ANTIFRÁGIL: indicação e primeiras impressões
Enquanto
o isolamento não passa, estou lendo livros por indicação. E nas últimas
semanas, o livro ANTIFRÁGIL vem surgindo muitas vezes em grupos de whatzap. E olhem
que são grupos com perfis diversos. Então cá estou apresentando algumas lições
aprendidas com sua parcial leitura.
Já,
no prologo, nós lemos o seguinte: não devemos ter uma atitude submissa diante
da incerteza ou da aleatoriedade. Não
queremos apenas sobreviver à incerteza, nem pura e simplesmente passar por ela.
Queremos sobreviver à incerteza e, além disso — como certo tipo de romanos
estoicos agressivos —, ter a última palavra. O objetivo é saber domesticar, até
mesmo dominar e conquistar o invisível, o opaco e o inexplicável. Entao
como seria isso? Como faríamos isso?
Algumas coisas se beneficiam dos impactos; elas
prosperam e crescem quando são expostas à volatilidade, ao acaso, à desordem e
aos agentes estressores, e apreciam a aventura, o risco e a incerteza. Ainda assim, não existe uma palavra para designar
exatamente o oposto de frágil; logo o autor a chamará de antifrágil.
A antifragilidade não se resume à resiliência ou à
robustez. O resiliente resiste a
impactos e permanece o mesmo; o antifrágil fica melhor. Essa propriedade está
por trás de tudo o que vem mudando com o tempo: a evolução, a cultura, as ideias,
as revoluções, os sistemas políticos, a inovação tecnológica, o sucesso cultural
e econômico, a sobrevivência das empresas, as boas receitas de cozinha [...], o
surgimento de cidades e culturas, os sistemas jurídicos, as florestas
equatoriais, a resistência bacteriana... até mesmo a nossa própria existência
como espécie neste planeta. E a antifragilidade determina o limite entre o que é
vivo e orgânico (ou complexo), como o corpo humano, e o que é inerte, digamos,
um objeto físico como o grampeador em sua mesa.
O antifrágil aprecia a aleatoriedade e a incerteza, o
que também significa — acima de tudo — apreciar os erros, ou pelo menos certo
tipo de erro. A antifragilidade tem uma
propriedade singular de nos capacitar a lidar com o desconhecido, de fazer as
coisas sem compreendê-las — e fazê-las bem. Permita-me ser mais incisivo: somos muito melhores agindo do que
pensando, graças à antifragilidade. Eu preferiria ser ignorante e antifrágil
a extremamente inteligente e frágil, em qualquer ocasião.
É fácil perceber coisas em torno de nós que apreciam
um pouco de estressores e de volatilidade: sistemas econômicos, seu corpo, sua
nutrição (diabetes e muitas doenças modernas similares parecem estar associados
à falta de aleatoriedade na alimentação e à ausência de um agente estressor, a
fome ocasional), sua psique. Há até mesmo contratos financeiros que são antifrágeis
— explicitamente projetados para se beneficiar da volatilidade do mercado.
A antifragilidade
nos faz entender melhor a fragilidade. Da
mesma forma que não podemos melhorar a saúde sem reduzir a doença, ou aumentar
a riqueza sem, primeiro, diminuir os prejuízos, antifragilidade e fragilidade são
graus em um espectro.
Entenderam?
Para nos tornamos
melhores, precisamos aprender a tomar decisões, mesmo diante das incertezas,
urgências ou dúvidas. E tais decisões são devem ser aplicáveis em todos os
setores profissionais e sociais. [...] Onde
quer que reine o desconhecido, em qualquer situação em que haja aleatoriedade,
imprevisibilidade, opacidade ou a compreensão incompleta das coisas; lá
está a antifragilidade; lá estarão os antifrágeis; lá talvez estaremos nós.
Apontar
fragilidades é fácil; prever a ocorrencia
de um evento capaz de prejudicá-lo, não. A fragilidade pode ser medida; o risco, não (à exceção de cassinos ou
da mente de pessoas que se dizem “especialistas em risco”). [...] A sensibilidade aos danos causados pela volatilidade
é remediável, mais ainda do que a predição do evento que poderia causar o dano.
Uma leitura: tudo o que surgir a partir de eventos aleatórios
(ou de certos impactos) e que apresentar mais vantagens do que desvantagens será
antifrágil; o inverso será frágil. Então não nos privemos da volatilidade, da
aleatoriedade e de agentes estressores. Nós nos tornaremos fracos, tenderemos a
morte ou à destruição. Somos sistemas complexos que morremos caso sejamos
privados de agentes estressores; nós
precisamos de estímulos intensos (e até desgastantes) para qualificarmos nossa
curiosidade, criatividade e imaginação nas diversas formas de relação. Nós nos
movemos, interagimos e nos expandimos através da dúvida, da curiosidade, da experiência.
Não ‘ofendamos’ os antifrágeis. Se quase
tudo aquilo que vem de cima para baixo fragiliza e bloqueia a antifragilidade e
o crescimento, tudo que vai de baixo para cima prospera sob a quantidade certa
de tensão e desordem.
O processo de descoberta (ou de inovação, ou de progresso tecnológico) em si depende de ajustes antifrágeis e da assunção agressiva de riscos, mais do que da educação formal. E, em nenhum momento da história, tantas pessoas que não assumem riscos, ou seja, aquelas sem qualquer exposição pessoal, exerceram tanto controle. A principal regra ética é a seguinte: não terás a antifragilidade à custa da fragilidade dos outros.
Prof.ª
Claudia Nunes (10.06.20)
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