Dentro do carro,
eu observo a vida passando... Dentro da vida eu observo os carros e as pessoas
passando. Do alto dos meus 50 e poucos anos, eu percebo que os hábitos são
correntes que impedem os voos dos sonhos mais simples. Hábitos. O que fazer com
os hábitos quando estes são bons, comestíveis, tranquilos, azuis, prazerosos?
Pensar. Sim, pensar. Pensar com desvio dos olhos e aceitando perspectivas.
Mude! Mudo! Mudei! Bem, não é tão simples. Se hábitos têm cores bonitas, mudar
precisa de razões sérias e independentes de quaisquer vontades. Aceite e mude!
Dentro da mente há cômodos que precisam ser esvaziados ou, ao menos, limpos de
poeiras alheias. Todo dia assumimos outras experiências e a poeira vai ganhando
recantos e força. Mude e aceite! Os próximos dias devem ser mais especiais de
outras maneiras, em outros lugares e, se possível, incluindo mais pessoas. A
pele precisa tanto de respiração, quanto de renovação. Fechei os olhos e deixei
os sons me alcançarem sem desvãos. Sou uma caixinha de música com uma pequena
bailarina em movimento pouco harmônico. Hábitos e harmonia, isso eu já
experimentei. Essa é minha vida! Agora quero tudo o que chame atenção: quero
palco sem cordões umbilicais ou terrenos referenciais. Sinto a música, ouço as
imagens e deixo a realidade do tempo atingir outro tempo com pouco tempo para
hábitos. Sinto, ouço e sorrio. É o ano da revolta, das loucuras, das tensões,
das paixões e das visões menos cor-de-rosa. As memórias estão pervertidas na
expectativa da mudança. De dentro do carro, o mundo segue palpitante e eu sigo
me alimentando de decisões e agradecimentos vibrantes. Não há lágrimas, apenas
planos, livros, amigos, família, trabalho, sem febres, mas todos cheios de
marcadores de pagina e sonhos mágicos. De dentro do carro, eu observo a vida
passando... e encontro outros pulsos e pulsações. É pressão com a mais pura
inspiração. Pirei...
Profª Claudia Nunes (06/08/2019)
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