O professor nunca foi
tão necessário quanto no contexto atual da era digital. A frase é da cientista
e educadora Martha Gabriel, autora de diversos livros sobre educação na era
cibernética. Em sua palestra “Livro Didático Digital”, na BITS 2013, que
acontece em Porto Alegre, a pesquisadora afirmou que a tecnologia, ao
contrário do que muitos pensam, não embota o cérebro, mas pode ser uma grande
aliada do docente, desde que ele queira se tornar amigo e usuário dela.
A internet traz o
modelo Socrático, a Paideia, para as salas de aula. O professor 2.0 não é um
mero repassador de conteúdo, ele conecta esses conteúdos. "É um
catalisador de ideias. Ele é capaz de direcionar o aluno para a busca
inteligente do conteúdo na rede", disse Martha.
A pesquisadora
alertou que estamos vivendo uma mudança muito impactante entre a Era da
Informação (Revolução Industrial) e a Era da Inovação (Revolução Digital).
Segundo a pesquisadora, o que foi aprendido na escola anos atrás não cabe mais
hoje, em termos de conhecimento inteligente.
"As grandes habilidades dos jovens até
2020 serão o pensamento crítico, a criatividade e a conexão", destacou. Na
visão de Martha, as escolas precisam descartar o modelo do incentivo ao
acerto. “Para estimular a criatividade em um aluno, é preciso
incentivá-lo a tentar e errar. Se um aluno não está preparado para errar, ele
provavelmente terá mais dificuldade em adotar posturas criativas”, completa.
Na era digital, os
modelos de educação formal perdem cada vez mais espaço para a educação
informal. “As pessoas não se contentam mais com um certificado, elas querem
saber como faz, como resolver os problemas que elas enfrentam no dia a dia de
suas organizações e corporações. Por isso, surgem cada vez mais caminhos como
as universidades corporativas, por exemplo”, acrescentou Martha.
“Estamos cada vez mais cerebralmente conectados às camadas de
tecnologia, o que acelera o ritmo da inovação”.
Segundo a
pesquisadora, em um ambiente cada vez mais baseado no BYOD (Bring your own
device) e em que 73% dos representantes da Geração Y afirmam não conseguir mais
estudar sem recursos de tecnologia, o Professor 2.0 está cada vez mais parecido
com um canivete suíço, repleto de funcionalidades. “Mais do que a era
BYOD, estamos na era BYOC (Bring your own cloud). O professor precisa
testar as redes sociais. saber como usá-las para estimular o aprendizado e,
asism, aumentar a capacidade do aluno de apreensão de conteúdo”, comentou.
Martha finalizou a
apresentação mostrando que, apesar de vivermos em uma época muito rica em
termos de compartilhamento de informações e conhecimento, ela traz muitos
desafios para o professor e o ambiente educacional. “O educador precisa saber
como lidar com o excesso de exposição, dele e dos alunos. É preciso lembrar que
as pessoas esquecem, mas a Internet, não. As questões éticas e o bulling devem
ser analisados com cuidado".
Outro grande desafio,
segundo a pesquisadora, é o plágio na rede. “Se você mostrar a uma criança o
que é plágio e dizer que, quando você cita, não é há demérito, muito pelo
contrário, você vai estimulá-la a pensar de outra forma. Muitas vezes o plágio
acontece, porque quem o pratica não tem consciência”
A pesquisadora
alertou que também é preciso saber lidar com o excesso de informação e a fadiga
cerebral. “Temos registros de que quem usa tecnologia pode mudar 37 vezes mais
de telas durante o dia do que os que não usam tantas redes sociais, por
exemplo. Isso dispersa o aprendizado" afimrou Martha, que aposta no
professor 2.0 com uma das profissões mais importantes do futuro.
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