quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Experiências de sensibilidade 144, 145, 147, 148, 149, 150, 151, 152, 153, 154, 155, 156

144 Feminino Livre


Pés descalços, ela se sentia livre.
No chão da sala, da rua e da vida, ela era livre.
Só que não era aceita: era somente livre
Sem pensar foi ser luz nos palcos da vida
Ganhou asas e se sentiu livre.

Enquanto vivia o sonho, lutou pela sobrevivência,
Perdeu maturidade, segredos e saliências.
Ela correu pelo mundo, amou e desprezou sem licenças.
Sujou a roupa de tudo e sem força, foi livre e muito livre.
Nunca fora comum, amava o incomum e sofreu demais.
Ela queria as sensações, as emoções e todos os perdões.
Mas seus sonhos não eram segredo: era artista e livre.

Quando livre, teve medo;
Com medo, agiu com força;
Com força, armou seu palco
E, no palco, foi corpo sem receio.
Que bom viver livre!

Ela se ofereceu, conquistou e cresceu.
Sua alma não fingiu: vital e fina
Um luxo de camafeu que
De mergulho em mergulho, rompeu cascas e sina
E foi ser feliz na noite dos gozos de Orfeu.

Hoje, ela é fênix e heroína do seu tempo.
Não sabe viver com medo ou com certezas.
Ela vibra com os pés no firmamento
Misturada com seus pensamentos e levezas,
Mas não tem endereço,
Começo
Ou avesso.

Vazia, oculta, simples, ela alcançou todas as clemências
E foi ser feliz sem ausências.
Livre sem luxos ou lixos
Gratidão e presença são sua onda e inteligência.               Claudia Nunes

145 VER / OLHAR

Embora VER seja importante
OLHAR é gigante
Entre ver e olhar há diferenças
E assim eliminam-se desavenças.
Sejamos menos moribundos
Com muitas licenças
Afinal se somos imperfeitos
Com atenção
Sejamos direitos
Sem ilusão.                         Claudia Nunes

147 UMA EMOÇÃO

O corpo é movimento
O cérebro, adaptação
O gesto, um momento.
Quando pensamos em amor
Amor é emoção
Solidão
Construção
Mas se o amor termina
O gesto é lamento
O cérebro, desconstrução
E o corpo, um tormento
            Sejamos felizes de qualquer jeito
            O dia seguinte é sempre perfeito
            E sem ilusão.                          Claudia Nunes


148 ILUSÕES

Sem tempo, criamos ilusões
Sem vida, vivemos ilusões
Sem amigos, aceitamos ilusões
Ilusões de ser
Ilusões de viver
Ilusões de sentir
Quando a porta se abre
            Estamos inertes
                           imberbes
                           impotentes
                           carentes
            Ilusões são ilusões
Imaginemos...                         Claudia Nunes


149 OS PÉS

Quando olhamos os pés
Esquecemos os ventos.
Pés se firmam
Plantam
Equilibram
Quando os pés são
Somos os sonhos
Que serão.               Claudia Nunes


150 DESEJO

Eu não sei sentir
Eu sei perceber.
Na vida, sentir e perceber
São oportunidades de ir,
São momentos de viver.
Quero buscar um andar
E ignorar o caminhar.
Quero sentir e perceber.
Quero sentir o mundo,
Perceber o imundo
E ignorar o não-saber.
Eu não sei sentir
Eu sei perceber
Então vou partir
E crescer.          Claudia Nunes


151 PENSANDO

Ao longe, quando o entardecer surge
A brisa constrói outras vivências.
Vou caminhando com meus pensamentos
e guardando novas emoções.
Embora os passos sejam ao longe,
sinto que o próximo é o mais elegante.
Sou alvo de tudo,
mas me ajeito e me aceito.
Agora sou do mundo
e desapareço.              Claudia Nunes


152 OS SONS

Mãos essenciais
Toques elementais
Gestos surreais
Embora a lua
Surja fina e clara
Quero os sons do
Imortais.                      Claudia Nunes


153 FAMÍLIA

Naquela cabana antiga
A vida começava todos os dias
A família se mantinha
Na luta, na lida, nas vidas,
Sem mofo.

O pai tinha força
A mãe tinha atitude
E os filhos tinham emoção

Um dia, a chuva chegou
E os corpos foram encontrados
No meio da confusão

Os filhos eram lembranças
A mãe era ilusão
O pai era sensação

Quando a Natureza avança
A vida termina
E naquela cabana antiga
A família se mantinha
De novo e de novo...            Claudia Nunes


154 INVASÃO

Ele entrou pela fresta do coração
Arrumou suas memórias e sentimentos
Descartou visões e olhares vãos
Se instalou, viveu e morreu sem lamentos
Agora ela está só
Sem pressão
Sem colares
Ela e seu camafeu
Num mundo só seu.         Claudia Nunes


155 REVISÃO

Quando pensamos na vida
Pensamos em gentes,
Gente que vem e que vai
E se tornam inerentes.

Somos passagem e memória
Dos afetos bons e maus em vertente
E dia após dia
Reinventamos o corpo e a mente
Sempre diferente e independente
Por causa dos amigos
Cientes.

Só que levamos no corpo e na mente
Todas essas afetivas verdades
Sempre muito de repente.
Então não aceitemos a simplicidade,
Sejamos disponibilidade
E ainda, responsabilidade.

Amizades são abertas e espertas
Às vezes incertas,
Às vezes corretas,
Mas sempre sinceras
E alertas

Sem querer doamos nosso tempo
Para a atenção, a angustia, os medos, as vitórias
Sem pensar em passatempo
Ou glórias.
E aprendemos
E vivemos
E sentimos
De coração
De emoção
De confiança
E de aliança.

Aos amigos da vida,
Presentes ou distantes,
Estou feliz por existirem
Estou feliz por me seguirem
Estou feliz pelas pegadas em minha alma
Estou feliz pelos dias
Estou com saudades dos dias.       Claudia Nunes


156 SILÊNCIOS

Quando vivemos
Aprendemos e convivemos,
Entendemos que os outros são ventos
E ventos têm barulhos intensos
Que recolhem nossos pensamentos
E diminuem os nossos lamentos
Com belo arrebatamento
E tudo em silêncio...

Quando convivemos
Façamos estes silêncios
E vivamos muitos momentos
Com verdadeiros sentimentos,
Sem os ciumentos
Ou os fingimentos.

Quando vivemos
Amar é nosso maior alimento
Um poderoso condimento
Que grita simples envolvimentos
E complexos comportamentos
Sem perder ligamentos
Ou os argumentos.

Quando convivemos
Lógico que haverá estranhamentos
Palavras de sofrimento
E momentos de distanciamentos.
Com negativos arrebatamentos,

Então,
Pense em silencio
Aceite seu silencio
Aja no silêncio
Sinta o acontecimento

E no puro firmamento,
Sem vaidade: amizade.          Claudia Nunes

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