Engraçada a
opção pela dor ou sofrimento. A vida traz uma situação inusitada, tudo se
embaraça e há um redemoinho de emoções; e ai, sem seguranças ou certezas, não
sabemos o que fazer de nós mesmos com o que aconteceu conosco. Como assim?
Enquanto crescemos e nos desenvolvemos, nós não criamos amarras ou estratégias
para sobreviver ao inesperado? Mas o inesperado não é o comum? Como sempre, por
que parece que estamos despreparados? Porque NINGUÉM escolhe a dor /
sofrimento, em determinadas fases da vida; nós somos escolhidos e precisamos
viver tal dor ou sofrimento sem anestesias. É incrível e horrível; mas são
males necessários. Não há armaduras emocionais que se estabeleçam na mente ou
no comportamento humano que impeçam o toque da dor ou do sofrimento no coração,
na mente ou no corpo. Neste caso, nós não temos fitas isolantes emocionais. No
decorrer do tempo, somos produto das experiências de dor ou de sofrimento
também; somos sempre feridas abertas à espera do tempo de cicatrização. Segundo
alguns autores, “as épocas escuras devem ser confrontadas com
integridade, valentia e ilusões renovadas”; afinal nós não nos
sustentamos apenas no romantismo linear dos dias ‘arrumadinhos’; nós
sobrevivemos no confronto com o realismo dos dias mais tsunamis ou soberbos. E,
no meio disso, dizem, aprendemos, mudamos e aceitamos outras verdades. Lógico
que os diversos estímulos criam humanos diferenciados à vivência da dor / do
sofrimento. Ninguém é igual a ninguém, principalmente, quando nos referimos às
emoções mais negativas. É difícil, o mundo humano! De frente para dor ou
sofrimento, a autoestima rasgada / perfurada. Nós perdemos parte do
conhecimento de nós mesmos, acreditando que vivemos toda a dor do mundo. Será
que podemos nos desconectar da dor ou sofrimento? Não! Nem sempre! Só em parte!
Ao desconectar perdemos a chance de apreender lições e conhecer a nós mesmos
com poucos controles; perdemos o rumo da própria história e o prumo das
liberdades mais pessoais. O jeito é se deixar experimentar, mesmo que seja com
os envoltórios da apatia, do desânimo, da tristeza, da decepção ou da
desilusão, por tempo limitado... bem limitado! Eis a questão: tempo limitado!
Isso também é prazer: prazer de ser gente, lidando com gente, como gente, mesmo
sem a gentileza dos dias superconhecidos ou ‘normais’. Então, não esqueçam:
humanos não optam pela dor ou sofrimento; mas passam por isso porque é natural
e faz parte do próprio aprendizado de ser humano. Sinta. Emocione-se.
Experimente. Respire. Aproveite. E ressurja quando puder e quiser. O tempo é
seu! Na dor, ame-se muito!
Profª Claudia Nunes (03.09.2019)
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