sexta-feira, 3 de agosto de 2018

JOVENS APRENDENTES e habilidades necessárias


            De novo, o retorno às aulas. Novo semestre. Novas expectativas. Novos desafios. Quais habilidades enfatizar para potencializar as competências de e para aprendizagem? De agosto a novembro, professores devem oferecer atividades que mantenham ou, ao menos, acelerem os aprendizados em diferentes áreas de saber.

Habilidades... Interessante... Habilidades, atitudes e conhecimento, eis a tríade que forma as competências. Habilidades... Penso de novo na proposta de humanização do ensino. Isso não é novidade. Escola como ambiente social exacerba e desenvolve nossa humanidade porque estamos entre seres vivos humanos aprendendo a ser seres vivos humanos e sociais. Então qual é a surpresa na proposta de humanizar o ensino, as práticas ou as relações pedagógicas? Minha resposta: EMOÇÃO. É um retrocesso. Sempre pensamos no cognitivo, no intelecto, na inteligência, no esforço; esquecemos que estes aspectos do ser vivo humano requerem sinergia como as formas de EMOCIONAR. É um trabalho sério na MOTIVAÇÃO levando em consideração o currículo pessoal oculto, ou seja, o que os jovens aprendentes sabem e criar envolvimentos realistas e emocionantes.

Nossa sociedade está acelerada e exigindo velocidade, principalmente nas conquistas em todos os setores. Nossos aprendentes estão em um looping vertiginoso sem tempo para errar. E junto a isso estão as tecnologias da informação e do conhecimento (TICs).

Segundo Pedro Demo, em seu texto ‘Habilidades para o século XXI’ (2008), “embora haja muita fantasia e retórica em torno da virada do milênio, o que existe de mais concreto é o advento de modos de viver e produzir que nos lançam novos desafios, exacerbados, entre outras coisas, pela pressa das inovações tecnológicas”. Jovens aprendentes então são atropelados pelas exigências de uma sociedade que tudo deseja e tudo cobra para ontem. Tempo de reflexão? Mínimo. Tempo para experimentar? Pequeno. Tempo de frustração? Nulo.

Jovens aprendentes sem tempo para, no processo evolutivo, se renovarem através das relações, experiências e aprendizagens, e assim inovarem (criatividade). “Na prática a sensação que temos é de corrermos atrás da tecnologia bem mais do que ela corre atrás de nós” (DEMO, 2008).

Jovens aprendentes, de um subúrbio violento, com poucas chances de distração positiva, sem tempo para alfabetizações sociais, culturais, cognitivas e espirituais que lhes construam, por exemplo, como profissionais competentes no futuro. O que falta? O que nós, professores, podemos fazer? Talvez reconhecer que promover mais emoções tóxicas ou muito tradicionais não vale a pena. Talvez reconhecer que experimentar um diálogo positivo, simples e significativo, na sala de aula, vale mais a pena. E esse diálogo principia com as habilidades humanas. Esclarecer, buscar, potencializar, provocar, desafiar tornam-se verbos importantes a este objetivo.

Em sua maioria, jovens aprendentes gostam de trabalhos em grupo; de discussão em roda; de dinâmicas fora da sala; de produzir o que quer que seja; de responder a desafios realistas; de transformar o espaço; etc. Ler, escrever e contar estão embutidos no processo; não são a primazia por horas a fio. Jovens aprendentes, com esses estímulos, motivam-se a se comunicar, coordenar, liderar, fazer, mostrar, organizar, falar, resolver conflitos ou problemas pessoais, grupais, contextuais, de bairro, de estado e/ou de país. Habilidades como essas potencializam as zonas de interesse e as relações interpessoais cujo resultado é o aprendizado do equilíbrio emocional. “Na prática, ler, escrever e contar continuam procedimentos importantes na vida das pessoas, porque são habilidades indispensáveis para a cidadania e a produtividade, em especial, em sociedades mais atrasadas. O que se discute é sua posição cada vez mais secundária frente a novos desafios mais exigentes no contexto de expectativas bem mais sofisticadas na sociedade e na economia” (DEMO, 2008).

Jovens aprendentes requerem outros conhecimentos inclusive recursivos para que se desenvolvam emocional e cognitivamente. E ainda assim não há o descarte da leitura, da escrita e da matemática, habilidades, hoje, bases / fundamentos para todas as inovadoras metodologias que vem surgindo.

No livro ‘Disciplina Positiva em sala de aula’, Glenn (apud NELSEN, 2017, p.79-83) apresenta CINCO barreiras na comunicação que precisam se revistas e quebradas, pois geram mais frustração e desencorajamento tanto para professores / pais, quanto para jovens aprendentes. Leia com atenção este um pequeno resumo:

ð  Suposição versus verificação: Suposição como leitura de mente (sabemos o que o aprendente pensa e sente; pode ou não fazer; poderiam ou não responder). Daí em vez de supor, estabeleça uma comunicação verificada – fazendo perguntas que estimulam a curiosidade.
ð  Resgate e explicação versus exploração: Permita que aprendam com as próprias experiências; deixe-os descobrir a explicação sozinhos. Explorar é o alicerce da comunicação. Use a curiosidade para promover conexões.
ð  Instrução versus convite e encorajamento: Dar muitas instruções reforça a dependência, elimina a iniciativa e a cooperação e encoraja o comportamento passivo-agressivo. Convide a participar do planejamento e de atividades de resolução de problemas. Instruir incita resistência passiva ou ativa. Convidar encoraja a cooperação.
ð  Criação de expectativa versus celebração: Acreditar no potencial do aprendentes é básico. Não crie expectativa, busque oportunidade para celebrar as realizações e singularidade. Acreditar no potencial do aprendentes é básico. Não crie expectativa, busque oportunidade para celebrar as realizações e singularidade.
ð  ‘Adultismos’ versus respeito: Crianças não são adultos, nunca esqueçam! ‘Adultismos’ geram culpa e vergonha, em vez de apoio e encorajamento. Pratique o respeito: há sempre diferentes pontos de vista. Crie um clima de aceitação que encoraja o crescimento e uma comunicação efetiva.

De novo, início de semestre, e de novo, o pensamento de que somente aprender a aprender não ‘serve’ mais para desenvolver o trabalho pedagógico. Jovens aprendentes exigem antecipação dos trabalhos: emoções, primeiro, ajustes cognitivos depois. “A criança precisa perceber clara e diretamente que está sendo iniciada em ambientes que ela reconhece como cotidianos, parte de sua vida, mesmo nas periferias” (DEMO, 2008). Logo, neste semestre, professor, experimente desenvolver as habilidades emocionais abaixo:

ð  Autoconfiança: Ressalte a confiança de seu aprendente. Creia em sua capacidade. Não rotule. Reforce o que for positivo, mas não elogie sempre, só por elogiar. Mostre que seu jovem pode contar com seu apoio para realizar tarefas simples. Isso desenvolve autonomia.
ð  Coragem: Ter medo do desconhecido é natural, e até esperado. Dê espaço pra expressão e entenda o que está sentindo. A coragem é essencial para que possamos aceitar desafios; ir atrás dos próprios objetivos; aprender coisas novas e defender os nossos valores.
ð  Paciência: Ensine que não se pode controlar tudo e que é preciso saber esperar. Ansiedade precisa ser ajustada aos poucos. Mostre ao seu jovem que cada coisa tem seu tempo.
ð  Persistência: Ofereça apoio e incentivo em todas as situações de desequilíbrio ou queda. Os sonhos precisam de esforço, treino e persistência. Não faça por ele. Sucesso se alcança depois de muita luta. Persistência transforma metas em conquista apesar dos obstáculos.
ð  Tolerância: Aprender a aceitar as diferenças é o começo do caminho para uma convivência tranquila e harmoniosa com o outro. Crie oportunidades de interações mais cooperativas, como jogos coletivos, para que a criança comece a conhecer tanto as regras quanto as necessidades dos outros. Seja exemplo. Tolerância também se aprende através do exemplo.
ð  Autoconhecimento: Diante do exemplo e dos outros, o jovem começa a se questionar, a se perceber e, claro, a expressar suas vontades, agora com motivos e razões mais consistentes. Aos poucos, ele vai se conhecer melhor e isso será fundamental para que ele pense e aja com mais segurança, respeitando o que sente. Também é o primeiro passo para se relacionar com as pessoas à sua volta.
ð  Controle de Impulsos: Saber esperar. Saber se controlar. Controle das emoções (teste do marshmallow). Aumento desempenho escolar. Saber adiar a satisfação para ter uma recompensa. Mas esse controle se aprende com exemplo e muito diálogo.
ð  Resistência às frustrações: Poder de resiliência (capacidade de sobreviver às dificuldades e usá-las como fonte de crescimento e aprendizado). Superar problemas e adversidades sem se abater demais. Não o poupe, isso mais atrapalha que ajuda. As crianças precisam ter contato com pequenas impossibilidades para poder lidar com as maiores depois.
ð  Comunicação: Conversar estimula a organização de ideia. Importante para o desenvolvimento da linguagem e a expressão de seus pensamentos. Outras atividades que favorecem a interação verbal também são importantes, como contar e recontar histórias, interpretar essas mesmas histórias e ler um livro junto com os jovens. Mas mesmo antes de aprender a falar, o bebê já se comunica por meio de gestos e precisa ser estimulado a verbalizar. Depois que ele aprender a ler e escrever, procure ensiná-lo também que, além da linguagem do bate-papo com os amigos.
ð  Empatia: Até por volta dos 2 anos, a criança só consegue ver as coisas a partir da sua perspectiva. A partir dessa idade ela já consegue se colocar no lugar do outro e pode começar a exercitar plenamente a empatia. Para que seu filho entenda o que outra pessoa está sentindo, ele precisa de ajuda para reconhecer, nomear e expressar suas próprias emoções, bem como as consequências das suas ações. Diante de um conflito, pergunte por que ele agiu assim, o que pensou e sentiu e incentive-o a imaginar o que o outro está sentindo também, levantando possibilidades, mas deixando que ele mesmo crie maneiras de resolver a briga. Fonte: Resumo: https://escoladainteligencia.com.br/10-habilidades-emocionais-que-as-criancas-precisam-desenvolver/

Profa Claudia Nunes



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