Na área da Educação, muitos autores falam sobre as formas de aprender, estratégias de aprendizagem e sobre as relações professor-aluno. Rubens Alves, Tania Zagury, Içami Tiba, Celso Antunes etc. produzem livros e mais livros de ajuda aos professores de educação infantil, especial e de ensino médio. Mas e a realidade? Há uma crítica generalizada sobre a qualidade de ensino, formação de professores e atividades pedagógicas no Brasil. Mas e a realidade? Numa escola do estado, ajustada no espaço físico de uma escola do município, boas partes dessas teorias encontram muitos entraves. Localizada no subúrbio do RJ, seus alunos não desenvolvem a atenção necessária para gerar aprendizagem. É culpa do professor? É só isso que se sabe dizer?
O encontro com o conhecimento é fragmentado. Os limites são desconsiderados. E os professores retroagem por defesa: escrevem sem parar no quadro negro para compor a hora de aula; aplicam questionários sobre capítulos dos livros para obrigar os alunos a ler; aplicam testes surpresas por causa das indisciplinas; além do que se apresentam duros e ríspidos para o aluno. Será isso algo tão indesculpável assim? É retrógado, mas indesculpável? Não sei... afinal, são muitos anos de desvalorização total e ‘anos de desvalorização’ não fazem crescer nenhuma auto-estima ou estimula um aprendizado continuado. Como dar o que não se tem?
Quando pensamos na palavra ‘aprender’, pensamos em ‘sem prisões’, ‘sem fechamentos’, pensamos em ações que ampliem o cabedal de informações dos alunos de forma a que possam solucionar problemas cotidianos e se integrar em diferentes relações e no mercado de trabalho. Mas no contexto sociocultural e tecnológico atual, a escola tem assimilado de forma paulatina e gradativa às novidades pedagógicas e tecnológicas. Por quê? Porque o espaço escolar é um espaço de múltiplos desejos que precisam encontrar a oportunidade de se objetivarem. Esta oportunidade só acontece com a organização (e filtragem) das múltiplas seduções do mundo. E isso leva tempo. Isso requer responsabilidade de toda uma equipe. Isso requer conhecimento sobre as demandas do novo tempo. Isso não é a ‘casa da mãe joana’!
Para aprender sai-se de um monólogo tradicional para o fomento constante de diálogos complexos e interativos, dentro de uma democracia de atitudes, e não de uma anarquia de perspectivas criadas por teóricos criativos. É importante ler e conhecer outras maneiras de ensinar, de entender a dinâmica cognitiva, de construir relações diversas. Mas professores são sujeitos com memória cultural própria; experienciaram as relações de forma única; tem identidades (links com a realidade) diferentes; logo, visões de/sobre o mundo e sobre formas de ensinar foram construídas de jeitos muito particulares.
Aí dizem a escola é chata. Chata por quê? Na escola, a aprendizagem informal ganha tons formais porque há uma intenção de formação e conhecimento de valores. Torná-la um constante parque de diversões não é possível.
Profa. Claudia Nunes
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