quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Pedra na cabeça

Na ponte o sol se levanta. O barulho aumenta entre as casas. panelas, crianças, carros, tudo atesta a hora do trabalho. Estou na janela com insônica e dor de cabeça. Não me angustio mais. Estou redescobrindo a paisagem do meu quarto a cada noite perdida. E é uma paisagem sempre diferente. Ouço no andar de baixo as conversas. Banho, marmita, sapatos. Os barulhos não são mais identificáveis. O calor esquenta e incomoda. Olho a rua e dela brotam as primeiras pessoas. Caminham tal e qual zumbis. Não sabem quem são. Não acordaram para o mundo. Por repetição e esforço, caminham. Cada passo, uma ilusão, uma decisão, uma chateação, uma lembrança. Não há o que fazer só pensar. Agora o dia está preenchido. Tão preenchido que pára a madrugada. No barulho, o silêncio dos sentidos. Não há mais para onde olhar, tudo se mexe e agora atenção só com uma escolha de foco. O ponto de ônibus: os sonhos, as necessidades. Todos desconhecidos que se olham desconfiados numa cidade violenta. Poucos lugares. Acômodo de bundas, de mentes, das coisas e... voltar a dormir. Só que agora para sempre: uma pedra atinge a cabeça...

Profa. Ms Claudia Nunes

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