito!

Profª Claudia Nunes (02.09.2019)

E A VIDA 'ARRUMADINHA'...



E a vida ‘arrumadinha’ embolou. O controle egoísta do seu território desandou. Não há como escapar dos pensamentos tóxicos. É o presente que altera os dias; mas é o futuro (sua antecipação) que provoca desorganização dos pensamentos e ai, ser positivo, é uma luta diária e titânica. Quando a proposta é criar outros resultados a partir de inovações ou outros modus operandi, a antecipação se chama ‘estratégia’ Mas quando essa antecipação é fruto de falta de solidez nos processos ou perda das proteções emocionais por causa das surpresas / rasteiras da vida, ai estamos no âmbito da patologia. Nada é bom em excesso, óbvio, mas é preciso controlar a dinâmica do sistema límbico e de nossa primitividade para encontramos pontos de equilíbrio ou de alívio, quando diante de um não cortante da vida. Ai, dizem: “Não devemos sofrer por antecipação”. Errado! Devemos aprender com este sofrimento com calma e objetividade. E, para isso, viver este sentir é fundamental; entender o sentir é primordial; aprender com esse sentir é inteligente e maduro. Nada da assepsia recorrente em que nos ensinam a ignorar emoções ou pensamentos tóxicos, e viver na ignorância de nossa humanidade plena; é preciso entender a naturalidade desses momentos para fortalecer nossa autoconsciência e autoconhecimento, mesmo em dor. Este é um caminho emocional desconhecido cujo cenário é de redemoinho, avalanche, tsunami ou roda viva: é o que nos tira do chão / zona de conforto, e provoca outros comportamentos, às vezes amplos, às vezes focados, de aprendizagem e atenção. Algumas áreas das funções executivas como planejamento, memória de trabalho, controle inibitório e raciocínio lógico estão, por exemplo, a flor da pele e agindo de forma vertiginosa e intrinsecamente em nosso corpo, mente e cérebro; e, nesse fluxo, a sensação é de nada, tensão, preocupação, vazio, sem rumo. Todas as catástrofes irão nos perseguir: elas se instalam facilmente no hipocampo com enredos absurdos, mas, em princípio, lógicos, porque precisamos de certezas e mais certezas para “ser gente”. Resultado: incapacidade de pensar e, fundamentalmente, de REAGIR. Não seja egoísta. Isto é egoísmo. Não pense só em você. Aprenda a conhecer-se a partir do entendimento de quem você é sem sua vida ‘arrumadinha’ e ajude o outro, atenda o outro, respeite o outro. Perder faz parte do jogo, logo: o que você fará de você com o que fizeram de / com você? Eis a lógica de se viver, não apenas uma “vida moderninha”; mas também, uma vida puramente humana, cheias de marcas, erros e atalhos, nem sempre brilhantes.

Profª Claudia Nunes (30.08.2019)

A REVOLUÇÃO DO LAR E DO CHAMAMOS 'HUMANO'



Conexão. Conexão total. Hoje ‘conexão’ é a senha para criarmos novos comportamentos num mundo cuja tecnologia digital é a primazia para TER. Lembram-se da casa da Família Jetsons? Pois é... Estamos quase lá. Mas não é isso o importante. Importante é como conviver e interagir num lugar assim: frio e quase sem corpo. Somos um presente muito desarranjado. Somos um futuro, pura especulação. Somos um passado ignorado. Mais do que equipamento, nossos desafios relacionam-se à manutenção do desenvolvimento de valores humanos positivos e solidários. Velhos equipamentos = velhas performances não é uma sentença verdadeira ou fim de caso. Velhos equipamentos precisam ser reinventados e reconfigurados à realização da nossa humanidade. Nós precisamos atrair o bem estar, a satisfação e o prazer de ser ser vivo humano, com inteligência e criatividade. A revolução do lar começa quando perdemos a vontade de compactuar com hábitos e certezas dos outros; começa quando reconhecemos que quem quer o controle de tudo não tem o controle de nada; começa quando o melhor da vida somos nós mesmos. Valores como respeito, paciência, compreensão, fidelidade, atitude, dentre outros, regulam a temperatura de quaisquer relações e iluminam os ambientes em que precisamos estar para SER. Nós precisamos transferir nossas incertezas, preconceitos e dúvidas para outras searas: é a sublimação que nos liberta. Velhos equipamentos podem se transformar em novos movimentos de SER e ESTAR sem arranhar nossa essência. As tecnologias digitais mudaram nossa vida radicalmente, mas isso não é nada quando, por exemplo, valores éticos e morais estão sob nuvens escuras ou fogo cruzado geracional. Nossas mentes são ilhas de tempo, emoções e pensamentos singulares, e, vez por outra, precisam de revoluções do que seja superior, também, a nós mesmos. Nada grandioso precisa ser feito porque ações grandiosas tendem a ser difíceis de sustentar; nós precisamos de pequenos gestos, limpezas, trocas e experimentações e dispositivos que nos ofereçam habilidades para receber e interpretar sinais, além de rodar, como um aplicativo, em nosso cérebro, informações de maneira inteligente, objetiva e focada. A revolução do lar é coisa de gente pequena e é o desespero das ‘gentes grandes’; ela precisa dos comandos certos, estímulos adequados e aprendizagens constantes. A revolução do lar é como um jogo de videogame: frente ao controle manual, nós investimos corpo e mente na conquista de pessoas, territórios e muitos objetos assoberbadamente. Cuidado! A revolução do lar é uma tomada de consciência de que somos um capricho da Natureza que deu certo e, por isso, precisamos ‘nos acertar’ entre nós mesmos. Somos singularidades que exigem conexão, mas que, diante da velocidade tecnológica, estabelecemos rumos menos humanos às nossas trajetórias de vida. Então, aproveite a senha do mundo XXI e viva seu grande amor! Coma seu chocolate! Beije muito na boca! Rompa com a mesmice do trabalho! Seja sincero, principalmente, com você mesmo! Estabeleça limites claros às pessoas! Desapareça vez por outra! Busque novas informações / conhecimento! Ajude! Doe! Seja ético! Valorize! Seja humilde. Esses são os ingredientes da fórmula para revolução do lar e do nosso dia a dia. E nada disso exige tecnologias, isso exige o cérebro e suas grandes funções superiores. Desligue-se e ligue-se sem medo! Vale á pena!

Profª Claudia Nunes (07/08/2019)

UM TEMPO DE MUDANÇA...


Dentro do carro, eu observo a vida passando... Dentro da vida eu observo os carros e as pessoas passando. Do alto dos meus 50 e poucos anos, eu percebo que os hábitos são correntes que impedem os voos dos sonhos mais simples. Hábitos. O que fazer com os hábitos quando estes são bons, comestíveis, tranquilos, azuis, prazerosos? Pensar. Sim, pensar. Pensar com desvio dos olhos e aceitando perspectivas. Mude! Mudo! Mudei! Bem, não é tão simples. Se hábitos têm cores bonitas, mudar precisa de razões sérias e independentes de quaisquer vontades. Aceite e mude! Dentro da mente há cômodos que precisam ser esvaziados ou, ao menos, limpos de poeiras alheias. Todo dia assumimos outras experiências e a poeira vai ganhando recantos e força. Mude e aceite! Os próximos dias devem ser mais especiais de outras maneiras, em outros lugares e, se possível, incluindo mais pessoas. A pele precisa tanto de respiração, quanto de renovação. Fechei os olhos e deixei os sons me alcançarem sem desvãos. Sou uma caixinha de música com uma pequena bailarina em movimento pouco harmônico. Hábitos e harmonia, isso eu já experimentei. Essa é minha vida! Agora quero tudo o que chame atenção: quero palco sem cordões umbilicais ou terrenos referenciais. Sinto a música, ouço as imagens e deixo a realidade do tempo atingir outro tempo com pouco tempo para hábitos. Sinto, ouço e sorrio. É o ano da revolta, das loucuras, das tensões, das paixões e das visões menos cor-de-rosa. As memórias estão pervertidas na expectativa da mudança. De dentro do carro, o mundo segue palpitante e eu sigo me alimentando de decisões e agradecimentos vibrantes. Não há lágrimas, apenas planos, livros, amigos, família, trabalho, sem febres, mas todos cheios de marcadores de pagina e sonhos mágicos. De dentro do carro, eu observo a vida passando... e encontro outros pulsos e pulsações. É pressão com a mais pura inspiração. Pirei...

Profª Claudia Nunes (06/08/2019)

"QUEM SOMOS NÓS?"


Vendo de novo o documentário ‘Quem somos nós’. E, de novo, pensando: ‘quem somos nós’ realmente. Hoje estou diante da Srª. Certeza Ruim e velhas perguntas existenciais ficaram pululando em minha mente dia todo. Sempre é assim. É uma febre infecciosa quando me deparo com a Srª Certeza Ruim. Ela atrapalha a vida do dia. Nada é mais simples. Falta algo / alguém no montante de gente ao meu redor. A Srª Certeza Ruim é esperada, mas nunca será popular: ela obriga a que mudemos as regras do jogo porque um jogador está fora. Porém, popular é a crença e a fé na Srª. Possibilidade Boa. Sem um jogador, todos se unem e a força é: “ninguém larga a mão de ninguém”. Mas fiquei pensando: quem somos nós quando a agradecemos a passagem da Srª. Certeza Ruim? Respirando e dirigindo pela cidade, eu controlei minha autossabotagem e comecei a acreditar que, nesta visita, novas formas de viver saem da imaginação; há uma força para renovação de posturas aos dias seguintes; há o processo de crescimento e de evolução; e há a sensação de que, agora, precisamos ser diferentes, mais leves e encontrar prazer nas pequenas coisas ou pessoas do afeto, o quanto antes. A questão que me incomoda e promove curiosidade é o MISTÉRIO. Ao reconhecer que sou dona de minha própria realidade emocional / energética, em contrapartida à minha fragilidade física, eu me surpreendo com um infinito oceano de possibilidades de SER. Dentro do carro, as imagens / as atitudes tem um colorido fortalecedor: “de agora em diante, vou ser diferente e ignorar aborrecimentos inúteis”. Pronto! Está decidido! Viver apenas uma dimensão de realidade não me satisfaz. Mas toda decisão precisa de movimento real a mudança. É energia. É quântico. É de dentro de mim que a realidade se cria e permanece. Minha parceira é sempre a Srª. Possibilidade boa. Sou processo, logo, vez por outra, preciso de certos desligamentos temporários ou para sempre, para interagir e conviver com mais positividade ou compreensão. Verdades plenas são discutíveis na passagem do tempo e, por isso, decidir novos passos ou novas conexões, além de romper rotinas, me extravia um pouco mais da Srª. Certeza Ruim. Hoje, no carro, pela cidade, eu pensei muito sobre ‘quem somos nós’, neste jogo de tabuleiro, chamado ‘processo de vida’ em que sempre, demorando ou não, nós perdemos a partida. Talvez haja modelos demais; gente demais; estímulos demais; informação demais; e tempo de menos: o MISTÉRIO maior. Daí o embrolio da realidade: reações emocionais confusas de todos nós. Nós reagimos com parte do todo que vemos já que, nesse ‘mais de tudo’, trabalhamos com parte de tudo. Ufa! Que confusão! Ser ser vivo humano não é fácil! Hoje, quando mais um ser vivo humano perdeu a partida para a Srª. Certeza Ruim, eu penso que, mais do que nunca, nós precisamos saber filtrar o que vemos; ajustar o que sentimos; equilibrar nossos atos e pensamentos; organizar comportamentos; fazer mais silêncios de nós mesmos; romper mais vezes com rotinas e vícios; estabelecer novos encontros e reencontros; buscar outros lugares para criar conexões; enxergar mais profundamente nosso iceberg emocional; e, ai, realmente tomar conhecimento de ‘quem somos nós’ para ‘vivermos um grande amor’: um amor de possibilidades mais positivas / menos doentias. Um amor assim delicado e misterioso a quem nunca negaremos. Que as Moiras sejam mais distraídas, por favor, amém!

Profª Claudia Nunes (04/08/2019)

Cara srª Certeza Ruim,



Hoje li repentinamente a expressão ‘ansiedade antecipatória’ e tive ansiedade / palpitação: não me controlei. Diante de uma mudança de ritmo, a ansiedade antecipatória surgiu. Muitos pensamentos assolando o corpo e a alma. Dificuldades em me surrupiar desses desvãos emocionais e reintegrar-me ao dia ou, pelo menos, ao tempo, são minhas novidades. Em cada instante, a necessidade de controlar a mim mesma, mesmo na hora do aperto. Tenso, intenso e estranho... Parece que Srª Certeza Ruim chegará breve. Respirar é difícil. Controlar lágrimas é doloroso. Há um bloqueio da racionalidade e da paz, tão querida e trabalhada. Nada indica a presença da Srª Certeza Ruim, mas o sistema nervoso não sabe disso: ele se antecipou. Estou em projeção negativa, positiva, negativa, positiva, negativa, e os dias passam nessa parabólica. Nada de mais aconteceu. Tudo quase nos eixos, mas há um paralelismo emocional: a Srª Certeza Ruim. Trabalho árduo domar essa fera. É aflitivo. Srª Certeza Ruim parece que está em movimento... alcançando pontos incomuns... e ganhando corpo e cor. Nada de mais aconteceu. Mas diante da Srª Certeza Ruim, o que tenho é descontrole, incerteza, silêncio, procrastinação e receio. Segundo o que li “ansiedade antecipatória apaga e bloqueia todos os recursos para enfrentar” a Srª Certeza Ruim que vem me espreitando abusadamente. Só que a Srª Certeza Ruim é uma certeza que não me conhece. A Srª Certeza Ruim é o não que todo ser humano tem. Minha força é a Srª Possibilidade Boa. Minha força é correr na frente do sim, a Srª Possibilidade Boa. Agora sim, estou no momento de justificar estudos e trabalho. Não dá pra colapsar o tempo ou a dor e perder o rumo; só dá pra enfrentá-los, dia a dia, com a Srª Possibilidade Boa. Por isso ações de pronto: reforma da alimentação; tomar os remédios certinhos; ter disponibilidade e compromisso; procurar mais estudos focados e práticos; e libertar o verbo esperançar sem duvidar. Sei que meus instintos são um terreno frágil para passos tão reais e cheios de cortisol. Sei que meu corpo é eletroquímico e vibrará em cada obstáculo de maneira tresloucada. Sei que minha mente pode imaginar muitas cenas cujo personagem é a Srª Certeza Ruim. E sei que minhas reações estão disfuncionais, pois me sinto ameaçada por quem já enfrentei em searas bem piores. Mas a paralisia também é algo controlável: eu aprendi. É preciso noites de pensamento e reconhecimento do terreno a ser pisado. Tudo já deu certo. Tudo é o que deve ser. Tudo vai se acertar. Tudo é natureza. Sem problemas com a Srª Certeza Ruim porque a Srª Possibilidade Boa já se encontra fortalecida e aqui. Não estou indefesa porque sei sentir e escrever, bases da minha paz interior. Eu sei me aliviar para não me estressar e viver o que for necessário. Sou criativa e perceptiva, e coloco todo mundo na roda para me apoiar. As mudanças imprevistas, as situações adversas, as pessoas doentes podem me assustar, travar e silenciar, mas só por um tempo... um tempo curto... um tempo de autoconhecimento e ressurgimento. Srª Certeza Ruim, cuidado, o medo é uma força e desperta minha criatividade em torno de mim mesma e de quem estiver em meu campo de ação, como uma superproteção heroica. Srª Possibilidade Boa, nós vamos sobreviver!

Profª Claudia Nunes (02/08/2019)


Nada nunca é igual

  Nada nunca é igual   Enquanto os dias passam, eu reflito: nada nunca é igual. Não existe repetição. Não precisa haver morte ou decepçã...