Hoje acordei querendo
sincronias: confortos aprazíveis para cadenciar o dia sem mudanças inseguras.
Sem querer percebi: isto é impossível. Almejar sincronia na vivência do
coletivo é impossível. Antes mesmo de levantar, o cotidiano: tomo ciência da
presença de outras pessoas: barulhos, bagunças, cheiros, outras cobertas.
Queria levantar e me preparar para o futuro ou ao menos para os meus trabalhos
da hora sem outros, mas com a cara amarrotada já tomava uma decisão:
arrumar os restos de pessoas para procurar a sincronia desejada. Sim, sincronia
não é algo natural, não vive ou morre de véspera, apenas lambuza os sonhos de
mais soluções, resultados e conformidades. Sem mais, o telefone toca: é o
alerta do mundo distraindo meu cérebro das liberdades ou novidades ainda em
potência. Não vou atender ao telefone: estou estacionando no meu corpo tentando,
ao menos, improvisar outros alimentos aos meus valores. Sincronia é o sinal de
que há uma recomposição acontecendo vagarosamente. Sem correr preciso entender
tudo isso; preciso recuperar meu dote principal: a inteligência; e aceitar as
novas águas abertas para outro movimento. O sol me incomoda, a luz me
envergonha, a casa me ignora. Com o que me paramentar? Que ferramentas usar?
Para ir em frente, terei que retornar as minhas origens répteis? Sem sincronia
sou um personagem kafkiano jogado numa cama sem saber bem o que lhe aconteceu.
Qual seria a melhor travessia? Há uma febre em mim cuja sincronia deseja só
alimentar. Bobamente penso 'ninguém passa por isso por acaso ou impunemente'.
Essa emoção tão forte não é por acaso: busco significação, imobilização e,
lógico, animação. Nada mais natural. Quero praticar diferenças, surpresas,
disfunções e desequilíbrios para (re)acordar o conhecimento e a noção de
humano. Sair da condição de rascunho e ser, ao menos, um projeto de provocação
do outro e de mim sem edições interesseiras. Em sincronia, assumirei a
transversalidade das energias e, assim como Guimarães Rosa, assumirei meu lugar
na terceira margem do rio pouco caudaloso, espero. Anos em cavernas verdejantes
sob o canto das sereias de Ulisses, mas agora querendo o reduto das montagens
tensas e incomodas de Gerald Thomas. E tudo com sincronias, tudo ultrapassando
meu neuroeixo e se espalhando por outras dimensões dos meus mundos. Agora é o
despertador que toca. Agora é preciso reanimar meu córtex e aceitar minha
condição de bípede. Agora é a obrigação de conviver com alto desempenho e
performance novelística. Mas e a sincronia? Uma vez dada a largada não tem
volta... estou sem correntes... me aguardem... bjos
O mundo é desconhecido e estou desbravando a mim mesma para aceitar o mundo como ele é. Como professora (Estado), Tutora em cursos de EAD, Revisora de Material Didático e MESTRE em Educação (UNIRIO), estou seguindo a vida fazendo o que gosto, como gosto e com quem gosto muito. Escrevo e publico textos para me esvaziar de mim e poder aceitar o Outro como vier. De resto meu vicio é o mundo virtual, ainda que eu nao seja dissimulada. Mutante? Isso! Eu gosto de ser mutante!
sexta-feira, 6 de abril de 2012
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