Sem querer você
se nega. Sem querer e, de repente, você se esconde. De novo e de novo, você não
acredita em você, e rola a vida como olha paginas de um livro de forma
indiferente e sem gosto. Vagando pelos dias, você ignora os espelhos, as
próprias realizações e as palavras de confiança. Você só caminha porque ainda
não encontrou onde parar. Você está morta de cansada, pensando em medos e
incertezas, e criando distancias aos antigos objetivos. Motivos há de sobra.
Para você, motivos há de sobra. O túnel está escuro, mas não dá para parar. Não
há como fugir. Não há atalhos ou outro caminho. Não há o desejo de saltar ou
mudar o rumo. Você só quer que lhe deixem em paz para caminhar para o nada ou
qualquer lugar, ainda que desacreditando em si mesmo ou em bonanças futuras.
Você quer flutuar em sua solidão e simplesmente observar. Nada de aprender,
apenas observar esse tempo chato, ímpar, incoerente. Será que você não tem esse
direito? Você não quer a ignorância da felicidade eterna e controlada. Algo
ocorreu. Algo lhe derrubou. Algo se fechou dentro de você. Nada precisa ser
feito, além de só seguir, sem perturbações. Há momentos na vida em que os
esconderijos são formas de autoconhecimento e de possibilidades, nunca de
autossabotagem. Se uma onda gigantesca lhe alcançou, abandone-se e sinta onde
você pode chegar sem amarras ou controles. Tudo foi sem querer, mas tudo pode
ser querido, apesar da falta de roteiro. Você tem esse direito. Então:
1.
Siga
e faça mesmo tudo sozinho sem se importar com a opinião alheia;
2.
Sinta-se
certo em suas atitudes e opiniões, afinal atitudes e opiniões são reflexões da
sua experiência de vida, nunca do outro;
3.
Pare,
pense e deixe coisas para lá: o inacabado é um território possível de se
retomar um tempo de mais e maior conforto pessoal. Às vezes ciclos entreabertos
são bons portos seguros;
4.
Não
tenha medo das conquistas. Sozinho, tenha atenção e medo das pessoas que
observam seu caminhar e não se ajustam a sua felicidade;
5.
Vez
por outra apresente sua humanidade: grite, berre, chute o balde, xingue,
faça-se de vítima, faça drama, ignore o simples e complique mesmo; você precisa
dessa paz / liberdade / descanso;
6.
Viva
seu tempo de solidão como forma de recomposição emocional sem criar estratégias
para se superar, afinal o agressivo, o repulsa, a dor, a impulsividade e a
infantilidade também remodelam memórias e comportamentos.
Não escolha
sofrer; mas, sofrer é ação independente de sua vontade, encare como um humano
de qualidade ou como pista às suas capacidades mais sérias. Este é o verdadeiro
autoconhecimento e a intensa aprendizagem de vida. Você tem esse direito!
Profª Claudia Nunes (02.09.2019)
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