sexta-feira, 31 de outubro de 2008

PORTELA 2009

E por falar em amor, onde anda você (2009)
G.R.E.S. Portela (RJ)

Composição: Ciraninho, Wanderley Monteiro, Diogo Nogueira, L.C. Máximo e Júnior Escafura

Brilha Portela!
Das trevas renasce o amor...
Doze cavaleiros se uniram
Um rei a lealdade conquistou
Lendas do povo europeu
Feitiços, mistérios, magia
A lua vem beijar o astro rei
A noite se encontra com o dia
Lágrimas, nos olhos do Imperador
Na Índia, o palácio da saudade
Mãe Árica negra!
O amor cruza o mar!
Liberdade!
Meu coração guerreiro
É raça, é filho desse chão
Meu canto tem raiz, é brasileiro
É natureza e miscigenação
Cenas de cinema, lindos temas de amor
A união da família, momentos que o vento levou
O homem tem que usar a consciência,
As maravilhas da ciência
Para viver em harmonia
Vem recordar...
Ranchos, blocos e cordões
Os mascarados nos salões
As fantasias do Municipal
Embarque nesse bonde é Carnaval!
São vinte e uma estrelas que brilham no meu olhar
Se eu for falar da Portela não vou terminar
Lá vem minha águia no céu da paixão!
O azul que faz pulsar meu coração!
Oh! Majestade do Samba
Meu orgulho maior é tua bandeira
Chegou minha Portela!
Meu eterno amor
A luz de Oswaldo Cruz e Madureira

PORTELA 2008

Titulo: “RECONSTRUINDO A NATUREZA, RECRIANDO A VIDA: O SONHO VIRA REALIDADE”

Autores: Junior Escafura – Diogo Nogueira – Ciraninho – Ari do Cavaco – Celsinho Andrade
Intérprete: Gilsinho

Segue os passos do Criador
Vai minha Águia guerreira
Leva esta mensagem de amor
De Oswaldo Cruz e Madureira
Água, fonte eterna da vida
Terra, templo da evolução
O homem surgiu, brincou de criar,
Descobriu tanta riqueza
É preciso progredir sem destruir
Viver em comunhão com a Natureza
É o Rio que corre a caminho do mar
A flor que se abre na primavera
Do ventre a esperança que vem renovar
O sonho de uma nova era
É hora de darmos as mãos
Lutarmos pro mundo mudar
O líder de cada nação
Precisa parar pra pensar
A palavra é união
Pra reconstruir o nosso lar
Brasil teu verde é o símbolo da vida
Renova a tua energia
Meu coração é o meu país
O sol vai brilhar e anunciar
Um futuro mais feliz
Eu sou a água, sou a terra, sou o ar
Sou Portela
Um sonho real, um grito de alerta
A Natureza que encanta a Passarela.

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

A Hora da Estrela: Ms. Christie


“Tudo no mundo começou com um sim.”
Clarice Lispector – A Hora da Estrela

Semana cheia de altos e baixos. Comecei a ler “A Hora da Estrela”. Clarice Lispector ajuda a me entender e a entender as pessoas. Depois de algumas perdas, o dia-a-dia é de recomposição, revisão e continuar seguindo. Segundos os mais velhos, “fatos que independem de nossa vontade, resolvidos estão”. Então tudo certo. Os parâmetros mudam, não há controle sobre isso. Outros espaços e amigos são reencontrados. Depois de um momento tenso, muitas harmonias! O certo tem sido isso: perder um pouco do controle e correr o risco de experimentar, por exemplo, a novidade do tempo, de ter tempo. Aí torna-se importante à vida experimentar outras emoções, mesmo que não sejam nossas. Emoções “oxigenam a mente” e recarregam o corpo de novas energias e impulsos. Esta semana experimentei uma das maiores emoções da minha vida!

Vou contar: a mais de 06 anos a Instituto A Vez do Mestre, além da oportunidade de estudo e trabalho, meu deu grandes emoções: amigos. Lindos, inteligentes, reconhecidos, indomáveis e extremamente afetuosos. Alguns com uma vida acadêmica reconhecida em muitos setores e também em outras instituições; outros, muito mais focados na transformação da aprendizagem e do pensamento de seus alunos. E, para tal, oferecendo (como doação integral) o que têm de melhor de si em cada tempo, em cada dia, em cada gesto, em que as relações aconteciam. Para ambos, a idéia é provocar mudanças e superação sempre! Uma dessas figuras estelares chama-se CHRISTIE CAMPELO!

A cerca de dois anos, havia um limite para o trabalho dela: o mestrado. De diferentes formas, pairava no ar a sensação que este SER era “menos” porque havia uma “falha” acadêmica. Eu não conseguia entender. Por quê? Para que? Ela é perfeita! Ela é a luz para o qual devemos ir sempre! Em aula, ninguém era/ficava inútil, indiferente, ileso, igual. Eu tenho medo dela. Ela me atinge muito rápido, mas não desisto de olhar, de estar junto, de perceber o quanto eu ainda preciso crescer emocionalmente. Numa mesa do Paço Imperial, conversamos sobre inscrição do mestrado. Christie resistia: “para que isso? Já tentei e me decepcionei! Não preciso disso! Não me vejo capaz! Besteira!” Insisti, insisti e insisti. De repente um lampejo: “Terceira idade, ressentimento, riso e Nietzsche e Chaplin! – diz ela -, É isso que você quer? Escreve ai então: Terceira idade, ressentimento, riso e Nietzsche e Chaplin”. Nossa, como assim? Que tema é esse? Outra coisa: Christie e Nietzsche? Christie lê Nietzsche? Que susto! E que linda surpresa!

Os dias seguintes foram de pura pesquisa e profunda plasticidade cerebral. O projeto precisava estar pronto e entregue em menos de um mês! Cruzes! O computador da Christie queima, apaga. Outra pessoa bacana entra no circuito: Nadia Riche. Em muitas segundas-feiras, almoços e lanches, sua casa foi o espaço das discussões, das quase desistências, dos conflitos mais sérios, dos choros, das crises emocionais e da dor de escrever. Sim, Christie tem dor ao escrever! Ninguém ali tinha status ou posição: somos amigas de um SER que arriscava um grande passo e a gente... confiava. Burilar, burilar, burilar: ações eivadas de novas dores. Pior do que criar um texto é descartar partes dele em nome de qualquer coisa. Mas Christie demonstrava que a emoção com que trabalhava o tempo todo, também fazia parte do seu corpo e da sua mente. O que não dava para resolver, terapia!

Conosco e com muita terapia, último dia, inscrição feita, projeto aceito, provas muito bem realizadas, Christie é mestranda! Ufa! Lindo vê-la entrar na academia e... estonteá-los. Sim, sabíamos que haveria um diferencial naquela tradição. Literalmente Christie foi um divisor de águas. Parodiando Milton Nascimento: depois da Christie, “nada foi como antes”! No processo, ela fez o reconhecimento do ambiente, assumiu uma postura, sem perder em nada sua individualidade, e... surpreendeu! Desconstrução e reconstrução em todos/tudo: ações reais o tempo todo. Todos foram abatidos pelo furacão Christie! Sua qualificação foi um evento concorridíssimo: representação de Chaplin, participação interativa de sua turma da UNATI e de colegas de curso, participação dos alunos de diferentes instituições e anônimos, apresentação de vídeos das chanchadas etc. A banca? Em vertigem! Fazer o que? Falar o que? Decisão: apenas ponderar, ter cuidado, opinar na metodologia, aceitar a diversidade e... ser feliz! Sim, a banca estava feliz. Havia uma luz no fim do túnel do pensamento, das práticas pedagógicas, para o desenvolvimento de aprendizagem. Aplausos, aplausos e aplausos! Um dos sentidos do livro “A Hora da Estrela” de Clarice Lispector é verificar que, na vida, por diferentes maneiras, o ser humano deixa de ser invisível de formas impensáveis. Como Macabéa, Christie era a “retirante, uma mulher comum”, cheia de marcas profundas da vida, problemas de organização escrita, em busca de melhores condições profissionais, mas ao contrário de Macabéa, Christie sabe quem é, sem submissões, sem repressões e, em muitos momentos, capaz de impor-se frente a qualquer um. Ela não quer mais descobertas, estas ela entregou ao acaso das oportunidades e das emoções. Ela não se pergunta mais “quem sou eu?”, ela quer sentir “como sou eu?” e... ver no que dá! Não foi uma qualificação, foi uma badalação!

Muito tempo se passou. Acertos foram feitos: na dissertação, na escrita, nas relações, nas obrigações, nas vontades, nas terapias, nos chopps, nos almoços, nas certezas. Nós e outras pessoas importantes estávamos a postos a qualquer deslize ou esmorecimento. Christie como uma borboleta ia surgindo, se centrando, se podando, se revisitando, fazendo pequenos acordos com a vida e os amigos, ainda que mantendo a cor, o sorriso, o gesto farto e o abraço forte. Entre grandes impulsos e dolorosos “silêncios para ouvir os gritos da vida”[1], Christie destacou-se e soube se fazer respeitada pelas diferentes personalidades do “Memória Social”.

Ontem, 14/10/08, a defesa. Confesso que sai de casa emocionada. Nada é certo neste momento, mas sendo Christie quem é, ou optamos por viver todas as emoções imprevisíveis, ou é melhor nem aparecer. Defesa? Que nada! Christie, nervosa, apresentou sua escrita de forma oral e teatralmente, afinal seu “público-alvo” – a terceira idade da UNATI – compareceu em peso! Lindas e lindos! Super bem vestidos, perfumados e verdadeiros leões nietzschinianos! Christie chorou e nós também. De novo, vimos Chaplin e mais duas novidades: a representação das grandes divas do cinema (lindas senhoras se apresentando de forma sensual no palco) e Dalva de Oliveira em homenagem à Radio Nacional! Nossa, Dalva apareceu para agradecer a renovada lembrança que Christie provocou em sua produção e participação no curso. Christie chorou e nós muito mais. Ai o ritual acadêmico. Ritual? Que nada! Argüições se transformaram em grandes diálogos. Cada fala inicial da banca, a mesma premissa: “Christie, não tenho nada a lhe perguntar, tal a força da sua escrita e de sua transformação neste processo, então vamos conversar?” Convite à publicação, elogios, elogios e mais elogios. O orientador, dono de um poder de sedução imenso, afinal conseguiu manter Christie em certos limites durante dois anos e meio, estava orgulhoso de tudo! Nossa, que momento! Fala final: elogios, agradecimentos e... muito choro de todos. Nossa, a muito tempo eu não chorava tanto. Nada de tristeza, amargor; mas riso, alívio, alegria, energia, força, felicidade!

Christie é MESTRE! Diferença? Nenhuma!
Christie, PARABÉNS!!!!!



Claudia Nunes
Mestranda em Educação/UNIRIO
Espec. Tecnologia Educacional/IAVM

[1] Fala da personagem Macabéa em A Hora da Estrela – Clarice Lispector

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Professores e tecnologia: simbioses


Professores, fomos desafiados! Por muito tempo nossa ação de educar esteve alocada em estratégias tradicionais cujo paradigma seguia a seguinte assertiva: professor ensina, aluno aprende. Os recursos pelos quais envolvíamos nossos alunos e seus processos de aprendizagem não eram levados em consideração como interferidores deste mesmo processo, positiva e/ou negativamente. A expressão oral, o giz, o vídeo, o retroprojetor, o papel, o livro etc. participavam das práticas pedagógicas como adjuntos em muitos planejamentos e não como integrantes importantes da construção do conhecimento. Eles sumiram? Foram destruídos? Não! Eles foram revisitados e revistos em suas características e ações como integrantes ao desejo e formas de aprender de todos - professores e alunos -, quando aliados aos entendimentos sobre as aplicabilidades das novas tecnologias (computador e Internet).

E a sala de aula? Com a Internet e as novas tecnologias oportunizando novos desafios pedagógicos, a sala de aula tornou-se um espaço mais aberto e inovador à comunhão de inteligências cujos potenciais podem ser ampliados a partir dos desafios propostos e aceitos pelos professores em comum acordo com os alunos. Hoje a sala de aula não é mais SÓ representada por um lugar com cadeiras e mesas em linhas, e cercada por paredes onde professores e alunos têm objetivos diferentes: um, ensinar; e o outro, aprender. A sala de aula é um espaço que ganhou espaço! As paredes caíram! O paradigma educacional se renovou também em relação aos espaços físicos! E assim todos puderam, respeitando às diversidades, aprender a distancia, em conjunto e por colaboração, por exemplo. De que estamos falando? Do uso dos ambientes virtuais de aprendizagem como lugares de interatividade social e cognitiva em parceria. Estes podem manter a qualidade da aprendizagem porque as situações-desafios se efetivam ao estimularem mudanças de comportamentos intelectivos e interpessoais. Na modalidade presencial ou a distância tornou-se possível experimentar estes ambientes e criar interessantes interações de todos com todos. O que é preciso? Sensibilidade nas escolhas recursivas e estratégicas, clareza na construção dos critérios e limites, e mediação lógica das etapas desenvolvidas.

Mas e o professor? Como fica a situação do professor? Sem problemas! Ao contrário do que se possa pensar, diante do uso da Internet como outro espaço para o encontro com informações e construção do conhecimento, o professor reafirmou-se como personagem importante para a integração entre aluno/recurso/aprendizagem e a formação cognitiva e crítica desse mesmo aluno. Como ele fez isso? Ao se abrir à possibilidade de acessar, entender e usar novas tecnologias virtuais na criação e desenvolvimento de suas práticas educativas. O profissional da educação do século XXI é um profissional predisposto, poroso e flexível. Posições fechadas ou experiências que deram certos não podem se fazer “chão” à ação educativa por repetição. Hoje, cada vez mais, a idéia de aprender está fincada no diálogo e na interatividade. E o professor, aos poucos, segue aprendendo e se revendo.

Algumas reclamações ainda persistem (e com razão): falta de incentivo do poder público à categoria; condições mínimas de trabalho, muitas vezes insalubres e perigosas; falta de incentivo à própria formação; sensação de insegurança; pouco ou nenhum recurso tecnológico para motivar e desenvolver aprendizagem; uma geração emergente que pouco lê ou escreve o que prejudica o pensamento e desestimula a permanência do professor em sala; etc. Fora isso, e em contraponto, há uma percepção generalizada de que “os alunos não agüentam mais [as formas] de dar aula; (...) [e] reclamam do tédio de ficar ouvindo um professor falando na frente por horas, da rigidez dos horários, da distância entre o conteúdo das aulas e a vida”; etc. As tecnologias, nestes casos, são usadas como “ilustração do conteúdo do professor”, são “verniz da modernidade”; e não entendidas “como desafios didáticos” por todos os atores educacionais. Além disso, as mídias (cinema, rádio, televisão) “são incorporadas marginalmente” e as aulas continuam “predominantemente orais e escritas”.

O que fazer? Com o estímulo da presença e acesso da/à Internet no cotidiano, tanto o professor quanto o “ensinar e aprender estão (...) desafiados” fortemente, daí só podemos dar conselhos: vale a pena mudar o foco; vale a pena tornar-se um curioso das novas formas de aprender, nem que seja para criticar; vale a pena experimentar / arriscar novos procedimentos e tornar a aula um lugar de confiança e de discussão, ainda que, num primeiro momento, com uma imensa incerteza; vale a pensa experimentar o diferente. Por quê? Porque, ao termos acesso a “informações demais, múltiplas fontes [e muitas] visões de mundo”, chegamos à escola com o corpo e a mente ávidos de extravasamentos, ou seja, de novas composições que nos façam participar da realidade de forma concreta. Nome disso? Aulas contextualizadas! Aulas que levem em consideração o saber do aluno como personagem principal da cena pedagógica e dos tipos de aprendizagem. Nossa memória e nossos movimentos psicomotores estão estendidos em ferramentas tecnológicas e midiáticas em diversos campos científicos, espaços de trabalho, instituições sociais e relações pessoais para favorecer nossa própria inserção na realidade / mercado. E o professor, por isso, começa a entender que precisa “repensar todo o processo, reaprender a ensinar, a estar com os alunos, a orientar atividades, a definir o que vale a pena fazer para aprender, juntos ou separados”.

Para tal, mesmo depois do período de formação profissional, ou tendo tempo de serviço, o professor, segundo Moran, “precisa (...) aprender a gerenciar vários espaços e a integrá-los de forma aberta, equilibrada e inovadora”.
Bem estamos desafiados! E agora?
Pedagogia de Projetos? É possível!


Claudia Nunes
Espec. Tecnologia Educacional/IAVM
Mestranda em Educação/UNIRIO


Referências:
MORAN, José. Os novos espaços de atuação do professor com as tecnologias.
http://www.eca.usp.br/prof/moran/espacos.htm

Nada nunca é igual

  Nada nunca é igual   Enquanto os dias passam, eu reflito: nada nunca é igual. Não existe repetição. Não precisa haver morte ou decepçã...