Cérebro vivo é um cérebro em constante estimulação. Como
estimulação, entendemos os jogos perceptivos e sensitivos que aprendemos a
realizar na relação com a realidade. Somos seres humanos atingidos
constantemente por tantas informações quanto nossos sentidos podem assimilar e
associar. É uma relação entre quem somos e o que podemos ser diariamente em
xeque porque, por exemplo, somos muito grupais. Neste envolvimento, cada mente
realiza interpretações diferentes. Cada interpretação se sobrepõe às
interpretações anteriores, de forma a adquirirmos experiências. Dependemos demais
de nossas experiências ao ponto de nos viciarmos.
Os jogos perceptivos e sensoriais estão então em constante
processo de associação e evocação, apesar de não termos ‘memória de elefante’.
As ondas eletromagnéticas recebidas tornam-se cores, cheiros, sons, gostos,
comportamentos, emoções e aprendizado. Somos seres complexos, em rede e
hipertextualizados: é assim que nos desenvolvemos. Nossa mente funciona
interagindo e interpenetrando essas construções estabelecidas por nosso
principal recurso, composto de sistemas multi-integrados, o cérebro.
É interessante reconhecer que nossos sentidos são parceiros de
nosso desenvolvimento mental e intelectual; parceiros de nossos sonhos e
desejos; e parceiros na construção de nossos papéis sociais. Nossas mentes
precisam agir por diversificações posturais e/ou comportamentais nas tantas
imersões que realizamos na vida. Nós somos neurônios sensitivos inaugurando, todos
os dias, uma gama física de estímulos, a partir dos potenciais de ação, das
nossas habilidades, de sua transformação em sinais elétricos, de acordo com a
volubilidade do que chamamos de ‘relação’.
Então precisamos ter cuidado ao acessar determinados espaços ou
sermos acessados por determinadas pessoas. É importante ganhar suscetibilidade
perceptiva diante de quaisquer novas vivências ou novos aprendizados. Essa
suscetibilidade também é chamada de autoconhecimento ou maturidade emocional. É
importante atentar às características iniciais da informação ou pessoa para
acentuar a neuroplasticidade e criar estratégias de convivência. Por fim, hoje
em dia, é importante ter equilíbrio sensório e perceptivo para se criar
vínculos com algo ou alguém, ou mesmo, desfazê-los por completo.
Nesta perspectiva, o silêncio interior e exterior é a melhor
estratégia aos acontecimentos ou às pessoas que, num instante, nos supreendem,
para o bem ou para o mal. Somos seres reprogramáveis. Nossa ‘assinatura’
genética pode ser modificada. Zonas de conforto podem ser derrubadas toda hora.
Mecanismos de defesa podem se tornar inócuos num piscar de olhos. Estamos
preparados?
Quaisquer proteções (ou sensações de segurança) construídas por
muito tempo prejudicam (reprimem) nossas capacidades, nossas potencialidades: é
a presença do medo e de uma forte insegurança. Quando a informação (algo ou
alguém) nos atravessa pelos sentidos, corpo e mente, estes enviam a seguinte
mensagem: somos possíveis ainda? Aqui se estabelece a incerteza de si e,
instintivamente, reagimos por negação de nós mesmos. Errado!
A percepção convoca sentidos diferentes e nos incita a mudar. A
percepção e os sentidos são usados pela realidade à nossa transformação. A
questão da resiliência é complicada, mas necessária. Não há descanso para as
surpresas da vida, num segundo, o tálamo já está distribuindo os novos
estímulos pelo cérebro e nossa mente já está pulverizada de informações novas,
de origem límbica e/ou cortical: estamos emocionados e alterados.
O ambiente com o qual interagimos e suas informações novas, pelas
tantas associações que provoca, modifica nossa biologia e nossa psicologia.
Somos seres em adaptação pelas conexões e emoções significativas que aceitamos
elaborar para crescer. E para crescer integralmente temos que nos valer de
nossos sistemas sensoriais: visão, audição, tato, paladar, olfato e gravidade
(ou equilíbrio). Nome disso? Autopercepção!
Profa. Claudia
Nunes
Um comentário:
MUITO BOM PROFa CLÁUDIA!
Parabéns pelo artigo, pela forma como descreve o comportamento humano. Gratidão !
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