quinta-feira, 10 de setembro de 2009

VÉSPERAS

Meu incomodo: vésperas. O sentimento de véspera é inútil? Não! Necessário, mas ingrato. As demandas diárias se vão quando superadas as vésperas. A existência rascante incomoda, mas não muda, diante das vésperas. Ser é sendo todo dia fiando semelhanças e diferenças por contato de véspera. Às vésperas cada passo envolve expectativas e estas são infindas. O amor, amizade, saudade, tristeza, frustração, ilusão, confiança são sentidos do instante anterior. Anti-véspera alucinante da véspera. Para frente, o desconhecido. Ou se é, ou se sendo. Nunca se foi. Todos os olhares se fazem dentro de um quadro expressionista porque, na dobra, no canto, no verso, a véspera. Quem vive de véspera? Todos nós! É o fundo racional da ansiedade. Os gostos das vésperas alimentam novas vésperas e o inacabado assume vívida posição nas mentes obcecadas pelo outro seguinte. É insuportável e insuperável na mesma dose. Agita, ressente, reduz e sacia. Não se morre de véspera. Não se morre à tarde. Morre-se de dor ou de prazer. No movimento de véspera, as reservas se convertem em energia. Às vésperas, proteína. Às vésperas, ingestão de noites e manhãs. No cardápio da vida, elencos de vésperas emoções e relações. Sem escolhas, assume-se impulsos das razões adultas e nesta linha, a saúde se abala. O caos da véspera é liga dos futuros. Diante disso, os personagens da narrativa experimental da vida constroem perturbações na véspera e o tempo se ajusta às vésperas. Sem as vésperas, distância, desconexão, esquecimento. Agora, sem vergonha, veste-se a véspera da necessidade disfarçada.

Profa. Claudia Nunes

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