sábado, 20 de junho de 2009

PROFESSOR: ler

Tempos contemporâneos. Educação atual. Crianças, adolescentes, adultos e Informática. Livros, música e internet. Nossa sociedade cresce sob o efeito maior das imagens. Cresce o valor das representações e das simulações. Longe de qualquer sentido negativo, imagens também favorecem novas habilidades ao encontro com o conhecimento. Há diversidades de ações, de recursos e olhares no conjunto das relaçoes e na construção de novas e outras interações/interrelações. Mesmo demasiado humano e imagético é importante manter a reflexão sobre a plasticidade da sociedade atual. Importante porque tudo e todos continuam convivendo e convergindo aceleradamente. A questão do tempo é cada vez mais escassa. Os espaços de arpendizagem em processo de ampliação. E na mediação deste contexto: os educadores.

Depois da família, é a escola que contribui para o crescimento intelectual e pessoal dos educandos desde a mais tenra idade. As estratégias de ensino quando significativas desafiam as diversas inteligências a articularem suas memórias em constantes projeções e representações criativas e críticas no mundo e sobre o mundo. E estratégias de ensino são da competência do educador.

Em meio a essas estratégias, os educadores têm o papel de estimular e motivar os educandos a LER e a ESCREVER. Ao entender os alunos como cidadãos, os professores também devem entender que estas ações favorecem a inserção de todos em sociedade. LER e ESCREVER são saberes que diminuem incertezas e dúvidas; promovem o questionamentos e os debates; além de ampliarem o conjuntos de informações (recursos/ferramentas) necessárias às formas de solucionar diferentes problemas da vida individual ou coletiva.

LER e ESCREVER inscrevem os sujeitos na vida real. Mas, como pergunta Azevedo (2009, p.1), “como a escola pode dar sua contribuição nesse papel desafiador de criar o hábito da leitura?”. De acordo com nossa experiência, responderíamos: mudando um pouco o foco do ensino e/ou investindo na valorização (e formação) do educador, motivando-o a tornar-se também um leitor crítico do seu tempo, senão apenas um leitor. Ou seja, iniciar uma reavaliação da formação dos educadores e motivar àqueles que estão contidos na estrutura de ensino a longos anos. Do que falamos? De dar o exemplo!

Quando o professor lê entende a força desta ação na possibilidade de transformação do seu mundo. É possível sonhar porque é possível entender todas as linguagens que se interpuserem no processo de conquista. “O mundo dos livros é mágico, a criatividade corre solta pelas páginas, situações se desdobram em capítulos, heróis e vilões desafiam a curiosidade do leitor”, diz Azevedo (2009, p.01).

LER e ESCREVER não são ações que se adquira sozinho. Aliás, nada na vida se adquire sozinho. Há uma inteligência coletiva que, invisível ou efetiva, faz base às nossas subjetividades, aos nossos pensamentos, às nossas atitudes e aos nossos mutantes comportamentos. E ao redor do educador há uma expectativa imensa quanto à construção do hábito ou assiduidade de LER e ESCREVER. Mas esse educador é leitor e/ou escritor de seu tempo?

Não há magia no trabalho de incentivo à leitura ou escrita, há um trabalho árduo, de tempo limitado, que precisa ser ativo cotidianamente até ser parte da personalidade dos educandos. Parodiando o que disse o grande inventor Thomas Edison, ao educador cabe ‘10% de inspiração e 90% de transpiração’ no processo de ensinar. Seu papel, então será de mostrar/demonstrar, de diferentes formas, a importância de se ter o hábito da leitura e da escrita em comunhão com a formação de um cidadão consciente. E segundo nosso pensamento, neste texto, nada será possível se hábito de leitura não se estabelecer de um 'habituador de leitura e de escrita'.

Segundo Azevedo (2009, p.01), “o Brasil, atualmente investe 3,9% do seu PIB em educação. Tal percentual equivale a,aproximadamente, R$ 77 bilhões. (...) A verba é destinada aos cinco níveis de ensino (do infantil à pós-graduação), além de programas de governo. (...) Para resolver definitivamente o problema da educação no Brasil, o atual Ministro da Educação, Fernando Haddad, acredita que seja necessário investir, pelo menos durante 20 anos, cerca de 6% do PIB, conforme recomendação da UNESCO. Em um país de poucos leitores fica evidente a importância de, cada vez mais, incentivar e promover a literatura, principalmente nos jovens, que estão em formação”.

Ou seja, apesar da má distribuição sentida em nosso país quanto às verbas voltadas à Educação, e da certeza de que é “fundamental que todos entendam que formar leitores é condição básica para que as pessoas tenham condições de exercer a sua cidadania, para que também possam desenvolver sua afetividade, seu intelecto, de maneira a criar, a ser um bom profissional, a saber os caminhos que podem ser seguidos”, segundo Elizabeth Serra (secretária geral da Fundação nacional do Livro Infantil e Juvenil; apud, Azevedo, 2009, p.01), de novo, ao educador cabem todas as obrigações e deveres, com mínimos direitos e atenções.

Para estimular/motivar nos educandos a leitura e a escrita, não cabe pulverizar os educandos de teorias e práticas desgastadas, ao educador precisa-se oferecer também momentos, eventos, ações, capacitações CONSTANTES de leitura e escrita. Algo que contribua com a sua formação e o contextualize junto às suas expectativas de aprendizagem ou ambientes onde atue profissionalmente.

Para incentivar o educando a LER-se no mundo consciente e criticamente, são necessárias leituras sobre o educador no século XXI, mas constitutivo do patrimônio cultural do século XX. Ou seja, é preciso ‘olhar’ este educador como imigrante digital que, no século XXI, pode ou não ter sido seduzido pelas novas tecnologias, mas que precisa encontrar melhor forma de adaptação aos fortes efeitos tecnológicos digitais no ensino.

Referência:
AZEVEDO, Paola. Ler para crescer: o papel desafiador de pais e educadores para formar leitores assíduos em um país como o Brasil. Caderno de Educação, jornal Folha Dirigida (18 a 24 de junho), 2009, p. 01.

[1] A expressão ‘vida real’ significa vida fora-escola, vida competitiva, vida 'no desconhecido', realidade, mercado de trabalho.
[2] A expressão ‘tempo limitado’ refere-se ao tempo de convivência da maioria dos alunos com seus educadores. Normalmente a relação estabelece-se semestral ou anualmente. Depois o educando recomeça seu processo de adaptação junto a outro, outro e outro educador.

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