sexta-feira, 13 de abril de 2018

DECISÃO (texto antigo)

Pensando em FUNÇÕES EXECUTIVAS, revi esse MEU texto. Ele se chama DECISÃO. Espero que gostem ihih
O que é tomar uma decisão? O que sentimos ao tomarmos uma decisão? Ao tomar uma decisão cortamos vínculos com um tempo e nos jogamos noutro tempo sem ter muito onde nos segurar. A realidade ganha outros destinos e os destinos exigem outras decisões: esse é o movimento da vida. Alicia estava naquele telhado pronta para a decisão mais difícil da sua vida. Decidida, ela subira as escadas atônita; não tinha mais motivos para sofrer e negar: a decisão estava tomada. Mas ao abrir a porta, vira a cidade e sua vida inteira. Que susto! O vento, as luzes, os sons, tudo a assustara a tal ponto que perdera o movimento. Sua respiração perdeu a harmonia e seus olhos doíam demais. Cadê a minha decisão? Cadê minha certeza? Ela estava distante de tudo; não tinha mais apegos afetivos ou certezas; e não sabia o que fazer sem a consciência anterior. Quando a porta do telhado se abriu, o mundo a chocalhou e ela se perdeu. Ventava muito lá em cima e a loucura dos seus dias voltou à sua mente com força. Humanos são assim incertos, voláteis e fracos. Somos fracos diante da Natureza e desacreditamos da força do Universo. Nós reagimos, somos impulsivos e quase sempre convivemos com os arrependimentos. Ela ultrapassara esse momento: não tinha mais o que perder; era uma mulher do mundo, totalmente evaporada e dolorida. Sua maior responsabilidade era sua decisão e neste momento vacilava. Seria possível? Seria tão medrosa? Depois de tanto trabalho, seria tão covarde? Ao longe, ouve o Bolero de Ravel. Alguém lhe dava 17 minutos para se reencontrar e reagir atravessando cada etapa da sua vida. Seu corpo tremia demais, suas mãos não sabiam o que fazer, sua alma pairava acima dela. Um grito, uma lembrança: respire! Nas aulas de primeiros socorros, aprendera: quando angustiada ou ansiosa, respire; respire tão profundamente que se deixe perder nessa ação. O corpo agradecerá. Essa é a primeira opção à proatividade. As circunstâncias são passageiras. Elas acontecem para nos fazer parar e pensar em nossas posturas. É preciso rever sonhos e fantasias. É preciso dar autoestima até mesmo à imaginação. Alicia, respire! Na vida sempre há meios desde que não finquemos pés e mãos nos mesmos caminhos. Respire! Ao abrir os olhos, ela vê alguém lhe acenando sorridente no outro predio: era sua mãe. Mudança de planos: estava atrasada para o café da tarde e sua defesa de mestrado. 
Claudia Nunes

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