Na cultura digital, junto aos conceitos de colaboração, mediação e interação, aliam-se, pelo senso comum, as ações de copiar, recortar e colar. De substantivos cheios de significâncias à ações altamente ativas, os sujeitos mantém a impressão de que ‘tudo pode’, ‘tudo é de direito’. As redes sociais crescem aceleradamente e todos têm algo para dizer, informar ou criticar. A tônica é manter o conhecimento acontecendo de múltiplas formas e num tempo cada vez menor. Será que daqui a alguns anos teremos ‘homens de letras’? O pensamento se inaugura pelo olhar e pelo tato. E a mediação é feita em parceria com a memória e de acordo com os níveis de criatividade. Mas hoje,o pensamento paira ao nível da ação de ‘capturar’. Capturar investe-se da aura de ‘saber’. Capturar age por ligações infinitas desrespeitando direções como vertical e horizontal. Cada vez mais palavras como ‘terminar’, ‘finalizar’ ou ‘concluir’ encontram-se no conjunto de ações românticas e/ou metafóricas. Cada vez mais pretende-se a diluição das diversidades como se estas fossem estigmas negativos de uma sociedade e de uma cultura. Então, no ambiente virtual, em meio às facilitações das ferramentas virtuais, copiar, recortar e colar são permitidas. Não temos apenas ruídos nas comunicações, temos ruídos nas éticas. Transformado em ‘cursor’, os sujeitos são personagens principais de cada imersão, interação e mediação com seus desejos, experiências e retrospectivas. Não há ‘arquivos mortos’, há ‘arquivos vivos’, mas cada vez mais obcecando as formas de ser, e estar e sentir humanos. Na saída da caverna, na ‘volta do parafuso’ sentimentos a muito esquecidos: desentendimentos, desconfianças, medos e, por fim depressão. Afinal, no cotidiano, ‘recortar, colar e copiar estão extremamente dificultados.
Profa. Claudia Nunes
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