Somos seres
conectados com a Natureza e tudo que nela estiver contido. Hoje em dia, a
internet esclareceu e confirmou concretamente essa conexão: os ambientes de
aprendizagem estão ampliados e potencialmente oportunos ao desenvolvimento
socioemocional dos chamados ‘nativos digitais’ e estes continuam
impressionáveis e imprevisíveis, mas agora mais estratégicos e criativos,
afinal seu acesso ao mundo da informação tem um novo recurso: a internet com
seus programas e aplicativos. É um mundo em suas mãos: celulares, notebooks,
tablets. Não é preciso esperar para saber; eles precisam apenas parar, clicar e
saber. Estamos de novo readquirindo o poder sobre nossa curiosidade. Hoje,
somos ‘homo curiosus’ com autonomia e poder de escolha. Houve uma mutação na
relação com o saber e uma mutação desejante. Não criaríamos tantos recursos
tecnológicos sem fundamento social e relacional: queremos querer saber e poder
saber sem muitos obstáculos. E nessa vertente: integramos, incluímos e
interagimos. Eis o grande estranhamento de gerações anteriores: a liberdade de
expressão e de conhecimento não é mais uma metáfora mediada por pais e
professores apenas. Somos humanos querendo ser humanos junto a humanos
(parentes), mas também individualmente. Uma ecologia coletiva que não precisa
mais esperar para construir sua individualidade. Mas há um problema sério? Fora
a permanente atitude de não se disponibilizar o conhecimento simplesmente, há
crescente possibilidade do ‘saber sozinho’ (recursos tecnológicos), o que vem
desativando o uso do botão da afetividade e/ou da empatia. E isso tem motivado
situações cuja reação é primitiva, cruel, dura, com pouca relação com o córtex
executivo. Precisamos pensar nisso. Só sobreviver não basta mais, aliás nunca
bastou: somos sociais também! A questão das habilidades socioemocionais e das
funções executivas precisam fazer parte de novo das aprendizagens enquanto
nossos jovens crescem e vivem suas experiências. Desde a revolução industrial,
vivemos interações divergentes; hoje precisamos remodelar esses movimentos e
criar uma dinâmica convergente e mais solidária (empática, flexível). Mas
escola, família e amigos não sabem mais fazer isso. Nós pegamos um atalho em
comportamentos lineares, na segurança da transmissão de conhecimentos, nas
metodologias de sucesso, na busca por mais dinheiro etc. É muito difícil mudar
assim. Então o que fazer? Um pensamento: assumir a tática do siri e andar para
trás. Como alguns literatos escrevem: às vezes é preciso dar dois passos pra
trás e pegar impulso pra ir muito mais longe do que imaginamos possível hoje.
Ou seja, de fora, podemos observar grupos, ações e territórios educativos e
familiares; conhecer interesses e desejos dos mais jovens em seus contextos;
montar outras estratégicas mais afetivas e realistas na e fora da escola; e
experimentar atividades de colaboração, cocriação e proatividade na e fora da
escola também. No mundo atual, o movimento de qualificação do ser vivo humano
passa pela percepção de que esse ser vivo humano precisa renovar sua humanidade
(seu diferencial baseado na aprendizagem relacional) sendo respeitado, sendo
ouvido, sendo amado, sendo útil, junto a outros seres vivos humanos, em seus
interesses, desejos e sonhos.
Profª Claudia Nunes
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