Em férias, leio
vários jornais e venho percebendo que, mais do que nunca, o mundo virtual segue
sendo culpabilizado por diferentes comportamentos, principalmente, relacionados
às diversas formas de relacionamentos. Uma pena! A realidade de cada um é
imprevisível. As dinâmicas sociais e familiares estimulam as memórias de
maneiras diferentes. E o mundo virtual é um dos recursos apresentados aos mais
jovens, bem jovens, por múltiplas razões. A capacidade de modificação das
atenções, memórias e linguagens pode ocorrer a partir da utilização de
diferentes recursos e inserção em diferentes mundos. Talvez o grande desafio sejam
os EXEMPLOS. Estes estabelecem conexões mentais que, junto à genética, criam a
singularidade comportamental de cada um. Nós vivemos tempos incertos. Pais
navegam em terrenos movediços. E a realidade segue moldando passos, emoções e
decisões de maneira particular. Não podemos adivinhar o que acontecerá nos
futuros infantis e juvenis. É possível sim agir com mais empatia, harmonia,
diálogo e firmeza para gerar exemplos aos olhos infantis e juvenis. O mundo
virtual é um mundo imprevisível e extremamente aberto às necessidades e desejos
de todos; isso ‘alimenta’ nosso sistema de recompensa (prazer), diante de um
mundo real mais tenso, violento, desequilibrado e veloz. Ou seja, o mundo
virtual é procurado por uma questão de sobrevivência e os pais têm essa percepção,
daí, de novo, e de forma intensa, protegem suas crias e proteção tem uma
relação direta com o mundo virtual. Em desenvolvimento, os mais jovens
aprendem, pelos exemplos e oferecimentos físicos (objetos), a usar o mundo
virtual livremente; e, com a consciência tranqüila, os pais criam personas
quietas, isoladas, com pouco traquejo social e com problemas emocionais quando
frustradas. Será um problema do mundo virtual? Não! É problema do USO, sem
limites e controle, do mundo virtual, enquanto os mais jovens estão em processo
de desenvolvimento. Pela natureza imprevisível das realidades, o uso dos tantos
recursos sociais (incluindo o virtual) incorre na certeza de que vivemos em
mundos completamente não lineares e desconhecidos. Lógico que nós, seres vivos
humanos, queremos que tudo faça sentido e que as aprendizagens sejam de maior
qualidade acreditando num ‘futuro melhor’ e mais solidário. E como o mundo
virtual sugere a presença do caos, daquilo em que, vira e mexe, não se tem
controle, nós não pensamos em mudar a dinâmica do processo de criação /
aprendizado; nós criamos um medo e desse medo, apontamos culpados e recheamos
nossos pensamentos com ‘leituras’ que nos confortem: o mundo virtual é o vilão
dos maus comportamentos ou dos mais inadequados. Eisenhower (Dwight D.
Eisenhower, presidente americano entre 1953 e 1961) disse: planos são inúteis, mas planejamento é tudo. Pais, não culpem este
ou aquele recurso pela dúvida sobre os comportamentos de suas crias; tais
recursos sempre existiram / existirão; então, criem planejamentos mais flexíveis.
Eles são indispensáveis, justamente porque, em sua construção, e, em cada tempo
etário, há avaliações sobre o desenvolvimento e atuações dos / nos vários
cenários possíveis de vivência e convivência dos seus mais jovens, incluindo
todos os recursos e mundos aos quais eles terão acesso.
Profª. Claudia Nunes (05.01.20)
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