sábado, 19 de dezembro de 2020

DOENÇA sentada na minha frente (06.07.2020)

 

Em tempos de pandemia, estou pensando em GATILHOS MENTAIS, estímulos percebidos pelo cérebro que auxiliam e influenciam o processo de tomada de decisão. É a hora das FUNÇÕES EXECUTIVAS. Hora do nosso CPF (córtex pré-frontal) e das decisões simples e/ou complexas. Mas, e quando a situação é independente de sua vontade? E quando não há decisão que resolva um assunto? Aí é a hora da INTELIGENCIA EMOCIONAL. É o começo de uma reestruturação mental e mudança de pensamento.

Nem sempre os desafios têm soluções objetivas (rápidas). As vezes o desafio precisa de tempo de imersão e observação; escolhas estratégicas pontuais; e pequenas ações assertivas. Tudo isso relaciona-se ao autoconhecimento para viver o desafio de outra maneira ou com menos intensidade. Ou seja, gatilhos mentais servem para que você SE persuada a ser uma pessoa mais ciente do próprio potencial e a criar espaços mais adequados para refletir suas perspectivas de vida. O tal ‘olho do furacão’ oportuniza o aparecimento de novos comportamentos, resultados e trajetórias de vida.

Gatilhos mentais são as surpresas da vida, retirando nossos hábitos de um ritmo, de forma abrupta. Não é apenas uma mudança de velocidade, é uma reorganização cerebral e mental para que saibamos viver o desafio imposto, sem sincronia. Nesse momento, a respiração se altera, olhamos para todos os lados, incômodos se estabelecem por dentro do corpo e reconhecemos nossa vulnerabilidade. É o momento do autoquestionamento: vamos conseguir? Seremos fortes? O que fazer primeiro? É o tempo do vazio de opções.

Nós não podemos nos enganar, fingir que nada acontece ou procrastinar; o baque é forte e sério; e este engatilha emoções escondidas ou bem controladas. Nós precisamos nos persuadir a nos acalmar, pensar, escolher e agir com mais atenção. Gatilhos mentais servem para espelhar quem somos e nos incentivar a oferecer o que temos de melhor. Gatilhos mentais, bases da persuasão da memória, podem justificar nosso envolvimento com novas e positivas atitudes; e podem despertar boas necessidades e novos objetivos. Mas enquanto o desafio é apenas desafio sua relação com essa aprendizagem está enevoada, acinzentada.

Por que escrevo isso? Estou pensando na doença da minha mãe. Um enorme desafio. Um grande susto que engatilhou pesadelos turbulentos. Um momento de incerteza e grandes decisões. Um tempo de reestruturação da vida quase sozinha. Uma certeza que precisa ser trabalhada emocionalmente até o fim, todos os dias.

Doença como gatilho para múltiplos aprendizados estranhos, chatos, interessantes e importantes. Paradoxo total. E eu sigo tentando me persuadir que tudo ficará bem; sigo me influenciando às tomadas de decisão mais adequadas; sigo tentando não agir por impulso ou de forma automática; sigo tentando harmonizar as interconexões neuronais definindo bem minhas escolhas diárias; e sigo na briga entre o emocional e o racional, sem justificativas bobas. Quero pensar devagar, consciente de que estou em meu melhor. É trabalhoso, é desgastante, é cansativo; todos os sentidos e memórias estão na cena que vejo todos os dias; e é trabalhoso, desgastante e cansativo.

Hoje estava lendo aleatoriamente textos na internet, eu me deparei com um texto que elencava 21 Gatilhos Mentais importantes, no caso, para vendas, a saber: escassez; autoridade; urgência; reciprocidade; porquê (motivo); prova social; novidade; dor x prazer; antecipação; comprometimento; descaso; paradoxo da escolha; simplicidade; referência; história; inimigo comum; garantia; curiosidade; surpresa; similaridade (ou afinidade); exclusividade.

Eu não sei se passei por tudo isso. Não estou à venda e nem vendendo alguém ou um produto; mas lendo a explicação sobre cada um deles, alguns gatilhos eu assumi para minha atual dinâmica de vida, na seguinte ordem:

 

SURPRESA

A emoção mais sinistra. Aquela que desorganiza corpo e alma para logo se colar, no meu caso, com a tristeza e um pouco de raiva. Não há tranquilidade imediata. Não tive tempo para pensar. Não há bônus, apenas ônus e silêncio interno. Uma surpresa que desmonta e amedronta. Surpresa: chegada da doença. Detonador de futura solidão. É a vida com seus brindes estúpidos.

URGÊNCIA

Meu desafio requer urgência. Sem urgência, há consequências. Razão tentando sobrepujar a emoção. Interesse em saúde ou em qualidade. Compreensão do processo para agir com certeza. Conjunto mnemônico em polvorosa; comunicação aos estalos; procura de reorganização, apesar da dificuldade. Primitividade quase sem controle.

INIMIGO COMUM

Uma doença sentada na minha vida. Ela me encara sem perdão. É comum e minha inimiga. Depois de um tempo, temos empatia. Dor e prazer: doença, cuidado e aprendizado. Oportunidade de ir dizendo ‘até logo’. Estou indignada, mas agradeço. De quem é a culpa? Ninguém! Objetivos interrompidos, objetivos recriados. Vou para o combate porque vale a pena. Tempo de aproximação, diálogo, beijos e abraços, carinhos nada estranhos, qualidade e amor. A doença me encara, agora, desconfiada: é encarada também e sem medo. Sou dessas.

CURIOSIDADE

Fato dado, fato assumido. O tempo não é de discutir. Assumir e se comprometer. Sou curiosa: quem sou? Nada disso eu queria, mas houve um salto no tempo sem efeitos especiais. E agora preencho meu tempo com outros conhecimentos e atendimentos. Sou curiosa mesmo. Equilíbrio e curiosidade: desejo de sobreviver, saber mais e atender mais. No meio de tudo, aprender a ser simples, apesar de leonina. É difícil. É tenso. O controle é confuso. Preciso ser criativa para sobreviver.

DOR X PRAZER

(de cuidar)

Aqui a louca mistura das emoções básicas. No processo reduzir dores e aumentar o prazer. Prazer de aprender a cuidar como necessidade de evitar a dor, o desconforto. Depois da dor, uma certa satisfação: assumir o cuidado. Não há como ignorar, é tolerar e viver o que for possível. Muito caminho a percorrer. Muitos dias para viver. Dias mais; dias menos. Dias de prioridades físicas e mentais; outros nem tanto. Revisão de necessidades.

HISTÓRIA

Lembranças e memórias. Comunicação total com minha essência. Na noite, olhar e lembrar: exemplos de vida. Muitas histórias de crescimento e de aprendizagem de ser ser vivo humano. Extraordinário como a mente encontra jeito de nos distrair com nossas histórias. Lembranças com sentimentos / vivências. É bom consumir histórias, as vezes com um pouco de ficção. Corpo treme. Histórias, exemplos para tomada de decisão. Histórias como gatilhos mentais poderosos para dor e prazer. Hora de aproveitar para criar equilíbrio emocional. Não é fácil.

AFINIDADE

Na hora do aperto, as afinidades. Pesquisa, encontros, histórias, amigos com afinidades e exemplos. Muita coisa para escutar e ler; muita coisa para descartar e fazer. Identificação ainda em processo. Não me sinto colada nem com a doença nem com as afinidades. Pairo em tudo, apesar de me jogar sem luxo. Antes e durante não é fácil me influenciar. Talvez teimosia; ou juba lustrada; ou mesmo, ignorância. Só quero ser quem aprendi a ser, nunca me promover. Elogios ajudam, ações são mais admiráveis. Não pertenço a nada disso, mas quero fazer o que é certo. Missão? Qualidade de vida e equilíbrio emocional. Uma hora a doença vai se levantar...

COMPROMETIMENTO

Diante de um fato (o meu fato), só há comprometimento. Não há como resolver; há como viver da melhor forma. É parar e rever meus potenciais para remodelar o cotidiano em outro status: filha que cuida. Gatilho que desperta confiança no que sou. É provar para mim o que posso ser todo dia. É provar só para mim. Oportunidade de aprender sem o sucesso de vencer.

 

Profª Ms. Claudia Nunes (06.07.20)

 

Referência:

https://www.nucleoexpert.com/gatilhos-mentais-mais-poderosos/

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