A imagem de um homem em cima de uma jangada jogando sua rede ao mar está em minha mente nestes últimos dias. Se de um lado tem-se um homem em atividade livre, forte e séria. Uma atividade de sobrevivência e de autonomia em busca da oportunidade e da sorte. De outro, tem-se a construção de objetivos de vida. Ou seja, cada sujeito passa a vida lançando redes de contato em diferentes momentos e arrasta para si aquilo que merece. Nessa hora vale o esforço, o interesse, as relações, o conhecimento. Cada peixinho, cada conquista presa na rede causa prazer e alívio, mas também provoca novos investimentos / perspectivas. Ser humano é ser das eternas querências. Hoje há uma nova rede. Ao invés de observar, medir e lançar um objeto em cima de um ambiente apinhado de peixes / objetivos; os sujeitos são seduzidos ao lançamento do próprio corpo e mente para dentro do ciberespaço: são rede e pescado ao mesmo tempo. Ao tempo de conhecimento e aprofundamento de todos os tipos de relações soma-se o tempo do arrasto-click: no virtual, encontro um amigo, arrasto e click; encontro uma empresa, arrasto e click; encontro uma emoção, arrasto e click. De alguma forma todos se mantêm juntos e/ou dentro. Mas, cada vez menos construídas em ambiente ‘presencial, as redes sociais são entendidas como janelas de oportunidades profissionais. Os sujeitos se lançam em sites de relacionamento com outras expectativas/ intenções. Mais do que redes sociais, são redes de contatos e extensão das reputações profissionais. Existem vários links específicos para futuras contratações ou exposição de currículos, ou seja há redes sociais criadas especialmente para conectar profissionais com interesses comuns, além de informar o surgimento de vagas de trabalho. Aproveita-se o ‘boom’ da Internet, cria-se nova forma de processo seletivo e reorganiza-se uma boa parte do mercado de trabalho. Será que parte de nossa competência passa pela construção de nosso perfil na internet? Já há diversos cursos sobre ‘redes sociais e seleção por competência’, o que demonstra a realidade dos novos tempos e quão atentos devemos estar quando construímos o design de nossos perfis em ambiente virtual. Todos devem ter atenção a isso. Não é besteira! No Orkut, no Facebook ou no Twitter (para mencionar os mais populares), há sim um ‘grande irmão’ de Orwell. Um ‘grande irmão’ que também procura profissionais especialistas ou generalistas, e que vem determinando mudanças de comportamento dos/nos interagentes em suas redes sociais. Se por um lado não há mais como se isentar da participação nestas redes, de outro lado, precisa-se entender que, em nenhum deles, há a inocência da simples diversão. Educação, ética, escrúpulo e bom comportamento se mantêm como exigência nestes espaços, além de informação sobre vagas e processos seletivos. A efervescência do primeiro momento de aproximação dos sujeitos de um destes sites desvanece quando o retorno entra na rotina dos dias. As escolhas das comunidades representam mais nossos gostos, pensamentos e sentimentos, do que efetivamente encarado como espaço de participação (ativa) e intimidade (encontro com novas pessoas). Então surge a idéia: acessar sites que possam oportunizar mudança de status, mais informação sobre novos pontos de trabalho, ou de aprofundamento teórico. Hoje estou assanhada com o twitter. É um espaço grátis onde é preciso ser conciso. A informação deve ter, no máximo, 140 caracteres. É fácil, é complexo; é simples, é estranho. Na mesma praia, com alcance ilimitado, ‘seguimos’ muitas instituições e pessoas, e recebemos micro-informações, tanto completamente inúteis como estados de espírito ou eventos do dia, quanto densas de sentido e importantes elementos para compartilhamento e colaboração profissional. Sou muito desconfiada dessa profusão de redes sociais aparecendo na Internet. Mas o twitter tendo sido diferente. Para mim foi um ‘achado’. Amigos, gostos, papos, fotos, eu compartilho no Orkut. No twitter, tenho meu local de trabalho. Não é um lugar para papos descontraídos. É lugar de vantagens: de tirar vantagem da informação do outro; além de compartilhar e de colaborar. Mas para isso, é preciso ser coerente nas escolhas de quem se segue. Escolho bem quem sigo porque tenho interesses: vagas para professores, seminários, congressos e textos de aprofundamento. Estou aprendendo e tentando ‘pescar’ uma mudança de vida ou mais grana. Joguei a rede a muitos anos e conquistei o último dos desejos semana passada: mestrado. Agora me preparo para jogar novamente minha rede. Muitos movimentos à volta. Muitos animais com boquinhas abertas me distraindo, me encantando. O canto da sereia está por toda parte. Mas a tentação deve ser refreada. Sem mentiras ou exageros vou aceitando o dia-a-dia, reorganizando papeis e sentimentos, acessando novos rumos, limpando gavetas e recantos e (re)semeando a superfície perto de mim. Conserto e lavo minha rede com calma e sem pressa. E no twitter recheio a mente com possíveis escolhas para um dia seguinte de novas e outras trilhas, conquistas, esforços e... pesca.
Pro(a) Ms. Claudia Nunes
O mundo é desconhecido e estou desbravando a mim mesma para aceitar o mundo como ele é. Como professora (Estado), Tutora em cursos de EAD, Revisora de Material Didático e MESTRE em Educação (UNIRIO), estou seguindo a vida fazendo o que gosto, como gosto e com quem gosto muito. Escrevo e publico textos para me esvaziar de mim e poder aceitar o Outro como vier. De resto meu vicio é o mundo virtual, ainda que eu nao seja dissimulada. Mutante? Isso! Eu gosto de ser mutante!
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