As tecnologias
estão cada vez mais presentes em sala de aula, o professor tem que se preocupar
em preparar o aluno para ser atuante em um mundo em transformação e ajudá-lo a
desenvolver competências específicas para o século 21. Mas quais seriam elas? Ninguém
sabe ao certo. Não há embasamento às tantas listas que se observa por aí. Então
o que oferecer às crianças e jovens de forma a terem mais qualidade e maior
formação possível?
Intrigado com
essa questão, um grupo de fundações pediu que ao National Research Council, uma organização norte-americana que faz
pesquisas sobre temas importantes da sociedade para ajudar governos a
desenharem políticas públicas, reunisse especialistas para definir quais são
essas competências. Durante um ano, um comitê formado por educadores,
psicólogos e economistas fez pesquisas sobre o que se espera que os estudantes
alcancem nos seus ciclos escolares, nos seus futuros trabalhos e em outros
aspectos da vida. O resultado, publicado no fim de julho no livro digital “Educação
para a Vida e para o Trabalho: Desenvolvendo Transferência de Conhecimento e
Habilidades do Século 21”, tenta dar nomes aos bois e ajudar professores e
gestores públicos a prepararem os estudantes para o século 21. O download é
gratuito.
De acordo com o
estudo, o aprendizado que tanto se procura está relacionado à capacidade de
aplicar o que se aprendeu em situações novas, o que os estudiosos chamaram de
“transferência de conhecimento”. Isso significa, exemplificam os autores, que
não basta o aluno aprender os conceitos matemáticos de média, moda e mediana,
ele precisa conseguir usar o que aprendeu na sua vida. Essa habilidade de
transferir o que se sabe, seja em circunstâncias da vida real, seja dividindo
conhecimento com outras pessoas, ajuda os estudantes a desenvolverem as
competências para o século 21.
Tais
competências foram divididas em três grandes domínios. O primeiro deles é o cognitivo, que é aquele que
envolve estratégias e processos de aprendizado, criatividade, memória,
pensamento crítico; é o que está relacionado à aprendizagem mais tradicional.
Segundo os autores, essa é a dimensão em que se tem uma oferta mais farta de
pesquisas e, por isso, há claras evidências de que o bom desempenho nessa área
traz bons resultados posteriores na vida do aluno.
Os outros dois
domínios, muito menos estudados, são o
intrapessoal e o interpessoal.
O intrapessoal tem relação com a capacidade de lidar com emoções e
moldar comportamentos para atingir objetivos. Já o interpessoal envolve a
habilidade de expressar ideias, interpretar e responder aos estímulos de outras
pessoas.
Os três
domínios, no entanto, não são estanques. Existe uma interseção entre eles que
envolve habilidades que podem estar em mais de um domínio. Veja a imagem a
seguir:
Apesar da falta
de pesquisas que ajudem a embasar as conclusões, sobretudo nos campos inter e
intrapessoais, os especialistas apontaram que características relacionadas à
consciência crítica, como ser organizado, responsável e dedicado ao trabalho,
trazem resultados desejáveis na educação. Por outro lado, o comportamento
antissocial acarreta resultados negativos.
Diante desse
contexto, os pesquisadores alertaram para dois grandes desafios que deverão ser
enfrentados. O primeiro deles diz respeito à falta de pesquisas, que atrapalha
a criação de currículos e avaliações dos alunos. O segundo, que depende de
novas abordagens no sistema educacional e políticas públicas específicas, é a
oferta de capacitação de professores para que eles sejam capazes de criar
ambientes favoráveis à troca de conhecimento.
Apesar de ainda
serem necessários alguns estudos para pavimentar esse caminho, os pesquisadores
dão seis dicas de atuação em sala de aula para que professores possam preparar
o aluno para o século 21 – que começou há 12 anos.
1)
Procure usar representações variadas, como diagramas, representações numéricas
e matemáticas, simulações;
2)
Encoraje uma postura questionadora e proporcione momentos em que os alunos
possam expor o que sabem;
3)
Incentive os alunos a participarem de desafios; neste processo, seja um
facilitador, dê feedback e os faça compreender seus próprios processos de
aprendizagem;
4)
Ensine dando exemplos, citando casos; use, por exemplo, modelos de passo a
passo explicando cada etapa;
5)
Prime pela motivação dos alunos, escolhendo temas que se conectem com suas
paixões; incentive-os a resolver problemas, preste atenção na evolução de seus
conhecimentos, muito mais que em suas notas;
6)
Use avaliações formativas em que o aluno é monitorado continuamente.
Fonte: UNIVERSIA
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