quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Quanto vale um amigo no Facebook?

Site vende amizades no Twitter e no Facebook e gera polêmica na Internet
POR MARLOS MENDES , RIO DE JANEIRO
Rio - Quanto vale uma amizade? Que tal 177 dólares, mais ou menos R$ 320. E não por uma amizade, mais pelo lote de mil! E quem aproveitar a promoção leva 10 mil amigos pelo equivalente a de R$ 2.100 (1.167 dólares). Ou seja, o sonho de Roberto Carlos de ter um milhão de amigos fica avaliado em R$ 210 mil. Uma pechincha 21 centavos por amigo. Dá para pagar com uma moedinha e ainda levar troco. O site uSocial.net oferece aumentar sua rede de amigos no Twitter e no Facebook.
Mas quem disse que amizade se compra? O site australiano uSocial.net. Depois de oferecer amizades no atacado no Twitter, o site repete a fórmula polêmica no Facebook, a rede social mais usada do mundo, com mais de 250 milhões de membros. O uSocial parte de princípio, já notado por muitos, de que Facebook e Twitter têm um enorme potencial como ferramenta de marketing. O problema, que também não é novo, é reunir um bom número de seguidores, ou seja, uma audiência. É aí que entra o uSocial.net, “vendendo amigos”.
Mas o próprio CEO da empresa, Leon Hill, admite que o negócio não é 100% garantido. “O que fazemos é mandar paras as pessoas uma mensagem de boas-vindas ou um pedido de amizade em nome do cliente. Se elas quiserem adicioná-lo como amigo ou fã, elas o farão. Caso contrário, não.”
Especialistas em marketing digital são céticos quanto à eficácia da estratégia de “comprar” amigos. “É como comprar um CD cheio de endereços de e-mail no camelódromo”, diz Roberto Cassano, diretor de estratégia da Agência Frog, especializada em redes sociais e que tem entre seus clientes Oi e Ediouro.
Cassano lembra que algo parecido já aconteceu no Orkut, com a venda de comunidades. E cita um exemplo hipotético para explicar que a estratégia é ruim: “Se você cria uma comunidade ‘Eu odeio acordar cedo’ e depois a vende e o novo dono muda a comunidade para ‘Eu amo o América’. Isso não quer dizer que os membros se tornarão automaticamente torcedores do América”. Segundo Cassano, as relações nas redes sociais, inclusive entre consumidor e marca, se baseiam em afinidade e confiança, coisas que não se compram, muito menos no atacado.
Edney Souza, diretor de operações da agência Pólvora Comunicação, não só duvida que a compra de amigos pode ajudar a fazer propaganda, como acredita que possa ser um tiro no pé. “É bem perigoso. Quem deixa um mural aberto no Facebook corre o risco de ser vaiado em público e denegrir a marca”, explica. “Não dá para comprar um pacote desses e esperar a adesão de todos. Você pode vender um contato, mas não pode vender o engajamento”, resume o publicitário, lembrando um dos conceitos mais caros ao marketing digital.
Será esse spam uma ameaça às redes sociais? “Não acredito. O mercado está amadurecendo”, aposta Cassano.


Bjos

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