terça-feira, 13 de abril de 2010

A geração Y na mira do Marketing

Por Marcus Calliari
http://www.focoemgeracoes.com.br/index.php/2010/04/12/a-geracao-y-na-mira-do-marketing/

O jovem de hoje é nitidamente mais falado do que o das outras gerações. Tornou-se pauta de reuniões corporativas, alvo de milhões de campanhas de marketing e motivo de estudos desenvolvidos no mundo todo. Por causa dele, empresas estão se especializando, enxergando a necessidade de adequar seus produtos e de, até mesmo, mudar seus modelos de gestão.

A agência Namosca é exemplo disso. Especializada em marketing para jovens, pesquisa diariamente sobre as tendências da nova geração, que está determinando mudanças representativas no mundo corporativo. E para entender um pouco mais de tudo isso, o Foco em Gerações foi falar com Marcos Calliari, um dos sócios da agência, que está há mais de 15 anos nos segmentos de marketing e negócios.

Formado em Economia pela Universidade de São Paulo (USP), com MBA na USP e na INSEAD (França), e atual professor do MBA do Ibmec, Calliari fala com propriedade sobre seu novo e tão falado cliente: o jovem.

Você trabalha numa empresa focada em marketing para o público jovem. O que você acha que muda na forma de se trabalhar para este público? Que método utilizam para entender esse comportamento?
A comunicação com o jovem de hoje é diferente de tudo o que sempre foi feito em estratégia mercadológica, em termos de forma e conteúdo. É uma geração com diversas especificidades e idiossincrasias, e acho que a principal mudança é que não há mais fórmulas prontas. Cada projeto é completamente diferente do outro e demanda aprofundamento específico, o que não é habitual nas agências tradicionais. Outro ponto importante é a necessidade de estar presente não apenas em um canal de comunicação ou ponto de contato. Assim como essa geração está acostumada a lidar com muitos estímulos simultaneamente, as organizações que querem falar com ela também devem considerar essa multiplicidade.

O ponto de partida deve ser o conhecimento profundo do público com o qual você deseja interagir. É preciso entendê-lo, saber o que pensam, o que os influencia, o que fazem, o que não respeitam. Apenas a partir desse conhecimento, que é conseguido por pesquisas de mercado, observações etnográficas, encontros periódicos com jovens líderes em suas áreas de atuação e de muita convivência com o target, é que podem vir as propostas e ideais.

A sua palestra no TEDX tinha como temática “O que influencia os jovens.” Dessa forma e diante de sua experiência, o que você acredita que influencia primordialmente o jovem de hoje? Você fala bastante dessa geração conhecida como Y. Do seu ponto de vista, como é possível definir uma geração?
A abordagem geracional evidentemente não propõe que todas as pessoas nascidas em determinada época sejam iguais. Mas sugere que todas são submetidas a uma série de influências conjunturais e de relacionamento com as demais gerações que certamente servem para contextualizar seu desenvolvimento e sua vida. Entender essa abordagem é uma ferramenta riquíssima para a compreensão dos rumos e atitudes dos grupos ou mesmo dos indivíduos. Em nossa experiência, o que vemos é que das muitas influências que agem sobre o jovem de hoje (o imediatismo, a falta de resiliência, a inclinação para o questionamento, a vontade de ser ouvido, a segurança e otimismo, por exemplo), poucas exercem influência nos indivíduos a ponto de alterar seu comportamento e ditar crenças. Isso garante que temos pessoas completamente diferentes entre si, mesmo estando dentro de um mesmo espectro de influências geracionais.

Você falou na importância das empresas se reinventarem para receber essa geração. O que acha que falta para as empresas poderem se adequar a este novo profissional?
As bases do modelo corporativo que perduram até hoje foram desenvolvidas em fundações que são intensamente questionadas pela nova geração. Horários rígidos, hierarquia, falta de autonomia, tarefas individuais, são algumas das premissas de difícil aceitação por jovens que cresceram com características diferentes dessas. Para muitas das empresas, portanto, a nova geração de profissionais pode trazer mais problemas do que soluções, já que inevitavelmente testarão seus limites dentro das organizações. Se as empresas aceitarem que algumas das regras podem ser mudadas sem sacrifício da cultura ou dos resultados da empresa, maior será a probabilidade de que esses novos profissionais, que são extremamente bem preparados em termos de formação e pró-atividade, tragam ainda melhores resultados e sintam-se cada vez mais motivados.

Por que você diz que essa geração não tem medo de mudança? O que trouxe esse novo comportamento?
Inegavelmente as mudanças acontecem muito mais rapidamente, sejam elas de cunho político, informativo ou cultural. Essa geração cresceu com uma velocidade de vida maior, portanto mais adaptada às mudanças.

Você afirma que essa geração quer se divertir, busca isso no seu dia a dia e mesmo no trabalho. Por que acha que isso acontece mais do que nas outras gerações?
Essa é uma geração que não perde tempo com tarefas pelas quais não se interessa. Em função da velocidade com que esses jovens acessam estímulos e pela quantidade de ações simultâneas que empreendem, certamente, aquelas atividades que sejam capazes de engajar o indivíduo serão preferidas.

Como é possível promover a interação entre as diferentes gerações, principalmente no ambiente de trabalho?
Esse é o maior desafio organizacional do começo do século, e objeto de muita discussão e estudo. Mas o primeiro passo certamente deve passar por uma flexibilização de processos e meios de interação por parte das empresas, revendo a metodologia de trabalho, progressão de carreira e incentivos.

Sabe-se que a geração Y já compõe grande parte da força de trabalho nas empresas, assumindo, inclusive, cargos de liderança. Você acredita que essa geração possui maturidade e expertise suficientes para ocupar tais funções?
Impossível generalizar, há indivíduos que estão preparados e outros que não estão. O que parece claro é que o estilo de liderança exercido por esses novos profissionais será muito diferente do usual – muito mais flexível, incorporador, agregador e focado em resultados.

Tags: Geração Y, líderes, Marcos Calliari, Marketing, tendências
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Um comentário:

Adinalzir disse...

Infelizmente, é chegada a hora da nova geração ficar sob a mira do capitalismo selvagem!

Meus parabéns pelo blog! Quando puder siga o meu!

Abraços, :-)

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