sábado, 19 de dezembro de 2020

Em presença dos SINISTROS DE SANGUE (17.07.2020)

Família. Oh território estranho. É bom, mas é estranho. Tudo vai bem enquanto estão todos bem. Todos estão bem seguindo suas vidas com seus desafios e revezes. Mas aí um membro falece, adoece ou há um desafio mais grave cuja dependência pode atrapalhar a dinâmica de vida de alguns. Pronto! Há estranhamentos; desconexões; ruídos; e confusões no território familiar: alguém precisa assumir a responsabilidade.

Alguns passam indiferentes, mas estão perto; outros se preocupam, mas de longe ou não podem; outros ainda estão longe, mas quando chamados se apresentam gratamente e fazem justa parceria; e há aqueles que se revelam completos estranhos a tudo e a todos. A esses vou chamar de ‘sinistros de sangue’.

Hoje penso nestes últimos que, apesar do sangue, ignoram totalmente suas memórias, sua criação, suas influências, suas obrigações; e criam egoisticamente muita confusão com suas atitudes e falas. ‘Sinistros de sangue’ se pensam malandros. Por isso, hoje penso em equilíbrio emocional para pensar, sem pena, e em silencio estratégico, no que os ‘sinistros de sangue’ pensam da vida, principalmente, da vida após a ausência de um ente querido. De cara: eles não pensam... E lembro de uma frase forte e realista: ‘as pessoas só dão o que tem’.

Alguns sociopatas tem esse perfil. Não são dignos de pena e nem observo como ‘pobreza de espírito’; simplesmente, ao longo da vida, não foram capazes de dar valor a tudo que tiveram porque, egoístas, sempre quiseram muito mais... e muito mais só para eles mesmos. São adolescentes eternos em que o mundo sempre está contra; são mentirosos de si mesmos; e são viciados em vitimizações incoerentes. E aí os limites são necessários.

Não posso com emoções toxicas de outras pessoas. É loucura mantê-las enquanto seu vetor está na esbórnia de uma vida de mentira, de ingratidão, de covardia e de solidão. Eu estou me preparando e observando, basicamente, para lutar pela qualidade de vida de uma pessoa e pela minha saúde mental. Limites então são fundamentais para mim, para minha caminhada com o cuidar e para o depois. Perdi as ilusões e estou me resguardando / protegendo. Aos poucos, vou informar aos ‘sinistros de sangue’ o que preciso e o que QUERO para a minha vida, apesar de. É triste. É sangue. É necessário.

Agora (e depois), as linhas de respeito serão estabelecidas para que eu me sinta bem mental, física e emocionalmente. É tempo de ser egoísta por pura preservação: minha e dela. Não é fácil, é sangue; mas não tenho receio; não me sinto culpada; não tenho mais fantasias; não tenho essa responsabilidade; é inútil e inocente pensar e agir de outra forma. Volto ao ponto de equilíbrio para pensar no MEU amanhã sem cola com os ‘sinistros de sangue’, em total desconsideração com sua base. Esse é um dos resultados da quarentena: autoconhecimento, preservação e paz.

Em quarentena, um tempo forte de observação de quem é quem, em minha família, e de decisões de quem ficará e quem não mais, pelo menos em intensidade, apesar do sangue. Eu estudo para me conhecer e aprender, e principalmente, para ME respeitar; logo, os limites para quem não se faz presente ou o faz por interesse são inevitáveis. Não é (será) fácil, sei quem sou diante da injustiça (Xangô e Nanã que o digam), mas sempre e de qualquer jeito, minha AUTOESTIMA agradece e agradecerá.

Hoje estou em silêncio interno porque há ações dos ‘sinistros de sangue’, para mim, inacreditáveis; mas como escrevi, no início deste relato, ‘as pessoas só dão o que tem’. E como para tudo há consequências, faço questão de avisar aos ‘sinistros de sangue’ também: ‘respeito é bom e eu gosto’, e farei valer isso de qualquer jeito, nem que seja também na justiça dos homens.

 

Prof.ª Claudia Nunes (17.07.2020)

 

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