terça-feira, 22 de setembro de 2009

Supresa numa estação em Berlim

Na estação de trem de Berlim, repentinamente Julie Andrews começa a cantar tema do filme 'A Noviça Rebelde'... Todos estranham e olham para todo lado. De repente... ah... vejam... Lindo demais!!!

http://www.youtube.com/watch?v=7EYAUazLI9k&annotation_id=annotation_72265&feature=iv

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

VITÓRIA DA SAMOTRÁCIA

Estou em tempos muito sensíveis. Assim fui à Grécia. Estou só, numa sala vazia, numa manha de segunda-feira. Mas fui à Grécia, berço da sensibilidade artística e cultural, e de todos os meus desejos. Com paixão, eles romperam as barreiras da razão e hipertextualizaram os sentidos pelo tempo. Sua história tem alicerces misteriosos e permanecem articulando interfaces com a vida humana. Ainda assim cada sujeito tem sua sensibilidade numa perspectiva particular devido a cada contexto histórico de formação sociocultural em que estiver imerso e em convergência.

Dentre os sentidos mais exigidos no contexto digital atual está o olhar. Este está intensamente seduzido por diferentes aspectos da realidade e de forma veloz. Numa afirmativa que reconhecemos ser radical, com o olhar, ou a partir da visão, intensifica-se o processo de construção do conhecimento. Da informação ao conhecimento, é preciso olhar, ou seja, representar de forma rápida e em links variados os elementos aos quais se tiver contato /acesso diariamente na memória.

É complexo. Muito complexo. Mas há um momento na vida em que somos seqüestrados da razão pela visão com grande emoção porque precisamos (re)estreiar rotineiramente. É um seqüestro aleatório, que causa susto e taquicardias. Este momento tira o fôlego, faz o coração entrar em arritmia e nos suspende do equilíbrio do mundo e de nossas zonas de conforto. Estou diante de uma obra de arte que tem esta capacidade: estou diante da Vitória da Samotrácia, também conhecida como Niké da Samotrácia porque representa a deusa grega Niké.

Em minha juventude, num lance distraído, pilhando livros didáticos e enciclopédias, defrontei-me com a ‘Vitoria da Samotrácia’. Foi um encontro intenso e ardente, e me causou paralisia, silêncio e lágrimas impensadas. Parecia que eu a conhecia. Fui transportada para outro tempo, mas sem conseguir discernir com clareza as imagens que me rodearam. Quem seria? Quem a construiu? Qual é o seu sentido? Qual é sua história? Eu não sei, só sei que, para todo o sempre, fiquei impactada e marcada por esta figura.

No Museu do Louvre, em cada entrada uma hostess: a Mona Lisa (pavilhão Denon), a Vitória da Samotrácia (pavilhão Sully) e a Vênus de Milo (pavilhão Sully). Eu nunca tive o privilégio de vê-la in loco, mas já me deparei com sua cópia no Museu Nacional de Belas Artes (MNBA/RJ) e foi desesperador perder os sentidos, tal o meu arrebatamento diante desta escultura. Por que estas sensações? Por que estas sensações diante dela?

Segundo o blog ‘Círculo Feminino’, é sua representação que demanda intensidade na emoção de vê-la. Ela é mulher e alada, indicativo de grandes vôos, grandes emoções, grandes transformações, ao sabor dos ventos. É quase assustadora a sensação de que ela se joga para cima de nós ou para dentro da vida com coragem e heroísmo. Além disso, foi criada para ser colocada sob a proa de um navio de guerra e para comemorar a vitória de uma batalha naval. Força, ímpeto, fôlego são suas palavras definidoras. É a beleza em velocidade.

A Vitória da Samotrácia foi encontrada por um arqueologista em 1863 em 118 pedaços e remontada no Museu do Louvre apenas em 1864, porém sua cabeça nunca foi encontrada. Quando uma mulher perde a cabeça? Quando se apaixona, quando se defende ou aos seus entes queridos, ou quando sua insatisfação chega aos limites do razoável. Perder a cabeça, é perder os sentidos, enlouquecer e reagir ferrenhamente às repressões, obrigações, violências ou intransigências.

Depois de muitos anos, estou só numa manha de segunda-feira, e novamente me deparo com uma foto enorme da Vitória, de Niké, de Atenas Niké. Não é um encontro real: vislumbro uma foto. Mas é um encontro tão avassalador que apagou a sala em que eu estava. E a sensação é um imaginário pulsante e recôndito atingido / afetado brutalmente. Calafrios ferozes em todo o corpo e órgãos. Que mulher é essa? Sem parar de olhar, rodeio seus detalhes e percebo pensamentos sem um sentido final. Sei que ainda penso, mas não sei o que e nem o porquê desta confusão de sentimentos. Sem medo, mergulho num oceano desordenado, mas sem preocupações quanto a parecer boba. Inesperadamente, sei que estou apaixonada!

De acordo com alguns referenciais gregos de que me lembro, o belo, o bom e o verdadeiro são os elementos que se percebe intactos em todas as manifestações artísticas e culturais das épocas. E tenho uma certeza: estes elementos estão misturados em cada entalhe desta estátua representada pela deusa Atena Niké (Atenas que traz a vitória), de forma única, inconfundível e intrínseca. Estamos eu e ela / ela e eu fundidas e, sinceramente, não quero me desligar. Se estou indo ao encontro de Hades, vou feliz da vida!

Embora paralisada por esta visão, aceito a idéia de que, por falta, me completei. A estátua não representa medos, dúvidas, longos raciocínios ou desistência; ao contrário, a simbologia da mulher alada liderando uma batalha naval – ‘uma beleza em velocidade -, gera uma energia que perpassa as veias do ‘observante’ de coragem, vontade, exuberância, investimento e superação. Sem a cabeça, a projeção movimenta-se no impulso, no risco. Não há nada impossível, há o arrebatador momento do que me falta ou do que me renego por imaturidade. A estátua me diz: ‘por que não?’ E eu não sei responder. Se nunca me fiz esta pergunta como responder? Inútil...

Com a instalação desta paixão, outro embrião se insurge emocionalmente: a criatividade. É dolorido. Voar nas asas da Vitoria é abrir espaço para atualizações das certezas mais antigas... e isso dói. Mas é preciso vibrar com o tempo e assumir Eros no conjunto de todas as experiências. Capturada pelo meu olhar, a Vitoria me faz ultrapassar duas manifestações de amor: Philia (amor associado à amizade, ao companheirismo e à reciprocidade) e Ágape (com sua idéia de benevolência e caridade de forma humanitária e desinteressada). Assumo minhas paixões, ciúmes e possessividades que teimam me atravessar.

Estou num momento de prazer e tormento, sem muito controle. Desculpem...

Referências:
Blog Círculo Feminino. Disponível em: http://circulonofeminino.blogspot.com/2006/12/quem-foi-samotracia.html
Enciclopédia virtual Wikipédia. Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Vit%C3%B3ria_de_Samotr%C3%A1cia

Profa. Ms. Claudia Nunes

A SENSIBILIDADE


Ser humano é um conjunto de sentimentos e sensações à flor da pele De um lado impulso e reações; de outro, o controle e o raciocínio. Não há pessoas ‘neutras’, frias, insensíveis. Há intimidades com experiências diferentes e que aprenderam a ter limites sensoriais. Enquanto isso, o que vibra é o corpo, tenso e teso. Dentre as faculdades humanas, aprender a sentir é a imantação magnética que proporciona grandes suspiros e boas lembranças ‘a de eterno’. É bom relembrar porque ‘re-sentimos’. Esse magnetismo movimenta as informações criando uma sinergia entre os sentidos, a pele e a realidade. Desta sinergia, percepção e múltiplas emoções. Entre o amor e ódio, passando pela indiferença, a mente se confunde, ainda que com prazer com o que acessa, com o que experiencia, com o que vê porque isso deixa um sabor amoroso. Conhecer e entender se inauguram por causa das sensações dos sentidos, cada vez mais enfáticos nas ações de arrepiar. Pensamos de corpo inteiro. Somos conhecimento em interpretação amorosa todo o tempo. Antigos e modernos, equilibrados e confusos, do raciocínio à sensibilidade nada se desvaloriza, nada ‘se desatenta’ da emoção da emoção. E os gêneros procedem por inaugurações suspirantes. De onde vem a sensibilidade? Àqueles indivíduos que caminham pelos dias fazendo o bem, em harmonia com suas relações e assumindo a beleza da ética, se naturalizam até mesmo os fios de cabelos, focos concentrados de sensibilidades imensas. Mas e os indivíduos ‘duros’, sérios, justos, quase um corpo fortificado de certezas inabaláveis? Não teriam sensibilidade? Se estão inter-relacionados com o mundo externo, têm suas demandas particulares de que, provavelmente, afastam a todos. Para que ‘todos’ em participação das suas interioridades mais doces? Sofrer julgamentos? Nunca! Não há necessidade. Há lugares e lugares para assumir a presença do mundo por dentro dos ossos. Eu gosto deles. Seus invólucros são porosos, mas disfarçados. O fogo das sensações está espiralado somaticamente. Sorrateiros se desdobram em mil gestos e escolhas aparentemente desconexas para criar seu próprio processo de esvaziamento sensível. Eu gosto demais deles. Em suas variadas habilidades profissionais representam, criam pontes, integram capacidades com o romance, com a beleza, com o otimismo, com o amor a tudo. Bruta ou elaborada, é bonito observar o momento em que os sentimentos são expressos com intimidade e poesia; é bonito observar meus mais queridos amigos ‘simbolizando’ suas paixões íntimas com grande sensibilidade; é bonito saber que existem pessoas assim... do meu lado.

Profa. Claudia Nunes

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

VÉSPERAS

Meu incomodo: vésperas. O sentimento de véspera é inútil? Não! Necessário, mas ingrato. As demandas diárias se vão quando superadas as vésperas. A existência rascante incomoda, mas não muda, diante das vésperas. Ser é sendo todo dia fiando semelhanças e diferenças por contato de véspera. Às vésperas cada passo envolve expectativas e estas são infindas. O amor, amizade, saudade, tristeza, frustração, ilusão, confiança são sentidos do instante anterior. Anti-véspera alucinante da véspera. Para frente, o desconhecido. Ou se é, ou se sendo. Nunca se foi. Todos os olhares se fazem dentro de um quadro expressionista porque, na dobra, no canto, no verso, a véspera. Quem vive de véspera? Todos nós! É o fundo racional da ansiedade. Os gostos das vésperas alimentam novas vésperas e o inacabado assume vívida posição nas mentes obcecadas pelo outro seguinte. É insuportável e insuperável na mesma dose. Agita, ressente, reduz e sacia. Não se morre de véspera. Não se morre à tarde. Morre-se de dor ou de prazer. No movimento de véspera, as reservas se convertem em energia. Às vésperas, proteína. Às vésperas, ingestão de noites e manhãs. No cardápio da vida, elencos de vésperas emoções e relações. Sem escolhas, assume-se impulsos das razões adultas e nesta linha, a saúde se abala. O caos da véspera é liga dos futuros. Diante disso, os personagens da narrativa experimental da vida constroem perturbações na véspera e o tempo se ajusta às vésperas. Sem as vésperas, distância, desconexão, esquecimento. Agora, sem vergonha, veste-se a véspera da necessidade disfarçada.

Profa. Claudia Nunes

Nada nunca é igual

  Nada nunca é igual   Enquanto os dias passam, eu reflito: nada nunca é igual. Não existe repetição. Não precisa haver morte ou decepçã...