Brava mulher que representa a intuição. Não aceita o ‘solene’. Doa pedaços de vida em cada escrita. É mulher e investe nos livros como pessoa real. A emoção não está creditada em gêneros. “Escrevo sobre o que me assombra”, diz. O que almeja? Redenção, compreensão, emoção. Seu ponto de encontro e de fuga é a experiência, algo que já nasce recheado de estímulos que criam suspiros / sustos atenciosos. “Sei que está se fazendo algo dentro de mim, mas não sei... virá”. Há uma seiva em seus contatos, coisa sem padrão e que pulsa / escorre por causa do acaso. “Sempre tenho um olho alegre que vive, e um olho triste que escreve”. Sua força narrativa está na apresentação constante do lado escuro de tudo, ainda que divertida entre os seus, os meus e os nossos. Cada crônica e/ou romance faz com que tenhamos arrepios, como reações de aceitação e prazer. Nós lhe damos razão: a vida é assim... Não há uma terceira pessoa esfriando os enredos. Optar por lê-la é esvair-se nas brumas de tramas, às vezes aflitas, muitas vezes consoladoras. Encaramos quaisquer primeiras pessoas: eu/nós. É tranqüilo, é simples, porque aprendemos com o que é nosso. Precisamos ser ‘As parceiras’. Precisamos do ‘Silêncio dos Amantes’. Aceitamos ‘Perdas e Ganhos’. Parece que nada lhe atrapalha e segue num projeto de depuração de vidas, com estilo e quase sem defesa. Só parece... Será uma mulher com defeitos? Com certeza! Será uma escritora com problemas? Lógico! Mas quem não os teria ou seria? Na errância conquistamos espaços de verdade tanto das coisas quanto dos personagens. ‘Pensar é transgredir’ mesmo sem delicadezas fúteis. Não há tempo para agradinhos. É flor plenamente aberta do seu tempo. Tem uma esfera particular tímida e sempre caminhante. “Escrevo ao sabor do vento que sopra dos personagens e tramas (...). A história vai dentro de mim. (...) Não preciso de silêncio especial”. Em tempo, acompanhar os resultados deste processo é divertido, é triste, é sombrio, é exigente. Sem o poder das muletas, somos compensados com dramas gentis. Se para tudo há ‘O Ponto Cego’, ‘para não dizer adeus’, velejemos por este ‘Mar de dentro’ ao máximo que pudermos.
Claudia Nunes
Profa. de Literatura – Ensino Médio
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