segunda-feira, 15 de junho de 2020

Pensando em AUTORREALIZAÇÃO a partir de Maslow

 

            Em meio a pandemia, que tal nós, professores, apostarmos no potencial aprendente? Difícil pensar diferente? Difícil sair da caixinha e agir por instinto e experimentar outros comportamentos ou recursos? É sim. É difícil sim. Mas que tal só experimentar? Enquanto reclamamos, impedimos nossa própria adaptação ao que nos aconteceu e, com isso, eliminamos a possibilidade de aprender do aprendente. Hoje estou lendo um pouco sobre a psicologia humanista de Maslow. A quarentena tem sido de grandes descobertas sobre mim mesmo, também na seara dos conhecimentos pedagógicos. Estou só me experimentando e conhecendo outros autores ou áreas de saber.

Maslow pensou no homem saudável, seus comportamentos, suas necessidades e autorrealizações. Foi e (no meu caso) ainda é uma nova visão sobre a psicologia humana, e influenciou, não somente a educação, como também, o campo dos negócios. Como sempre, outro autor cuja infância e juventude foram marcadas por problemas de interação social e de educação muito rigorosa; além disso, foi muito rejeitado por ser judeu. Impressionante como, ao ler a biografia de diferentes autores que influenciaram a educação, eu me deparo com situações de exceção (guerras) ou traumas em seu psicologismo, no período da infância ou juventude, como fatores que estimular suas criatividades em diferentes áreas de saber.

No caso de Maslow, em seus estudos universitários, a área escolhida para aprofundamento foi a psicologia. Depois do doutorado, publicou sua primeira hierarquia de necessidades, um esboço daquela que seria terminada anos depois. Maslow teve como mentor Alfred Adler e montou sua teoria da Autorrealização com base nos rastros das personalidades de Erich Fromm, Einstein e outros.

A pirâmide de Maslow, também chamada de hierarquia das necessidades de Maslow, conceito criado na década de 50 para “determinar o conjunto de condições necessárias para que um indivíduo alcance a satisfação, seja ela pessoal ou profissional”. Tais condições vão desde aquelas necessárias à sobrevivência até às mais complexas, em uma hierarquia de satisfações motivadoras.

Em princípio, há cinco níveis: fisiologia, segurança, amor e relacionamentos, estima e realização pessoal. Mas, mais recentemente, foram incluídos mais três níveis, a saber:

NIVEIS DE NECESSIDADES de Maslow

Necessidades Fisiológicas

São as necessidades mais básicas que precisam ser saciadas para manter o corpo saudável e garantir a sobrevivência, a saber: processos de homeostase (sentimento da temperatura corporal, funcionamento hormonal, entre outros); processos de respiração, sono e digestão; saciamento de fome e sede; disponibilidade de abrigo.

Necessidades de Segurança

A necessidade de segurança engloba mais do que a presença de um abrigo. A saber: estabilidade no emprego: renda garantida; segurança do corpo: abrigo seguro, proteção contra ameaças; segurança da saúde: planos de saúde, ausência de doenças; segurança da família: seguros de vida; segurança da propriedade: casa própria, garantia de proteção aos seus bens. Ou seja, esse nível da pirâmide trata das sensações de proteção e garantias de soluções perante a situações que estão fora do controle do indivíduo. Planos de saúde são um exemplo de necessidades de segurança.

Necessidades de Amor e Relacionamentos

Relacionadas com o senso de pertencimento e intimidade, fatores essenciais para a felicidade humana. Evoluímos, afinal, de maneira social. É importante para os esquemas de motivação. A saber: Amizades; Família; Relacionamentos amorosos; Intimidade sexual; Intimidade platônica; Pertencimento a grupos ou sociedades (igreja, escola, grupos de atividades, grupos de interesses em comum); Identificação e aceitação perante a seus pares.

Necessidades de Estima

Sensação de ser estimado. Além de precisar desenvolver a habilidade de reconhecer suas potencialidades; que seus pares reconheçam e identifiquem seu valor no grupo. A saber: autoestima; confiança; conquistas e realizações; reconhecimento dos pares; respeito dos outros; respeito aos outros; conquistas e reconhecimento.

Necessidades de Realização Pessoal

São mais complexas necessidades do ser humano e, por isso, essenciais para que o indivíduo alcance a verdadeira realização pessoal e profissional. A saber: moralidade; valores; independência: autossuficiência e liberdade; criatividade; espontaneidade; controle; autoconhecimento. É preciso muito trabalho, reflexão e conhecimento de si para satisfazer essas necessidades.

Necessidade de aprendizado

O indivíduo sente ânsia de aprender, conhecer e compreender o mundo à sua volta.

Necessidade de satisfação estética

A busca pela perfeição, simetria, beleza e arte.

Necessidade de transcendência

Fé, espiritualidade, conexão com a natureza, aceitação da mortalidade.

Quadro organizado a partir da fonte: https://www.sbcoaching.com.br/blog/piramide-de-maslow/

Mas, e as perguntas iniciais? Como apostar no potencial humano através da psicologia humanista? Segundo Maslow, nós devemos compreender as necessidades humanas para seu crescimento cujo ponto culminante seria o movimento de autorrealização. Eis aí a representação de todo o potencial humano, quando adequada e continuamente estimulado. Neste sentido, eu fico pensando: todo comportamento reflete tanto as necessidades humanas, quanto a ausência de respeito a elas. A autorrealização é a parte que cabe desenvolver nas escolas, nas salas de aula, nos grupos familiares, enquanto os aprendentes se desenvolvem biologicamente e para que se fortaleçam emocional e cognitivamente. Na maturação das interconexões neuronais, a partir do acesso e assimilação das informações, a autorrealização acontece.

Além de Maslow, nós precisamos ler Carl Rogers, Victor Frank e Erich Fromm, por exemplo, e a chamada Terceira Força. Em tempos de pandemia, talvez (estou apenas começando os estudos), seja necessário que nós, professores, entendamos o valor da descoberta de si mesmo (dos aprendentes) para o acontecimento de autorrealização no futuro. Esta é uma capacidade aprendida juntando diferentes saberes, de forma consciente, para que, na medida em que o córtex frontal esteja desenvolvido, as escolhas e as decisões ocorram com equilíbrio e atenção.

Segundo alguns textos pesquisados na Internet, “a teoria da autorrealização de Maslow propõe que o homem é um todo integrado e organizado; mas que, cada um tem necessidades hierárquicas que devem ser satisfeitas. Essas necessidades são fisiológicas, afetivas e de autorrealização, e devem ser resolvidas a partir da base da pirâmide, que são as necessidades fisiológicas, de segurança, afetivas e de autoestima”.

Em tempos de ensino remoto, será possível pensar desta forma? Agora nós, professores, temos outra medida de tempo e menos mobilidades pela cidade para ensinar. Será que temos tempo para pensar como nosso aprendente aprende e, principalmente, quais são suas reais necessidades? Se, em quarentena, estamos nos adaptando por uma questão de saúde mental, por que não nos adaptar respeitosamente às necessidades de nossos aprendentes mantendo, pelo menos, uma rotina de estudos de qualidade e significativa?

Muitos professores me perguntarão: como? Todos estamos distantes. Os sentidos necessários para o trabalho da percepção e da atenção (audição e visão) destas questões estão muito limitados ou mediados pela máquina. Então como? Bem comece se perguntando: quais são suas (deles) necessidades? Todo o processo de ensino-aprendizagem pode, em princípio, apenas se basear no sentido da palavra NECESSIDADE. Em linha sequencial, a MOTIVAÇÃO torna-se uma das grandes necessidades humanas e o ESTÍMULO, uma das fontes para se criar a motivação e a necessidade e, nessa linha triádica, se sustenta bem a questão da AUTORREALIZAÇÃO.

Nós, professores, poderíamos nos apresentar como grandes estimuladores ou motivadores destes aprendentes a ponto de torná-los ‘metamotivadores’ que, segundo Maslow, a partir de estímulos positivos, seriam os exploradores das próprias necessidades básicas para a autorrealização. É um quebra-cabeças motivacional cujo resultado serão os ‘peaks’ (experiências de pico), momentos em que, de acordo com Maslow, nossos aprendentes sentem grande vontade de aprender e experimentar o que aprenderam. Momentos de imersão em sua própria experiência de aprendizagem.

Só alguns lembretes: hoje em dia, a pirâmide é analisada e aplicada com mais flexibilidade; em muitos casos, não há necessidade de todos os itens de um nível serem satisfeitos para que o aprendente passe para o segundo nível como num jogo de videogame; sendo assim, a autorrealização nunca se completa porque surgem sempre novos objetivos e sonhos (novas necessidades no pico da pirâmide); é possível que determinados fatores em um dos níveis não sejam relevantes para a motivação; é possível, em determinado momento, haver mistura de fatores de níveis diversos e, assim mesmo, criar e manter a motivação e a criatividade; e mesmo que a autorrealização demore a acontecer, o autoconhecimento está em pleno andamento pela superação de cada dificuldade no processo de aprendizagem; e, por fim, o acontecimento de frustrações, medos, angústias e inseguranças podem ser interpretados tanto como motivadores para o alcance de determinadas necessidades com mais coerência; como também “consequências da falha no cumprimento de determinadas necessidades”.

Talvez devamos pensar melhor sobre o conceito de HIERARQUIA dadas tantas flexibilidades. Mas, pelo menos, diante da pirâmide de Maslow, nós podemos reconhecer quais necessidades devem ser atingidas, em nossos aprendentes, para estimular seus sentidos, sua motivação, sua imaginação, sua criatividade, de forma a se interessarem pela manutenção da própria aprendizagem, mesmo dentro de uma rotina de estudos em geral ou a distância.

Nesta perspectiva, quando voltarmos ao ‘novo normal’ da sala de aula física, nós, professores, poderemos investir em boas experiências pedagógicas que gerem, no futuro, a autorrealização.

Ah vou lembrar: com a presença do autoconhecimento e da autorrealização (utilização do potencial pessoal como impulso para manter a motivação para aprender e alcançar expressivamente seus objetivos ou sonhos), ações de empatia, resiliência, solidariedade e equilíbrio emocional ocorrerão simples e naturalmente em nossa sociedade.

Referência:

https://amenteemaravilhosa.com.br/biografia-de-abraham-maslow/

https://www.sbcoaching.com.br/blog/piramide-de-maslow/

Indicações de leitura: Motivação e Personalidade, publicado em 1954;  Psicologia do Ser, 1962;  A Psicologia da Ciência, 1966.

Prof.ª Ms. Claudia Nunes (16.06.20)

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