quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Outro quarto bimestre escolar

O fim do ano está proximo. Em muitas escolas, o clima é de fechamento de conteúdo e das atividades. Está aberta a temporada de avaliações (aprovações e reprovações). Está aberta a temporada de revisões e/ou acertos finais. Aumenta muito o diálogo entre professores e alunos visando a aprovação deste último. Em tempos outros, por algum motivo inexplicável para mim, o número de alunos, em sala de aula e na escola, aumentava muito. Eu observava sempre que, no 4 bimestre, muitos alunos ausentes ou os chamados 'turistas' passavam a frequentar a sala de aula com grande assiduidade. E, no grupo de professores, meu estranhamento tinha sempre a mesma resposta: 'agora é que eles percebem que o ano acabou e que, talvez, fiquem reprovados'. Reprovar é uma palavra e ação reprovável, e sempre pronunciada com constrangimento, mas é uma verdade. Acontece. As potencialidades e as capacidades são extremamente diferentes em cada um aluno, logo professores lidam com tempos de aprendizagem diferentes, e ai 'reprovar' acontecerá sim. É pérfido? É sórdido? Infelizmente é sim: se dentro de um ano o aluno nao alcançar determinado conjunto de notas (normalmente 20), ele se reprova sim.

Ainda assim, por mais que haja diferentes esforços dos professores e da equipe pedagógica, aliada a um grande conjunto de recursos pedagógicos, o aluno parece se colocar em isenção/ à parte desta possibilidade o ano todo. Dificuldades além da conta. Muita displicência/indiferença e forte desatenção. O que é impressionante (e, do lado do professor, decepcionante). Sendo assim, o 4 bimestre surgia como um bimestre das propostas de 'jeitinhos', dos pedidos de trabalhos de pesquisa em casa, dos choros incontidos, das mil e uma histórias, e das mortes em familias (de preferencia, pai, mae e irmãos). A idéia do aluno era recuperar o tempo perdido (ausente) atrvés da comoção e doação de pontos extras. É triste, mas era um hábito.

Mas hoje percebe-se algo diferente. Em tempos de acendência tecnológica, algo está muito diferente. De dois anos para cá observo outras atitudes dos alunos: eles nao voltam nem mesmo para o 4 bimestre e, em muitos casos, na volta das férias de julho, boa parte dos alunos assíduos desaparecem. Há uma desertificação da sala de aula. Uma turma que inicia o ano com 40 ou 50 alunos tem a grande possibilidade de acabar o ano com 15 ou 20 anos alunos frequentes. Não há uma ausência duvidosa e que tenha a probabilidade de reversão, há uma ausência definitiva. Os alunos não voltam. As salas se esvaziam e o 4 bimestre se arrasta de forma 'pesada' demais.

O que está acontecendo?

Lentamente o governo do estado do Rio de Janeiro vem realizando e criando programas de fomento da qualidade de ensino relacionado, principalmente com a informatização das escola, dos professores (entrega de laptops), criação de sites de acesso às questões da educação para alunos e professores (Conexão Professor / Conexão Aluno) etc. Tudo isto refletido na idéia de que o aluno deve ser alcançado cognitiva e socialmente em diferentes situações, com diferentes recursos, alcançando diferentes saberes.

Então, o que está faltando?

Não se pode julgar que os professores não sejam criativos, mas, neste fim de ano, observa-se em ambos os atores educacionais (professor e aluno) FALTA DE MOTIVAÇÃO. Por razões completamente diferentes, professores e alunos comungam num mesmo ambiente social, mas estão cada vez mais 'duros' com relação à escola, ao ensino, à aprendizagem e à relação com o conhecimento.

Segundo o site http://www.brasilescola.com/, MOTIVAÇÃOé uma força interior que se modifica a cada momento durante toda a vida, onde direciona e intensifica os objetivos de um indivíduo. Portanto é algo que existe em potencia em todos e que, além de se realizar por movimento próprio do individuo, também se realiza quando este mesmo indivíduo é 'tocado' por outras pessoas em seus interesses e necessidades. Segundo Abraham Maslow é possível organizar estas necessidades e/ou intereses da seguinte forma:
- auto-realização
- auto-estima
- sociais
- segurança
- fisiológica

Logico que não se deve generalizar nada, mas quem nao está DESMOTIVADO, no processo de interação e convivência, vai ficando. Mas quais são os itens que levam à FALTA DE MOTIVAÇÃO de ambos os atores educacionais? Se o sintoma está em relevância, quais são as causas? Autores comentam e escrevem sobre suas consequencias, como desatenção, indisciplina, indiferença, intransigência, dificuldade de ensino e de aprendizagem. Mas quais seriam as causas?

No caso dos professores, para além da realização do processo de ensino, existem outras preocupações como: desvalorização pessoal; perda do poder aquisitivo; excessiva valoração da arte e da cultura; necessidade de muitos deslocamentos; pouco tempo de ajustamento ás novidades da informática na escola; etc. Já, no caso dos alunos, há influência da comunidade onde vive; necessidade de absorção profissional rápida; má alimentação; regras demais; falta de contextualização do ensino etc. Para ambos, razões suficientes para desqualificar a importancia da escola/educação e ir em busca de outros horizontes que atenda com mais rapidez seus anseios, interesses e desejos.

Então o que se há de fazer?

Aproveitar as férias e pensar em revitalizações, tanto dos estudos e das formas de ensinar; quanto do movimento da sala de aula no proximo ano.

Profa Ms. Claudia Nunes

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