segunda-feira, 20 de maio de 2013

MEDIAÇÃO ou INTERAÇÃO?


Virou moda chamar todos os professores de “mediadores”, mas uma grande parte não é. Mediar não é o mesmo que interagir, não é o mesmo que ensinar. Mediação é muito mais do que isso. De acordo com Reuven Feuerstein, um dos maiores educadores do mundo, a mediação precisa ter algumas características muito especiais. Sem elas, não é mediação, é apenas uma “interação”.

Vejamos as três principais:
1 – Intencionalidade e reciprocidade
O mediador precisa querer ensinar o conteúdo com tal paixão e decisão que fará tudo o que estiver ao seu alcance para explicar da melhor forma possível. Adaptará a linguagem para que a criança com deficiência realmente compreenda. Usará as tecnologias disponíveis na escola para que o conceito se torne claro. Isso tudo chamaremos de intencionalidade, que é a soma do objetivo com as todas as ações possíveis para que o ensino seja realmente de qualidade. Além da intencionalidade do professor, o aluno precisa desejar aprender. Isso se chama reciprocidade. E o mediador usa estratégias adequadas para encantar o aluno desde o princípio, para chamar sua atenção, para conquistar sua vontade de aprender.
2 – Transcendência
Não basta aprender para fazer uma prova. É preciso que se aprenda de tal forma que seja possível aplicar o conceito construído em qualquer outra situação ou contexto. A compreensão do conceito é tal que a criança passa a aplicar o aprendido em sua própria vida e consegue explicar qualquer nova situação em que o conceito esteja presente.
3 – Mediação do significado
Um conceito realmente compreendido se interliga a outros conceitos já construídos pela criança. O mediador precisa ajudar a criança a fazer isso, principalmente uma criança com dificuldades de aprendizagem. Mediar o significado é mostrar aos alunos onde se aplica o conteúdo recém-aprendido, de que forma esse conteúdo aumenta a compreensão sobre outros fatos e como o conceito pode ampliar a compreensão de mundo da criança. Tudo isso é mediar o significado de um conceito. 

Segundo Feuerstein, um mediador sempre considera em suas atitudes essas três características anteriores; no entanto, para que um mediador seja ainda melhor é necessário que inclua outras nove características em sua interação com seus alunos, incluindo as crianças com deficiências. Se as três características estiverem presentes num professor, ele já pode ser considerado um mediador; no entanto, se tal professor apresentar em suas atitudes as outras nove, ele será um mediador ainda melhor.
Os professores precisam receber formação continuada para que possam desenvolver melhor sua metodologia. Sabemos que muitos professores já agem de acordo com as características de mediação aqui defendidas, mas para que possam ser ainda mais eficazes é importante que suas ações sejam conscientes e planejadas, e não apenas fruto do acaso ou de experiências – ainda que bem-sucedidas. Precisamos nos profissionalizar cada vez mais. Precisamos agir com nossos alunos sabendo o que queremos e onde pretendemos levá-los com nossa ajuda, e em especial para com os alunos com deficiências. Sem esses pré-requisitos iremos interagir com eles, mas não saberemos se as vitórias ou fracassos dependeram mais de nós ou das próprias crianças.
Inspirado na obra Mediação da aprendizagem na educação especial, de Gislaine Coimbra Budel e Marcos Meier (Editora IBPEX, 2012).

Artigo escrito por Marcos Meier e Gislaine Coimbra Budel e publicado na edição de dezembro de 2012 da revista Profissão Mestre.

Bjos Claudia Nunes

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