De novo, o
retorno às aulas. Novo semestre. Novas expectativas. Novos desafios. Quais
habilidades enfatizar para potencializar as competências de e para
aprendizagem? De agosto a novembro, professores devem oferecer atividades que
mantenham ou, ao menos, acelerem os aprendizados em diferentes áreas de saber.
Habilidades...
Interessante... Habilidades, atitudes e conhecimento, eis a tríade que forma as
competências. Habilidades... Penso de novo na proposta de humanização do
ensino. Isso não é novidade. Escola como ambiente social exacerba e desenvolve
nossa humanidade porque estamos entre seres vivos humanos aprendendo a ser
seres vivos humanos e sociais. Então qual é a surpresa na proposta de humanizar
o ensino, as práticas ou as relações pedagógicas? Minha resposta: EMOÇÃO. É um
retrocesso. Sempre pensamos no cognitivo, no intelecto, na inteligência, no
esforço; esquecemos que estes aspectos do ser vivo humano requerem sinergia
como as formas de EMOCIONAR. É um trabalho sério na MOTIVAÇÃO levando em
consideração o currículo pessoal oculto, ou seja, o que os jovens aprendentes
sabem e criar envolvimentos realistas e emocionantes.
Nossa sociedade
está acelerada e exigindo velocidade, principalmente nas conquistas em todos os
setores. Nossos aprendentes estão em um looping vertiginoso sem tempo para
errar. E junto a isso estão as tecnologias da informação e do conhecimento
(TICs).
Segundo Pedro
Demo, em seu texto ‘Habilidades para o século XXI’ (2008), “embora haja muita fantasia e retórica em torno da virada do milênio, o
que existe de mais concreto é o advento de modos de viver e produzir que nos
lançam novos desafios, exacerbados, entre outras coisas, pela pressa das
inovações tecnológicas”. Jovens aprendentes então são atropelados pelas
exigências de uma sociedade que tudo deseja e tudo cobra para ontem. Tempo de
reflexão? Mínimo. Tempo para experimentar? Pequeno. Tempo de frustração? Nulo.
Jovens
aprendentes sem tempo para, no processo evolutivo, se renovarem através das
relações, experiências e aprendizagens, e assim inovarem (criatividade). “Na prática a sensação que temos é de
corrermos atrás da tecnologia bem mais do que ela corre atrás de nós”
(DEMO, 2008).
Jovens
aprendentes, de um subúrbio violento, com poucas chances de distração positiva,
sem tempo para alfabetizações sociais, culturais, cognitivas e espirituais que
lhes construam, por exemplo, como profissionais competentes no futuro. O que
falta? O que nós, professores, podemos fazer? Talvez reconhecer que promover
mais emoções tóxicas ou muito tradicionais não vale a pena. Talvez reconhecer
que experimentar um diálogo positivo, simples e significativo, na sala de aula,
vale mais a pena. E esse diálogo principia com as habilidades humanas.
Esclarecer, buscar, potencializar, provocar, desafiar tornam-se verbos
importantes a este objetivo.
Em sua maioria,
jovens aprendentes gostam de trabalhos em grupo; de discussão em roda; de
dinâmicas fora da sala; de produzir o que quer que seja; de responder a
desafios realistas; de transformar o espaço; etc. Ler, escrever e contar estão
embutidos no processo; não são a primazia por horas a fio. Jovens aprendentes,
com esses estímulos, motivam-se a se comunicar, coordenar, liderar, fazer,
mostrar, organizar, falar, resolver conflitos ou problemas pessoais, grupais,
contextuais, de bairro, de estado e/ou de país. Habilidades como essas
potencializam as zonas de interesse e as relações interpessoais cujo resultado
é o aprendizado do equilíbrio emocional. “Na prática, ler, escrever e contar
continuam procedimentos importantes na vida das pessoas, porque são habilidades
indispensáveis para a cidadania e a produtividade, em especial, em sociedades
mais atrasadas. O que se discute é sua posição cada vez mais secundária frente
a novos desafios mais exigentes no contexto de expectativas bem mais
sofisticadas na sociedade e na economia” (DEMO, 2008).
Jovens
aprendentes requerem outros conhecimentos inclusive recursivos para que se
desenvolvam emocional e cognitivamente. E ainda assim não há o descarte da
leitura, da escrita e da matemática, habilidades, hoje, bases / fundamentos
para todas as inovadoras metodologias que vem surgindo.
No livro
‘Disciplina Positiva em sala de aula’, Glenn (apud NELSEN, 2017, p.79-83)
apresenta CINCO barreiras na comunicação que precisam se revistas e quebradas,
pois geram mais frustração e desencorajamento tanto para professores / pais,
quanto para jovens aprendentes. Leia com atenção este um pequeno resumo:
ð
Suposição versus verificação: Suposição como leitura de mente
(sabemos o que o aprendente pensa e sente; pode ou não fazer; poderiam ou não
responder). Daí em vez de supor, estabeleça uma comunicação verificada –
fazendo perguntas que estimulam a curiosidade.
ð
Resgate e explicação versus
exploração: Permita
que aprendam com as próprias experiências; deixe-os descobrir a explicação
sozinhos. Explorar é o alicerce da comunicação. Use a curiosidade para promover
conexões.
ð
Instrução versus convite e
encorajamento: Dar
muitas instruções reforça a dependência, elimina a iniciativa e a cooperação e
encoraja o comportamento passivo-agressivo. Convide a participar do
planejamento e de atividades de resolução de problemas. Instruir incita
resistência passiva ou ativa. Convidar encoraja a cooperação.
ð
Criação de expectativa versus
celebração: Acreditar
no potencial do aprendentes é básico. Não crie expectativa, busque oportunidade
para celebrar as realizações e singularidade. Acreditar no potencial do
aprendentes é básico. Não crie expectativa, busque oportunidade para celebrar
as realizações e singularidade.
ð
‘Adultismos’ versus respeito: Crianças não são adultos, nunca
esqueçam! ‘Adultismos’ geram culpa e vergonha, em vez de apoio e encorajamento.
Pratique o respeito: há sempre diferentes pontos de vista. Crie um clima de
aceitação que encoraja o crescimento e uma comunicação efetiva.
De novo, início
de semestre, e de novo, o pensamento de que somente aprender a aprender não
‘serve’ mais para desenvolver o trabalho pedagógico. Jovens aprendentes exigem
antecipação dos trabalhos: emoções, primeiro, ajustes cognitivos depois. “A
criança precisa perceber clara e diretamente que está sendo iniciada em
ambientes que ela reconhece como cotidianos, parte de sua vida, mesmo nas
periferias” (DEMO, 2008). Logo, neste semestre, professor, experimente
desenvolver as habilidades emocionais abaixo:
ð Autoconfiança: Ressalte a confiança de seu
aprendente. Creia em sua capacidade. Não rotule. Reforce o que for positivo,
mas não elogie sempre, só por elogiar. Mostre que seu jovem pode contar com seu
apoio para realizar tarefas simples. Isso desenvolve autonomia.
ð
Coragem: Ter medo do desconhecido é
natural, e até esperado. Dê espaço pra expressão e entenda o que está sentindo.
A coragem é essencial para que possamos aceitar desafios; ir atrás dos próprios
objetivos; aprender coisas novas e defender os nossos valores.
ð
Paciência: Ensine que não se pode controlar
tudo e que é preciso saber esperar. Ansiedade precisa ser ajustada aos poucos.
Mostre ao seu jovem que cada coisa tem seu tempo.
ð
Persistência: Ofereça apoio e incentivo em
todas as situações de desequilíbrio ou queda. Os sonhos precisam de esforço,
treino e persistência. Não faça por ele. Sucesso se alcança depois de muita
luta. Persistência transforma metas em conquista apesar dos obstáculos.
ð
Tolerância: Aprender a aceitar as diferenças
é o começo do caminho para uma convivência tranquila e harmoniosa com o outro.
Crie oportunidades de interações mais cooperativas, como jogos coletivos, para
que a criança comece a conhecer tanto as regras quanto as necessidades dos
outros. Seja exemplo. Tolerância também se aprende através do exemplo.
ð
Autoconhecimento: Diante do exemplo e dos outros,
o jovem começa a se questionar, a se perceber e, claro, a expressar suas
vontades, agora com motivos e razões mais consistentes. Aos poucos, ele vai se
conhecer melhor e isso será fundamental para que ele pense e aja com mais
segurança, respeitando o que sente. Também é o primeiro passo para se
relacionar com as pessoas à sua volta.
ð
Controle de Impulsos: Saber esperar. Saber se
controlar. Controle das emoções (teste do marshmallow). Aumento desempenho
escolar. Saber adiar a satisfação para ter uma recompensa. Mas esse controle se
aprende com exemplo e muito diálogo.
ð
Resistência às frustrações: Poder de resiliência (capacidade
de sobreviver às dificuldades e usá-las como fonte de crescimento e
aprendizado). Superar problemas e adversidades sem se abater demais. Não o
poupe, isso mais atrapalha que ajuda. As crianças precisam ter contato com
pequenas impossibilidades para poder lidar com as maiores depois.
ð
Comunicação: Conversar estimula a organização
de ideia. Importante para o desenvolvimento da linguagem e a expressão de seus
pensamentos. Outras atividades que favorecem a interação verbal também são
importantes, como contar e recontar histórias, interpretar essas mesmas
histórias e ler um livro junto com os jovens. Mas mesmo antes de aprender a
falar, o bebê já se comunica por meio de gestos e precisa ser estimulado a
verbalizar. Depois que ele aprender a ler e escrever, procure ensiná-lo também
que, além da linguagem do bate-papo com os amigos.
ð
Empatia: Até por volta dos 2 anos, a
criança só consegue ver as coisas a partir da sua perspectiva. A partir dessa
idade ela já consegue se colocar no lugar do outro e pode começar a exercitar
plenamente a empatia. Para que seu filho entenda o que outra pessoa está
sentindo, ele precisa de ajuda para reconhecer, nomear e expressar suas
próprias emoções, bem como as consequências das suas ações. Diante de um
conflito, pergunte por que ele agiu assim, o que pensou e sentiu e incentive-o
a imaginar o que o outro está sentindo também, levantando possibilidades, mas
deixando que ele mesmo crie maneiras de resolver a briga. Fonte: Resumo:
https://escoladainteligencia.com.br/10-habilidades-emocionais-que-as-criancas-precisam-desenvolver/
Profa
Claudia Nunes
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