quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

E a Natureza se insurge... e aí?

Primeiras horas do ano: desaparecem dezenas de pessoas em Angra dos Reis. Os dias de janeiro transcorrem: São Paulo é quase uma Atlântida. Outras dezenas de pessoas desaparecem sob a chuva ininterrupta. Santa Catarina é matéria antiga: chuvas de novo. Quase nos dias de Momo, o Haiti treme e cai. O mundo é informado que quase 200 mil pessoas foram abocanhadas pela Terra. Em torno do mundo, lembranças de uma Tsunami e todos se perguntam por quê? Ontem fui ver o show ‘Forças da Natureza’ na Cidade do Samba e a resposta era óbvia: forças da natureza em convulsão. A comparação não é irônica, é a verdade! Pela força humana, o paraíso terrestre se insurge por todo canto porque chegou aos seus limites, diante de tantas transgressões, destruições, invasões e, principalmente, desconsiderações da ‘inteligência’ humana. Desde menina escuto alertas sobre camada de ozônio, calotas polares, mata atlântica, mas, pelo jeito, foram ‘favas contadas’. Em diversos pontos do mundo, grupos de políticos se encontram para discutir o equilíbrio ambiental, econômico e social dos países ‘menos desenvolvidos’, para quê? Ninguém se compromete. Todos se escondem. Jogos de interesse. Quem dá mais? – gritará um leiloeiro. Vive-se ‘de favor’ em meio à Natureza, mas não se colabora para mantê-la. E aí a Natureza entra em convulsão e se revolta. Bem feito! Desculpe, leitor, mas bem feito mesmo! Não digo, ‘graças a Deus’, porque não devemos mencionar seu ‘santo nome em vão’, além do que alguém pode se incomodar. Mas se pensarmos claramente, fora o homem, alguém tem que levar a culpa por tantas vilezas, egoísmos e despudores. Que tal Deus? Não somos sua imagem e semelhança? Não sei... Ah, esqueci, em tempos de Avatar, podemos ter outro culpado: Pandora! Oh mulher danada! Ironias à parte, o homem não pode mais se esconder atrás de quem quer que seja! Nesta secular novela 'bufa', ele (o homem, nós) é o vilão mesmo! Ao analisar os acontecimentos de 2010 relacionados com o clima e a temperatura, é lógico que, em algum momento, o comportamento desregrado e sorrateiro do homem tinha que se deparar com certas conseqüências e estas bem radicais. 'Tem gente que só aprender na dor' - dizia minha avó. será verdade? Será que aprenderemos algo, por exemplo, com esse maçarico dos deuses em cima de nós nestes dias aqui no Rio de Janeiro? Toda repressão quando exagerada tem um confronto devastador. E a Natureza é bipolar, ou se apresenta parceira do prazer humano quando bem utilizada, ou investe na morte humana aleatoriamente. Ao diminuir, de hora para outra, o número de humanos, a Natureza acredita que diminui seus machucados e feridas (sua dor). Mas a Natureza pensa? Em literatura tudo é possível: é a chamada ‘personificação’. E há uma lógica nisso, né? Leitor, não sou fria, não desejo a morte, senti muito a perda de tantas pessoas 'inocentes', mas a alegação de Bin Laden para os ataques de 11 de setembro foi VINGANÇA após tantos anos de massacre americano. E aí? É possível a mesma leitura vinda desses 'revides' da Natureza? 'É preciso deixar o coração no armário' - diz minha mãe - e ler o tempo atual como consequencia de nossos atos. Neste nível de observação, podemos ter salvação. Em vários dias a sensação térmica em Copacabana foi de 50°. A umidade é alta demais. Não suamos. Já imaginou Bangu? E pasme, vai ficar pior. As atitudes necessárias para um início de reversão desse processo 'vingativo' são realizadas com enorme lentidão. Obesos, diabéticos, sedentários, alérgicos serão os primeiros corpos ceifados da Terra daqui a algum tempo. Darwin tem toda razão: só os fortes se manterão... e eu complemento: 'os fortes se manterão'... por um pouco mais tempo e só. No fim, o início. Como diz Guimarães Rosa, ao iniciar seu livro "Grande Sertão: Veredas', no fim, NONADA. Sente-se na pele nossa falta de caráter diante da morte lenta da Natureza, e isto será nossa herança, ainda que sejamos orgulhosos de nossas tecnologias e criatividade. Lamento leitor, mas bem feito para nós! Diante da evolução do conhecimento em tantas áreas, não temos mais defesa a vários séculos. Gerações inteiras de usufruto da Natureza sem organização, administração e previsão de futuro para nós mesmos diante de nossas necessidades básicas como ar, água, alimento e até luz. Gerações inteiras como ‘primas-dona’ leoninas do meio ambiente sem preocupação minima com o conjunto da ópera (ou da obra). Alguns dirão: ‘era preciso sobreviver, evoluir, desenvolver’. Uff! Certo, tudo certo, mas hoje se tem uma idéia do custo que isto teve/tem no meio ambiente. E aí? Nas duas ou três últimas gerações observa-se uma ‘grita’ generalizada nos diferentes meios de comunicação, grupos de estudos e nas etapas de diversos projetos sobre os efeitos das exageradas intervenções humanas na Natureza. Mas 'grita', sem efetivação, é loucura! Resultado final: camisa de força, surpresa e desaparecimento. E aí? Não adianta ficar sentado e cobrar ações, se ainda se joga papel no chão, lixo no lago ou material químico no mar. Sonho com a idéia de colaboração e solidariedade, mínimas, para a recomposição de parte do que fizemos. E ai, fiquei louca? A Natureza aguarda ‘medicamentos’, mas por enquanto, a estratégia de guerrilha dela é perfeita! Aprendamos!

Profa. Ms. Claudia Nunes

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