O mundo é desconhecido e estou desbravando a mim mesma para aceitar o mundo como ele é. Como professora (Estado), Tutora em cursos de EAD, Revisora de Material Didático e MESTRE em Educação (UNIRIO), estou seguindo a vida fazendo o que gosto, como gosto e com quem gosto muito. Escrevo e publico textos para me esvaziar de mim e poder aceitar o Outro como vier. De resto meu vicio é o mundo virtual, ainda que eu nao seja dissimulada. Mutante? Isso! Eu gosto de ser mutante!
sexta-feira, 19 de outubro de 2018
segunda-feira, 15 de outubro de 2018
BARALHO DE EMOÇÕES
De novo pensando em
jovens da escola pública. Mais do que qualquer coisa, uma primeira impressão:
eles não tem autoconsciência e nem tem onde busca-la ou aperfeiçoa-la de modo
que ganhem autonomia de emocional. Sentada no pátio da escola, eu observo
comportamentos, a partir das linguagens verbal e nao-verbal. E é a não-verbal
que mais me surpreende, pelo descontrole, pela insegurança, pelo disfarce, pelo
nervoso, pela indiferença, das atitudes (formas de fazer valer suas vontades /
crenças) emocionais diferentes.
Em papos diversos, eles
reagem com o corpo e com a voz de forma agressiva ou abrupta. A sensação é a
seguinte: quando colocados em xeque, eles se desarticulam e atacam. Atacam com
deboche, palavrões, gritam, irritação, riso histérico. E eles só estão juntos e
conversando. Tudo natural... Mas há temas que fragilizam, que tocam em suas
memórias mais afetivas ou traumáticas, e eles reagem... reagem para acabar com
o problema: sua insegurança / seu medo. E de novo, lembro: eles estão apenas conversando.
De repente penso em Paul
Ekman, um psicólogo americano (Washington, 1934), especialista no estudo das
emoções e da expressão facial. Para além da cultura, Ekman percebeu, em suas
pesquisas, que era preciso aceitar a perspectiva evolutiva e o pensamento de
Darwin foi fundamental. Além da cultura (internalizada pelas interações em
espaços de média violência e tensão), então, meus jovens nascem e crescem com
emoções conturbadas: exemplos diversos o que gera comportamentos ‘fora do
padrão’ num simples ‘bate-papo’.
Penso em Ekman e em seu
livro “A Linguagem das Emoções” que estou lendo com calma. Esses jovens não têm
emoções de qualidade; eles chegaram aos 17 ou 18 anos sem emoções de qualidade,
principalmente, qualidades positivas para a convivência e aceitação da
diversidade em geral. Esses jovens são ‘umbilicais’, aprenderam a ser
‘umbilicais’ por se desenvolverem ou muito sós, ou com muitas pessoas em um
cômodo só. Ambas as siturações são inibidores ou intensificadores do sistema
nervoso em termos de autonomia de pensamento, e/ou estratégias de
sobrevivência. É muita energia / vontade represada...
Segundo Ekman (2011), no
século XXI, é preciso preparar os jovens com quatro habilidades básicas: (1)
torna-se mais consciente do momento em que se emocionam; (2) escolher como se
comportam quando se emocionam; (3) torna-se mais sensível em relação à maneira
como os outros estão se sentindo; e (4) usar cuidadosamente as informações que
se adquire a respeito dos sentimentos do outro. Afinal “as emoções determinam nossa qualidade de vida”. Ou seja, Ekam
refere-se ao ensino da empatia e do equilíbrio às funções executivas!
Aos 17 ou 18 anos, eles
nem tem noção dos gatilhos emocionais que insistem em aceitar e que resultam em
ações cujas consequências não estão preparados para assumir; quanto mais
reconhecerem quais gatilhos mentais tem para poderem trabalha-los adequadamente
na medida em que surgem. Dificil pedir equilíbrio emocional quando mal se
conhecem emocionalmente. Então aos trancos e barrancos, eles vão agindo sem
pensar e liberando energias / vontades em todo e qualquer espaço.
Segundo Tomkins (apud
EKMAN, 2011, p.17) “as emoções motivam todas as escolhas importantes que
fazemos”, mas para isso é preciso que se conheçam emocionamente e que adquiram
ferramentas para lidarem com as emoções quando surgirem. Sentada no pátio, eu penso em Ekman (2011) e nas mudanças que as
emoções podem causar a cérebros tão juvenis.
Ao mesmo tempo em que
reconhecemos a presença de partes do cérebro que regulam as emoções,
reconhecemos também que estas são as primeiras atingidas pelos estímulos que
deflagram as emoções. Mesmo conversando entre amigos, num intervalo de aula,
eles estão com o sistema nervoso autônomo muito alterado. Este “regula o batimento
cardíaco, a respiração, a transpiração e muitas alterações corporais” (p.37). Mas
estão desregulados: eles querem de quaisquer maneiras aparecer; eles amam a
exposição mesmo que beire ao ridículo ou um transtorno.
Através das linguagens
nãoverbais, eles expõem todas as experiências de interação que tiveram até a
idade de 17 ou 18 anos, e quase sempre ou são impróprias, ou são disfuncionais,
ou mesmo desorganizadas; e quase sempre geram situações de desconforto ou
chateação por parte da equipe pedagógica.
Ekman (2011, p.44),
afirma que “nascemos preparados, com uma sensibilidade em desenvolvimento para
os eventos que foram relevantes para a sobrevivência de nossa espécie em seu
ambiente ancestral como caçadores e coletores”. Eu acredito que estamos
desenvolvendo apenas jovens coletores emocionais já que as emoções que vão
angariando enquanto crescem tem poucas oportunidades de sublimação, de
experimentação e/ou extravasamento. Sendo assim, há uma carga neuroquímica
sendo alimentada pelas revoluções hormonais e amplificada pelos níveis de
negação ou de violência cujo resultado são violências supreendentes; ações
intempestivas; desejos de riscos absurdos; medos insensatos; e silêncios
inacessíveis.
Sabemos que as emoções
negativas, quando controladas (na medida certa), ajudam à sobrevivência, tanto
da espécie, quanto dos mais jovens. Por isso, Ekman (2011, p.75) afirma que
“tristeza, raiva, surpresa, medo, aversão, desprezo e felicidade são termos
emocionais de emoções afins”. O que pode variar é a genética, a intensidade e a
frequencia de sua vivência e convivência. E, de onde eu observo, a constante
vivência dessas emoções trouxe comportamentos que, na escola, são quase
aceitáveis, pois observamos este local como local do erro, do resgate, do
ajuste, da reabilitação, do controle e do equilíbrio para viver em sociedade;
mas, quando eles forem para o mundo, estes comportamentos serão pontos para sua
desagregação, desilusão, depressão e ações preconceituosas destes mesmos
jovens, quanto da sociedade para com eles.
Meus jovens dialogam
como se estivessem em um ringue de luta livre cuja ideia é disputar uma vaga no
ranking dos mais descolados, intensos, inteligentes, amoroso, chamativos,
intransigentes, participativos, junto às emoções de uma geração que só saber se
fazer presente, no presente, com força, vontade e muitas emoções no corpo. A
linguagem nãoverbal reafirma sua vontade de ser único: a estrela criada em seu
imaginário.
Hora da aula. Vamos ao
futuro...
Profª
Claudia Nunes
segunda-feira, 1 de outubro de 2018
CÍRCULO SOCIAL: bem ou mal?
Facebook. Ambiente de socialidade sem corpo físico, mas com todos os sentidos a pleno vapor. Rede social e virtual. Nós, sujeitos comunicativos e sociais, ganhamos outros pontos de contato com a vida junto a outras pessoas. E nessas redes, nós criamos as mesmas relações afetivas. Um detalhe diferente: em ambiente virtual, temos esconderijos melhores, criamos disfarces sofisticados e acreditamos em privacidade e segurança. Que coisa...
Mesmo assim, de tempos em tempos, nós sentimos tédio. O novo tem tempo de validade também. Nós convivemos virtualmente, mas sempre procuramos desafios e novidades, mesmo entre grupos de pessoas ‘invisíveis’. Só que isso não é permanente, e logo, surgem o tédio, a rotina e a falta de interesse. Hora da faxina! O círculo social deve ser limpo. Hora de emoções mais iluminadas.
Uma página de facebook é como um facho de luz que atrai múltiplas pessoas. Por interesse intelectual, afetivo ou bisbilhoteiro, pessoas acessam pessoas acreditando que estão construindo laços. Alias estão mesmo... Laços virtuais, inicialmente frágeis, mas laços bem duradouros. Há reencontros bem interessantes. Mas de tempos em tempos, o nível de negatividade cresce. Como na vida real, as emoções, através da escrita ou das imagens (linguagens), entram em choque e a confusão acontece. Hora da faxina! Hora da limpeza! Hora da desconexão!
Na vida real ou virtual, quaisquer níveis emocionais tóxicos devem ser prevenidos: viver com as diferenças é importante e faz crescer, mas prevenção quanto a própria saúde mental é fundamental. Caso não seja possível prevenir, níveis emocionais tóxicos devem ser observados, pensados e ignorados ou descartados. Eis a hora de pensar o círculo social de forma consciente: ignorar ou descartar? Para decidir bem, pensemos em CONFIANÇA.
Sem o contato físico, nós precisamos ter atenção às linguagens. Mesmo em ambiente virtual, as pessoas não escapam de ser quem são. Nós levamos nosso mundo mental conosco e, depois de certo tempo, o mundo exterior reflete exatamente esse mundo mental. Ou seja, também nas redes sociais virtuais, diante de emoções tóxicas (negatividades, radicalismos, ignorâncias, egocentrismos, orgulhos, autoritarismos), nós precisamos encontrar pontos de contato com a resiliência, a empatia, certa compaixão e o transporte de linguagens mais positivas para sobreviver nessa selva de... bits.
Pare e observe. Pare e ‘finja demencia’. Pare e analise. Pare e perceba que, possívelmente, há alguns tipos de pessoas tóxicas com quem todos nós lidamos, mas que devemos nos livrar educadamente (lógico) ou, no mínimo, devemos evitar contatos mais rotineiros.
Quer saber quem são essas pessoas? Analise do quadro:
Os ESPONJAS - Ocupam seu tempo inconvenientemente. Usam e abusam da amizade. Ignoram seu espaço e sua autonomia. São aproveitadores. Querem, querem e querem. Sua vida quase para em função desta relação. Importante ter estratégias de afastamento, já que não são pessoas ruins, apenas incomodas. Só atenda o celular se tiver tempo para conversar. Ignore algumas mensagens. Evite exposições de si mesmo. Avise que não terá tempo. É preciso limitar. Ficar sozinho ou com outras pessoas é importante.
Os CRÍTICOS - Nunca tem algo positivo para dizer ou escrever sobre nada. Tudo é observado com dúvida e estranheza. É destrutivo. Não há utilidade, afetividade, compreensão em sua fala. Estratégias: brinque com essa característica (é um alerta). Fale de outras pessoas que tenham a mesma característica e quanto isso é estranho. Sugira que pode perder amigos. Viver isolado.
As VÍTIMAS - São especialistas em culpa. Todos não gostam deles. Tudo é com eles. Eles nunca se apropriam de suas próprias falhas ou erros. Eles são a vítima! Tudo parece sempre ser culpa do outro: alguém que nunca lhes deu uma chance. São energias confusas e enviar essas energias aos outros. Eles nos envolver em jogos de culpas e insensatez.
Os NEGATIVOS - O mundo é péssimo. São como doença contagiosa. Mente negativa e dramática. Muito ansiosas, preocupadas, pessimistas, deprimidas e queixam-se de tudo. Importante manter pouco contato com eles; ou, vez por outra, dialogar sobre isso. Lembre-se que deboche e ironias agravam essa atitude.
Os IMPACIENTES - Tem explosões tolas e infantis. Todos têm momentos difíceis, mas é preciso autocontrole. São subdesenvolvidas psicologicamente. Inteligencia emocional baixa. Drenam energia também. São grosseiros. Insultam por quaisquer motivos. Se o afastamento for impossível, seja paciente. Escute, mas não ‘alimente’. Evite confusões.
Os NARCÍSICOS - Não tem ouvidos para os outros. Não tem empatia ou compaixão. Ignoram as necessidades alheias. Pouco prestativos. Tem problemas de pesonalidade. Quase não interagem socialmente. Tudo parece girar em torno deles mesmos. O outro é seu codjuvante sempre. Sempre que puder amplie sua redes social. Tenha pouco contato. Procure sair com outras pessoas.
Os MENTIROSOS - Entre o silencio e a palavra, mente-se muito mais com palavras. Os mentirosos, afirmam alegremente: ‘não sou baú para guardar segredos’. Espalham notícias sobre todos sem confirmar. Enganam. Disfarçam. Não falam de si mesmo. Disfarçam pensamentos e desejos. Não conhecem sigilo. São prejudiciais à saúde da relação. Tem valor invertidos. Fuja se puder.
Os MANIPULADORES - São exploradores. Fazem fofoca como arma. Usam palavras certas para conseguir o que querem. Usam de emoções diversas para mudar decisões dos outros. Eles querem o que você tem ou quer. Seguem seu rastro para conquistar o que você quer. Tem histórias para justificar ações e comportamentos. Eles sabem extrair informações e fazer você fazer o que querem. Afinal sabe suas fraquezas. Eles exploram sua generosidade e sua consciência social e raramente darão nada em troca. São fáceis de serem identificados e precisam ser desmascarados.
Os ASTUTOS - Todas as vezes que abrem a boca são prejudiciais; causam problemas; gostam de gritar; criticas a tudo que faz; tem observações irritantes e que ofendem / magoam. Tem comentários desagradáveis. Questionam sua honestidade, diligência ou habilidade. Cobram constantemente. Abaixam quaisquer autoestimas. Estão sempre pensando em conquistar custe e que custar. Não se deixe subornar; não ature.
Os ESTRESSADOS - Temos todos os tipos de emoções. A vida faz testes em tempo integral. Precisamos sobreviver às tensões. Mas há os exagerados: os preocupados com tudo em excessos. Eles sempre aparecem e nos envolvem com seus problemas, sem parar ou exageradamente. Tem uma fragilidade enorme com as ‘coisas’ da vida.
A vida é para ser vivida em sua integralidade sim; mas com equilíbrio inclusive quanto às pessoas que colocamos em nossas redes sociais virtuais ou não. Elas trazem emoções que nós não merecemos. Atenção!
Profª Claudia Nunes
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