Não há nada
melhor e pior do que HÁBITO. Hoje conversando com uma amiga, ela me disse: “ao invés de falar em problemas, acredito em
desafios; não tenho problemas, tenho desafios; devemos perder o hábito
inclusive de pronunciar a palavra ‘problema’, todo temos desafios e, sendo
assim, devemos reconhecer que desafio se encara e passa; se encara para superar
e continuar a vida. O hábito de ter problemas complica tudo. Hábito complica
tudo. Temos reprogramar nossa mente de maneira positiva, senão nos matamos ou
matamos alguém”. Pois é, precisamos mudar os hábitos, renovar o ‘de sempre’
em nossas mentes e continuar aprendendo, dando qualidade aos comportamentos.
Em casa, relendo
alguns trechos de artigos, fiquei pensando nisso: HÁBITOS. Por prazer, os
hábitos se estabelecem. Mesmo sendo estranhos ou duvidosos para os outros, o
HÁBITO, para cada indivíduo, tem base no prazer: temos prazer em ‘viver’
amigos, trabalhos, cotidiano como sempre quando este sempre é prazeroso. Esse
HÁBITO costuma alcançar o imaginário dos outros quando os resultados são
produtivos ou de sucesso, e aí, o hábito ‘do outro’ é bom, mas pode causar
inveja.
Como se
fundamenta no prazer, o HÁBITO se estabelece no sistema de recompensa cerebral.
O desejo de permanecer numa amizade, num trabalho, numa atividade física, num
relacionamento amoroso porque tudo é sentido como ‘bom’ ou ‘cor de rosa’ ou
quase vital transforma padrões cerebrais e comportamentos emocionais e cognitivos;
e, segundo o livro ‘O poder do hábito’ (e sua manutenção), o hábito pode ter
enorme impacto na saúde, na produtividade, na estabilidade financeira e na
felicidade, para o bem ou para o mal.
Mas mesmo hábitos
prazerosos precisam ser (e são) transformados pela vida; são transformados por
elementos (pessoas, eventos, sentimentos) surpreendentes: com o HÁBITO, nós nos
tornamos um pouco míopes, senão cegos, para os sinais da realidade que sempre
nos lembra sobre a hora de mudar (salto qualitativo); e tendemos, quando
confrontados com esta necessidade de mudança a alimentar o mecanismo de defesa
mais revelador de nossa comodidade: a negação. Só que mudar é uma escolha de
sobrevivência pessoal e social: começa como percepção, depois surge como certeza
e se naturaliza; vai do emocional ao racional em pouco tempo; e ai enterrar a
cabeça na areia não adianta; o confronto intra e extragenético é certo, duro e
agressivo.
“Primeiro há uma sugestão, ou gatilho, que diz ao
seu cérebro para entrar em modo automático e desdobrar um comportamento.
Depois, há a rotina, que é o comportamento em si. Para alterar um hábito, é
preciso modificar os padrões que moldam cada aspecto de nossas vidas” (DUHIGG,
Charles, 2012). Ou seja, para cada escolha, devemos empinar o nariz e reconfigurar
nosso conjunto de neurônios para a nova ‘vida’. Base de tudo: prática /
persistência na ação da mudança. Ainda assim, reconheçamos: de hábito em
hábito, nós envolvemos corpo e mente em um estilo de sentir, pensar e agir
procurando qualidade em nossas conexões afetivas e/ou profissionais de forma
romântica: para sempre. E ai devemos tomar cuidado.
Segundo o livro
‘Hábitos da mente’,
é possível articular hábito / mudança / novo hábito em 16 possibilidades. Veja
o quadro abaixo:
HÁBITOS (ações)
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POSSIBILIDADES
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1. PERSISTIR
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Cumprir uma meta, uma decisão; ter
concentração e não fugir dos objetivos;
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2. GERENCIAR
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A impulsividade: tudo a seu tempo; tenha calma; pense
antes de agir; tenha equilíbrio e escute mais;
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3. OUVIR
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Com compreensão e empatia; não julgar;
procurar compreender os outros; dedicar energia mental aos pensamentos e
ideias de outra pessoa; segurar seus próprios pensamentos em suspenso e
entender realmente o ponto de vista e/ou emoções da outra pessoa;
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4. PENSAR
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Com flexibilidade; olhar para uma situação de outro
jeito; encontrar uma maneira de dar perspectiva à mudança, gerar alternativas
e considerar opções;
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5. PENSAR
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Sobre o pensar (metacognição); reconhecer
seu saber apesar do outro; estar ciente de seus próprios pensamentos,
estratégias, sentimentos e ações — e como eles afetam os outros;
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6. ESFORÇAR-SE
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Para a exatidão / o sucesso; rever sempre; objetivar o
sucesso, a fidelidade, a verdade;
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7. QUESTIONAR
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E expor os problemas; saber argumentar
quando necessário; escolher estratégias para produzir esses dados; procurar
desafios;
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8. APLICAR
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Seu conhecimento a novas situações; pratique o que
aprender; conhecer e transferir conhecimento para solucionar problemas e algo
mais;
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9. PENSAR
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E comunicar com clareza e precisão o que
sabe; ser claro oralmente e de forma escrita; evitar generalizações,
distorções e exclusões;
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10. COLETAR
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Dados através de todos os sentidos ou caminhos
sensoriais: gustativa, olfativa, tátil, cinestésica, auditiva e visual;
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11. CRIAR
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Imaginar, inovar; sempre tentar de maneira
diferente; estimular o aparecimento de novas ideias e buscar fluência e
originalidade;
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12. RESPONDER
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Com assombro e admiração sincera; intrigar-se com os
fenômenos do mundo e a beleza; encontrar o que é impressionante e misterioso
no mundo, por gosto;
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13. CORRER
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Riscos responsáveis; aventurar-se; agir com
competência realmente;
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14. ENCONTRAR
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Humor na vida; ri muito; olhar com sensibilidade para o
incongruente, o inesperado, o capricho da/na vida;
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15. PENSAR
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De forma interdependente; trabalhar em
grupo; ter fome de aprender; aprender com os outros em situações de
reciprocidade;
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16. PERMANECER
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Aberto à contínua aprendizagem; aprender com as
experiências; orgulhar-se (e ser humilde o suficiente) para admitir que não
sabe; resistir a complacência.
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Nossos sentidos
são nossas bússolas e por eles, junto à memória (informações de toda sorte),
vamos estabelecendo diferentes perguntas ao mundo tal e qual saltos quânticos
em busca de / outras / novas respostas. A questão do hábito passa da reprodução
à produção de conhecimento como atributo real de mudança e de inteligência.
Hábito para aprender a ‘saber pescar’, ação que leva tempo, paciência e
tranquilidade. Novo hábito para reaprender a ‘ser gente’, mudar o caminho e
assim mesmo nunca perder a chamada ‘essência’.
Lógico que o
desafio está na sinergia da tríade: sorte, oportunidade e estímulo; afinal,
para mudar um hábito é preciso saber perceber que o que se tem nos insatisfaz,
causa prejuízo e pode evoluir para uma dependência. Logo, um novo hábito surge
de um comportamento inteligente e estratégico focado em nosso aprimoramento. É
um momento egoísta mesmo! É o que, hoje em dia, se chama ‘aprendizagem socioemocional’
em que recondicionar ou eliminar hábitos depende de raciocínio estratégico,
perspicácia, perseverança, criatividade e habilidade para resolver o que for
necessário em si para o outro, e não ao contrário.
Por conseguinte,
segundo Costa (2012), mudar hábitos exige vontade, esforço e determinação, já
que a nova aquisição requer repetidas oportunidades, ao logo de um longo
período, de plena dedicação ao objetivo estipulado: reconhecendo, reforçando,
discutindo (conversando), refletindo e avaliando a si mesmo. E, ainda de acordo
com Costa (2012), para qualificar hábitos estratégicos ou mudar hábitos,
principalmente de acordo com o desenvolvimento humano, nós precisamos ser/estar
preparados com as seguintes habilidades:
• Criatividade e
inovação;
• Pensamento crítico
e resolução de problemas;
• Comunicação e
colaboração;
• Flexibilidade
e adaptabilidade;
• Iniciativa e
autodireção;
• Competências
sociais e transculturais;
• Produtividade
e responsabilidade;
• Liderança e
responsabilidade.
Agora peguemos
um mapa e tracemos nosso caminho aceitando que este é cheio de pedras, muda, mas
está sempre em movimento, quase sempre retilíneo e pouco uniforme.
Profa
Claudia Nunes