Família. Oh
território estranho. É bom, mas é estranho. Tudo vai bem enquanto estão todos
bem. Todos estão bem seguindo suas vidas com seus desafios e revezes. Mas aí um
membro falece, adoece ou há um desafio mais grave cuja dependência pode
atrapalhar a dinâmica de vida de alguns. Pronto! Há estranhamentos;
desconexões; ruídos; e confusões no território familiar: alguém precisa assumir
a responsabilidade.
Alguns passam
indiferentes, mas estão perto; outros se preocupam, mas de longe ou não podem;
outros ainda estão longe, mas quando chamados se apresentam gratamente e fazem
justa parceria; e há aqueles que se revelam completos estranhos a tudo e a
todos. A esses vou chamar de ‘sinistros de sangue’.
Hoje penso nestes
últimos que, apesar do sangue, ignoram totalmente suas memórias, sua criação,
suas influências, suas obrigações; e criam egoisticamente muita confusão com
suas atitudes e falas. ‘Sinistros de sangue’ se pensam malandros. Por isso,
hoje penso em equilíbrio emocional para pensar, sem pena, e em silencio
estratégico, no que os ‘sinistros de sangue’ pensam da vida, principalmente, da
vida após a ausência de um ente querido. De cara: eles não pensam... E lembro
de uma frase forte e realista: ‘as
pessoas só dão o que tem’.
Alguns sociopatas
tem esse perfil. Não são dignos de pena e nem observo como ‘pobreza de
espírito’; simplesmente, ao longo da vida, não foram capazes de dar valor a
tudo que tiveram porque, egoístas, sempre quiseram muito mais... e muito mais
só para eles mesmos. São adolescentes eternos em que o mundo sempre está
contra; são mentirosos de si mesmos; e são viciados em vitimizações
incoerentes. E aí os limites são necessários.
Não posso com
emoções toxicas de outras pessoas. É loucura mantê-las enquanto seu vetor está
na esbórnia de uma vida de mentira, de ingratidão, de covardia e de solidão. Eu
estou me preparando e observando, basicamente, para lutar pela qualidade de
vida de uma pessoa e pela minha saúde mental. Limites então são fundamentais
para mim, para minha caminhada com o cuidar e para o depois. Perdi as ilusões e
estou me resguardando / protegendo. Aos poucos, vou informar aos ‘sinistros de
sangue’ o que preciso e o que QUERO para a minha vida, apesar de. É triste. É
sangue. É necessário.
Agora (e depois),
as linhas de respeito serão estabelecidas para que eu me sinta bem mental,
física e emocionalmente. É tempo de ser egoísta por pura preservação: minha e
dela. Não é fácil, é sangue; mas não tenho receio; não me sinto culpada; não
tenho mais fantasias; não tenho essa responsabilidade; é inútil e inocente
pensar e agir de outra forma. Volto ao ponto de equilíbrio para pensar no MEU
amanhã sem cola com os ‘sinistros de sangue’, em total desconsideração com sua
base. Esse é um dos resultados da quarentena: autoconhecimento, preservação e paz.
Em quarentena, um
tempo forte de observação de quem é quem, em minha família, e de decisões de
quem ficará e quem não mais, pelo menos em intensidade, apesar do sangue. Eu
estudo para me conhecer e aprender, e principalmente, para ME respeitar; logo,
os limites para quem não se faz presente ou o faz por interesse são
inevitáveis. Não é (será) fácil, sei quem sou diante da injustiça (Xangô e Nanã
que o digam), mas sempre e de qualquer jeito, minha AUTOESTIMA agradece e
agradecerá.
Hoje estou em
silêncio interno porque há ações dos ‘sinistros de sangue’, para mim,
inacreditáveis; mas como escrevi, no início deste relato, ‘as pessoas só dão o
que tem’. E como para tudo há consequências, faço questão de avisar aos
‘sinistros de sangue’ também: ‘respeito é bom e eu gosto’, e farei valer isso
de qualquer jeito, nem que seja também na justiça dos homens.
Prof.ª
Claudia Nunes (17.07.2020)
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