quinta-feira, 29 de outubro de 2009

O CORPO


Corpo orgânico
Corpo bioquímico
Corpo tradição
Corpo de afetos agônicos
Corpo humano
Corpo imperfeito
Corpo justo
Corpo insano
Mas corpo da liberdade e das paternidades
Corpo ungido
Corpo fingido
Corpo aturdido
Corpo arrepiado
E sempre confundido e iludido

Corpo possível
Corpo amoroso
Corpo distraído
Corpo tocável
No fim só corpo
         Frágil, delicado e desconhecido
                   Cuidado...


Profa. Ms. Claudia Nunes

PROMETEU


Embora o fogo mate
O fogo criou a sabedoria
Envolveu o corpo
E distraiu os deuses
Agora o fogo tem olhares,
Carrega nossas atenções
E justifica nossas dores
Quando Prometeu nos deus o fogo
Arrepiou a vida
Afastou o tempo de morte
Incandesceu os sentidos
E o mundo amou...

Amou a vida
Amou o verbo
Amou as historias
Amou o amor

Humanos!
Fogo como vida
Fogo como morte
Respirem com cuidado!
Como afastou os predadores,
O fogo apressa nossas cinzas...



Profa. Ms. Claudia Nunes

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Monte de ações na cultura digital

Na cultura digital, junto aos conceitos de colaboração, mediação e interação, aliam-se, pelo senso comum, as ações de copiar, recortar e colar. De substantivos cheios de significâncias à ações altamente ativas, os sujeitos mantém a impressão de que ‘tudo pode’, ‘tudo é de direito’. As redes sociais crescem aceleradamente e todos têm algo para dizer, informar ou criticar. A tônica é manter o conhecimento acontecendo de múltiplas formas e num tempo cada vez menor. Será que daqui a alguns anos teremos ‘homens de letras’? O pensamento se inaugura pelo olhar e pelo tato. E a mediação é feita em parceria com a memória e de acordo com os níveis de criatividade. Mas hoje,o pensamento paira ao nível da ação de ‘capturar’. Capturar investe-se da aura de ‘saber’. Capturar age por ligações infinitas desrespeitando direções como vertical e horizontal. Cada vez mais palavras como ‘terminar’, ‘finalizar’ ou ‘concluir’ encontram-se no conjunto de ações românticas e/ou metafóricas. Cada vez mais pretende-se a diluição das diversidades como se estas fossem estigmas negativos de uma sociedade e de uma cultura. Então, no ambiente virtual, em meio às facilitações das ferramentas virtuais, copiar, recortar e colar são permitidas. Não temos apenas ruídos nas comunicações, temos ruídos nas éticas. Transformado em ‘cursor’, os sujeitos são personagens principais de cada imersão, interação e mediação com seus desejos, experiências e retrospectivas. Não há ‘arquivos mortos’, há ‘arquivos vivos’, mas cada vez mais obcecando as formas de ser, e estar e sentir humanos. Na saída da caverna, na ‘volta do parafuso’ sentimentos a muito esquecidos: desentendimentos, desconfianças, medos e, por fim depressão. Afinal, no cotidiano, ‘recortar, colar e copiar estão extremamente dificultados.

                                                                                                                Profa. Claudia Nunes

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Oh Doce Dilema!!!!


Estou me vendo diante da tela do computador. Sou uma sombra de mim ou um artefato invisível? Não sei... Na tela, minha imagem acabou. Minha consistência está dissipada. Posso estar em qualquer ‘lugar’. Ainda assim pulsa um sentido de vida: o frenesi do cursor de um lado a outro. Estou desaparecida, não estou anônima, há uma pessoa trabalhando. Pessoa? Onde está a pessoa? Cursor é uma marionete sem cordões, mas sob controle. Tantos estudos sobre anatomia, biologia e evolução humana, mas, diante da tela, presa na tela, eu! Só eu! Neste ambiente, a expansão possível é vertical, para dentro, numa descida sem fim e sem chão, mesmo sem minha vontade. Essa vertigem desata múltiplos nós e deles escorrem jorros de informações. O que fazer? Não sei... Talvez arriscar ou tocar ou abrir outros itens numa rotina de liberdade que (re)estrutura o corpo. Será que não há linhas de fuga da tela? Será que não vou escapar da sombra que vislumbro pelas laterais? Tela, ‘tele’, tecer, então por que temer? Sim, é isso! Diante da tela, a perda da imagem só traz temor. Esse é o resultado da distração de mim. Mas cadê eu? Onde fui? Sou do mundo? Sou de todos? Não estou a fim dessa promiscuidade. Por telepatia imagino-me novamente por que tenho uma parceira de vida: minha memória. O mundo pode me alcançar de qualquer maneira, mas as peças do meu ‘quebra-cabeças’ estão bem guardadas na memória. Ali sou livre, ali eu posso, ali eu me recrio quantas vezes forem necessárias. Não posso acreditar que ‘cada um no seu quadrado’ telemático estabeleceu experiências com a vida descartando o momento ‘corpo’, o momento ‘toque’ ou o momento ‘sorriso’. Estou diante da tela, da minha sombra, aceitando um processo de mudança, mas mantendo minha habitação inicial: a memória. Ela pode ser enganosa, frágil, emocional, dolorida, mas é tudo o que tenho como sobrevida. A vida não se retoma sozinha, ela se insurge contra ‘o de sempre’, contra as ‘asas da borboleta’ e vivifica no caos. As letras continuam aparecendo na tela e eu já não me vejo mais. O ‘papel’ digital me separa de mim. Se minimizar, me reencontro; se maximizar, me perco. Oh doce dilema! Eu tenho a decisão de me perder, me esquecer e, mesmo assim, temo e agonizo. São cavernas maravilhosas, coloridas e em festa: vícios começam assim. Eu me escondo e me divirto. O corpo esquecido exige fisioterapia, mas a mente continuar ‘comendo’ dados. Manhas, tarde e noites, e a tela me limite, me sombreia, mas me celebra. Fazer o que? Fechar os olhos e lembrar...
Profa. Claudia Nunes

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Mal estar de um anjo (Clarice Lispector)

Ao sair do edifício, o inesperado me tomou. O que antes fora apenas chuva na vidraça, abafado de cortina e aconchego, era na rua a tempestade e a noite. Tudo isso se fizera enquanto eu descera pelo elevador? Dilúvio carioca, sem refúgio possível, Copacabana com água en­tran­do pelas lojas rasas e fechadas, águas grossas de lama até o meio da perna, o pé tateando para encontrar calçadas invisíveis. Até movimento de maré já tinha, onde se juntasse o bastante de água começava a atuar a secreta influência da Lua: já havia fluxo e refluxo de maré. E o pior era o temor ancestral gravado na carne: estou sem abrigo, o mundo me expulsou para o próprio mun­do, e eu que só caibo numa casa nunca mais terei casa na vida, esse vestido ensopado sou eu, os cabelos escorridos nunca secarão, e sei que não serei dos escolhidos para a Arca, pois já selecionaram o melhor casal de minha espécie.

Pelas esquinas os carros de motor paralisado, e nem sombra de táxi. E a alegria feroz de vários homens finalmente impossibilitados de voltar para casa. A alegria demoníaca dos homens livres ainda mais ameaçava quem só queria casa própria. Andei sem rumo ruas e ruas, mais me arrastava que andava, parar é que era o perigo. De minha desmedida desolação eu só conseguia que ela fosse disfarçada. Alguém, radiante sob uma marquise, disse: que coragem, hein, dona! Não era coragem, era exatamente o medo. Porque tudo estava paralisado, eu que tenho medo do instante em que tudo pare tinha que andar.

E eis que nas águas vejo um táxi. Avançava cuidadosamente, quase centímetro por centí­metro, tateando o chão com as rodas. Como é que eu me apoderaria daquele táxi? Aproxi­mei-me. Não podia me dar ao luxo de pedir, lembrei-me de todas as vezes em que, por ter tido a doçura de pedir, não me deram. Contendo o desespero, o que sempre me dá uma aparência de força, disse ao chofer: “o senhor vai me levar para casa! é de noite! tenho filhos pequenos que devem estar assustados com minha demora, é de noite, ouviu?!” Para minha grande surpresa, vai o homem e simplesmente diz que sim. Ainda sem entender, entrei. O carro mal se movia nas ondas lamacentas, mas movia-se — e chegaria. Eu só pensava: eu não valho tanto. Daí a pouco já estava pensando: e eu que não sabia que valia tanto. E daí a pouco era a dona-de-casa de meu táxi, já tomara posse de direito do que gratuitamente me fora dado, e energicamente tomava medidas úteis: torcia cabelos e roupas, tirava os sapatos amolecidos, enxugava o rosto que mais parecia ter chorado. A verdade, sem pudor, é que eu tinha chorado. Muito pouco, e misturando motivos, mas chorado. Depois de arrumar minha casa, encostei-me bem confortável no que era meu, e de minha Arca assisti ao mundo acabar-se.

Uma senhora aproximou-se então do carro. Devagar como este avançava, ela pôde acom­panhá-lo agarrada em aflição ao trinco da porta. E literalmente me implorava para comparti­lhar do táxi. Era tarde demais para mim, e seu itinerário me desviaria de meu caminho. Lembrei-me, porém, de meu desespero de havia cinco minutos, e resolvi que ela não teria o mesmo. Quando eu lhe disse que sim, seu tom de imploração imediatamente cessou, substituído por uma voz extremamente prática: “É, mas espere um pouco, vou até aquela transversal buscar na casa da costureira o embrulho do vestido que deixei lá para não molhar”. “Estará ela se apro­veitando de mim?”, indaguei-me na velha dúvida se devo ou não deixar que se aproveitem de mim. Terminei cedendo. Ela demorou à vontade. E voltou com um enorme embrulho pousado nas mãos estendidas, como se até seu próprio corpo pudesse macular o vestido. Instalou-se total­mente, o que me deixou tímida na minha própria casa.

E começou o meu calvário de anjo — pois a mulher, com sua voz autoritária, já tinha co­meçado a me chamar de anjo. Não poderia ser menos comovente o seu caso: aquela era a noite de uma première e, se não fosse eu, o vestido se estragaria na chuva ou ela se atrasaria e perderia a première. Eu já tivera as minhas premières, e nem as minhas me haviam comovido. “A senhora não sabe o milagre que me aconteceu”, contou-me com firmeza. “Comecei a rezar na rua, a rezar ara que Deus me mandasse um anjo que me salvasse, fiz promessa de não comer quase nada amanhã. E Deus me mandou a senhora.” Constrangida, remexi-me no banco. Eu era um anjo destinado a proteger premières? a ironia divina me encabulava. Mas a senhora, com toda a força de sua fé prática, e tratava-se de mulher forte, continuava impositivamente a reconhe­cer o anjo em mim, o que só pouquíssimas pessoas até hoje reconheceram, e sempre com a maior discrição. Tentei sem jeito a leveza de um sarcasmo: “Não me supervalorize, sou ape­nas um meio de transporte”. Enquanto que a ela nem sequer ocorreu compreender-me, eu a contragosto percebia que o argumento na verdade não me isentava: anjos também são meios de transporte. Intimidada, calei-me. Fico muito impressionada com quem grita comigo: a mulher não gritava, mas claramente mandava em mim. Impossibilitada de confrontá-la, refugiei-me num doce cinismo: aquela senhora, que tratava com tanto vigor do próprio êxtase, devia ser mulher habituada a comprar com dinheiro, e na certa terminaria por agradecer ao anjo com um cheque, também levando em conta que a chuva já devia ter lavado toda a minha distinção. Com um pouco mais de confortável cinismo, em silêncio, declarei-lhe que dinheiro seria um meio tão legítimo como qualquer outro de agradecer, já que a moeda dela era mesmo moeda. Ou então — diverti-me eu — bem poderia dar-me em agradecimento o vestido da première, pois o que ela realmente deveria agradecer não era ter um vestido seco, e sim ter sido atingida pela graça, isto é, por mim. Dentro de um cinismo cada vez melhor, pensei: “Cada um tem o anjo que merece, veja que anjo lhe coube: estou cobiçando por pura curiosidade um vestido que nem sequer vi. Agora quero ver como é que sua alma vai se arrumar com a idéia de um anjo interessado em roupas”. Parece-me que, no meu orgulho, eu não queria ter sido escolhida para servir de anjo à tolice ardente de uma senhora.

A verdade é que ser anjo estava começando a me pesar. Conheço bem esse processo do mundo: chamam-me de bondosa, e pelo menos durante algum tempo fico atrapalhada para ser ruim. Comecei também a compreender como os anjos se chateiam: eles servem a tudo. Isso nunca me ocorrera. A menos que eu fosse um anjo muito embaixo na escala dos anjos. Quem sabe, até, eu era só aprendiz de anjo. A alegria satisfeitona daquela senhora começava a me dei­xar sombria: ela fizera uso exorbitante de mim. Fizera de minha natureza indecisa uma profissão definida, transformara minha espontaneidade em dever, acorrentava-me, a mim, que era anjo, o que a essa altura eu já não podia mais negar, mas anjo livre. Quem sabe, porém, eu só fora man­dada ao mundo para aquele instante de utilidade. Era isso, pois, o que eu valia. No táxi, eu não era um anjo decaído: era um anjo que caía em si. Caí em mim e fechei a cara. Um pouco mais e teria dito àquela de quem eu era com tanta revolta o anjo da guarda: faça o obséquio de descer já e imediatamente deste táxi! Mas fiquei calada, agüentando o peso de minhas asas cada vez mais contritas pelo seu enorme embrulho. Ela, a minha protegida, continuava a falar bem de mim, ou melhor, de minha função. Emburrei. A senhora sentiu e calou-se um pouco desarvorada. Já na altura de Viveiros de Castro a hostilidade se declarara muda entre nós.

— Escute, disse-lhe eu de repente, pois minha espontaneidade é faca de dois gumes tam­bém para os outros, o táxi vai antes me deixar em casa e depois é que segue com a senhora.

— Mas, disse ela surpreendida e em começo de indignação, depois vou ter que dar uma volta enorme e vou me atrasar! é só um pequeno desvio para me deixar em casa!

— Pois é, respondi seca. Mas não posso entrar pelo desvio.

— Eu pago tudo! insultou-me ela com a mesma moeda com que teria se lembrado de me agradecer.

— Eu é que pago tudo, insultei-a.

Ao saltar do táxi, assim como quem não quer nada, tive o cuidado de esquecer no banco as minhas asas dobradas. Saltei com a profunda falta de educação que me tem salvo de abismos angelicais. Livre de asas, com a grande rabanada de uma cauda invisível e com a altivez que só tenho quando pára de chover, atravessei como uma rainha os largos umbrais do Edifício Vis­conde de Pelotas.

Lispector, Clarice. Mal-estar de um anjo. In Para Não

Esquecer. São Paulo, Ática, 1984

A Arte de Escrever - Schopenhauer


Ler cansa. Cansa porque envolve esforço, tempo e concentração. Hoje, com todas as facilidades da vida moderna, muitos lêem somente quando obrigados: na escola, para o vestibular, na faculdade ou para se manterem atualizados profissionalmente. Poucos lêem por prazer. Menos ainda os que escrevem por prazer. Segundo Schopenhauer, a maioria dos escritores "vivem da literatura e não para a literatura". Raras são as vezes em que ambas são exercidas pelo mesmo homem. Enquanto muitos preferem gastar energias e recursos em festas, divertimentos ou prazeres fulgazes, A arte de escrever mostra como gastar as mesmas energias e recursos com a literatura e obter retorno.

De espírito eternamente provocador, Arthur Schopenhauer foi um filósofo que influenciou grandes nomes da atualidade, como Machado de Assis, Nietzsche, Freud, Wagner, Tolstói, Sartre e Thomas Mann, entre outros. É considerado até hoje um dos principais pensadores de toda a história alemã. O livro A arte de escrever é uma coletânea de cinco dos vários ensaios escritos por Schopenhauer no livro Parerga e Paralipomena (Acessórios e Remanescentes). São cinco sobre literatura: escrita, estilo, leitura, crítica e pensamento literário. Segue um breve comentário sobre cada um deles.

1. Sobre a erudição e os eruditos (Über Gelehrsamkeit und Gelehrte). O autor critica duramente os falsos eruditos dizendo que quem lê muito pensa pouco. Ele classifica como escritores distintos os que vivem DA literatura e os que vivem PARA ela. Outro ponto importante é quando diz que "a maior parte de todo o saber humano, em cada um dos seus gêneros, existe apenas no papel, nos livros, nessa memória de papel da humanidade. Apenas uma pequena parte está realmente viva, a cada momento dado, em algumas cabeças" (pg. 29). As revistas literárias, ao invés de separarem o joio do trigo, divulgam opiniões pagas e indicam livros ruins para os leitores.

2. Pensar por si mesmo (Selfstdenken). Organizar os pensamentos é uma tarefa fundamental. Pensar com profundidade só é possível sobre um assunto conhecido, e conhecer uma assunto só é possível pensando sobre ele. "Uma pessoa somente deve ler quando a fonte de seus pensamentos próprios seca" (pg. 42). Tanto a leitura excessiva quanto a experiência não substituem o pensamento individual. Pensar requer mais esforço do que ler. O pensador deve ruminar as suas próprias idéias e chegar à conclusões por conta própria, desenvolvendo sozinho o raciocínio.

3. Sobre a escrita e o estilo (Über Schriftstellerei und Stil). Há escritores e livros bons e ruins. O escritor é ruim quando escreve por dinheiro. Os livros mais recentes não são os melhores e "o público é tão simplório que prefere ler o novo a ler o que é bom" (pg. 70). Como a maioria dos livros é ruim, deve-se preterir os ruins aos bons. O autor critica os escritores e críticos anônimos comparando-os a assaltantes mascarados. O estilo revela muito sobre o autor da obra. Se o autor usa mais palavras do que realmente precisa é confuso ou obscuro e tenta parecer saber mais do que realmente sabe. Schopenhauer enumera vários vícios que desmascaram uma escrita ruim.

Não gostei da frase na contracapa que diz "TEXTO INTEGRAL", sendo que no prefácio o tradutor Pedro Süssekind diz que "Esse trecho foi traduzido integralmente, com exceção de uma passagem do item mais longo de Sobre a escrita e o estilo" e que "optou-se por uma versão reduzida do texto Sobre a escrita e o estilo" (pgs. 14-15). São louváveis os motivos do tradutor e da editora neste aspecto, mas a frase na contracapa deve ser retirada para que essa não engane a ninguém. A lei é contra a prática de divulgar uma coisa e vender outra. Por isto, a editora deve tomar cuidado com o Código do Consumidor, pois ele pode e será usado contra vocês pelos leitores que se sertirem enganados.

4. Sobre a leitura e os livros (Über Lesen und Bücher). "Quando lemos, outra pessoa pensa por nós: apenas repetimos seu processo mental" (pg. 127). A maioria dos livros é escrita somente para vender e, por isso, é importante assim como escolher o que ler, escolher o que NÃO ler, pois a vida é curta e tempo e energia são limitados. Biografias não devem ser lidas em substituição às obras originais. Pouco mais de uma dúzia de obras a cada século permanecerão para a eternidade. "O reconhecimento pela posteridade costuma ser pago com a perda de aplauso por parte dos contemporâneos, e vice-versa" (pg. 138).

5. Sobre a linguagem e as palavras (Über Sprache und Worte). Dos cinco, é o ensaio mais técnico. Declara que as interjeções foram as primeiras palavras a existirem. E cita Voltaire quando diz que o adjetivo é inimigo do substantivo. Todo idioma atinge um ápice em que não se aperfeiçõa mais, mas piora ficando mais simples. Quem aprende mais de uma lingua aprende além de palavras novas conceitos novos. Expande a sua maneira de pensar. Por isso as traduções são imperfeitas, pois existem palavras em um conceito impossível de traduzir para outra língua. Schopenhauer estimula o estudo de línguas puras, como grego, latim e alemão.

Depois de mencionar algumas passagens e pensamentos acima, pode-se facilmente concluir que o livro merece ser lido e relido. O autor provoca. Distribui alfinetadas. Mas ele defende bem os seus argumentos e provoca a reflexão no leitor. É um livro escrito para escritores, para leitores e para pensadores.

Diferente de O Caminho das Pedras de Ryoki Inoue, que procura ensinar como escrever best-sellers (livros escritos para ganhar dinheiro), A arte de escrever mostra como escrever uma obra de arte para a humanidade, que demonstre todo o potencial do escritor e faça as gerações posteriores evoluírem através da sua leitura.

leitura em: Abril / Maio 2007

sábado, 17 de outubro de 2009

Derrubando fronteiras, conquistando a liberdade... Rio de paz, em estado de graça!

Não foi unanimidade... isso é muito ruim... a comunidade acaba se dividindo e perde força... mas a escolha foi feita... Pela 4 vez o grupo de Diogo Nogueira ganhou a disputa.

Enredo: Derrubando fronteiras, conquistando a liberdade... Rio de paz, em estado de graça!

Autores: Ciraninho, Rafael dos Santos, Diogo Nogueira, Naldo e Jr Scafura

Portela segue os passos da evolução... Liberdade!
Num clique derruba barreiras
Deleta fronteiras da realidade
Desperta o bem social
Acessa o amor digital
Faz da criança inspiração
Pro futuro da nação
Na rede nossas vidas vão se transformar
Do ventre mais um ser nascerá
O Dia de Graça que o mestre cantou
Já raiou!

O meu pavilhão é minha paixão!
A luz da ciência é ela...
É samba, é jaqueira que não vai tombar
Sou Portela!

Mãos unidas pela inclusão
Povos, raças, em comunhão
Vai meu verso ao mundo ensinar
É preciso navegar!
Brilhou no céu mais um sinal
Cruzando o espaço sideral
Portela... Portal cultural de um país
Um link com a nossa raiz
Rainha da Passarela
Revela um Rio de paz pra viver
A senha de um amanhecer
Mais feliz


Minha águia guerreira
Vai voar... Viajar!
Pousar no sonho e ganhar o carnaval
E conquistar o mundo virtual!

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

PORTELA escolhe samba-enredo nesta sexta-feira (16/10)


Rio - A Portela escolhe seu samba-enredo nesta sexta-feira. A programação musical terá início às 22h com o grupo de pagode Nossa Fé, apresentando um repertório especial. Em seguida haverá apresentação do casal de mestre-sala e porta-bandeira Rogerinho e Lucinha Nobre, que vão dançar embalados pelos sambas da Portela na voz de Gilsinho. Cinco obras vão disputar o direito de ser o hino da azul-e-branco. A quadra da Portela fica na Rua Clara Nunes, 81. Os ingressos vão custar R$ 5 para mulheres e R$ 10 para homens.

Uhru!!!!! Vou para lá!!!!
Bjuuus

Quanto vale um amigo no Facebook?

Site vende amizades no Twitter e no Facebook e gera polêmica na Internet
POR MARLOS MENDES , RIO DE JANEIRO
Rio - Quanto vale uma amizade? Que tal 177 dólares, mais ou menos R$ 320. E não por uma amizade, mais pelo lote de mil! E quem aproveitar a promoção leva 10 mil amigos pelo equivalente a de R$ 2.100 (1.167 dólares). Ou seja, o sonho de Roberto Carlos de ter um milhão de amigos fica avaliado em R$ 210 mil. Uma pechincha 21 centavos por amigo. Dá para pagar com uma moedinha e ainda levar troco. O site uSocial.net oferece aumentar sua rede de amigos no Twitter e no Facebook.
Mas quem disse que amizade se compra? O site australiano uSocial.net. Depois de oferecer amizades no atacado no Twitter, o site repete a fórmula polêmica no Facebook, a rede social mais usada do mundo, com mais de 250 milhões de membros. O uSocial parte de princípio, já notado por muitos, de que Facebook e Twitter têm um enorme potencial como ferramenta de marketing. O problema, que também não é novo, é reunir um bom número de seguidores, ou seja, uma audiência. É aí que entra o uSocial.net, “vendendo amigos”.
Mas o próprio CEO da empresa, Leon Hill, admite que o negócio não é 100% garantido. “O que fazemos é mandar paras as pessoas uma mensagem de boas-vindas ou um pedido de amizade em nome do cliente. Se elas quiserem adicioná-lo como amigo ou fã, elas o farão. Caso contrário, não.”
Especialistas em marketing digital são céticos quanto à eficácia da estratégia de “comprar” amigos. “É como comprar um CD cheio de endereços de e-mail no camelódromo”, diz Roberto Cassano, diretor de estratégia da Agência Frog, especializada em redes sociais e que tem entre seus clientes Oi e Ediouro.
Cassano lembra que algo parecido já aconteceu no Orkut, com a venda de comunidades. E cita um exemplo hipotético para explicar que a estratégia é ruim: “Se você cria uma comunidade ‘Eu odeio acordar cedo’ e depois a vende e o novo dono muda a comunidade para ‘Eu amo o América’. Isso não quer dizer que os membros se tornarão automaticamente torcedores do América”. Segundo Cassano, as relações nas redes sociais, inclusive entre consumidor e marca, se baseiam em afinidade e confiança, coisas que não se compram, muito menos no atacado.
Edney Souza, diretor de operações da agência Pólvora Comunicação, não só duvida que a compra de amigos pode ajudar a fazer propaganda, como acredita que possa ser um tiro no pé. “É bem perigoso. Quem deixa um mural aberto no Facebook corre o risco de ser vaiado em público e denegrir a marca”, explica. “Não dá para comprar um pacote desses e esperar a adesão de todos. Você pode vender um contato, mas não pode vender o engajamento”, resume o publicitário, lembrando um dos conceitos mais caros ao marketing digital.
Será esse spam uma ameaça às redes sociais? “Não acredito. O mercado está amadurecendo”, aposta Cassano.


Bjos

domingo, 11 de outubro de 2009

Domingo de feriadão!!!

Depois de um longo inverno de dissertação, hoje fui ao mundo e me diverti. Itaipuaçu é bem legal. Casa de amigos em Itaipuaçu é show de bola. Papear com uma amiga cujos pais moram em Itaipuaçu foi simplesmente o máximo!!!! Uma acolhida perfeita. Um dia agradabilíssimo!! Pessoas divertidas e... CHURRASCAO!!!! Ai vamo combinar né, é fantástico!! Depois de longo inverno, papo pro ar, musica de todos os ritmos, papos em todas as direções. As pessoas optaram por passar esse dia em familia e de forma positiva para todos! Uma familia sem problemas? Que nada! Muitos problemas passado e presentes, mas hoje estamos num intervalo e decidindo só sorrir, comer e falar amenidades. Um amor diferente. Amores com níveis. Mas dentro de uma casa de gramado, o afeto se fazendo presente e dizendo: vivam, mas aqui é o seu lugar. Obrigada amiga Silvia pelo dia!!!!!!! Bjos

sábado, 10 de outubro de 2009

Almoço e Amizade na sexta

Ola gente, to escrevendo pela primeira vez direto no blog. Nesta sexta, antes do feriadao chuvoso no RJ, eu estive almoçando com uma amiga. Como amizade é bom né??? É preciso realmente aproveitar as amizades enquanto elas se prontificam a estar ao nosso lado. Isso não é uma 'fala' marcada pelas perdas, ao contrário é uma 'escrita' feliz pela habilidade de ter e manter pessoas maravilhosas do lado. Um almoço cheio de risos, confidencias, questões, indignações e... fome!!! Eu e minha amiga optamos por uma feijoada MARAVILHOSA! Rolou de tudo nos gestos e nas gargalhadas. Mas nada tão marcante quanto a admiração mutua. Nossa, isso é importante estar na mesa, na mente e no coração dos amigos, e sem pestanejar. Ninguem queria ir embora. Ninguem queria ir trabalhar. Resistimos muito. A vida profissional nos é muito dura e por meses ficamos sem nos ver. Orkut, email, celular são usados sempre e constantemente. Mas nada é melhor do que olhar, ver o que acontece na emoção do outro no momento em que acontece mesmo. Eu quis registrar aqui esse momento tão energia pra mim e tão de paz para ela. Desde 2003 uma grande amizade... uma grande cumplicidade... Bom isso né? Agora voltamos à rotina dos dias, assumimos novamente as redeas do tempo, mediamos os espasmos de saudade com Orkut, MSN, email e celular, e aguardamos um outro momento de felicidade e amizade.
Bjos a todos

Lado Sombra: um estilo humano


Pinel afirma: “[...] Estou convencido de que pessoas não são incuráveis se puderem ter acesso ao ar e à liberdade.” (1763; apud LEDOUX, 2001, p. 206)

Quatro eventos sugeriram esta escrita: a leitura do livro ‘Quem somos nós’, de William Arntz e outros; a leitura do artigo ‘A ciência de ser você’ de vários autores, publicado na Revista SuperInteressante (out 2009); um scrap de uma amiga afirmando ter sido tomada pelo seu ‘lado sombra’; e, finalmente um papo com outra amiga se dizendo ‘demente’ diante de uma situação conflituosa. Cada evento, dentro da sua especificidade, revelou a idéia de que a personalidade humana, quando afetada pelo insólito/absurdo/inesperado, tem reações surpreendentes, às vezes muito condenáveis, porque estão fora dos padrões pré-estabelecidos por cada sociedade. A idéia de controle é uma idéia completamente metafórica e só surge como uma arma de defesa pessoal.

Todos têm segredos, todos têm desejos impublicáveis e, principalmente, todos convivem com outros lados de suas personalidades nem sempre refratárias, equilibradas, compreensivas ou afáveis. O ser humano é um composto de sentidos puros porque seus ‘acertos’, seus desbastes - as regras sociais -, vêm de fora. Analisar estes sentidos como bons ou maus, é analisar o ser humano ou com uma adjetivação influenciada pelo contexto ético em que ele nasce e interage; ou como dependente dos tipos de eventos com que este ser humano lida em seu crescimento biopsicológico. O que é importante afirmar é que, para além das certezas de ser isso ou aquilo, o ser humano é potência reativa (ou impulsiva?) cujos mecanismos cerebrais, relacionados à emoção, têm uma complexidade que ainda merecem anos de estudos e esclarecimentos.

Para a neurociência, o ser humano mantém um cérebro primitivo que, quando surpreendido por um evento externo, prontamente reage e esta reação relaciona-se ao chamado instinto de sobrevivência. É função sine qua non do código genético humano defende-se e sobreviver. Antes de se perceber o ser humano como inteligente e criativo, deve-se observá-lo como um animal. Logo, sem tempo para raciocinar / ponderar e, por conseguinte, assimilar racionalmente o acontecimento inesperado, o cérebro humano, por defesa, produz ondas elétricas que levam o corpo humano a ações impulsivas de todo tipo e sem recortes, liberando a pressão da situação absurda. Através da fala ou em bruscos movimentos corporais, liberar é preciso!

Para Jung, em sua Psicologia Analítica, consciente e inconsciente são dois aspectos de um único sistema. Ego e self compõem a psique total humana. Porém o enredamento entre introversão e extroversão apresenta-se dentro de uma alternância rítmica que ajuda a extravasar os melhores e os piores lados da personalidade com pouco prejuízo às diferentes formas de inter-relações humanas, mesmo defrontando-se com o absurdo de algumas experiências.

Estas e outras formas de leitura analítica da personalidade, de um jeito mais objetivo ou em suas entrelinhas, apresentam o ser humano com, pelo menos, dois lados: o lado luz e o lado sombra; o lado sapiens e o lado demens. E o que resta aos ‘pobres mortais’ humanos é criar habilidades suficientes para manter ambos os lados em espaços controlados. Possível? Não! Apenas uma atitude ‘de bom tom’ diante da necessidade de se integrar e da ética de conviver. Neste processo digladiam-se fortemente também, a ansiedade e o medo. Como escreve Ledoux (2001, p. 209), “[...] a ansiedade provém do íntimo; e o medo, do mundo externo”. E ambos estão contidos no que se chama ‘ser humano’.

O ser humano em si não se vê e quando o faz está diante de um espelho real ou imaginário: o Outro Olhar-se é aceitar-se como especulação e esta é alimentada fortemente pelas especulações dos outros. O ser humano é roteiro em constante edição. É uma conexão em rede cuja sequência de colaborações potencializa a personalidade luz ou sombra e mantém atualizado o comportamento. De que maneira? Pela convivência. No decorrer do tempo, ambos (personalidade e comportamento) se aprofundam através de caules experienciais e vivenciais de todos com todos pelo corpo, dentro da mente e nas relações afetivas. Por isso é que se afirma: o ser humano ‘pode tudo’!

Ao partir para conhecer o desconhecido ou diante de uma decisão importante, as têmporas humanas latejam, o cérebro acelera sua plasticidade e o ser humano se realiza por inteiro, mesmo no lado ‘sombra’, explicitando corporal e verbalmente o que é, ou o que pensa é. Pelo prazer ou pela dor, o investimento é no respeito à própria pessoalidade sempre. Cada embate enfrentado reflete a luta consciente / inconsciente, no espaço da memória, das informações possíveis e impossíveis à exposição. É assustador, doloroso, mas envolvente e até atraente porque em essência trabalha-se a criatividade do disfarce. O ser humano é disfarce. O ser humano é um grande blefe.

Muitos teóricos postulam a existência de traços imutáveis da personalidade. Será? Como imagem representativa de uma genética específica e das interações sociais nas quais se estabelecem, os traços humanos podem ser aprofundados, suavizados, ou mesmo reconstruídos por mil e uma necessidades. Diante disso, além da influência da convivência, está o poder da escolha. Como produto não acabado, o ser humano pode escolher em que relevância estão / estarão sua luz e sua sombra.

É uma opção manter o lado sombra exposto. É uma opção manter-se em indignação, em tensão ou dentro de um processo de aborrecimentos contínuos. Lógico que certos contextos socioeconômicos não imprimem tranqüilidade, calma ou mesmo alegria na imagem projetada no dia a dia, mas a opção pela obstrução diária do ‘lado luz’ requer tanto trabalho quanto a sua inversão. Diante das “[...] circunstâncias de vida – a ausência de cuidados e nutrição na tenra infância, bem como de estimulação social, e uma existência traumática e tensa num meio ambiente hostil” (LEDOUX, 2001, p. 207) – estabelece-se um processo de emagrecimento psíquico, cuja tônica exige força de vontade. Para não enlouquecer ou assumir uma neurose, o ser humano precisa de estratégias de superação constantes, se assim o escolher.

No processo de individuação de Jung cria-se um procedimento de conexão interna de forma a sobrepor os fenômenos fantasmagóricos da perversidade, maldade, raiva e até loucura, com fenômenos populares de perseverança, superação, ética e honestidade, embora uma das maiores formas de crescimento pessoal sejam o aparecimento, vivência e superação destes elementos em certas experiências. Ou seja, para crescer e amadurecer, o ser humano precisa expor, explorar e superar seu demens interior. Não há como viver meio opaco ou meio translúcido (sem a permissão da luz ou sem poder identificá-la). O arquétipo do ego sombrio (das imoralidades e das violências) requer formas de repressão em que possam se projetar comportamentos e características mais funcionais em sociedade. E aí está justamente a ‘ciência de ser humano’!

Ainda assim sabe-se que há situações (e mesmo pessoas) que merecem ficar frente a frente com as perdas de sentidos humanos. E esta exposição faz muito bem. Carregar o corpo de adrenalina dá plasticidade tanto ao sistema límbico, quanto às relações pessoais. Limpa a pele, alivia o coração e despressuriza a cabeça. Diante de uma
“[...] situação de tensão, a amígdala detecta o perigo, envia mensagens ao hipotálamo, que por sua vez envia mensagens a glândula hipófise. Há liberação do hormônio ACTH, que flui na corrente sanguínea para a glândula supra-renal, provocando a liberação do hormônio esteróide, [o que] ajuda o organismo a mobilizar suas fontes de energia para enfrentar a situação (ou pessoa) de estresse” (LEDOUX, 2001).

Mas são os momentos ‘demência’, momentos em que o acometimento do ‘sem controle’ se instaura sem tempo para pensar, que leva o ser humano a se descobrir e a se entender em quase todas as suas periculosidades. Ao vibrar junto com o fato e reagir ‘no laço’, aflora-se, no ser humano, o que a paciência, a educação e os valores familiares tanto reprimem com a desculpa de uma proteção contra injúrias, desgostos ou eternos arrependimentos: o lado ‘sombra’, o lado animales.

Daí a incerteza do momento seguinte, daí o medo, já que, mesmo com as desculpas eternamente esfarrapadas porque a situação e o gesto ‘sombra’ já aconteceram, não há retorno. Quando o ser humano é ‘encontrado’ pela surpresa da exposição de parte do seu inconsciente mais primitivo, o que vai importar será como proceder para tentar conseguir reencontrar novos enquadramentos, harmonias, certezas e estabilidades, no diálogo com a vida e/ou com o outro, com perdão ou sem perdão, porque, segundo Ledoux, “se o estresse perdurar por um longo tempo, o hipocampo começará a apresentar falhas em sua capacidade de controlar a liberação dos hormônios do estresse e de realizar suas funções de rotina [...]”. É a grande chance de se encontrar PARA SEMPRE o ‘lado sombra’ transfigurado em loucuras, neuroses, psicopatologias ou dentre as diferentes dependências.

Diante de um ‘lado sombra’ completamente aberto, o ser humano “[...[ deixa de aprender e de lembrar como cumprir tarefas comportamentais que dependam do hipocampo” (LEDOUX, 2001, p. 220), chegando aos famosos ‘lapsos’ de memória ou a uma forte depressão. Sua rede de emoções pode desordenar-se e não haver recuperação de ações mentais conscientes, como, por exemplo, o raciocínio. Mordido pelo ‘espírito de porco’ de um outro alguém ou pela insanidade de uma surpresa da vida, o ser humano admite em cena, a representação da sua inconsciência de forma feroz: seu ‘lado sombra’.

Ainda assim, nem tudo está perdido ao ser humano, porque ‘lados sombra’, também podem ajudar. À perda da consciência de si e do todo diante de um acidente, uma ofensa, uma discussão no trânsito, uma ‘falta de educação’, um desleixo, uma perda pessoal ou profissional, ou uma ordem ‘fora do lugar’, ‘fora do esperado’, ‘fora do cotidiano’, há outros papéis ao ‘lado sombra’; há outros aproveitamentos possíveis a ele e estes podem se tornar fonte de energia e evolução humana, por exemplo: diante de um ‘lado sombra’, podem surgir a espontaneidade e a criatividade. À sensação da emoção profunda, projeta-se um processo de afloramento interessante de mais consciência sobre as reais capacidades de ser/estar/agir dos próprios seres humanos.

Mas não há como negar, isso ‘só depois’, tal aproveitamento só surge no momento seguinte, quando a adrenalina diminui, os hormônios se organizam, as amígdalas e hipocampo retomam suas atividades rotineiras, e o sujeito consegue pensar e refletir sobre o insólito anterior, suas reações e começa a recompor-se ‘narcisicamente’. Da distorção momentânea de si à reorganização em grupo dentro de um conjunto de imagens mentais renovadas, está em cena a transformação constante do corpo biopsicológico.

E assim caminham a personalidade e o comportamento do animal homem.

Profa. Claudia Nunes

Referências
ARNTZ, William, CHASSE, Betsy e VICENTE, Mark. Quem somos nós? A descoberta das infinitas possibilidades de alterar a realidade diária. Rio de Janeiro: Prestígio Editoral, 2007.
FADIGMAN, James e FRAGER, Robert. Carl Jung e a Psicologia Analítica. In. Teorias da personalidade. São Paulo: HABRA, 1986, p. 41-70.
LEDOUX, Joseph. Onde os desregramentos estão. In. O Cérebro Emocional: os misteriosos alicerces da vida emocional. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001, p. 206-243.
REZENDE, Rodrigo et al. A ciência de ser VOCÊ. Revista Superinteressante (out-2009). São Paulo: Ed. Abril, 2009, p. 68-89.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

OLIMPÍADAS no RIO 2016

Gente, enfim o RIO DE JANEIRO sediará uma olimpíada em 2016. Aliás enfim a AMÉRICA DO SUL sediará uma olimpíada! A hegemonia européia sofreu um corte. Temos a oportunidade diminuir a força do adjetivo EMERGENTE de nosso país. E segundo o site globo.com temos um desafio: usar bem R$ 29 bilhões previstos no projeto. Muito para acertar, muito para construir. Temos uma cultura pra repensar e transformar.

Depois de mais uma conquista, começam as críticas. Nem bem a adrenalina da alegria correu o corpo de todos os brasileiros e já começam a jogar lama. Fácil criticar, quero ver colocar a mão na massa e fazer acontecer. Somos problemáticos em termos de transporte e violência? Somos sim, mas temos a oportunidade de melhorar. Não adianta bater na mesma tecla e ratificar pra sempre o jeitinho e a displicência brasleiras, é preciso criar alicerces fortes para sobrepujá-las.

De acordo com o projeto, o Rio será dividido em quatro pólos. A Barra da Tijuca, na Zona Oeste, vai receber metade das competições. Enquanto o Riocentro terá a Vila Olímpica e o Centro de Mídia, o autódromo vai dar lugar ao Centro de Convivência. Outro polo é em Deodoro, no subúrbio, onde será construído o parque radical, para provas de canoagem slalom e mountain bike. O terceiro é o polo Maracanã, na Zona Norte. No estádio, estão previstas as cerimônias de abertura e encerramento, além dos jogos de futebol, enquanto o Maracanãzinho vai abrigar as competições de vôlei. O Estádio João Havelange, o Engenhão, no Engenho de Dentro, no subúrbio, será palco das provas de atletismo. Já o Sambódromo vai ser o local da largada e chegada da maratona e do tiro com arco. O quarto polo é em Copacabana, na Zona Sul do Rio, casa do vôlei de praia, do triatlo e da maratona aquática. Enquanto o estádio de remo, na Lagoa, vai ganhar mais um píer, a Marina da Glória receberá as provas de vela.

Haverá um movimento dentro da cidade e que provavelmente será muito criticado. Ninguem quer ser atrapalhado. Gente, chega de 'cada um no seu quadrado'!!! Nossa visibilidade mundial é de um povo e nao de um indivíduo. Transportes em obras... Conglomerado hoteleiro já se projetando e pensando até em navios. Segurança forte e competente, nem que seja por acordos temporários com os traficantes. Ninguem está iludido acreditando que certos tipos de acordos nao serão pinçados, por que isso nao é privilégio do Brasil. Vários eventos de grande porte sugeriram que é possivel manter a segurança. São SETE anos até lá.

E por fim usar nossa beleza natural para que todos que aqui vierem, retornem sempre, sempre e sempre. As Olimpíadas podem dar um grande impulso para reverter esse processo de degradação do meio ambiente. Serão postos em prática programas de reflorestamento e despoluição da Baía de Guanabara, e das lagoas. A Lagoa Rodrigo de Freitas, na Zona Sul da cidade, é a prova de que o município pode voltar a ser lindo, e limpo. Muito já foi feito: sem despejos de esgoto, parte da sujeira desapareceu e a qualidade da Lagoa melhorou. E para um ar mais puro, as Olimpíadas também prometem: um melhor transporte público gera menos poluição. O plantio de milhões de árvores vai tornar o Rio uma cidade ainda mais verde.

Mas para isso, cada um FORA do seu quadrado!!!!!
RIO 2016, eu quis, eu quero, eu vou!!!!!

Profa. Claudia Nunes

Rifa-se um coração

Rifa-se um coração quase novo. Um coração idealista. Um coração como poucos. Um coração à moda antiga. Um coração moleque que insiste em pregar peças no seu usuário. Rifa-se um coração que na realidade está um pouco usado, meio calejado, muito machucado e que teima em alimentar sonhos e, cultivar ilusões. Um pouco inconseqüente que nunca desiste de acreditar nas pessoas. Um leviano e precipitado coração que acha que Tim Maia estava certo quando escreveu... "...não quero dinheiro, eu quero amor sincero, é isso que eu espero...". Um idealista...Um verdadeiro sonhador... Rifa-se um coração que nunca aprende. Que não endurece, e mantém sempre viva a esperança de ser feliz, sendo simples e natural. Um coração insensato que comanda o racional sendo louco o suficiente para se apaixonar. Um furioso suicida que vive procurando relações e emoções verdadeiras. Rifa-se um coração que insiste em cometer sempre os mesmos erros. Esse coração que erra, briga, se expõe. Perde o juízo por completo em nome de causas e paixões. Sai do sério e, às vezes revê suas posições arrependido de palavras e gestos. Este coração tantas vezes incompreendido. Tantas vezes provocado. Tantas vezes impulsivo. Rifa-se este desequilibrado emocional que abre sorrisos tão largos que quase dá pra engolir as orelhas, mas que também arranca lágrimas e faz murchar o rosto. Um coração para ser alugado, ou mesmo utilizado por quem gosta de emoções fortes. Um órgão abestado indicado apenas para quem quer viver intensamente contra indicado para os que apenas pretendem passar pela vida matando o tempo, defendendo-se das emoções. Rifa-se um coração tão inocente que se mostra sem armaduras e deixa louco o seu usuário. Um coração que quando parar de bater ouvirá o seu usuário dizer para São Pedro na hora da prestação de contas: "O Senhor pode conferir. Eu fiz tudo certo, só errei quando coloquei sentimento. Só fiz bobagens e me dei mal quando ouvi este louco coração de criança que insiste em não endurecer e, se recusa a envelhecer". Rifa-se um coração, ou mesmo troca-se por outro que tenha um pouco mais de juízo. Um órgão mais fiel ao seu usuário. Um amigo do peito que não maltrate tanto o ser que o abriga. Um coração que não seja tão inconseqüente. Rifa-se um coração cego, surdo e mudo,mas que incomoda um bocado. Um verdadeiro caçador de aventuras que ainda não foi adotado, provavelmente, por se recusar a cultivar ares selvagens ou racionais, por não querer perder o estilo. Oferece-se um coração vadio, sem raça, sem pedigree. Um simples coração humano. Um impulsivo membro de comportamento até meio ultrapassado. Um modelo cheio de defeitos que,mesmo estando fora do mercado, faz questão de não se modernizar, mas vez por outra,constrange o corpo que o domina. Um velho coração que convence seu usuário a publicar seus segredos e a ter a petulância de se aventurar como poeta.

CLARICE LISPECTOR

DON TAPSCOTT e Growing up Digital

No século XXI, a velocidade das informações criou um novo conflito entre as gerações. Observa-se um forte choque geracional ‘alimentado’ pela presença e influência das novas tecnologias da informação e comunicação (NTICs). Jovens e adolescentes nascem e crescem ‘dentro’ da emergência de uma sociedade de economia digital e de predomínio das comunicações. Frente a frente os nativos e os imigrantes digitais de Prensky acelerando as mudanças de paradigmas.

Segundo Tapscott, no início a aprendizagem para toda a vida, o trabalho on-line e as comunicações em rede não eram conceitos interligados. Depois da web 2.0 e a multiplicação do conceito de colaboração, há a ascensão do trabalho em equipe, do compartilhamento do saber e da globalização. Novas ferramentas relacionadas ao desenvolvimento da comunicação envolvem os indivíduos mais novos (de 11 aos 30 anos) que passam a não tolerar hierarquias, tradições e modelos. Há uma séria recusa a uma comunicação fechada, linear e analógico.

A nova geração, segundo Tapscott, está para além do discurso e praticando entre si trocas múltiplas de informações. Este autor aposta na emergência de uma nova realidade econômica e social.

As comunicações em rede e as mídias digitais estão mudando radicalmente a forma como se faz negócios, se diverte ou se estuda. Os mais jovens estão profundamente afetados pelas NTICs e mais preparados á mudanças, mesmo radicais. A questão da competitividade torna-se algo natural no contexto da sua maturidade ou de expansão profissional. Mas atualmente há duas análises extremas, ainda que conservadoras, nesta discussão: um dos lados observa os jovens como ‘vítimas coitadinhas’ e o outro como ‘perigosos guerrilheiros’. A liberdade total é seu lema.

Segundo Tapscott, o fosso ‘geracional’ não é novo. Nos anos 60, não se concordava com os pais e construía-se um fosso de atitudes. Hoje, para além do fosso de atitudes, há um fosso de competências e aptidões. A diferença está na velocidade cognitiva. Como os mais jovens estão numa fase de crescimento rápido, conseguem assimilar mais facilmente as NITCs e interiorizá-las em seu cotidiano como algo natural.

Enquanto isso, os adultos tendem a se adaptar, ou seja, reconciliar o novo com o velho. Se de um lado, há um processo de assimilação que absorve pura e simplesmente o novo; de outro, há um processo de adaptação cuja aprendizagem é mais difícil e dolorosa.

Segundo Tapscott, as gerações estão em rota de colisão cujo desfecho depende basicamente da vontade e da capacidade relacional de todos. Para isso é preciso, por parte dos adultos, compreensão, paciência, diálogo e confiança. Não é submissão, é participação colaborativa e a tendência é o desaparecimento da autoridade. Mas o futuro não se adivinha, constrói-se. E os adultos devem ter uma atitude positiva em relação à cultura jovem, à sua tecnologia para evitar uma diversidade mais profunda.

Diante disso Tapscott afirma que a TV está morta, comida literalmente pela Web; e o computador ‘pessoal’ está cada vez menos pessoal porque as pessoas usam os computadores para se relacionarem com os outros. Portanto, é cada vez mais interpessoal. O PC tornou-se um meio de comunicação. Será?

Profa. Claudia Nunes

Nada nunca é igual

  Nada nunca é igual   Enquanto os dias passam, eu reflito: nada nunca é igual. Não existe repetição. Não precisa haver morte ou decepçã...