quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Experiências de sensibilidade 137, 138, 139, 140, 141, 142

137 Dor e dores

Sinto a dor plena
Sinto a dor plana
Sinto a dor pano de fundo
Sinto a dor louca de vida
Das dores sentidas na noite
Sinto a dor dos luxos e luxúrias
Sinto a dor das perdas sem ganhos
Quando sinto dor escolho
Senta aqui e sinta a dor minha
É tarde para sondar a dor
É noite para sanar a dor
Sente dor os vivos
Sente dor os inquietos
Sente dor os ilustres da dor alheia
Das dores da vida meus guias
Das dores do corpo minhas alegrias
Das dores da alma meus afetos
Quando sinto dor uma alma morre
Quando sinto dor um beijo se perde
Porque morrer é dor sem dó
Porque morrer é dor sem dom
Porque morrer é dor sem tom
Sorriam enquanto há dor
Lutem pela dor
Nunca esqueçam a dor
Aprender sempre começa na dor
Dói! Doem!          Claudia Nunes



138 Próprio amor próprio

Ame ao próximo
Ame em primeiro lugar
Ame sem esperar
Ame com delicadezas
Sem tempo de viver
Ame com amor e liberdade

Se em tantos abandonos
Pensamos em felicidades
Ame destinos
Ame dores
Ame anseios
Ame loucuras
Sem tempo de pensar
Ame com sentidos inteiros

Se em tantos projetos
Vivemos momentos
Ame as verdades
Ame os infernos
Ame as mentiras
Ame os silêncios
Sem tempo de sorrir
Ame o fim de tudo

Vamos prestar atenção
Vamos sentir aversão
Vamos compor alegrias
E com tantas vantagens
Temos uma viagem
Temos muitos riscos
Temos várias marcas
Temos mil vontades

Aceitemos muitas emoções
Então ame!
Seja franco e ame!
E comece por você: ame!          Claudia Nunes



139 O som dos amigos

Amigo é um ser no olho do furacão
É um ser diante da retina,
É um ser vidrado nos olhos,
É um ser de olhos de outros.

Infinitamente
Amigo é um ser que faz parte,
Faz ponta, faz ponte,
faz peso, faz pingo, sem suspenses.
É um ser das rotinas e das surpresas
Das luzes e dos abraços
Dos desencontros apertados
Das horas sem promessas
Boas ou más, os amigos.

E assim se fazem evoluções
Revoluções
Loucuras
Senões
Universais.

Amigo é aprendente
De saúde e sabedoria
De fogo e água fria
De cor e manchas coloridas
De brilhos e cinzas metálicos,
Sem quebrar o ritmo da música.

Amigo é casa
É conjunto
É sem pressa
É sorriso torto
Então, na janela do carro,
Na janela do mundo,
No vão das portas,
Amigo transborda
Age, toca, ama, envolve e luta.

Hoje, amigo é um luxo,
Não finge ou amarga frescuras.
É lance do instante e tudo da vida.
Façamos o nosso caminho de flores
De amigos simples e ilustres
Sem meta, mito ou morte.

Pedras? Façamos castelos de paz
E de resto,
Assim se fazem amigos.          Claudia Nunes



140 Entre guerra e paz...

Guerra!
Quando a vida disse não,
Eu enviei amores e promessas.
Quando a vida disse sim,
Eu amei com dores e pressas.
Tudo foi evolução, conclusão e emoção,
Tão fortes, que sequestrei a sorte.
Fui ser doce em universos diferentes,
Com loucuras insistentes
E vontades indigentes.
Mas era preciso ser reticente e sobrevivente
Então conquistei independência,
Estraguei resistentes
E orei a divina essência.
Agora, quando penso em luz e sombra,
Penso em paz e sossego
Penso em gente e apego
Penso em amor e sempre.
Eu sou penumbra, lamento e instante,
Só que sem tensão, agito e arrogância.
A vida me conquistou e me revirou.
Agora, na pureza do gesto,
Sou ambulante e modesta
Um ser de dores honestas.
Paz!            Claudia Nunes



141 Selo de Autenticidade

Ontem eu desisti
Fui imoral e desisti
Insisti mas desisti
Às vezes a vida escolhe
E uma onda mórbida nos encolhe

Eu me defendi e desisti
Eu sei fazer isso bem.
Em grande avalanche branca desapareci,
Braços ou pernas em rota para o além.

Sem confiança,
As pessoas me significaram errado.
Eu aceitei e desisti como criança.
Diante da lua, eu estava desgarrado.

Afeto, imaginação e desistência,
Será que há pontos de fuga?
Quero outras salvaguardas e lutas
Quero outras andanças e inocências

Em que momento tudo mudou?
Na hora da minha insanidade,
O tempo passou demais,
Outras pessoas me afetaram demais,
Estive numa teia de afinidades demais,
E tudo pôde sem autenticidade.

Que palavra!
Descansei e não desisti
Sou o privilégio do mundo
E no mundo vou encantar minhas escolhas.
Não aceito ‘viradas de mesa’
E nem o império das simulações
Pois viver é fácil
Basta seguir o sol e os sentidos;
Sem surpresas
Renasci.

Estou no jogo outra vez.           Claudia Nunes



 142 O Fim

Sem querer uma palavra maldita,
Sem entender uma fala mal dita,
Sem atenção, o inconfesso e o perdido.
Éramos desejos implícitos,
Agora somos mal ditos e incontidos.
Tudo é esquecimento.
Tudo é lamento...

Na sala de estar, o ar pesou e fomos infelizes.
Na cozinha, o cheiro não nos deixava respirar.
Amor e ódio tinham muitas cicatrizes,
Afinal, não éramos mais urgentes e imperativos.
Somos loucura.
Somos censura...

A expressão do sentir se perdeu,
Doeu, rompeu, entristeceu...
Você não me ama mais!
Você me esqueceu...
Você mudou demais!
Você me adormeceu...
E nada restou...

Os sonhos estavam sem norte
E nós não éramos mais da sorte.
Naquela noite sem lua,
A ignorância do amor se fez desabafo,
Sarrafo, inconfessado, frustrado.
Tapas no corpo, manchas na pele, vazios no peito.
E nada vingou...

O amor se desligou e fugiu na noite mais escura
Chorando, dolorido, ensanguentado de amar.
Nós vimos o brilho da infelicidade
E saímos pelas cidades e pelo tempo
Em busca de novidades...
Em busca de outros nós...
E tudo mudou...

Muitas trilhas de rosas e espinhos.
Outros vingaram nossos sentidos e nossas curvas.
Não havia infâmias apenas outros vinhos e linhos,
Além de uma colcha de verdades esquecidas e turvas:
Amar exige sinceridades.
Amar importa imensidades.
Então um conselho:
Desista! Exista!                Claudia Nunes

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