domingo, 12 de fevereiro de 2017

Movimento do CORPO, movimento neuroplástico

Muito se tem escrito sobre educação inovadora. Com certeza percebemos que perdemos o rumo das formas de ensinar diante da participação das mídias digitais na vida de nossos alunos. Com isso, muitas ideias, possibilidades e práticas têm sido procuradas e estudadas. De novo, fora de uma zona de conforto trazida pela revolução industrial, há a recuperação da criatividade pedagógica. Sabemos pensar e precisamos experimentar outras tecnologias, metodologias, conjunto de ideias (como a neurociência) e formas de avaliação em respeito às formas de aprender de nossos alunos do século XXI.
As aulas voltaram num país pulverizado de problemas, crises e tipos de censuras, mas as aulas voltaram e começaram; e de novo somos reconduzidos a um período de aprendizado partindo de PROJETOS e PLANEJAMENTOS: que futuro queremos? O que pretendemos? O que fazer? E por fim, a pergunta mais importante atualmente, COMO fazer? Planejamentos requerem objetivos, recursos e atividades. Planejamentos esclarecem como pretendemos estimular a neuroplasticidade e oferecer qualidade à MEMÓRIA e à ATENÇÃO. Então como fazer?
Em um artigo do Centro de Referência em Educação Integral, de Ana Luiza Basílio, a ideia é MOVIMENTAR o corpo pelo território escolar. Todos os lugares são possíveis de haver aprendizagem continuada; logo o corpo, além da mente, precisa de MOVIMENTO. Se o TEMPO é um conceito importante para apontar as mudanças; o MOVIMENTO é um conceito importante para dinamizar essas mudanças e qualificar comportamentos intra e extragenéticos, como afirma Carl Sagan.
O artigo apresenta possibilidades de aprendizado de jovens do Ensino Médio organizados em U; em carteiras agrupadas em círculo; no chão e em círculo; em pátios/em torno de árvores, sentados como quiserem; em caminhadas; na quadra, se houver; etc., em dias diversos da semana escolar. “A regra das aulas de Língua Portuguesa e Literatura da professora Andrea Zica, docente do Instituto Casa Viva, em Belo Horizonte, é não ter regra em relação à organização da sala de aula”, por exemplo.
A fonte das dinâmicas está na ‘intencionalidade pedagógica’. Ou seja, quando entendemos o conceito de neuroplasticidade (processo de adaptação do sistema nervoso, causando novos movimentos e articulações às neurovias, a partir do envolvimento genético e do ambiente externo), entendemos também que rearranjos neuronais também podem ser movimentados/adaptados à dinâmica da sala de aula, a partir do uso territorial diverso desta mesma sala de aula, quando oferecemos estímulos à mente, através do corpo. Uma observação: tudo deve ser sempre “previamente pactuado com os estudantes”.
De novo estamos diante de conceitos como COLABORAÇÃO e FLEXIBILIDADE (caros aos estudos sobre mídias digitais na escola) provocando coautoria das aprendizagens. Alunos e professores podem oportunizar qualidade ao ensino e à aprendizagem diversificando as práticas pedagógicas através dos rearranjos de como melhor se pode concentrar para desenvolver atividades. Não precisamos mais ficar olhando a nuca do colega para assistir aula e anotar informações. Essas atitudes hoje não ajudam, cansam, distraem. Por isso, de acordo com a professora Sandra Caldeira, mestre e doutora em História da Educação, “é fundamental que antes de pensar os espaços se discuta a concepção de educação colocada, bem como o que se pretende com os sujeitos ali presentes”.
Vamos mudar a disposição do corpo em sala de aula! Vamos dar movimento a esse corpo e com isso manter a atenção de nossos alunos. Vamos oferecer lugares diferentes e agradáveis ao aprendizado ou à emoção de aprender junto. O centro da aprendizagem está no esquema ‘todos com todos’ e não mais no ‘um para todos’; e, com isso, criar a perspectiva de mediação dos processos emocionais e cognitivos com regras e limites claros para todos.
Por exemplo, como desenvolver a leitura analítica de nossos jovens do Ensino Médio? A partir do artigo pensamos em alguns itens:
- professor integrado ao grupo de alunos: de observador a mediador;
- propostas de atividades/dinâmicas realistas e desafiantes;
- incentivo à proatividade principalmente ás formas de buscar informações;
- identificação dos tipos de atenção e formas de aprender;
- oferecimento de textos de interesse/chocante/humor/sociais/reflexivos;
- escutar sensível à possibilidade de introduzir recursos variados.

Sendo assim, os rearranjos podem gerar:
- interação e interatividade;
- outras emoções;
- novos comportamentos;
- mais integração escolar;
- mais coletividade e solidariedade;
- aprendizagem significativa;
- momentos dialógicos francos;
- percepção de que todos são destaque nas atividades;
- novas vivências/experiências;
- qualidade nas relações;
- possibilidade de interferências focadas;
- compreensão de que todos estão inclusos; etc.

Corpo privado de movimento, seja ele qual for, gera males emocionais e físicos; logo precisamos oportunizar a presença do corpo real como protagonista da aprendizagem de qualidade. Se, segundo a professora Andrea, “educação tradicional exige das infâncias e das juventudes uma presença ‘artificial’ do corpo”; hoje em dia, ele se tornou base para entendermos os vários comportamentos e dificuldades de aprendizagem. É com ele devemos mexer e alavancar a sinergia cérebro/corpo/mente. E segue a professora: “Quando você tira a cadeira, esse corpo vai se mostrar de uma maneira diferente”.
Corpo é estrutura para sempre; mas que precisa de mudanças constantes em seus mobiliários, tornando-o mais leve e flexível, apesar de ser muito difícil. Ainda assim, segundo a arquiteta, urbanista, pesquisadora e diretora do atelier ‘Cenários Pedagógicos’, Beatriz Goulart, “a customização pode ser uma boa saída a esses ambientes”.
Corpo, mente, sala de aula, metodologia, planejamentos, professores, alunos, todos são territórios passíveis de reutilização inovadoras e de mudanças importantes. Vamos planejar?

Referencias:
BASÍLIO, Ana Luiza. Organização de estudantes na sala de aula não deve ser fixa, mas mudar conforme intenção pedagógica. 08/02/17. Disponível em:



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