"Neurociência" é um
termo guarda-chuva que engloba todas as áreas da ciência: biologia, fisiologia,
medicina, física, psicologia e que se interessam pelo sistema nervoso: sua
estrutura, função, desenvolvimento, evolução, e disfunções.
O que somos, fazemos, pensamos
e desejamos é resultado do funcionamento do sistema nervoso e sua interação com
o corpo, juntamente com a história de vida de cada um, a cultura, a sociedade,
e a genética fazem de nós o que somos, individualmente, como seres humanos, e
como animais racionais.
"Aprender é uma questão
de foco, organização e ritmo neural." - Marta Relvas
A Neurociência quando dialoga
com a Educação promove caminhos para o professor tornar-se um mediador do como
ensinar com qualidade através de recursos pedagógicos que estimulem o aluno a
pensar sobre o pensar. Entretanto torna-se fundamental para o professor
promover os estímulos corretos no momento certo para que o aluno possa
integrar, associar e entender. Esses estímulos quando emoldurados e aplicados
no cotidiano, podem ser transformados em uma aprendizagem significativa e
prazerosa no processo escolar.
A Neurociência aplicada na
Educação vem como um estudo a mais, e não como "receita de bolo" ou
uma "panacéia" de todos os males da Educação para serem curados pela
Neurociência. Não é uma teoria e nem tão pouco uma tendência pedagógica. É um
estudo científico de como o cérebro pode aprender melhor e guardar saberes.
A função do professor é
potencializar os cérebros na sala de aula. Aliás, no olhar neurocientífico, os
atrasados não existem, não existem pessoas que não aprendem. O que existe são
cérebros com ritmos neuronais, desejos e experiências diferentes e que recebem
os mesmos estímulos/ informações / conteúdos ao mesmo tempo e coletivamente na
sala de aula.
Quando mais aprendemos mais
conexões neurais formamos... Quanto mais estímulos mais aprendemos? Mito:
aprendizagem não está relacionada com quantidade de estímulos e sim com a
qualidade desses estímulos!!! Por isso não existe "nivelamento" de
aprendizagem, pois somos diferentes nos contextos biológicos, psicológicos,
emocionais, afetivos e sociais.
Existem comprovações
científicas que o cérebro sofre modificações ao longo de nossa existência. E
isso tem a ver com a capacidade de formações de novas conexões neurais.
Nascemos em média com 88 bilhões de neurônios e cada neurônio tem uma
capacidade de produzir milhões de novas conexões, quando estimulados
desenvolvem uma capacidade denomina-se plasticidade neural/ cerebral, ou seja, quando
o funcionamento do sistema motor e perceptivo sofrem estímulos baseados em
mudanças no ambiente, através da conexão e (re) conexão das sinapses nervosas.
Somos o que vivenciamos,
experimentamos e pelo que lembramos - Marta Relvas
Aprende-se com o cérebro, e
todas as ações perpassam como um filme na máquina fotográfica, ou comparando a
um hardware, onde vários softwares são "rodados" por meio de impulsos
elétricos, e pela centelha dos afetos ou desafetos existentes e recebidos ao
longo de nossas vidas.
O cérebro sozinho não possui
função nenhuma, ele só estabelece um funcionamento quando em conjunto com
outros sistemas se interconectam, recebem e respondem aos estímulos para
realizar um potencial de atividades elétricas e químicas.
A forma de aprender está
relacionada ao recebimento de estímulos que são captados pelos sentidos,
considerados fiéis escudeiros e selecionadores, chamados canais sensoriais.
Esses estímulos conhecidos como informações (som, visão, tato, gustação,
olfação) chegam ao tálamo que é uma estrutura no cérebro que tem a função de
receber esses estímulos e reenviá-los para áreas específicas que são
responsáveis na elaboração, decodificação e associação dessas informações. O
tálamo funciona como um "aeroporto" e junto com o hipotálamo, as
amígdalas cerebrais (responsável pela emoção), e o hipocampo (responsável pela
memória de longo prazo), promovem as lembranças e a aprendizagem significativa.
É fundamental destacar a
função da escola, pois transmite valores e idéias que servem como espelho da
sociedade em que se insere, mostrando sob qual código ético se tecem as
relações intersubjetivas e intrassubjetivas. Representam também a cultura no
espaço e no tempo físico em que a criança permanece fora de seu lugar primordial,
a família.
É importante o educador estar
atento a estas questões, pois a escola necessita junto com a família preparar
para os enfrentamentos dos desafios da vida profissional, pessoal e emocional.
Aprende-se com a cognição, mas
sem dúvida alguma, aprende-se pela emoção, o desafio é unir conteúdos
coerentes, desejos, curiosidades e afetos para uma prazerosa aprendizagem.
(Marta Relvas)
O cérebro é provavelmente o
órgão mais fascinante do corpo humano. Ele controla tudo, da respiração até as
emoções e inclusive o aprendizado.
Se você é professor e
educador, conhecimentos básicos da Neurociência são essenciais para seu
trabalho, já que seu objetivo é proporcionar aprendizagem a seus estudantes e,
de preferência, da forma mais otimizada possível.
Profa. Dra. Marta Relvas
Palestrante, Conferencista e
Consultora na área de Neurociência Aplicada à Aprendizagem Cognitiva e
Emocional no Desenvolvimento Humano. Bióloga, Neurobióloga, Psicopedagoga,
Psicanalista, Pós graduada em Anatomia Humana, Especialista em Fisiologia
Humana, Bioética Aplicada e Didática do Ensino Superior. Pesquisadora na área
de Biologia Cognitiva e Aprendizagem e Membro Associada da Sociedade Brasileira
de Neurociência e Comportamento. Mentora e Professora do Curso de Pós Graduação
de Neurociência Pedagógica da Faculdade Integrada AVM-UCAM/RJ, ministrado as
disciplinas de Neurociência da Anatomia e Fisiologia Cognitiva e Emocional, e
Neurociência e Educação. Autora dos Livros: Fundamentos Biológicos da Educação
- desenvolvendo inteligência e afetividade na aprendizagem, editora WAK. 5°
edição. Neurociência e os Transtornos da Aprendizagem, editora WAK 5° edição.
Neurociência e Educação: Gêneros e potencialidades na sala de aula, editora
WAK.2° edição. Neurociência nas Práticas Pedagógicas, editora WAK , 2012.
Co-autora dos livros: Neuropsicologia e Aprendizagem para Viver Melhor -
Editora Científica; Luiza Elena Ribeiro do Valle, Sociedade Brasileira de
Neuropsicologia - editora Tecmedd,SP. Neuropsiquiatria Infância e Adolescência
- Abordagem Multidiscpilinar de problemas na clínica, na família e na escola.
Org. Eduardo L. Ribeiro, editora WAK,RJ. Como Aplicar a Psicomotricidade. Org.
Fátima Alves, editora WAK, RJ. Mídia em DVD - Neurociência e Aprendizagem
Escolar - editora WAK.
Artigo escrito para Jornal Diário Catarinense.
http://diariocatarinense.clicrbs.com.br/sc/geral/dc-na-sala-de-aula/pagina/artigos/
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