Muito se tem
escrito sobre educação inovadora. Com certeza percebemos que perdemos o rumo
das formas de ensinar diante da participação das mídias digitais na vida de
nossos alunos. Com isso, muitas ideias, possibilidades e práticas têm sido
procuradas e estudadas. De novo, fora de uma zona de conforto trazida pela
revolução industrial, há a recuperação da criatividade pedagógica. Sabemos
pensar e precisamos experimentar outras tecnologias, metodologias, conjunto de
ideias (como a neurociência) e formas de avaliação em respeito às formas de
aprender de nossos alunos do século XXI.
As aulas
voltaram num país pulverizado de problemas, crises e tipos de censuras, mas as
aulas voltaram e começaram; e de novo somos reconduzidos a um período de aprendizado
partindo de PROJETOS e PLANEJAMENTOS: que futuro queremos? O que pretendemos? O
que fazer? E por fim, a pergunta mais importante atualmente, COMO fazer?
Planejamentos requerem objetivos, recursos e atividades. Planejamentos
esclarecem como pretendemos estimular a neuroplasticidade e oferecer qualidade
à MEMÓRIA e à ATENÇÃO. Então como fazer?
Em um artigo do
Centro de Referência em Educação Integral, de Ana Luiza Basílio, a ideia é
MOVIMENTAR o corpo pelo território escolar. Todos os lugares são possíveis de
haver aprendizagem continuada; logo o corpo, além da mente, precisa de
MOVIMENTO. Se o TEMPO é um conceito importante para apontar as mudanças; o
MOVIMENTO é um conceito importante para dinamizar essas mudanças e qualificar
comportamentos intra e extragenéticos, como afirma Carl Sagan.
O artigo
apresenta possibilidades de aprendizado de jovens do Ensino Médio organizados
em U; em carteiras agrupadas em círculo; no chão e em círculo; em pátios/em
torno de árvores, sentados como quiserem; em caminhadas; na quadra, se houver;
etc., em dias diversos da semana escolar. “A regra das aulas de Língua
Portuguesa e Literatura da professora Andrea Zica, docente do Instituto
Casa Viva, em Belo Horizonte, é não ter regra em relação à organização da sala
de aula”, por exemplo.
A fonte das
dinâmicas está na ‘intencionalidade pedagógica’. Ou seja, quando entendemos o
conceito de neuroplasticidade (processo de adaptação do sistema nervoso,
causando novos movimentos e articulações às neurovias, a partir do envolvimento
genético e do ambiente externo), entendemos também que rearranjos neuronais
também podem ser movimentados/adaptados à dinâmica da sala de aula, a partir do
uso territorial diverso desta mesma sala de aula, quando oferecemos estímulos à
mente, através do corpo. Uma observação: tudo deve ser sempre “previamente
pactuado com os estudantes”.
De novo estamos
diante de conceitos como COLABORAÇÃO e FLEXIBILIDADE (caros aos estudos sobre
mídias digitais na escola) provocando coautoria das aprendizagens. Alunos e
professores podem oportunizar qualidade ao ensino e à aprendizagem
diversificando as práticas pedagógicas através dos rearranjos de como melhor se
pode concentrar para desenvolver atividades. Não precisamos mais ficar olhando
a nuca do colega para assistir aula e anotar informações. Essas atitudes hoje
não ajudam, cansam, distraem. Por isso, de acordo com a professora Sandra
Caldeira, mestre e doutora em História da Educação, “é fundamental que antes de
pensar os espaços se discuta a concepção de educação colocada, bem como o que
se pretende com os sujeitos ali presentes”.
Vamos mudar a
disposição do corpo em sala de aula! Vamos dar movimento a esse corpo e com
isso manter a atenção de nossos alunos. Vamos oferecer lugares diferentes e
agradáveis ao aprendizado ou à emoção de aprender junto. O centro da
aprendizagem está no esquema ‘todos com todos’ e não mais no ‘um para todos’; e,
com isso, criar a perspectiva de mediação dos processos emocionais e cognitivos
com regras e limites claros para todos.
Por exemplo,
como desenvolver a leitura analítica de nossos jovens do Ensino Médio? A partir
do artigo pensamos em alguns itens:
- professor
integrado ao grupo de alunos: de observador a mediador;
- propostas de
atividades/dinâmicas realistas e desafiantes;
- incentivo à
proatividade principalmente ás formas de buscar informações;
- identificação
dos tipos de atenção e formas de aprender;
- oferecimento
de textos de interesse/chocante/humor/sociais/reflexivos;
- escutar
sensível à possibilidade de introduzir recursos variados.
Sendo assim, os
rearranjos podem gerar:
- interação e
interatividade;
- outras
emoções;
- novos
comportamentos;
- mais
integração escolar;
- mais
coletividade e solidariedade;
- aprendizagem
significativa;
- momentos
dialógicos francos;
- percepção de
que todos são destaque nas atividades;
- novas
vivências/experiências;
- qualidade nas
relações;
- possibilidade
de interferências focadas;
- compreensão de
que todos estão inclusos; etc.
Corpo privado de
movimento, seja ele qual for, gera males emocionais e físicos; logo precisamos
oportunizar a presença do corpo real como protagonista da aprendizagem de
qualidade. Se, segundo a professora Andrea, “educação tradicional exige das
infâncias e das juventudes uma presença ‘artificial’ do corpo”; hoje em dia,
ele se tornou base para entendermos os vários comportamentos e dificuldades de
aprendizagem. É com ele devemos mexer e alavancar a sinergia
cérebro/corpo/mente. E segue a professora: “Quando você tira a cadeira, esse
corpo vai se mostrar de uma maneira diferente”.
Corpo é
estrutura para sempre; mas que precisa de mudanças constantes em seus
mobiliários, tornando-o mais leve e flexível, apesar de ser muito difícil. Ainda
assim, segundo a arquiteta, urbanista, pesquisadora e diretora do atelier ‘Cenários
Pedagógicos’, Beatriz Goulart, “a customização pode ser uma boa saída a esses
ambientes”.
Corpo, mente,
sala de aula, metodologia, planejamentos, professores, alunos, todos são territórios
passíveis de reutilização inovadoras e de mudanças importantes. Vamos planejar?
Referencias:
BASÍLIO, Ana Luiza. Organização de
estudantes na sala de aula não deve ser fixa, mas mudar conforme intenção
pedagógica. 08/02/17. Disponível em:
http://educacaointegral.org.br/reportagens/organizacao-de-estudantes-na-sala-de-aula-nao-deve-ser-fixa-mas-mudar-conforme-intencao-pedagogica/ Acessado em
09/02/17.
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